Jornalista, autor do livro "Rock in Rio - A história do maior festival de música do mundo" (Editora Globo), ex-trainee e colaborador da Folha de S.Paulo, ex-colunista e redator da International Magazine, e colaborador do site SRZD.
Por favor, não estranhe. Hoje eu quis começar esse blog com música sertaneja. Mas música sertaneja de verdade. E ela tem o seu valor. O melhor exemplo é o vídeo acima, dos dois mestres do estilo, Pena Branca & Xavantinho. Hoje, 13 de julho, é o dia nacional dos cantores e compositores sertanejos. E eles merecem a nossa homenagem. Os sertanejos de verdade, repito. Não estou falando aqui de Luan Santana, Daniel e outras atrocidades, por favor.
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E, olha só, além do dia dos compositores sertanejos, hoje também é o dia mundial do rock. Isso porque foi no dia 13 de julho de 1985 que aconteceu o Live Aid, concerto beneficente organizado por Bob Geldof, em Londres e na Filadélfia, e que reuniu gente como Paul McCartney, Bob Dylan, Mick Jagger, U2, Queen e até mesmo uma reunião do Led Zeppelin.
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O show do Led Zeppelin foi tão tosco, que acabou ficando de fora da edição em DVD do Live Aid lançado uns vinte anos depois. Na falta de John Bonham, Phil Collins (?!?) tocou bateria com a banda. Não foi por culpa do Phil, mas, definitivamente, não ficou legal...
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Não é??
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Seis anos após o Live Aid, em 1991, o mesmo estádio de Wembley onde aconteceu o evento, viu uma das apresentações mais impactantes de sua história. O INXS estava lançando o álbum “X” (1990), e, àquela época, era considerada uma das bandas mais importantes do planeta, batendo de frente até mesmo com o todo-poderoso U2. A apresentação em Wembley foi lançada em VHS, LD e, depois, em DVD. Já o CD ao vivo “Live baby live” traz músicas gravadas em vários shows da turnê, inclusive o antológico que aconteceu no Rock in Rio II, em janeiro de 1991, no estádio do Maracanã.
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Voltando um pouco mais no tempo, hoje é dia de João Bosco soprar 65 velinhas. Ontem, entrou no ar a série “O astro”. E a música de abertura da novela original era interpretada por João Bosco. Lembra? Ou você nem era nascido??
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Cá pra nós, o João Bosco tem músicas melhores, não? Essa aqui, por exemplo...
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“Linha de passe” até me lembrou o meu programa predileto, que a ESPN Brasil transmite todas as noites de segunda. Eu não perco um. Tudo pode acontecer nessa mesa redonda... Quer ver??
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Há 15 anos, O Rappa lançava o seu álbum mais importante. “Rappa Mundi” vendeu que nem água (eu ganhei no amigo oculto do mesmo ano!). Não era para menos. Acho que umas cinco, seis músicas fizeram muito sucesso. Ou você não se lembra de “Miséria S/A”??
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E o nosso Morrissey, hein?? Ele tá sempre por aqui, né? Se lembra, faz umas duas semanas, quando ele fez um show com uma camisa que mandava um site de fãs para aquele lugar? Pois é... O dono do site, David Tseng, foi expulso pelos seguranças de Morrissey, durante um show em Copenhagen, Dinamarca, na segunda passada. Segundo Tseng, os seguranças não deram maiores explicações. O fã reclamou o dinheiro do ingresso perante à Live Nation, empresa organizadora da turnê do ex-Smith, mas ela teria informado que Tseng deveria reclamar com o próprio Morrissey.
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Coisa feia né, Moz??
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Coisa feia foi também o que um fã fez anteontem em um show do Foo Fighters em Londres. Eu escrevi ontem que Dave Grohl não fez por menos, xingou o cara e o expulsou da casa de shows. Consegui encontrar o vídeo hoje...
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(Esse é o típico caso de vergonha alheia...)
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Um cruzeiro com o Weezer??
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Sabe o que isso me lembra???
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E saiu uma musiquinha nova do The Drums! Eu sei lá... Às vezes curto, às vezes não... Vamos ver até onde vai chegar esse conjunto. O primeiro disco até que é bom. Mas não é tudo isso que andaram dizendo não... “Portamento”, o segundo álbum, sai no dia 12 de setembro.
“Tour of the universe: Barcelona 20/21.11.09”– Depeche Mode O Depeche Mode é uma das bandas que mais dá valor aos registros áudio-visuais de suas turnês. E o faz com razão. Entra turnê, sai turnê, os shows da banda de Martin Gore, Dave Gahan e Andrew Fletcher são sempre bem interessantes – pena que eles nunca venham ao Brasil. Ao invés de se acomodar (como acontece com a maioria das bandas), o Depeche Mode sempre prepara roteiros bem diferentes entre uma turnê e outra, bem ao espírito do grupo. Se na “Exciter tour” (2001), a banda destilava depressão, logo depois, em “Touring the Angel” (2005/2006), o Depeche Mode fazia um dos shows mais coloridos e alegres de sua carreira. O novo DVD (também em CD e BD) “Tour of the universe: Barcelona 21/21.11.09” flagra a banda na turnê de divulgação de seu último (e excelente) álbum de estúdio, “Sounds of the universe” (2009). Turnê que, diga-se, não começou nada bem, com diversos shows adiados por conta de um tumor (felizmente extirpado) na bexiga de Gahan. O DVD traz um show do final da turnê – antes, a banda já tinha rodado boa parte da Europa e dos Estados Unidos. E é aí que reside o problema. Apesar de mostrar uma banda absolutamente à vontade, o vídeo apresenta um repertório muito parecido com a turnê anterior, “Touring the angel” (2006), algo incomum na videografia da banda inglesa. No início da turnê, o Depeche Mode apresentava músicas que, havia tempos, não integrava o roteiro de suas apresentações, como “Master and servant” e “Strangelove”. No decorrer da turnê, essas músicas foram substituídas por outras mais comuns, como “Behind the wheel” e “World in my eyes”. Pena. De qualquer maneira, é sempre bom ouvir a banda interpretar clássicos como “Never let me down again”, “Enjoy the silence”, “Walking in my shoes” e “It’s no good”. E isso sem contar com as boas músicas de “Sounds of the universe”, ainda que uma de suas melhores, “Peace”, também tenha ficado pelo meio do caminho (e, assim, fora do DVD) no decorrer da turnê.
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“A noite perfeita – Ao vivo” – Leoni Se a gente vivesse na Inglaterra, Leoni seria milionário como um Elton John. Um dos melhores compositores da geração 80 do rock brasileiro, Leoni mostra em seu novo trabalho, “A noite perfeita – Ao vivo”, que continua o mesmo excelente compositor dos tempos do Kid Abelha e do Heróis da Resistência. Poucos artistas conseguem, como Leoni, apresentar um álbum cheio de canções inéditas que, à primeira ouvida, grudam na cabeça. Apesar de ser um trabalho ao vivo, o CD é composto majoritariamente por novas músicas – já o DVD traz sucessos muito bem-vindos, como “Temporada das flores”, “Por que não eu?”, “Exagerado”, “Fórmula do amor”, “Educação sentimental” e “Garotos II”, além de lados B, como “Um herói que mata” (do tempo dos Heróis da Resistência) e “Quem além de você” (do álbum “Outro futuro”, de 2006). Das inéditas, destacam-se a roqueira “Dá pra rir e dá pra chorar” (parceria com Beni Borja), a balada pop “Do teu lado” (com os versos “Canção pra andar do teu lado / Em toda e qualquer cidade / Pra te cobrir de sorrisos / Quando eu chorar de saudade” escritos a quatro mãos com o compositor Rodrigo Maranhão) e “Hora de pular do trem” (com Luciana Fregolente). A faixa-título, a melhor do álbum (e uma das mais deliciosas canções de Leoni), escrita com George Israel, já havia sido lançada pelo parceiro. O show “A noite perfeita” já vem rodando o país desde o final de 2008. Pelo visto, chegou ao CD/DVD na hora certa. O público de Leoni já sabe cantar as inéditas de cor, e a banda Furacão de Bolso, formada por Gustavo Corsi (guitarra), Andrea Spada (baixo) e Lourenço Monteiro (bateria), está super azeitada. Leoni honra a sua geração.
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“Mystify” – INXS Os mais novos talvez duvidem, mas o INXS já foi uma banda “mega”. Michael Hutchence e seus colegas tiveram pelo menos dois álbum multiplatinados (“Kick, de 1987, e “X”, de 1990), gravaram um vídeo (“Live baby live”, já lançado em DVD) em um estádio de Wembley mais entupido do que privada de posto de gasolina de estrada, e foram headliners de uma noite da segunda edição do Rock in Rio, que aconteceu no Maracanã. Mas se você não tem ideia de nada disso, e ainda colocar para rodar “Mystify”, novo DVD da banda, pode achar que o INXS poderia nem ter existido. Filmado no dia 21 de junho de 1997, no Loreley Festival (Alemanha), durante a turnê de divulgação do álbum “Elegantly wasted” (97), o vídeo traz uma banda fria, apática e sem a mínima graça. Parece que os integrantes da banda envelheceram 40 anos após o “Live baby live”, registrado em 1991. É impressionante a falta de tesão e a burocracia com a qual músicas arrasa-quarteirão como “New sensation”, “Suicide blonde” “Devil inside” e “Whay you need” são executadas. O público alemão não é lá, vai lá, um dos mais animados, mas o seu comportamento nesse show é de causar bocejos dignos de um porre de dry Martini simultâneo a uma ópera de Pergolesi. As músicas que ora estavam sendo lançadas, então, poderiam render uma palestra do tipo “do estrelato ao depauperamento em três passos”. Michael Hutchence partiu dessa pra melhor quatro meses após o show. Algo estranho já rolava no ar. E, caso você não queria sentir, fique com o show bônus, filmado em maio de 1984. São seis músicas mostrando o INXS na flor da idade. E como a banda era boa, viu? “Original sin”, “Don’t change”, “The one thing”... A dúvida é inevitável: com Michael Hutchence vivo, onde estaria o INXS hoje? Seria um U2 ou um Simple Minds?
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“Amor festa devoção” – Maria Bethânia Fazendo uma comparação grosseira (e com base no que escrevi na resenha do “Tour of the universe”, acima), a Maria Bethânia é uma espécie de Depeche Mode brasileira na hora de lançar DVDs. A uma, porque, nos últimos tempos, não tem um show da “Abelha-rainha” que não saia em vídeo; a duas, porque os repertórios de seus DVDs são absolutamente diferentes entre si. E, ao contrário do Depeche Mode, Maria Bethânia surpreendeu com “Amor festa devoção”, DVD, dirigido por André Horta e Lizanne Paulo, que traz o registro do show de lançamento dos álbuns “Tua” e “Encanteria”, ambos lançados em 2009. No roteiro da apresentação, Bethânia privilegiou as canções desses dois discos, misturando-as com coisas mais antigas, como “Vida” (Chico Buarque), o texto “Olho de lince” (escrito por Waly Salomão, e com aquele célebre verso “quem fala de mim tem paixão”), “É o amor” (Zezé di Camargo) e “Reconvexo” (Caetano Veloso). A propósito, esses foram os únicos grandes sucessos do roteiro que o público cantou junto. Ah, tudo bem, a cantora baiana interpretou “Não dá mais pra segurar (Explode coração)” e “O que é, o que é” (ambas de Gonzaguinha), mas em versões rápidas e a capella, como se quisesse mandar o recado de que elas estavam lá porque cabiam no roteiro, e não como frutos de apelação. Bethânia retorna ao seu show “Rosa dos ventos” (1971) para relembrar “Não identificado” (um dos momentos mais aplaudidos da nova turnê, e que foi dedicado a mãe), e ainda permanece com o mano Caetano em “Queixa”, inédita em sua voz, bem como o bolero “Dama do cassino”. Vale destacar também a lindíssima “Balada de Gisberta”, de Pedro Abrunhosa, com um arranjo grandioso de Jaime Alem. Tudo isso para mostrar que Bethânia, é verdade, não precisa apelar – e já precisou alguma vez? Assim como “Brasileirinho”, esse “Amor festa devoção” é um dos grandes shows de sua carreira. E o DVD está com um tratamento de áudio (mixado por Moogie Canazio), no mínimo, sensacional.
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“Band on the run” (Archive collection) – Paul McCartney & Wings Dentre as infindáveis discussões travadas pelos alucinados por Beatles está uma sobre o melhor álbum solo dos integrantes da banda. Geralmente, metade fica com “All things must pass”, de George Harrison, e a outra metade, com “Band on the run”, do Paul McCartney & Wings. Pessoalmente, fico com o álbum do guitarrista, mas não dá para negar, jamais, o valor do álbum que Paul lançou em 1973. Gravado em Lagos, na Nigéria, “Band on the run” possui nove faixas, sendo sete clássicos absolutos: a faixa-título, “Jet”, “Bluebird”, “Mrs Vandebilt”, “Let me roll it”, “Nineteen hundred and eighty Five” e “Mamunia”. Com exceção da última, todas foram tocadas nos recentes shows no país. O CD bônus da edição especial que chegou às lojas (lá de fora) na semana retrasada, traz os singles “Helen Wheels” e “Country dreamer”, lançados na mesma época do disco, além de gravações ao vivo. Mas o melhor mesmo é o DVD, com 75 minutos de videoclipes, imagens raras em Lagos e a íntegra do programa “One hand clapping”, com várias versões ao vivo de faixas do álbum, além de outras, como “Live and let die”, “C moon” e “Soily”. A edição em vinil também é super recomendada aos audiófilos. Uma boa aula de como um álbum deve ser mixado para o vinil. Acho que nunca ouvi um som tão vivo na minha vida. Sério. Nos próximos meses, Paul McCartney lançará as edições especiais de “McCartney” (1970), “McCartney II” (1971), “RAM” (1971), “Venus and Mars” (1975), “Wings at the speed of sound” (1976) e “Wings over America” (1977). Hum, bem que esse último poderia vir trazendo o DVD com o show na íntegra, né?
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Em seguida, “Enjoy the silence”, extraído do DVD/BD “Tour of the universe”, do Depeche Mode:
John Mayer, Rob Thomas e Ben Harper vão se juntar aos integrantes do INXS para um tributo em homenagem ao falecido vocalista Michael Hutchence. O álbum "Original sin" chegará às lojas em janeiro, com novas versões para antigos sucessos da banda australiana. O elenco e as músicas ainda não estão fechadas, mas Ben Harper interpretará "Never tear us apart", enquanto "Beautiful girl" ganhará a voz de Pat Monaghan, do Train.
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Uma notícia meio nada a ver que eu pesquei na BBC, mas achei interessante. Todo mundo já sabe que Bruce Dickinson, além de vocalista do Iron Maiden, mestre em História e lutador de esgrima, é piloto de aviões. Ele, inclusive, já transportou a sua banda na última turnê. Agora, é a vez do time de futebol do Liverpool. À príncípio, Dickinson voaria para a Islândia, mas preferiu ir para Nápoles. "Muito mais interessante", disse. Por coincidência, o time do Liverpool está embarcando para lá, onde enfrente o Napoli, na próxima quinta. Que ele traga sorte aos Reds...
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No meu top 5 de grandes sambistas eu incluo, fácil, o nome de Luiz Carlos da Vila. Integrante da ala de compositores da Unidos de Vila Isabel, Luiz Carlos da Vila compôs o samba-enredo "Kizomba - A festa da raça", que deu o primeiro título à escola, em 1988. De sua autoria também, sambas como "O show tem que continuar", "Por um dia de graça", "Doce refúgio" e "O sonho não acabou", gravados por Beth Carvalho, Jorge Aragão, Nara Leão, Simone, Martinho da Vila, entre outros. Dois anos de saudade. Mas o show continua...
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Abaixo, eu escrevi que passei um mês inteiro ouvindo o mesmo disco. Para a geração que já cresceu com a internet, parece coisa de maluco. Hoje, em dois minutos dá pra baixar a discografia toda de qualquer banda (eu disse "baixar", porque "escutar" é outra história, nesses tempos com tanta oferta). Mas, naquela época, o jeito era pedir um disco de presente e aproveitar. Ele seria o seu companheiro diário por muitas e muitas semanas. Com relação aos videoclipes, acontecia a mesma coisa. Hoje, temos o YouTube. Mas, nos anos 80, tínhamos um programinha ou outro na televisão que passava clipes. Até que a MTV chegou. E foi no dia 20 de outubro de 1990. Comprei uma antena UHF e o aparelho de televisão só dava MTV. Passava a tarde toda com o controle remoto do vídeo cassete na mão para gravar os meus videoclipes. Ah, eu também ligava para votar nos meus clipes prediletos no "Disk MTV". O tempo passou, e a MTV foi responsável por alguns grandes álbuns acústicos, até perder a sua relevância. Uma pena que uma emissora tão importante na formação musical de tantos jovens tenha celebrado coisas como o Restart em seu último VMB. Eu preferia a MTV na época em que a gente podia, simplesmente, ver videoclipes - coisa em extinção em sua grade atualmente. E, de preferência, videoclipes como esse...
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Um dos álbuns mais fundamentais da história do Rock Brasil também faz aniversário hoje. O blog do Paulo Marchetti informa que "A revolta dos dândis", segundo (e melhor) álbum dos Engenheiros do Hawaii, foi lançado a 20 de outubro de 1987. Esse disco foi a trilha sonora das minhas férias de fim de ano de 87. Passei quase um mês inteiro na casa da vovó, com direito a bolo de chocolate, sovete de flocos, Nescau, Leite Moça da chocolate e "A revolta dos dândis". Foi o único disco que levei para ouvir o mês todo. E não me cansei de ouvir não. Cada dia eu tinha uma música predileta. Atualmente, acho que, nada na obra dos Engenheiros barra a música "A revolta dos dândis". Mas o que dizer de versos como "A juventude é uma banda / Numa propaganda de refrigerantes", de "Terra de gigantes"? Não tem muito tempo, uma banda aí que se dizia cheia de princípios estava fazendo tal propaganda, né? Mais visionário, impossível... E "A revolta dos dândis" ainda tinha "Infinita highway", "Refrão de bolero", "Além dos outdoors"... Ainda querem falar mal?
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Anteontem, o U2 anunciou os seus planos de lançar um novo álbum no início de 2011. E o Brasil tem muitas chances de ser um dos primeiros países a assistir a um show desse novo álbum. Mas hoje eu vou falar aqui do primeiro disco do U2. "Boy" chegou às lojas no dia 20 de outubro de 1980. Para o fã mais recente do U2, quanta diferença, não? Em "Boy", a banda irlandesa fez um som cru, roqueiro até a alma, bem diferente do rock de arena de hoje. Não estou criticando o som atual do U2, talvez a banda mais importante do rock nos últimos 20 anos, mas que ela era muito mais divertida no início dos anos 80, ah, isso era. Não à toa, o U2, volta e meia, tenta fazer um retorno às raízes - na "Vertigo tour", eles apresentaram várias faixas de "Boy" para um público que, em sua maioria, nem era nascido quando de seu lançamento. E o que "Boy" mais tem é música boa: "I will follow", "Out of control", "An cat dubh", "A day without me", "The electric co."... Discaço! Para quem ainda não tem, vale a pena correr atrás da edição dupla, cheia de raridades, que saiu em 2008.
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Boa tarde, pessoal. Como vamos? Olha só: hoje tem um bando de coisa legal para falar aqui. E eu quero começar com um dos meus heróis. Tom Petty completa 60 anos hoje. Líder dos Heartbrakers e um dos integrantes do maior "supergrupo" de todos os tempos (o Traveling Wilburys, que falei aqui não tem muito tempo), Petty, na minha opinião, é um dos artistas mais subestimados da história do rock, fora dos Estados Unidos. Grande guitarrista, excelente compositor e, sim, bom cantor, ele gravou álbus dignos de antologia, a começar pelo seu último trabalho, "Mojo" (de 2010, e também já resenhado aqui no blog), passando pelo álbum de estreia, "Tom Petty & the Heartbreakers" (1976), por "Full moon fever" (de 1989, com participação dos integrantes dos Wilburys) e, claro, pelo seu disco mais emblemático, "Damn the torpedoes", de 1979. Sessenta anos bem aproveitados, eu diria. Só falta uma visitinha ao Brasil.
O LIVRO DA SEMANA: Finalmente arrumei tempo para terminar de ler "Eu, aos pedaços", de Carlos Heitor Cony. Um dos grandes livros da minha vida é "Quase memória", um "quase romance", no qual Cony retrata a relação com o seu pai. "Eu, aos pedaços" não é um romance - e, na verdade, não chega nem a ser um "quase romance". Editado pela Leya, o livro apresenta várias crônicas que Cony escreveu em sua carreira. Todas elas falam sobre a sua vida. Então "Eu, aos pedaços" é uma "quase autobiografia"? Pode ser que sim. Mas o escritor não segue uma cronologia na ordenação dos fatos, preferindo dividir as crônicas por assunto, como Infância, Família, Jornalismo, Relações, Política etc. Alguns dos melhores momentos do livro são quando o autor fala sobre o golpe militar de 1964. É possível (quase) sentir o terror na pele, no último capítulo do livro, "A revolução dos caraguejos". Também são interessantes os textos mais pessoais de Cony, especialmente o delicioso "Uma noite no Scala" (sobre uma apresentação de "La Bohème", em Milão) e o engraçadíssimo "Minha noite com Raquel Welch". No texto "Enquete", Cony responde a seguinte pergunta: "Qual é para você o cúmulo da miséria?". Resposta: "Trabalhar". E dessa forma, me despeço de vocês por hoje. Até mesmo porque hoje é sábado.
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No início do ano, o vocalista do Eels, Mark "E" Everett, foi detido na Inglaterra. Motivo: suspeito de terrorismo. O troco veio agora, no videoclipe de "Baby loves me", no qual Londres é retratada como uma cidade de brinquedo. Legal!
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UMA MÚSICA PARA O FINAL DE SEMANA: "Uma vida", com Elis Regina, Dom Salvador e banda Abolição. Charles Gavin me apresentou a esse vídeo nessa semana, e eu pirei. Nunca vi a Elis Regina tão funkeada, com tanto suíngue. Simplesmente fantástico!
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Adorei o videoclipe de "Home", do LCD Soundsystem. Dirigido por Rick Darge, o vídeo não é oficial, eis que não foi aprovado pela banda. Mas que é muito bacana, ah, isso é...
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Finalizando as efemérides desse fim de semana, vou falar um pouco de televisão. Amanhã, o grande ator Dan Stulbach faz 41 anos. Corintiano doente, Dan fez grandes papéis na televisão, como o Edgard Legrand (em "Senhora do destino"), o Ricardo da Silva (de "Som e fúria"), o Léo (de "Queridos amigos")... Mas o melhor mesmo era aquele maluco do Marcos, em "Mulheres apaixonadas". Na época da gravação da novela, era comum as senhoras que estavams entadas ao seu lado no avião, pedirem para mudar de lugar. Foi um dos grandes papéis que já vi em uma novela. Vale lembrar aqui também o Clausewistz, da peça "Novas diretrizes em tempos de paz", que depois virou filme.
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Eu já separei aqui o box com a obra do Baden Powell. Isso porque amanhã é dia de homenagear o maior violonista do mundo. No dia 26 de setembro de 2000, Baden foi tocar o seu violão para os anjos lá no andar de cima. Pouco antes de sua morte (uns dois anos, acho), fui a um show do Baden, no Bar do Tom, que fica dentro da churrascaria Plataforma. Babei o show todo. No final, ele se sentou na mesa do lado da minha. Estava morrendo de vergonha de falar com ele. Mas, quando vi, um amigo meu já tinha me empurrado. Consegui pegar o autógrafo do mestre, que guardo com muito carinho até hoje. Pois é, Bruno, essa eu ainda te devo!
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O blog do Paulo Marchetti me informa que amanhã fará 25 anos que o Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens lançou o seu segundo álbum, "Educação sentimental". Assim como o disco de estreia, "Seu espião" (1984), o segundo LP mais parecia uma coletânea de sucessos. Sente só: "Lágrimas e chuva", "Educação sentimental I e II", "Os outros", "A fórmula do amor"... E como hoje eu estou nostálgico mesmo, bons tempos esses em que o rock brasileiro produzia algo de qualidade... Tenho pena da molecada que está crescendo ao som dessas bandinhas atuais. Ê tempinho vagabundo...
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Vamos agora falar dos aniversários bacanas de amanhã? Então vamos começar pela divina (adoro esse adjetivo) Gal Costa, que completa 65 anos nesse domingão. Nessa semana, eu comprei o box "Gal total", com toda a obra de Gal Costa na Polygram (atual Universal). Já tinha a maioria dos CDs, mas a caixa vale muito a pena, porque, além de contar com a arte original de cada álbum, vem com um som remasterizado excelente, e um CD duplo de raridades. E é impressionante notar como a carreira de Gal nos anos 60/70/início dos 80 foi coesa e íntegra. Poucos artistas conseguem gravar álbuns tão perfeitos. Os discos tropicalistas de 1969, o "Fa-Tal" de 71, o "Cantar" (de 1974, e com arranjos de João Donato), o "Gal canta Caymmi", para mim, o melhor songbook já gravado no Brasil... Enfim, muita coisa boa. Gal já anunciou que vai gravar um álbum de inéditas com produção de Caetano Veloso. Já estou ansioso...
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CULTURA INÚTIL DO DIA: Em 25 de setembro de 1910, o Botafogo deu de seis a um no Fluminense. Foi a maior goleada do Bota sobre o Flu em todos os tempos.
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Volta e meia eu lembro algum álbum aqui que está fazendo aniversário. Acho que é o que mais gosto de fazer nesse blog. E gosto mais ainda quando falo de um disco que eu comprei na época do lançamento. E esse é o caso de hoje. "X", do INXS, chegou às lojas em 25 setembro de 1990. Na época, meu colégio ficou um mês em greve. Nem preciso dizer qual foi a trilha sonora dessas férias que caíram do céu, né? "Suicide blonde", "By my side", "Disappear", "The stairs", "Hear that sound"... Eu considero "X" o melhor álbum do INXS ao lado do "Kick" (1987). Em 1991, a banda australiana fez o melhor show do Rock in Rio II (ao lado de Prince, Titãs e George Michael), com duas horas e meia de duração. Sinceramente, eu achei que o Maracanã poderia ter caído durante "Suicide blonde"...
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Responder qual o maior baterista da história do rock é tarefa das mais inglórias. Eu sempre fico com dois: John Bonham e Keith Moon. Inigualáveis na arte de tocar. Inigualáveis na arte de beber. Inigualáveis na arte de morrer. John Bonham se afogou em seu próprio vômito no dia 25 de setembro de 1980. Ele tinha apenas 32 anos de idade, provando que não é necessário viver tanto para entrar pra história. Confesso que solo de bateria não é o meu forte. Hoje em dia está até meio que em desuso nos shows de rock. Mas os solos de Bonham eram diferentes. Não tem como não escutar/ver "Moby Dick" e não ficar arrepiado. Concorda?
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Boa tarde, pessoal. Como vocês viram, hoje eu comecei o dia com o Queen. "Radio Ga Ga" foi escolhida para lembrar que hoje é o Dia do Rádio aqui no Brasil. A data foi escolhida em homenagem a Edgar Roquette-Pinto, que nasceu no dia 25 de setembro de 1884, e é considerado o "pai do rádio brasileiro". Ele foi o responsável pela implantação da primeira emissora de rádio no Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923. Eu sei que pouca gente ouve rádio nesses tempos de internet, mas eu ainda peguei um época na qual a gente tinha que ficar grudado em alguma estação de rádio para poder gravar aquela música que não tinha o disco. Tempos muitos mais bacanas do que os de hoje, quando temos tudo à disposição na internet, mas, ao mesmo tempo, ninguém assimila nada.