Jornalista, autor do livro "Rock in Rio - A história do maior festival de música do mundo" (Editora Globo), ex-trainee e colaborador da Folha de S.Paulo, ex-colunista e redator da International Magazine, e colaborador do site SRZD.
Eu tentei de todas as formas, mas não encontrei o CD do “Casa de brinquedos” aqui em casa. Queria ouvi-lo hoje, no Dia das Crianças. Mas, ainda bem, descobri que tenho o álbum completo no iPod. O “Casa de brinquedos” representou o primeiro contato que tive com a música. Há mais ou menos 30 anos, a Rede Globo investia em especiais infantis que fizeram com que toda uma geração crescesse conhecendo Chico Buarque, Toquinho, Vinicius de Moraes, MPB-4, Ney Matogrosso, Elis Regina, Clara Nunes... Ou seja, toda uma geração aprendeu a aprimorar o gosto pela música. Graças a Deus (e a minha mãe que me dava os LPs e assistia aos programas comigo), cresci com um bom gosto musical, acredito.
(Já devo ter dito por aqui que nunca terei filhos. Mas se tivesse, jamais o colocaria para ouvir Xuxa ou Restart. As pessoas deveriam ter a ciência de que estão formando cidadãos. Depois, quando o pai tiver que acompanhar (e aturar) uma filha histérica e doente em um show do Justin Bieber, não adianta lamentar. Foi ele mesmo quem criou o monstro.) Mas voltando ao “Casa de brinquedos”, a imagem mais nítida que tenho, aos três ou quatro anos de idade, é a de Chico Buarque cantando “O caderno” em um cenário repleto de cadernos gigantes, e uma menina deitada no chão lendo algo um... caderno! Já sei. Você vai achar isso tosco demais. E era mesmo.
E, por conta disso, aprendi que nada, absolutamente nada, pode se sobrepôr à música. Por exemplo, em um concerto, é necessário mais do que uma boa orquestra e um maestro? Precisa de jogo de luzes, palcos mirabolantes e figurinos cafonas?? Pode ter certeza que não. Um exemplo mais recente: os shows que vi do Eric Clapton nessa semana aqui no Rio de Janeiro. Não tinha cenário, não tinha figurino, a luz era sóbria, Eric não ficava fazendo coraçãozinho com as mãos para a plateia... Era só o cara pegar a guitarra e mandar os acordes de “Badge” ou de “Crossroads”. Não precisava de mais nada. E pode perguntar para as 20 mil pessoas que lotaram as duas apresentações, que todas elas vão concordar. Depois de me deliciar com o programa televisivo (quando conheci Simone, Toquinho, Roupa Nova, Chico, Moraes Moreira, Baby Consuelo, Carlinhos Vergueiro, entre outros), minha mãe me presenteou com o LP.
Aquilo lá não saiu da minha vitrolinha laranja por, pelo menos, uns dois anos. Acho que ninguém (nem o Toquinho) ouviu esse LP mais do que eu. Cada música era uma viagem. Para os compositores Toquinho e Mutinho, uma viagem em cada brinquedo - cada música tinha o nome de um brinquedo, como "A espingarda de rolha", "A bola", "A bicicleta", "O avião", "O robô", "O macaquinho de pilha"... Para mim, foi o início da minha viagem mais deliciosa: a da música. Ainda posso sentir a capa daquele velho vinil. Aquela porosidade continha toda a minha vida.
O velho vinil não existe mais. Mas há uns 16 anos, mais ou menos, me deparei com o CD em uma loja. Comprei na hora. Nem perguntei o preço. Deixaria as minhas calças se necessário fosse. Quando cheguei em casa e coloquei o CD para tocar, ao ouvir a voz de Dionísio Azevedo declamando o texto de abertura, me dei conta de que não escutava aquele álbum havia, sei lá, uns dez anos. Ou seja, ouvi “Casa de brinquedos” umas 500 vezes entre os meus três e seis anos de idade. Depois, nunca mais. Esse corte se deu exatamente na época em que descobri o rock. O velho álbum do “Casa de brinquedos” ficou de lado. Quem dava as cartas agora eram o “Dois” (Legião Urbana), o “Selvagem?” (Os Paralamas do Sucesso), o “Cabeça dinossauro” (Titãs), os “Greatest hits” dos Beatles...
Quando comprei o CD e me dei conta disso, logo me lembrei dos versos de “O caderno”: “Só peço, a você Um favor, se puder Não me esqueça Num canto qualquer...” Mas aí eu tive a certeza que o “Casa de brinquedos” não estava “num canto qualquer”. Ele ainda está em cada disco que ouço hoje (do vinil ao blu-ray), em cada solo de guitarra que me emociona, em cada refrão que gruda na minha cabeça, em cada show que eu tenho a oportunidade de ir. E em cada linha que eu escrevo.
“Band of joy”– Robert Plant Nos tempos atuais, em que uma reunião do Led Zeppelin é, volta e meia, cogitada, é digno de registro o fato de Robert Plant colocar nas lojas um álbum chamado “Band of joy”, nome de sua banda pré-Led Zeppelin. Desde o lançamento do essencial “Raising sand” (gravado em parceria com a cantora Alison Krauss, em 2007), Robert Plant demonstra uma alegria que nunca havia demonstrado com a sua (extremamente irregular) carreira solo. Com “Raising sand”, ele papou algumas estatuetas do Grammy, e se sentiu à vontade para esnobar Jimmy Page, que não para de mendigar o retorno do vocalista louro à banda que lhes trouxe fama e grana. Com o álbum “Band of joy”, Robert Plant dá mais um passo pra frente (ou pra trás, dependendo do seu grau de saudosismo) em sua carreira. Ok, seria muito legal ver os dois reunidos a John Paul Jones novamente. Mas é muito mais legal concluir que um dos maiores vocalistas da história do rock ainda consegue ser relevante, mais de 30 anos após a dissolução do Led Zeppelin. Em “Band of joy”, Robert Plant resgata o bluegrass de “Raising sand”, incorporando-lhe elementos do folk e do blues. E olha que a mistura deu muito certo. Com o apoio de uma banda competente (formada por gente como o guitarrista Buddy Miller e a cantora Patty Griffin), Plant registrou 12 faixas, sendo uma, “Central two-o-nine”, de sua autoria (ao lado de Miller). Mas a grande faixa do álbum é “House of cards” (não, não é a do Radiohead), com vocais fabulosos de Patty Griffin. Ao mesmo tempo, a quase-pop “Harm’s swift way” também merece destaque. Enfim, não é Led Zeppelin. Mas é a Band Of Joy. E para Robert Plant isso deve fazer muito mais sentido.
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“Em boa companhia” – Simone Depois do CD de estúdio, vem o ao vivo, diz o mercado. E Simone não fez diferente. Após o lançamento do irregular “Na veia” (2009), a cantora ressurge com o CD duplo/DVD “Em boa companhia”. Gravado no Teatro Guararapes, em Recife, o novo trabalho de Simone traz todas as 12 faixas de “Na veia”, além de alguns sucessos de sua carreira. Se é louvável, por um lado, Simone apresentar, no palco, a íntegra do álbum originário do show, por outro, a apresentação perde muito do seu pique, até mesmo porque, “Na veia” não é lá um grande álbum. E, de quebra, as versões ao vivo são idênticas as de estúdio, sem tirar nem pôr. Daí vem a pergunta: por que um CD duplo e não apenas um simples privilegiando as músicas que não estão no álbum de estúdio? Além das “novas” versões de “Ame” (belíssimo samba de Paulinho da Viola e Elton Medeiros), “Na minha veia” (de Martinho da Vila e Zé Catimba) e “Hóstia” (parceria de Erasmo Carlos e Marcos Valle), Simone apresenta algumas coisas antigas que os fãs sempre gostam de recordar. São os casos de “Tô que tô” (da dupla Kleiton & Kledir, e faixa de abertura do espetáculo), “Face a face” (obra prima de Cacaso e Sueli Costa) e “Ive Brussel” (clássico de Jorge Ben, que ganhou uma versão bem interessante). Destaque também para as releituras de “Perigosa” (de Rita Lee, Roberto de Carvalho e Nelson Motta, e que fez sucesso com as Frenéticas), “Lá vem a baiana” (de Dorival Caymmi) e “Ai ai ai” (da dupla Ivan Lins / Vitor Martins, e que caiu muito bem na voz de Simone, como, aliás, caem todas as músicas da dupla). O final, com “Ex amor”, de Martinho da Vila, é a prova de que nem sempre é necessário apelar para “O amanhã”.
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“The Drums” – The Drums Uma mistura de pós-punk com rock dos anos 60. Dessa forma (um tanto grosseira, é verdade) pode ser definido o som do The Drums, banda formada por Jonathan Pierce (vocais), Jacob Graham (guitarra), Connor Hanwick (bateria) e o dissidente Adam Kessler (guitarra). Embebidos em The Smiths, Joy Division e The Zombies, o quarteto lançou, no mês retrasado, um bom álbum de estreia, que leva o seu nome. Os primeiros acordes da faixa de abertura, “Best friend”, podem dar a entender que “The Drums” é um álbum que poderia ter sido gravado lá no iniciozinho dos anos 80, do outro lado do Pacífico, em alguma cidade acinzentada. Mas talvez o diferencial seja exatamente esse: a sonoridade do The Drums não é tão cinza quanto a de suas influências. “Me and the moon”, por exemplo, está mais para uma new wave de um Duran Duran. Já “Let’s go surfing” promove um inusitado encontro entre o Joy Division e o Beach Boys, enquanto que “Skippin’ town” é The Zombies puro. Bem diferente é a deprimidinha “Down by the water”, primeiro single do álbum, e que não passa muito uma ideia geral do disco. Até mesmo porque, apesar da atmosfera meio deprê e daquele baixão no estilo Peter Hook, o som do The Drums está muito mais para uma Califórnia quente e ensolarada do que para uma Manchester fria e nublada.
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“É com esse que eu vou” – Vários Artistas Repetindo a fórmula usada em “Sassaricando”, Rosa Maria Araújo e Sérgio Cabral lançaram um novo musical, já em cartaz no Rio de Janeiro. “É com esse que eu vou” agrupa 82 sambas compostos por gente como Herivelto Martins, Ataulfo Alves, Haroldo Lobo, Noel Rosa, Ary Barroso, Roberto Roberti, Wilson Baptista, Roberto Martins, entre outros. Na voz do mesmo elenco de “Sassaricando” (com exceção de Eduardo Dusek), não tinha muito como o resultado dar errado. E também não tinha como dar errado com a excelente banda, liderada pelo arranjador Luís Filipe de Lima, e formada por ótimos músicos como Jorge Helder (baixo), Oscar Bolão (bateria), Henrique Cazes (cavaquinho) e Dirceu Leite (sopros). Realmente não deu. Mas a verdade é que “É com esse que eu vou” dá pistas de um certo esgotamento dessa fórmula. Se em “Sassaricando”, as marchinhas surgiam revigoradas e frescas, em “É com esse que eu vou”, os sambas soam um pouco repetitivos. Ou seja, ficou tudo igual demais a “Sassaricando”. Aliás, até a fórmula de agrupar os sambas em medleys é igual a do musical anterior. Os 82 sambas foram divididos em blocos como “Rico x Pobre” (com sambas como “Com que roupa?”, de Noel Rosa), “Orgia x Trabalho” (“Abre a janela”, de Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr.), “Cidade x Morro” (“Praça Onze”, de Herivelto Martins e Grande Otelo), “Tristeza x Alegria” (“Atire a primeira pedra”, de Mário Lago e Ataulfo Alves), “Solteiro x Casado” (“Nega maluca”, de Evaldo Ruy e Fernando Lobo), “Feminismo x Machismo” (“Não me diga adeus”, de Paquito, Luiz Soberano e João Correa da Silva) “Briga x Paz” (“Mora na filosofia”, de Monsueto e Arnaldo Passos) e “Apologia do samba” (com “Alegria”, de Assis Valente e a faixa-título do musical, composta por Pedro Caetano, em 1947). Apesar de um gostinho de déjà vu, ninguém pode negar que é uma bela aula de samba.
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“Feminina” – Joyce “Em 1980 minha vida estava mudando. Depois de um período de parada quase total das atividades musicais, por conta do nascimento de minhas filhas, voltei a compor direto, vi minhas músicas serem gravadas pelas mais importantes vozes do Brasil e finalmente fui convidada a gravar um disco meu pela EMI-Odeon. Esse disco se chamaria ‘Feminina’, e seria um marco em meu trabalho e em minha vida.” É dessa forma que Joyce inicia o texto que consta no encarte da edição de 30 anos de “Feminina”, o seu álbum mais importante, e que a EMI agora recoloca nas lojas. Joyce ficou meio que parada durante quase toda a década de 80, mas o seu nome continuava em alta. Artistas como Elis Regina, Maria Bethânia, Milton Nascimento, Nana Caymmi e Quarteto em Cy haviam gravado as suas canções – muitas, inclusive, presentes em “Feminina” –, e boas ideias ainda brotavam, especialmente a música “Clareana”, classificada no Festival MPB-80, e um dos maiores sucessos daquele ano. “Clareana” é uma das dez faixas de “Feminina”, que ainda trazia canções já bem conhecidas, como “Essa mulher” (que havia sido um estrondoso sucesso como faixa-título do álbum lançado por Elis Regina em 1979) e “Da cor brasileira” (gravada por Maria Bethânia em seu disco “Mel”, também de 79, e um dos mais vendidos de sua carreira). Já a faixa-título, “Feminina”, é um daqueles momentos da MPB que pode ser chamado de mágico. A música acabou sendo um dos temas da série “Malu mulher”, que fazia enorme sucesso na Rede Globo. E tudo isso respaldado por um timaço de músicos como Tuti Moreno (bateria e percussão), Mauro Senise (flauta), Fernando Leporace (baixo) e Hélio Delmiro (violão). Com todos esses predicados, “Feminina” foi um marco na carreira de Joyce – e (por que não?) da MPB.
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Em seguida, um preview de “Band of joy”, e uma pequena entrevista com Robert Plant:
A revista Rolling Stone americana está lançando uma edição com textos especiais sobre as 100 melhores músicas dos Beatles. E sabe qual ficou em primeiro lugar?
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A Biscoito Fino coloca nas lojas nos próximos dias o DVD e CD duplo "Em boa companhia" (capa acima), com o registro da última turnê da cantora Simone. Filmado no Teatro Guararapes, no Recife, o show conta com a direção de José Possi Neto. No repertório, canções antigas do repertório de Simone ("Tô que tô", "Face a face", "Ex-amor"), além de faixas de seu último álbum de estúdio, "Na veia" ("Hóstia", "Ame", "Migalhas"). O CD duplo traz todas as faixas do DVD, que são as seguintes: "Tô que tô", "Love", "Certas noites", "Face a face", "Lá vem a baiana", "Bem pra você", "Fullgás", "Hóstia", "Ive Brussel", "Definição da moça", "Geraldinos e arquibaldos", "Certas coisas", "Ame", "Vale à pena tentar", "Deixa eu te amar", "Paixão", "Migalhas", "Pagando pra ver", "Perigosa", "Ai ai ai", "Na minha veia", "Chuva suor e cerveja", "Nada por mim" e "Ex-amor".
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Foi ontem a volta aguardadíssima do Libertines, separado desde 2004. A apresentação aconteceu na HMV, em Londres, e contou com um repertório generoso. Olha aí: "Horrorshow", "The delaney", "Vertigo", "Last post on the bugle", "Begging", "The ha ha wall", "Lust of the Libertines", "Campaign of hate", "Boys in the band", "Tell the king", "Death on the stairs", "Music when the lights go out", "What Katie did", "The saga", "Can’t stand me now", "What became of the likely lads", "Don't look back into the sun", "The good old days", "Time for heroes", "Radio America", "Up the bracket", "What a waster" e "I get along".
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Sabe aquela história do astronauta acordar em uma missão espacial ouvindo alguma música escolhida pela NASA? Pois é, a própria NASA, dessa vez, está pedindo para que o público escolha a tal música para a missão STS-133. Tem Rush, U2, Metallica, Dire Straits, Frank Sinatra, Steve Winwood... E você pode votar aqui.
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As pessoas estão me pedindo no twitter para eu escrever sobre o Prêmio Multishow. Só tenho duas considerações a fazer: 90% dos artistas que ganharam prêmio são lixo; e foi ridículo o Multishow tentar copiar o estilinho do VMB da MTV. Sem mais.
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Para finalizar os aniversários de hoje, quero falar de um outro álbum que eu adoro: "Unledded", que marcou a reunião de Robert Plant com Jimmy Page. A apresentação foi filmada pela MTV no dia 25 de agosto de 1994. Era um "Acústico" meio doido, que também teve cenas gravadas em Marrocos. As novas versões para "Thank you", "Since I've been loving you", "That's the way", "Gallows Pole" e "Kashmir" ficaram animais. E o melhor de tudo é que esse álbum gerou uma turnê que passou por aqui em algum Hollywood Rock. O tipo de show que tenho orgulho de dizer: "Eu fui!"
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E sabe qual disco chegava às lojas no dia 25 de agosto de 1975? Pois é, esse aí logo acima: "Born to run", do Bruce Springsteen. Eu não sei se o álbum "Born to run" é o que eu mais gosto dele (acho que fico com o seguinte, "Darkness on the edge of town", de 1978, ou "The rising", de 2002), mas a música "Born to run", certamente é a minha preferida de seu repertório. E olha só a relação de faixas de "Born to run": "Thunder road", "Tenth avenue freeze-out", "Night", "Backstreets", "Born to run", "She's the one", "Meeting across the river" e "Jungleland". A quantidade de clássicos impressiona, não?
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Ah, e quem sopra 39 velinhas hoje é a fofurinha Fernanda Takai. No Pato Fu ou na carreira solo, eu sou fã dela sempre. Tem gente que diz que a voz dela é chatinha. Eu acho é muito charmosa. E o que mais gosto nela é a forma como conduz a sua carreira. Vou aos shows do Pato Fu desde o lançamento do primeiro disco da banda. E sei como o sucesso de hoje foi merecido. Tudo com muito esforço, e muita qualidade também. O Pato Fu já tem 20 anos de carreira. E poucas bandas depois dela conseguiram trilhar um caminho tão bacana assim.
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Boa tarde, pessoal! Olha, só Deus sabe o sacrifício que estou fazendo aqui na frente do computador. Ontem, estava com gripe. Hoje, acordei com febre. Espero não estar com pneumonia amanhã. Mas vamos logo ao que interessa. O principal motivo de eu postar algo aqui no blog hoje é o aniversário de 80 anos do Sean Connery. Como é que eu ia passar sem essa, hein? Eu não vou me dar ao trabalho de enumerar aqui tudo o que Sean Connery fez para o cinema. Ficaria até amanhã, na certa. Mas vou fazer uma coisa diferente hoje. Antes de dormir, vou pegar o filme "O nome da rosa" é assisti-lo antes de dormir. E se der tempo, ainda pode rolar um James Bond...
Como já vem sendo um costume na indústria fonográfica brasileira, primeiro chega o CD, depois o DVD e aí sim, o artista sai em uma grande turnê Brasil afora. Dessa vez, quem seguiu tal fórmula a risca – com imenso sucesso, até então – foram as cantoras Simone e Zélia Duncan. O CD “Amigo É Casa” foi um dos grandes lançamentos do ano. O DVD, que saiu logo em seguida, com a inclusão de algumas canções essenciais, conseguiu ser melhor. Já o show segue o mesmo espírito do DVD.
Tirando uma mudança de ordem de uma canção ou outra, o repertório do show é igual ao do DVD, ou seja, não houve maiores mudanças e as duas cantoras não se arriscaram a fazer algo diferente. Musicalmente, o show segue a mesma perfeição do DVD, com uma boa direção musical de Bia Paes Leme e excelentes músicos na banda, como os guitarristas Walter Villaça e Webster Santos, bem como o tecladista Leo Brandão. Mas o grande diferencial de presenciar o espetáculo ao vivo é poder notar a ágil direção cenográfica de Andréa Zeni, que, utilizando-se de um mesmo artifício usado por Bia Lessa no show “Dentro do Mar Tem Rio”, de Maria Bethânia, colocou a banda completa no lado direito do palco e deixou um espaço imenso para Simone e Zélia Duncan se movimentarem.
E artistas experientes que são, as duas brilham em cena, utilizando cada centímetro do palco com maestria. Passando a maior parte do show com microfone em punho, Simone e Zélia Duncan se movimentam por todos os flancos do palco e dão nova vida a canções (que já haviam ficado mais vivas ainda no CD e DVD) como “Petúnia Resedá”, “Grávida” e “Ralador”.
Aliás, são nas canções mais animadas como “Ralador” que o show ganha peso. “Agito e Uso” (de Ângela Roro), “Gatas Extraordinárias” (em homenagem a Cássia Eller, que, segundo Zélia Duncan, foi “a cantora mais importante que surgiu nos últimos 18 anos) e “Tô Voltando” fez com que boa parte do público se levantasse das cadeiras. Mas em momentos mais intimistas, a dupla também não deixa a peteca cair. Desde o início do espetáculo, com a música “Alguém Cantando”, praticamente a capella, até o bis com “Jura Secreta” e “Alma” (tanto a que fez sucesso na voz de Simone, quanto a que tocou nas rádios com Zélia Duncan), as duas cantoras usaram e abusaram de momentos melosos.
E, por falar em momentos melosos, Simone, nas canções que cantou sozinha no palco, levou as suas velhas fãs ao delírio, com grandes sucessos como “Encontros e Despedidas”, “Diga Lá, Coração” e “Vou Ficar Nu Pra Chamar Sua Atenção” (o compositor desta última, Erasmo Carlos, estava presente no Canecão, na estréia do show). Já Zélia Duncan, em seu momento solo, fez o caminho oposto, ao apresentar músicas pouco conhecidas, como “Na Próxima Encarnação” e a brilhante “A Companheira”.
À propósito, tirando o momento solo de Simone e o bis, as concessões aos hits foram muito poucas – mais um acerto do show. Quem estava a fim de ouvir canções mais conhecidas de Zélia Duncan, por exemplo, teve que se contentar com uma ótima versão de “Mãos Atadas”, cantada pelas duas. Nem “Não Vá Ainda” (que está presente no DVD) fez parte do roteiro do show no Canecão. Outras canções mais conhecidas foram “Cuide-se Bem”, sucesso de Guilherme Arantes que Zélia Duncan tomou para si, e “Idade do Céu”, que foi outro grande momento da noite.
Mas se não teve “Não Vá Ainda”, Simone e Zélia Duncan incluíram no roteiro a música que dá nome ao show. “Amigo É Casa”, lindíssima poesia de Hermínio Bello de Carvalho (também na platéia), foi ouvida por uma platéia em silêncio sepulcral, que acompanhou atentamente belos versos como “Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar / Se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer / Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha / E oferece lugar pra dormir e comer / Amigo que é amigo não puxa tapete / Oferece pra gente o melhor que tem / E o que nem tem quando não tem, finge que tem / Faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão”.
Assim, como já tinha acontecido no CD e no DVD, no palco, Zélia Duncan mostra o seu poder de “se transformar em outras” e, ao mesmo tempo, ajuda Simone a se renovar. Daqui a pouco já é hora de Zélia Duncan pensar qual será o seu novo projeto, e Simone também vai ter que mostrar que, mesmo sozinha, consegue avançar no tempo.
Abaixo, a canção “Amigo É Casa”, gravada ao vivo durante um show em Florianópolis.
Por coincidência, Zélia Duncan e Simone, no decorrer de suas carreiras, gravaram uma música chamada “Alma”. A “Alma” de Zélia Duncan foi composta por Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes, enquanto a “Alma” de Simone é de autoria da dupla Sueli Costa e Abel Silva. Lá pelo finalzinho do show “Amigo é Casa”, Zélia Duncan cantou a “Alma” que fez tanto sucesso na voz de Simone, que, por sua vez, fez o mesmo com a “Alma” de Zélia Duncan.
Essa troca de papéis é emblemática no DVD “Amigo é Casa”, que chegou ao mercado via Biscoito Fino, pouco tempo depois do CD com os melhores momentos do show gravado no belo Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Desde o extra do DVD, que mostra as duas cantoras interpretando a linda canção “Amigo é Casa” (de Hermínio Bello de Carvalho e Capiba), e que acabou ficando de fora do show principal, o mote de todo o espetáculo acaba sendo a amizade mesmo. E o DVD fica muito mais bonito do que o CD, a partir do momento que traduz em imagens a afinidade de Zélia Duncan e Simone. E nada melhor que uma cante a “Alma” da outra, no sentido literal da palavra.
A canção “Amigo é Casa”, que está no extra do DVD, é outra que traduz bem o espírito do projeto: “Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar / Se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer / Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha / E oferece lugar pra dormir e comer / Amigo que é amigo não puxa tapete / Oferece pra gente o melhor que tem / E o que nem tem quando não tem, finge que tem / Faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão”.
Como já pôde ser observado desde o lançamento do CD, a união da tradição de Simone com a modernidade de Zélia Duncan gerou um bom trabalho, que acaba ficando muito melhor no DVD. A inclusão de músicas essenciais para o projeto, como as duas versões de “Alma”, faz com que o espírito do projeto seja mais bem compreendido. E além disso, claro, dá ao espectador a oportunidade de ouvir ótimas versões de canções como a serena (e ao mesmo tempo, pesadíssima) “Mar e Lua” (de Chico Buarque), “Vento Nordeste” (mais uma pérola da dupla Sueli Costa / Abel Silva), e os sucessos “Então Me Diz”, “Jura Secreta” e “Não Vá Ainda”. Todas essas últimas três são ótimos duetos de Simone e Zélia Duncan, e a versão acústica – apenas com o bandolim de Zélia – de “Não Vá Ainda” ficou especialmente bonita.
Em “Amigo é Casa”, Zélia Duncan mostra o seu poder de “se transformar em outras” e, ao mesmo tempo, ajuda Simone a se renovar. Isso é bem perceptível nas novas versões de Simone (em momento solo) para “Diga Lá, Coração” e “Encontros e Despedidas”, que são bastante superiores às datadas gravações de estúdio. A verdade é que Simone soa mais cool e com a voz mais lapidada. Zélia Duncan também brilha em suas partes solo, como na ótima “Na Próxima Encarnação” (“Na próxima encarnação / Não quero saber de barra / Replay de formiga não / Eu quero nascer cigarra”) que faz referência ao sucesso “Cigarra”, bem como homenageia Simone. “Cuide-se Bem”, de Guilherme Arantes, também é um outro momento especialmente bonito no show (vídeo abaixo).
Com relação aos momentos em dupla, esses dispensam maiores comentários, especialmente no que diz respeito à versão para “Meu Ego”, de Roberto e Erasmo Carlos, assim como “Petúnia Resedá”, que ganhou arranjo mais moderno e jazzístico, com destaque para as guitarras de Walter Villaça e Webster Santos.
A dupla vai sair em turnê nacional para divulgar “Amigo é Casa” já no final desse mês. A estréia será no dia 27 em Porto Alegre. Entre os dias 01º e 03 de agosto, Simone e Zélia Duncan aportam no Canecão, no Rio de Janeiro.
O Cansei de Ser Sexy explicou o título de seu próximo álbum, “Donkey”, que será lançado no dia 21 de julho. A banda disse que a escolha do nome é uma referência a seu antigo empresário, que os obrigou a fazer uma turnê. “É uma expressão brasileira... Tipo ‘você é um idiota’. Tipo ‘nós temos um novo empresário, não somos mais idiotas’”, disse Adriano Cintra ao Observer. Após o término da última turnê do CSS, a banda brigou com o seu empresário e constituiu outros.
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A banda Pearl Jam fechou a segunda noite do festival de Bonnaroo de um modo bastante diferente. Ao invés de tocar os seus grandes sucessos, como fazem as bandas que costumam se apresentar em festivais, o Pearl Jam aproveitou para mostrar raridades, lados B e versões para canções de outros artistas. Por exemplo, a primeira música do roteiro foi “Hard to Imagine”, uma balada que a banda praticamente não apresenta ao vivo. “W.M.A.” (vídeo abaixo) foi outra raridade do repertório, e que não era executada pela banda havia 13 anos. O Pearl Jam ainda apresentou dois covers: “Love Reign O’er Me” (The Who) e “All Along the Watchtower” (Bob Dylan). Vedder – que havia participado do show de Jack Johnson, na mesma noite, durante a canção “Constellations” —, como de costume, falou bastante de política, sobretudo a questão do aumento da gasolina, desde que George Bush foi eleito presidente dos Estados Unidos. E como não poderia deixar de ser, a banda também aproveitou para apresentar alguns sucessos, como “Black”, “Even Flow”, “Betterman” e “Corduroy”.
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Depois de lançar, com grande sucesso, o CD e DVD “Amigo é Casa”, as cantoras Simone e Zélia Duncan vão fazer uma pequena turnê nacional. Os cariocas terão a oportunidade de ver o bom show das cantoras entre os dias 01º e 03 de agosto, no Canecão. Os ingressos já estão a venda, com valores de R$ 20,00 a R$ 120,00.
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A edição do New York Times de hoje dedicou uma grande reportagem a João Gilberto. O jornal falou sobre os 50 anos da bossa-nova e, principalmente, sobre a questão judicial que impede o lançamento dos três primeiros discos de João Gilberto – “Chega de Saudade”, “O Amor, o Sorriso e a Flor” e “João Gilberto” – em CD. Pelo que se pode concluir da reportagem, o problema, infelizmente, está muito longe de ser resolvido. E, dessa forma, as pessoas ficam impossibilitadas de adquirir três dos discos mais importantes da história da música mundial. João Gilberto fará show em Nova York, no próximo domingo, no Carnegie Hall.
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Paul McCartney fez um show na noite de ontem para um dos maiores públicos de sua carreira. Trezentas e cinqüenta mil pessoas foram assistir ao show do ex-Beatle, em Kiev, capital da Ucrânia. O concerto foi o maior da história do país, apesar da tempestade que caiu durante o show, que foi televisionado para toda a Ucrânia. No roteiro da apresentação, velhos sucessos como “Back In The USSR”, “Drive My Car”, “Penny Lane”, “Hey Jude”, “Let It Be” e “Live And Let Die” (vídeo abaixo). Artistas como Elton John e Rolling Stones já haviam se apresentado antes em Kiev, mas com públicos menores que o de McCartney.
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A banda punk Sex Pistols encerrou ontem a segunda noite do festival Isle Of Wight. Durante o show, Lydon, como de costume, ameaçou matar o público, chamou a banda The Police de ‘cuzão’, bebeu licor na garrafa e homenageou o cantor Iggy Pop (com uma versão da canção “No Fun”) e o jogador de futebol Paul Gascoigne. A apresentação durou uma hora e meia, durante a qual a banda tocou sucessos como “God Save The Queen”, “Anarchy In The UK” e “Pretty Vacant”, que começou de forma mais pop e terminou como a versão original (vídeo abaixo). A edição 2008 do festival de Isle Of Wight termina hoje, com shows de bandas como Starsailor, The Kooks e The Police.
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Chester Bennington, líder do Linkin Park desmentiu os boatos de que estaria indo para o Velvet Revolver. “Sou amigo de todos os caras do Velvet Revolver e toquei com todos eles antes. Eu também sou amigo do Scott Weiland [vocalista que foi expulso da banda]. Eu acho que esse boato aconteceu porque o Slash me perguntou se eu poderia participar de um show deles em Las Vegas, no mesmo momento em que Scott saiu da banda. Algumas pessoas acharam que esse convite significava que eu estava deixando o Linkin Park”, disse Bennington em entrevista à revista Kerrang!.
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A banda The Offspring mostrou três novas canções que farão parte de seu próximo álbum, “Rise And Fall, Rage And Grace”, durante show na noite de ontem, no festival Download. As canções, que se chamam “Hammerhead”, “You’re Gonna Go Far Kid” e “Half Truism”, foram misturadas a velhos sucessos, como “Hit That”, “The Kids Aren’t Alright” e “Self Esteem”, em um repertório de 20 músicas. Abaixo, um podcast que a banda fez momentos antes do show, para a revista Kerrang!.
A idéia do projeto nasceu para algumas poucas apresentações acústicas, mas as cantoras Simone e Zélia Duncan foram além e gravaram um CD e um DVD ao vivo e, provavelmente, vão sair em turnê. A união da tradição de Simone com a modernidade de Zélia Duncan gerou um bom trabalho que, se de um lado renova a obra de Simone, retarda um pouco a de Zélia Duncan que vinha de um ótimo disco (“Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band”). Se não acrescenta tanto à obra de Zélia Duncan como acrescenta a da cantora baiana, “Amigo é Casa” mostra, mais uma vez, o poder de Zélia “se transformar em outras”. Depois de gravar discos de música pop, MPB, sambas tradicionais e tornar-se uma “Mutante”, Zélia escorrega um pouco para o lado mais popular da cantora Simone. E, como de costume, o faz com maestria. E de quebra, ajuda Simone a se renovar. Basta ouvir, por exemplo, as novas versões de Simone (em momento solo) para “Diga Lá, Coração” e “Encontros e Despedidas”, que são superiores às datadas gravações de estúdio. Neste “Amigo é Casa”, Simone soa mais cool e com a voz mais lapidada. Assim como Simone, Zélia Duncan também tem a sua parte solo no CD. E é daí que sai o melhor momento do show. “Na Próxima Encarnação” é o ponto alto do disco, com um ótimo arranjo do qual se sobressai o acordeom de Léo Brandão e uma letra magnífica (“Na próxima encarnação / Não quero saber de barra / Replay de formiga não / Eu quero nascer cigarra”) que faz referência ao sucesso “Cigarra”, bem como homenageia Simone. Zélia também segura bem sozinha em “A Companheira” (uma bela letra de Luiz Tatit), o samba “Kitnet” e a delicada “Cuide-se Bem”, de Guilherme Arantes. Mas os momentos em dupla que acabam sendo o melhor (e a própria razão de ser) do CD ao vivo mesmo. “Meu Ego”, de Roberto e Erasmo Carlos, é um grande momento, assim como “Petúnia Resedá”, que ganhou arranjo mais moderno e jazzístico, com destaque para as guitarras de Walter Villaça e Webster Santos. O belo início com “Alguém Cantando”, de Caetano Veloso, com as duas cantoras somente acompanhadas do piano de Léo Brandão, também é sublime, ao contrário de “Grávida”, que já tem a própria autora Marina Lima como a sua intérperte definitiva. Os quatro números finais são os mais empolgantes do roteiro. A homenagem a Cássia Eller, com um arranjo bem suingado para “Gatas Extraordinárias”, e o samba “Ralador” são revigorantes. Nesta canção, Simone mostra que é uma das maiores intérpretes de samba do país. No boogie-woogie “Agito e Uso”, é a vez de Zélia Duncan brilhar e segurar uma Simone mais contida. O final, com “Tô Voltando” (sucesso de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós”) é a chave de ouro do projeto. E se o DVD tiver as músicas que fizeram parte do roteiro do show, e que ficaram de fora do CD, como “Não Vá Ainda”, “Jura Secreta” e o ótimo medley “Alma” (Suely Costa) / “Alma” (Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes), vai ser melhor ainda.
Com previsão de lançamento para o dia 02 de maio, o CD “Amigo é Casa”, gravado ao vivo em São Paulo em outubro passado, traz o registro do espetáculo que uniu as cantoras Zélia Duncan e Simone. O DVD ainda não tem data de lançamento. O repertório do disco (que não contém a íntegra do show) traz sucessos já gravados por Zélia (“Mãos Atadas”) e Simone (“Vou Ficar Nu Pra Chamar Sua Atenção”, “Tô Voltando”, “Petúnia Resedá” e "Encontros e Despedidas"). “Não Vá Ainda” e “Jura Secreta”, infelizmente, ficaram de fora da edição do CD. A canção “Gatas Extraordinárias”, de Caetano Veloso, e já gravada por Cássia Eller, também está presente, em um dueto das duas cantoras. Outra ausência sentida é o dueto de Zélia e Simone no medley "Alma" (Suely Costa) e "Alma" (de Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes, e que foi o maior sucesso do álbum "Sortimento", de Zélia). Tomara que esteja ao menos no DVD.
Abaixo, a relação de músicas do CD: 1) Alguém Cantando 2) Petúnia Resedá 3) Grávida 4) Kitnet 5) Cuide-se Bem 6) Na Próxima Encarnação 7) A Companheira 8) Mãos Atadas 9) Meu Ego 10) Idade do Céu 11) Diga Lá, Meu Coração 12) Medo de Amar 13) Encontros e Despedidas 14) Vou Ficar Nu Pra Chamar Sua Atenção 15) Gatas Extraordinárias 16) Ralador 17) Agito e Uso 18) Tô Voltando
O Carnaval passou há tempos e um bom lançamento da gravadora Biscoito Fino acabou meio que perdida nas lojas de disco. Entre tanta coisa dispensável, “Aula de Samba – A História do Brasil Através do Samba-Enredo”, de fato, é um disco que, apesar de seus altos e baixos, está longe de ser dispensável. Como o próprio título diz, foram gravados vários sambas antigos que contam um pouco a história do País. (Está certo que alguns são bem duvidosos, como “O Grande Presidente”, que fala de Getúlio Vargas, e que foi enredo da Mangueira, em 1956. Mas a grande interpretação de Alcione compensa a letra.) Entre os destaques, “Exaltação a Tiradentes”, samba do Império Serrano, de 1949, e defendida aqui por Chico Buarque. Outro do Império que está entre os grandes momentos do CD é “Heróis da Liberdade” (1969), na qual Maria Rita mostra que o seu disco de sambas fez muito bem a ela. Zélia Duncan também dá o seu recado em “Benfeitores do Universo”, samba da Cartolinhas de Caxias, de 1953. Por outro lado, as decepções ficaram com Simone que deixou o clássico “Aquarela Brasileira” (mais um do Império Serrano, de 1964) bem chata. Fernanda Abreu também não conseguiu encontrar o tom correto no lindo “Os Sertões”, samba de 1973, da Em Cima da Hora. De toda a sorte, a idéia de Martinho Filho foi muito legal. Só o fato de resgatar velhos sambas é ótimo. Nas vozes de grandes cantores então, fica melhor ainda.