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15 de ago. de 2011

42 anos de Woodstock; relembrando Joel Silveira; Djavan ao vivo em DVD; AC/DC ao vivo na sua adega; Amy vende que nem água; a reencarnação do Freddie.




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Para começar a semana, um clássico. “Minha vida era um palco iluminado / Eu vivia vestido de dourado / Palhaço das perdidas ilusões...” Uma das letras mais bonitas da Música Popular Brasileira, e que foi composta por Orestes Barbosa e Silvio Caldas. Hoje faz 45 anos que Orestes Barbosa pisou no chão de estrelas.

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No dia 15 de agosto de 1969, o festival de Woodstock teve início na fazenda de Max Yasgur, em Bethel, Nova York. Em 2009, quando o evento completou 40 anos, elaborei um top 10, que você pode ler aqui. Listei os momentos mais emblemáticos do festival, que juntou 500 mil pessoas em três dias de paz e música. Mas se eu tivesse que dizer na lata, qual é o grande momento do Woodstock, não teria dúvidas:



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Outro grande show em Nova York também faz aniversário hoje. Há 20 anos, Paul Simon subiu no palco do Central Park para apresentar as músicas de seu álbum mais recente, “The rhythm of the saints” (1990), além daqueles velhos sucessos que todos nós (especialmente os habitantes de Nova York) amamos. O evento foi tão importante que eu me lembro, claramente, do Jornal Nacional dando a notícia. Cerca de 600 mil pessoas prestigiaram o show. O Olodum participou abrindo o concerto com a música “The obvious child”. Poucos meses depois dessa apresentação, eu comprei o vinil duplo, e posso assegurar que foi um dos discos que mais ouvi na minha infância.



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Há 15 anos, o Pato Fu colocava nas lojas o seu terceiro álbum, “Tem mas acabou”. Considero esse disco o trabalho mais importante do Pato Fu. Não foi o que fez mais sucesso, mas acho que ele formatou a sonoridade da banda tal qual a conhecemos hoje. Eu me lembro que no show do Rock in Rio de 2001, a banda mineira começou o show com uma música do álbum: “Capetão 66.6 FM”. Achei estranho esse início. Quando conversei com a Fernanda Takai para o livro do Rock in Rio, ela me explicou a forma de construção do set list da apresentação. Obviamente eles tinham que apelar para as músicas mais roqueiras de seu repertório. E o começo foi exatamente com uma música que abusa de todos os clichês do rock, como solos de guitarra e vozes distorcidas. O público gostou.



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Ah, e já que falei do livro, é hora do meu merchan... Comprem antes que acabe... Imagina a vendedora falar para você: “Tem mas acabou...”?!?

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Hoje também quero falar de uma de minhas maiores inspirações: o grande jornalista Joel Silveira, que morreu no dia 15 de agosto de 2007. Joel foi o precursor do chamado “jornalismo literário” (nome horroroso, não??) no Brasil. É curioso que quando o assunto do “jornalismo literário” vem à tona, só se fala de Truman Capote, Gay Talese, Tom Wolfe... Muita gente se esquece de Joel Silveira, que já fazia esse tal “jornalismo literário” antes desses aí. A essas pessoas, recomendo a leitura de dois livros, compilação de textos do jornalista, que a Companhia das Letras lançou entre 2003 e 2004: “A milésima segunda noite da Avenida Paulista” e “A feijoada que derrubou o governo”.



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Sai na primeira semana de setembro, via Biscoito Fino, o novo CD/DVD/BD de Djavan, “Ária – Ao vivo”. Gravado nos dias 08 e 09 de abril, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, conta com Djavan interpretando velhos sucessos, além de versões de músicas de terceiros, como “Disfarça e chora” (de Cartola), já gravadas no álbum de estúdio “Ária”, que originou o show. O repertório completo do DVD e do BD é o seguinte:

1. Seduzir
2. Eu te devoro
3. Sabes Mentir
4. Oração ao Tempo
5. Faltando um Pedaço
6. Disfarça e Chora
7. Brigas Nunca Mais
8. Fly to The Moon
9. Treze de Dezembro
10. La Noche
11. Oceano
12. Transe
13. Fato Consumado
14. Flor de Lis
15. Linha do Equador
16. Samurai
17. Sina
18. Pétala
19. Lilás

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Back in blanc... As bandas estão fazendo de tudo para faturar algum a mais. Já que CD não vende mais, restam outras opções. Vale qualquer coisa.. Alguns artistas conseguem se superar. O Kiss, por exemplo, vende até caixões com o logotipo da banda. E agora é a vez do AC/DC dar uma apelada também, lançando uma coleção de vinhos. Isso mesmo, vinhos!! A ideia não é tão original assim, porque o Iron Maiden já havia saciado a vontade dos roqueiros enófilos com um vinho que leva o nome do conjunto, em 2008. Mas, mesmo assim, não deixa de ser curioso esse lançamento do AC/DC. Serão quatro vinhos, cada um levando o nome de uma música da banda australiana: “Back in black Shiraz”, “You shook me all night long Moscato”, “Highway to hell Cabernet Sauvignon” e “Hells Bells Sauvignon Blanc”. A adega australiana Warburn Estatede elaborou os vinhos. As garrafas começam a ser vendidas na Austrália no dia 18 de agosto. E os preços ainda não foram divulgados.

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Três semanas após a morte de Amy Winehouse, a cantora continua liderando a para de discos da Grã-Bretanha. De forma incrível, ela deixou para trás a dupla Kanye West + Jay-Z, que lançou o álbum “Watch the throne” na semana passada, e que era considerado uma barbada para liderar as paradas britânica e norte-americana. A Adele, a Whitney Houston do século XXI, também está comendo poeira.
Eu acho isso bem curioso. Amy Winehouse já vendeu milhões e milhões de discos, e ainda tem cartucho para queimar. Não sei se é apenas um instinto mórbido das pessoas em correrem às lojas para comprar o disco de um artista recém-falecido, ou apenas um “acerto de contas”, do tipo “poxa, baixei o álbum de graça na internet e, agora, que ela morreu, vou comprar o CD físico”.
Realmente não sei. Aqui no Brasil, “Back to Black” também voltou à lista dos mais vendidos – está na 9ª posição.
Imagina quando sair um disco de inéditas da Amy Winehouse. Daria conta de umas quatro gerações da família Winehouse.

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Pouca gente sabe, mas, em 1966, Paul McCartney, no auge dos Beatles, gravou um álbum solo. Enquanto John Lennon e Ringo Starr estavam na Espanha, e George Harrison na Índia, McCartney se trancou em um estúdio junto com o produtor George Martin para gravar a trilha do filme “The family way”, produzido pelos Boulting Brothers. O músico estava com a cabeça em ebulição, tanto que, poucos meses depois, conceberia o histórico “Sgt. Peppers lonely heart’s club band”. Paul não tocou nenhum instrumento na gravação. O seu trabalho ficou restrito à composição e produção. A condução da orquestra ficou a cargo de George Martin. A melancólica trilha, no ano seguinte, faturou o cobiçadíssimo prêmio Ivor Novelo. Talvez esse trabalho, não muito conhecido, seja o que mais deixa clara a influência dos Beatles na Tropicália. O álbum, que ganhou edição em CD no ano de 1996, voltou às lojas recentemente. É um dos mais tocados por aqui.



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DROPS:



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Vamos ver as novidades de vídeos que temos por hoje:

Inspirada pelos protestos em Londres, Yoko Ono liberou no YouTube o documentário “Bed peace”, que ela filmou com John Lennon em 1969, durante um protesto pacífico pela paz, dentro de um quarto de hotel em Montreal:



Quem esteve no programa do Jimmy Fallon foi o Tame Impala. Olha o vídeo aí abaixo:



A banda Wilco deu uma colher de chá aos fãs com uma palhinha do making of de seu novo álbum, o oitavo, “The whole love”, que sai no dia 27 de setembro.



E o Motörhead em Wacken, hein?? Alguém viu?



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O mundo não está perdido…



Seria a reencarnação do Freddie Mercury???

21 de set. de 2010

Schopenhauer, Leonard Cohen, Liam Gallagher, Jaco Pastorius, Green Day, Bill Murray, M.I.A., Djavan, Pavement, Of Montreal

O Of Montreal, que vem ao Brasil para se apresentar no Planeta Terra, no dia 20 de novembro, está apresentando, em alguns de seus shows um medley com músicas de Michael Jackson ("Thriller", "Wanna be startin' somethin'" e "P.Y.T."). Será que rola aqui no Brasil?



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O Pavement foi ontem ao programa "The Colbert Report" e tocou "Gold soundz". Quer ver o vídeo?

http://www.colbertnation.com/



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E que tal o novo videoclipe de Djavan, hein? O vídeo é bacana. Só não dá pra entender a escolha de "Palco", a faixa mais fraca do CD "Ária". Aliás, dá pra entender sim... Afinal, "Palco" é a música mais famosa do CD, né?



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O novo videoclipe de M.I.A., "Story to be told", não é tão polêmico quanto "Born free". Aliás, ele não é nem um pouco polêmico. Aliás, ele é chato pra dedéu... Mas a quem interessar...



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Partindo para o cinema, agora vou falar aqui de Bill Murray, grande ator, que hoje, completa 60 anos redondinhos. Engraçado que o Bill Murray, pelos menos para nós, brasileiros, é aquele tipo de ator que nem é dos mais importantes, mas, se você notar, ele participou de, pelos menos, uns cinco filmes inesquecíveis. Alguns exemplos? "Tootsie" (1982), "Os caça-fantasmas" (1984), "A pequena loja de horrores" (1986), "Nosso quarido Bob" (1991), "Ed Wood" (1994), entre outros. Ele também integrou o elenco do Saturday Night Live, entre 1977 e 1980. Ah, e sabe qual é a honra maior? O Gorillaz fez uma música com o seu nome!



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Uma vez eu escrevi que o Green Day, na minha opinião, é punk de butique. Recebi umas duzentas mensagens, pelo Twitter, me xingando de tudo o que é nome. Bom, mantenho aqui a minha opinião. Punk para mim é Ramones, The Clash e Sex Pistols - apenas para ficar com alguns. Mas o fato de não curtir Green Day não me impede aqui de lembrar que hoje faz seis anos que eles lançaram "American idiot", o álbum mais importante de sua carreira. A faixa-título, "Jesus of Suburbia", "Holiday" e "Wake me up when september ends" foram os principais sucessos do álbum, que vendeu mais de 15 milhões de cópias no mundo todo, desde o seu lançamento. "American idiot" originou o CD/DVD ao vivo "Bullet in a bible" (2005) e um musical na Broadway, que estreou no início desse ano.



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Um dos maiores baixistas de todos os tempos deve ser reverenciado hoje. De comportamento bipolar, Jaco Pastorius foi morto em consequência de uma briga, na Flórida, logo após um show do Santana, no dia 21 de setembro de 1987. Ele ainda ficou dez dias em coma, mas não resistiu. Pastorius gravou bons discos em sua carreira solo (especialmente "Word of mouth", de 1981), e também participou da banda Weather Report (entre 1976 e 1983), além de ter tocado em álbuns de gente como Pat Metheny, Al Di Meola e Herbie Hancock. Definitivamente, faz falta.



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Hoje também temos o aniversário de outra figura bem... digamos... singular na música. Liam Gallagher, ex-Oasis e atual Beady Eye, faz 38 anos hoje. E os fãs ainda não sabem qual é a dele. O Oasis acabou, o Beady Eye é apenas (ou nem é ainda) uma promessa, e Liam Gallagher é um dos maiores frontman da história do rock - os leitores da Q o elegeu o maior de todos os tempos, a frente de Freddie Mercury, uns cinco meses atrás. Não sei se chega a tanto, mas, de qualquer forma, parabéns pra ele.



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Bom dia, pessoal! Nossa, fiquei surpreso quando constatei que hoje faz 150 anos da morte de Arthur Schopenhauer. Não li nada a respeito sobre ele recentemente. E, na rápida folheada que dei nos jornais hoje, também não vi nada. Será que se esqueceram da efeméride?? Bom, pelo menos eu não me esqueci. E também não me esqueci que o grande trovador, cantor, compositor, poeta e músico Leonard Cohen, que completa 76 anos hoje. Compositor de clássicos como "Suzanne", "Bird on the wire", "So long, Marianne" e "Dance me to the end of love" (a minha preferida!), ele andou meio sumidão nos anos 90, mas, de uns quatro anos pra cá, o cara saiu em uma turnê que rodou boa parte do mundo, e originou dois DVDs: "Live in London" (2008) e "Songs from the road" (que saiu lá fora na semana passada, também em BD).



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"A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende."
(Arthur Schopenhauer - 22/02/1788 / 21/09/1860)

12 de set. de 2010

Resenhando: Queens Of The Stone Age, Djavan, Stevie Ray Vaughan, Gilberto Gil, The Who

“Rated R” (Deluxe Edition) – Queens Of The Stone Age
Parece que foi ontem que o NME elegeu o “Rated R”, segundo trabalho do Queens Of The Stone Age, o melhor álbum do ano 2000. No ano seguinte, a banda de Josh Homme veio pela primeira vez ao Brasil, para se apresentar na terceira edição do Rock in Rio. Pena que o público não estava muito a fim de assistir ao show. (E, verdade seja dita, o QOTSA também não estava nem um pouco a fim de fazer o show. A banda acabou ficando marcada pela atitude do baixista Nick Oliveri, que se apresentou pelado.) Dez anos se passaram, e agora chega às lojas a “Deluxe edition” de “Rated R”, que traz o álbum original remasterizado e mais uma penca de raridades. O álbum dispensa maiores apresentações. “Feel good hit of Summer”, “The lost art of keeping a secret”, “Monsters in the parasol” e “Lightning song” formam um conjunto coeso que, dificilmente, será superado pela banda. É o preço que se paga pela produção de uma pequena obra-prima. O que vale mesmo nessa edição especial é o segundo CD, que traz seis faixas gravadas para os singles do álbum, incluindo a pesadona “You’re so vague” (espécie de “homenagem” de Josh Homme à baba “You’re so vain”, de Carly Simon), a ótima versão para “Who’ll be the next in line” (do Kinks), “Ode to Clarissa” e uma versão ao vivo para “Monsters in the parasol”. E, por falar em versão ao vivo, a apresentação que o QOTSA fez no festival de Reading, em 2000, fecha essa edição especial. São apenas nove músicas da fase inicial da banda, como “Avon” e “Regular John”, as duas do auto-intitulado disco de estreia da banda, de 1998. Dá para ter uma boa ideia do show que os brasileiros não viram (e a banda não fez) no Rock in Rio 3.

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“Ária” – Djavan
Que Djavan é uma das maiores vozes do Brasil, ninguém discute. Que Djavan é um dos maiores compositores do Brasil, muita gente discute. Autor de pérolas da MPopB, como “Oceano” e “Linha do Equador”, Djavan vinha escorregando em seus últimos álbuns, como “Vaidade” (2004) e “Matizes” (2007). Três anos após o lançamento de seu último trabalho, o músico alagoano volta ao disco com um trabalho de intérprete. São doze canções escritas pela nata da Música Popular Brasileira, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Cartola, Antonio Carlos Jobim, Silas de Oliveira e Luiz Gonzaga. Ainda sobra espaço para as releituras de “Fly me to the moon” (de Bart Howard, eternizada na voz de Frank Sinatra), “La noche” (de Enrique Heredia Carbonell e Juan Jose Suarez Escobar) e “Nada a Nos Separar” (de Wayne Shanklin, em versão de Romeo Nunes). O resultado da mistura soa irregular, ainda que os pontos altos sejam mais numerosos do que os fracos. Nesse novo álbum, Djavan acertou ao retornar a um instrumental mais básico, com uma banda enxuta formada por Torcuato Mariano (violões e guitarra), André Vasconcellos (baixo) e Marcos Suzano (percussão). E isso fica claro nas ótimas versões de “Apoteose ao samba” e “Luz e mistério”, econômicas, com destaque para a voz de Djavan, que ainda reserva os melhores momentos do disco nas faixas de voz & violão (“Disfarça e chora” e “Brigas nunca mais”). Os escorregões acontecem nas versões dispensáveis de “Palco” (que, ao invés de classuda, que deve ter sido a intenção de Djavan, ficou sem graça, quando comparada à versão original de Gilberto Gil) e de “Oração ao tempo”, que perdeu muito sem a carga emotiva da gravação original de Caetano Veloso. Mas ninguém vai poder dizer que “Ária”, por ser composto somente de versões, é um álbum caça-níquel. Pelo contrário, Djavan soube colocar a sua personalidade em cada uma das 12 regravações. E talvez seja o seu melhor álbum nessa década.

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“Couldn’t stand the weather” (Legacy Edition) – Stevie Ray Vaughan
Stevie Ray Vaughan é daquele tipo de artista que deixou uma obra muito grande para uma carreira bastante curta. Quando surgiu, em 1983, com um dos melhores debut albuns ever (“Texas flood”), ele se transformou, rapidamente, de simples promessa em grande estrela. Já no ano seguinte, quando lançou “Couldn’t stand the weather”, SRV já poderia ser chamado de um dos maiores guitarrista do mundo. É verdade que o seu segundo álbum não é tão bom quanto o primeiro. A sonoridade, imposta por ele e pela sua inseparável banda Double Trouble, estava um pouco mais pop, como na faixa título. Mas outras canções, como a jazzy “Stang’s swang”, o blues “Cold shot” (de W. C. Clark) e a versão arrebatadora de “Voodoo child (Slight return)” (de Jimi Hendrix), dão a certeza de que “Couldn’t stand the weather” ainda deve ser apreciado 26 anos após o seu lançamento. Daí que essa “Legacy edition” é indispensável para os fãs do guitarrista. Além do álbum original remasterizado, o pacote de dois CDs traz 11 faixas gravadas na época de “Couldn’t stand the weather”, entre faixas já lançadas anteriormente, como “Little wing” (presente no álbum póstumo “The Sky is crying”, de 1991), e outras inéditas, como “Boot hill” e um take alternativo de “Stang’s swang”. Como se não bastasse, o segundo CD do pacote é dedicado a um show de SRV & Double Trouble, no dia 17 de agosto de 1984 (três meses após o lançamento do álbum de estúdio), no Spectrum de Montreal. Aí que o bicho pega. As 13 gravações são absolutamente inéditas. E é sempre possível encontrar coisas diferentes em regravações de clássicos como “Love struck baby”, “Pride and joy”, “Lenny” e “Testify”. Pelo jeito, o baú de Stevie Ray Vaughan é maior do que se podia imaginar. Carreira curta. Obra grande. Grandiosa, aliás.

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“Retirante” – Gilberto Gil
Lá fora é comum o lançamento de gravações inéditas de grandes artistas, quando estavam no início de carreira. Aqui no Brasil, o negócio é mais raro. E seria inexistente se não fosse o trabalho de pesquisadores obcecados por arquivos de gravadoras. Um desses pesquisadores é Marcelo Fróes, que, não bastasse ter lançado dois caixotes com a obra completa de Gilberto Gil (e mais uma tonelada de raridades), tira agora da manga o CD duplo “Retirante”, com as gravações de Gil antes da fama. Algumas dessas gravações já haviam sido lançadas na caixa “Palco” (2002), mas, em “Retirante” é possível enxergar um panorama mais organizado da obra de Gilberto Gil. E a conclusão é simples: a voz mudou, mas Gil sempre foi um excelente compositor. Mesmo quando quase ninguém o conhecia. A pré-história de Gilberto Gil começou a ser traçada em 1962, nas gravações registradas para compactos de 78rpm pela JS Discos, de propriedade de Jorge Santos, locutor da Rádio Excelsior de Salvador. Dessas gravações, destaca-se “Serenata do Teleco-Teco”, tentativa de Gil (sem cerimônia alguma) de soar parecido com (ou igual a) João Gilberto. Além das gravações feitas para a JS, o primeiro CD traz raridades que só haviam sido lançadas em compactos ou álbuns coletivos, como “Felicidade vem depois” (considerada pelo próprio Gil a sua primeira composição), gravada para um disco idealizado pela antiga revista O Bondinho. Mas o recheio do bolo de “Retirante” está mesmo no segundo CD, que traz a íntegra de sua primeira fita demo, gravada apenas com voz & violão, no escritório da editora musical Arlequim, no início de 1966. Dentre as 18 canções (com qualidade de áudio bem razoável), vale destacar coisas que depois ficariam conhecidas (como “Ensaio geral”, “Beira-mar” e “Minha senhora”), além das inéditas (sim inéditas até hoje!) “Rancho da boa vinda”, “A última coisa bonita”, “Me diga moço” e “Retirante”. De lambuja, o disco ainda traz as primeiras gravações autorais de Gilberto Gil para “Vento de maio”, “Meu choro pra você”, “Zabelê” e “Ninguém dá o que não tem”. Obrigatório!

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“Greatest hits live” – The Who
Sempre pelos palcos, mas sem muita ideia para gravar músicas novas, o The Who lançou o CD duplo “Greatest hits live”, que faz um apanhado de sua carreira, de 1965 a 2009. O CD 1 é dedicado a fase áurea da banda inglesa, com a sua formação original (Roger Daltrey nos vocais, Keith Moon na bateria, Pete Townshend na guitarra, e John Entwistle no baixo), com clássicos como “Substitute” (gravado em dezembro de 1971, no San Francisco Civic Auditorium), “Won’t get fooled again” (em Largo, no mês de dezembro de 73) e um medley fantástico que abarca “Naked eye”, “Let’s see action” e “My generation” (em 1974, no estádio do Charlton, em Londres). Todas essas gravações, apesar de raras, podem ser encontradas em bootlegs da banda que têm a rodo por aí. Outras chegaram a fazer parte de lançamentos oficiais do conjunto, como “Magic bus” (do “Live at Leeds”, de 1970) e “My generation” (do “BBC Sessions”, com gravações de 1965, lançado em 2000). O segundo CD começa em 1989, com cinco faixas gravadas durante a turnê de 1989, em show realizado em Los Angeles, e lançado em CD duplo à época (“Join together”, de 1990). Quatro gravações, já dos anos 00, fecham o CD, incluindo uma versão poderosa de “Eminence front”, no Brisbane Entertainment Centre, em 2009, durante a última turnê da banda. Para quem não tiver nada ao vivo do The Who, “Greatest hits live” pode ser uma boa pedida. Mas nada supera o essencial “Live at Leeds”, de 1970.

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Abaixo, a faixa “Fly me to the moon”, de Bart Howard, na voz de Djavan:

9 de ago. de 2010

DE VOLTA: Pato Fu, Arcade Fire, U2, Weezer, Axl, Kings Of Leon, Capital, Djavan, Radiohead, Black Sabbath, Bowie+NIN, Van Halen, Kiss,Marillion e mais

Acho que escrevi demais por hoje e não consegui dar conta do que prometi no início do post. Teve muita novidade nesse período que passei fora. Então, vou fazer o seguinte: amanhã, continuarei só com as notícias mesmo. Aquela parte dos aniversários, eu deixo para recomeçar na quarta. Alguém discorda?

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Eu já vi pesquisa pra tudo, mas essa aqui acho que é inédita. Passageiros que aguardavam seus voos no aeroporto de Manchester, na Inglaterra, foram indagados: qual a melhor música para ouvir antes de um voo? Sabe qual ganhou? "One day like this", do Elbow. Ainda estou tentando descobrir o motivo. Será que é pra relaxar? Pelo menos não é "Munich air disaster 1958", do Morrissey...



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E estão falando que o álbum novo do R.E.M. é "old school". Legal, mas o "Accelerate" já não era "old school"?

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BOA: O My Morning Jacket anunciou que lançará novo álbum em maio do ano que vem.

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Para os fãs de Gilberto Gil (eu!), uma boa notícia. A gravadora Discobertas, do Marcelo Fróes, vai lançar, nos próximos dias, o CD duplo "Retirante", com gravações pré-históricas do compositor baiano. Nos CDs, alguns registros que foram lançados em 78 rotações pelo selo baiano JS Discos, além de compactos gravados na RCA e na Philips. Mas a maior preciosidade do pacote é uma fita demo tida como "secreta", que Gil gravou em São Paulo, no ano de 1966. O encarte terá 16 páginas com informações das faixas. Tudo bem detalhado, marca registrada do trabalho de Marcelo Fróes.

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Já ouviram o show do Gorillaz gravado ao vivo na Síria com uma puta qualidade de som? Aqui!

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Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden, disse que os ingressos para a nova turnê de sua banda estão caros demais. Em entrevista ao Sky News, o cantor disse que os preços têm que ser "razoáveis". "Os fãs não esperam somente um grande show, mas preços razoáveis. Não é correto, você sabe, é um show de rock n' roll", disse. Os ingressos para a turnê europeia estão custando entre 50 e 80 libras (de 140 a 224 reais). Imagina se Mr. Dickinson fica sabendo quanto cobram por um show aqui no Brasil?? Em tempo: já viram o joguinho que o Iron Maiden lançou no site oficial?

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A quem interessar possa, segue abaixo o videoclipe do novo single do mais novo tuiteiro do pedaço, Kanye West. O interessante vídeo de "Power" foi dirigido por Marco Brambilla. "Power" será o primeiro single do próximo álbum de West, ainda sem nome, e que deve sair em novembro, segundo o próprio.



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MAIS UM BOX?: Os arquivos de Jimi Hendrix ainda estão cheios, pelo visto. No dia 18 de outubro, será lançada a caixa "West Coast Seattle Boy: The Jimi Hendrix Anthology", com quatro CDs. No pacote, gravações inéditas, como demos e takes alternativos. Um novo documentário para a televisão, dirigido por Bob Smeaton (um dos responsáveis pelo "Beatles anthology"), também estreará na TV britânica no mesmo mês. Os nomes das faixas do box serão anunciados em breve, segundo o site do finado guitarrista.

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Para quem quiser saber os detalhes da coletânea que o Soundgarden vai lançar no dia 27 de setembro, basta clicar aqui.

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MAIS NEIL YOUNG: O compositor canadense anunciou que lançará o pacote "Archive 2" em breve - a data certa ainda não foi confirmada. Em seu site oficial, Neil Young escreveu que o pacotão trará quatro álbuns inéditos, gravados entre a metade dos anos 70 e início dos 80: "Chrome dreams", "Homegrown", "Oceanside-countryside" (os três de estúdio) e o ao vivo "Odeon-Budokan", gravado com a Crazy Horse, e produzido por David Briggs e Tim Mulligan. Os discos serão lançados em uma caixa de CDs, DVDs e BDs, além de vinil (esse, de forma avulsa), já que foram inicialmente concebidos para lançamento em vinil, na época da gravação. Neil Young disse que haverá mais coisas inéditas, como fotos, vídeos e recortes de jornais da época. O primeiro volume do projeto "Archive" (caixa com 10 DVDs e BDs) foi lançado em junho de 2009.

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Como já é costume, o AC/DC deve lançar DVD ao vivo (e um CD) de sua última turnê, "Black ice", que passou por São Paulo no final do ano passado. Em entrevista à BBC, o vocalista Brian Johnson disse que o lançamento é quase certo, "em algum momento desse ano". A banda australiana filmou as suas duas apresentações em Buenos Aires (também em 2009), e é muito provável que algum desses shows se tranforme no DVD. Madonna e The Police também lançaram vídeos filmados na capital argentina. Pelo jeito, eles acham o público de lá melhor do que o daqui.

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Alice Cooper prepara o lançamento de um novo DVD para o próximo dia 27 de setembro. A apresentação foi gravada no Hammersmith Apollo, Londres, em 2009. Foi o último show da "Theatre of death Tour". O repertório completo do DVD é o seguinte: "School's out", "Department of youth", "I'm eighteen", "Wicked young man", "Ballad of dwight", "Fry", "Go to hell", "Guilty", "Welcome to my nightmare", "Cold ethyl", "Poison", "The awakening", "From the inside", "Nurse Rosetta", "Is it my body", "Be my lover", "Only women bleed / I never cry", "Black widow", "Vengeance is mine", "Devil's food", "Dirty diamonds", "Billion dollar babies", "Killer", "I love the dead", "No more Mr. Nice Guy", "Under my wheels" e "School's Out".

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O Marillion revelou os detalhes de seu novo DVD triplo, "Out of season". Serão seis horas de música, gravadas em três noites no ano passado. O primeiro disco terá o álbum "Seasons end" (1989) na íntegra, além de cinco faixas de "Happiness is the road" (2008). O segundo DVD contará com várias canções que foram tocadas em um dos shows (sábado), em ordem decrescente de lançamento, entre 2008 e 1981. O CD "Tumbling down the years", com o áudio desse show, também será lançado simultaneamente ao DVD. O disco 3 contará com as músicas do show de domingo. Nesse dia, o Marillion apresentou as músicas mais longas de seu repertório - o show foi apropriadamente batizado de "Shortest setlist in the world". O úadio dessa apresentação também será lançado no CD "Size matters". Segundo o release do DVD triplo (capa acima), os shows foram filmados por 16 câmeras e representam "uma experiência ao vivo definitiva" (coisas de release...). O áudio estará disponível em estéreo e em DTS. A data de lançamento ainda não foi anunciada, e o trailer pode ser visto abaixo.



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Quem também promete disco novo para 2011 é o Kiss!! Aqui.

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SERÁ MESMO?: Olha, agora parece que é oficial. O Van Halen está em estúdio gravando um álbum de inéditas, que deve sair em 2011. A informação é da própria gravadora da banda (Warner/Chappell Music), que divulgou um comunicado. "Recentemente, a banda excursionou com os dois irmãos fundadores, Eddie e Alex Van Halen, o seu vocalista original, David Lee Roth, e o filho de Eddie, Wolfgang, no baixo. No momento, o grupo encontra-se em estúdio, gravando um novo álbum, com Roth nos vocais, com lançamento previsto para 2011", diz o tal comunicado. E agora, será que vai?? O último álbum do Van Halen, com David Lee Roth nos vocais, foi "1984" (84).

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Achei isso aqui no YouTube e não sei se pode interessar a alguém - a mim, pelo menos, sim. Trata-se do encontro de David Bowie com o Nine Inch Nails durante um show da turnê conjunta em 1995. Dá pra achar mais no YouTube, mas o que mais gostei foi esse aqui...



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Essa aqui também é da série "não sei se é bom ou ruim"... Segundo o site da Roadrunner, Ozzy Osbourne disse que "uma reunião do Black Sabbath original para um último álbum é muito provável". "Também faremos uma turnê, mas não sei quando. Falei com o Bill Ward ontem e já concordamos que nunca mais vamos dizer não", completou o cantor. O último trabalho de Ozzy foi o bom álbum "Scream".

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E só para vocês não dizerem que não escrevi nada sobre o Radiohead nessa volta, posto abaixo o vídeo de "Give up the ghost", uma nova música que pode estar no próximo trabalho da banda de Oxford. Thom Yorke tem apresentado a tal canção nos seus shows solo. O último álbum do Radiohead foi "In rainbows", e saiu em 2007.



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Se o Pato Fu apostou em um álbum de regravações, Djavan promete o mesmo para o dia 27 de agosto. Nesse dia, chegará às lojas, via Biscoito Fino, "Ária", álbum de intérprete do compositor e cantor alagoano. No repertório, clássicos de Paulinho da Viola, Cartola, Caetano Veloso, Antonio Carlos Jobim, entre outros. A capa está aí acima, e as faixas são as seguintes: "Disfarça e chora" (Cartola / Dalmo Martins Castello), "Oração ao tempo" (Caetano Veloso), "Sabes mentir" (Othon Fortes Russo), "Apoteose ao samba" (Silas de Oliveira), "Luz e mistério" (Beto Guedes / Caetano Veloso), "La Noche" (Enrique Heredia Carbonell / Juan Jose Suarez Escobar), "Treze de dezembro" (Luiz Gonzaga / Zé Dantas / Gilberto Gil), "Valsa brasileira" (Edu Lobo / Chico Buarque), "Brigas nunca mais" (Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes), "Fly me to the moon" (Bart Howard), "Nada a nos separar (West of the wall)" (Romeu Nunes / Wayne Shanklin) e "Palco" (Gilberto Gil).

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O Capital Inicial está disponibilizando, por partes, um documentário bem bacana sobre a gravação do seu último álbum, "Das kapital". As duas primeiras partes, que podem ser vistas abaixo, já foram disponibilizadas. A terceira parte deve ser liberada na semana que vem no site oficial do conjunto.





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Quem anunciou novo álbum para outubro foi o Kings Of Leon, uma das atrações do festival SWU, que acontece em outubro, em Itu. "Come around sundown" chega às lojas no dia 18 de outubro, e será o primeiro trabalho de estúdio da banda após o campeão de vendas "Only by the night" (2008). O álbum, que terá 13 faixas, foi gravado em Nova York e produzido por Jacquire King e Angelo Petraglia. O Kings Of Leon já tem apresentado algumas dessas novas faixas em shows. A apresentação no SWU acontecerá no dia 10 de outubro.

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Ontem, o Weezer divulgou o primeiro single de seu oitavo álbum, "Hurley", que chegará às lojas em setembro. O nome da canção é "Memories", e, sei lá, mais me pareceu uma música nova do The Killers. Achei caída. Rivers Cuomo poderia ter feito coisa melhor.



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Nesse período, o U2 também retornou aos palcos após o acidente do Bono. O show da volta aconteceu em Turim, na última sexta-feira. No roteiro, a banda irlandesa incluiu duas músicas inéditas: "North star" e "Glastonbury". Bono também incluiu no roteiro "Hold me, thrill me, kiss me, kill me" (música do "Batman Forever") e "Miss Sarajevo". Eu ia assistir esse show em NY, mas com o problema do Bono, a apresentação foi cancelada. O ingresso continua válido para 2011. Mas já tá rolando um boato que o U2 vem ao Brasil em março ou abril do ano que vem. Vamos ver o que acontece... Em tempo: o U2 foi convidado para abrir o festival de Glastonbury no ano que vem.



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Bom, lá fora, pelos menos nos Estados Unidos, o principal assunto era o lançamento de "The suburbs", novo álbum do Arcade Fire. O álbum saiu no dia 01º, e nos dias 04 e 05, a banda canadense fez duas apresentações no Madison Square Garden (NY), considerada a "mais famosa arena do mundo". Como tive que voltar dois dias antes da estreia em NY, vi o show pelo YouTube mesmo. E foi um showzaço. Uma espécie de transição de banda indie para banda grande - para o bem e para o mal. Bom, ainda não ouvi "The suburbs" direito. E acho que ele merece uma maior atenção minha. Até mesmo porque tenho que ver se ele realmente é superior a "OK Computer" (Radiohead), como muita gente vem dizendo. Deve ser balela. De qualquer forma, se você ainda não ouviu, vale a pena dar uma olhada no vídeo abaixo, que traz a faixa-título de "The suburbs".



PS. Hoje, "The suburbs" chegou ao topo da parada inglesa de discos. Pelo jeito, a commotion não foi só nos Estados Unidos...

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Para começar, quero postar um vídeo do álbum mais interessante que saiu no Brasil durante esse período. A música é "Live and let die", e ela faz parte do novo álbum do Pato Fu, "Música de brinquedo". Nas 12 faixas do álbum (sobre o qual resenharei nesse domingo), os integrantes da banda mineira usam apenas instrumentos de brinquedo. Fantástico!



PS. Não consegui ir ao show de lançamento de "Música de brinquedo" aqui no Rio nesse fim de semana. Mas o grande Jamari França foi e conta como foi no seu blog.

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Bom dia pessoal. Bom, hoje sim as férias acabaram. Hora de voltar à programação normal. Ou quase normal. É o seguinte: tem umas três semanas que não posto regularmente por aqui, e muita coisa acabou acumulando. Então, hoje (somente hoje), vou pular aquela parte dos aniversários, para ir direto ao que interessa. Vou tentar ficar por dentro do que mais ou menos rolou nesses últimos dias agora e vou postando aqui as notinhas. Amanhã, eu volto com a programação normal. Sejam bem-vindos novamente.

18 de out. de 2008

CD: “QUERIDOS AMIGOS” (VÁRIOS ARTISTAS) – QUANDO UMA COLETÂNEA VALE A PENA

Álbuns com trilha sonora de novelas, salvo raríssimas exceções, pouco acrescentam a uma coleção de discos. Se nos anos 70 e 80, os discos de novela, de certa forma, ditavam um certo padrão de bom gosto, a partir da década de 90, tais coletâneas não passavam de um aglomerado de canções, que pouco tinham a ver entre si. Bons tempos em que artistas como Roberto Carlos, Toquinho e Vinícius de Moraes gravavam álbuns exclusivos que serviam de trilha para uma novela...

Às vezes ainda acontece de alguma trilha sonora (geralmente as das novelas de Gilberto Braga e de Manoel Carlos) realmente valer a pena. Entretanto, quando isso acontece, a maior parte do repertório é composto por faixas antigas, não contemporâneas. Como exemplo disso, basta pegar as ótimas trilhas de minisséries como “Anos Dourados” e “Anos Rebeldes”, repletas de Jobim, Caetano, Gil e Gal, apenas para citar alguns artistas nacionais.

Agora, com nove (?!?) meses de atraso, a Som Livre coloca no mercado a trilha sonora de mais uma minissérie, que realmente vale a pena. “Queridos Amigos” já saiu do ar há muito tempo, mas as suas canções mereciam estar agrupadas em um disco. Tudo bem que, das mais de cem músicas apresentadas na minissérie, apenas 14 entraram no CD. Mas, mesmo assim, a trilha de “Queridos Amigos” é válida para dar uma idéia de como, com um pouco de boa vontade, (ainda) é possível fazer uma bela trilha sonora para uma novela ou minissérie.

Com as canções centradas na década de 70 (período no qual se passa a maior parte da série), a trilha de “Queridos Amigos” é uma viagem ao melhor que a Música Popular Brasileira produziu do final dos anos 60 até o início dos 80. Inclusive, é notável como a estética dessa trilha se assemelha a do livro “Noites Tropicais” (de Nelson Motta), que ganhou uma trilha sonora exemplar em um CD duplo.

As canções de “Queridos Amigos” não seguem um critério cronológico. O encadeamento é realizado de forma espontânea e, no final das contas, tudo acaba descendo muito bem. Da introdução com “Canção da América”, de Milton Nascimento, até o encerramento com a Tropicália sangrenta de “Domingo No Parque”, na magistral gravação original de Gilberto Gil, tudo é coeso em “Queridos Amigos”, até mesmo quando logo após o rock “Vital e Sua Moto”, dos Paralamas do Sucesso, surge o samba “Conto de Areia”, na voz de Clara Nunes.

Como pôde ser visto, todos os gêneros musicais que fizeram sucesso durante o período da minissérie, estão presentes em sua trilha sonora: MPB tradicional (“Meu Bem, Meu Mal”, com Gal Costa; “O Bêbado e a Equilibrista”, com Elis Regina; “O Que Será (À Flor da Terra)”, com Simone), Rock Brasil (“Você Não Soube Me Amar”, com a Blitz; “Vital e Sua Moto”, com os Paralamas) e samba (“Flor de Lis”, com Djavan; “Guardei Minha Viola”, com Paulinho da Viola), passando ainda por Rita Lee, Maria Bethânia, Ivan Lins e Gonzaguinha.

Mas, como nada é perfeito, importante registrar a escorregada da gravadora Som Livre, que grafou erroneamente a canção interpretada por Paulinho da Viola. Apesar de a contracapa e o encarte informarem que a música que consta no CD é “Coração Leviano”, o correto seria “Guardei Minha Viola”. Um erro que pode até ser considerado pequeno, mas lamentável para uma ótima trilha sonora como essa.

Abaixo, para matar saudades, o videoclipe de “Vital e Sua Moto”, canção presente na trilha sonora da minissérie “Queridos Amigos”.

Cotação: ****