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12 de out. de 2011

Quando a criança descobriu a música

Eu tentei de todas as formas, mas não encontrei o CD do “Casa de brinquedos” aqui em casa. Queria ouvi-lo hoje, no Dia das Crianças. Mas, ainda bem, descobri que tenho o álbum completo no iPod.
O “Casa de brinquedos” representou o primeiro contato que tive com a música. Há mais ou menos 30 anos, a Rede Globo investia em especiais infantis que fizeram com que toda uma geração crescesse conhecendo Chico Buarque, Toquinho, Vinicius de Moraes, MPB-4, Ney Matogrosso, Elis Regina, Clara Nunes... Ou seja, toda uma geração aprendeu a aprimorar o gosto pela música.
Graças a Deus (e a minha mãe que me dava os LPs e assistia aos programas comigo), cresci com um bom gosto musical, acredito.



(Já devo ter dito por aqui que nunca terei filhos. Mas se tivesse, jamais o colocaria para ouvir Xuxa ou Restart. As pessoas deveriam ter a ciência de que estão formando cidadãos. Depois, quando o pai tiver que acompanhar (e aturar) uma filha histérica e doente em um show do Justin Bieber, não adianta lamentar. Foi ele mesmo quem criou o monstro.)
Mas voltando ao “Casa de brinquedos”, a imagem mais nítida que tenho, aos três ou quatro anos de idade, é a de Chico Buarque cantando “O caderno” em um cenário repleto de cadernos gigantes, e uma menina deitada no chão lendo algo um... caderno!
Já sei. Você vai achar isso tosco demais.
E era mesmo.



E, por conta disso, aprendi que nada, absolutamente nada, pode se sobrepôr à música. Por exemplo, em um concerto, é necessário mais do que uma boa orquestra e um maestro? Precisa de jogo de luzes, palcos mirabolantes e figurinos cafonas?? Pode ter certeza que não. Um exemplo mais recente: os shows que vi do Eric Clapton nessa semana aqui no Rio de Janeiro. Não tinha cenário, não tinha figurino, a luz era sóbria, Eric não ficava fazendo coraçãozinho com as mãos para a plateia... Era só o cara pegar a guitarra e mandar os acordes de “Badge” ou de “Crossroads”. Não precisava de mais nada. E pode perguntar para as 20 mil pessoas que lotaram as duas apresentações, que todas elas vão concordar.
Depois de me deliciar com o programa televisivo (quando conheci Simone, Toquinho, Roupa Nova, Chico, Moraes Moreira, Baby Consuelo, Carlinhos Vergueiro, entre outros), minha mãe me presenteou com o LP.



Aquilo lá não saiu da minha vitrolinha laranja por, pelo menos, uns dois anos. Acho que ninguém (nem o Toquinho) ouviu esse LP mais do que eu. Cada música era uma viagem. Para os compositores Toquinho e Mutinho, uma viagem em cada brinquedo - cada música tinha o nome de um brinquedo, como "A espingarda de rolha", "A bola", "A bicicleta", "O avião", "O robô", "O macaquinho de pilha"... Para mim, foi o início da minha viagem mais deliciosa: a da música.
Ainda posso sentir a capa daquele velho vinil.
Aquela porosidade continha toda a minha vida.



O velho vinil não existe mais.
Mas há uns 16 anos, mais ou menos, me deparei com o CD em uma loja. Comprei na hora. Nem perguntei o preço. Deixaria as minhas calças se necessário fosse.
Quando cheguei em casa e coloquei o CD para tocar, ao ouvir a voz de Dionísio Azevedo declamando o texto de abertura, me dei conta de que não escutava aquele álbum havia, sei lá, uns dez anos. Ou seja, ouvi “Casa de brinquedos” umas 500 vezes entre os meus três e seis anos de idade. Depois, nunca mais.
Esse corte se deu exatamente na época em que descobri o rock. O velho álbum do “Casa de brinquedos” ficou de lado. Quem dava as cartas agora eram o “Dois” (Legião Urbana), o “Selvagem?” (Os Paralamas do Sucesso), o “Cabeça dinossauro” (Titãs), os “Greatest hits” dos Beatles...



Quando comprei o CD e me dei conta disso, logo me lembrei dos versos de “O caderno”:
“Só peço, a você
Um favor, se puder
Não me esqueça
Num canto qualquer...”
Mas aí eu tive a certeza que o “Casa de brinquedos” não estava “num canto qualquer”. Ele ainda está em cada disco que ouço hoje (do vinil ao blu-ray), em cada solo de guitarra que me emociona, em cada refrão que gruda na minha cabeça, em cada show que eu tenho a oportunidade de ir.
E em cada linha que eu escrevo.

9 de jul. de 2011

São São Paulo; Bon Scott e o “Let there be rock”; os gênios Tom Hanks e Jack White; 31 anos sem Vinicius; o novo do R.E.M.; e o “13” do Megadeth.



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Hoje é bom começar o dia com Tom Zé, e esse clássico da cidade de São Paulo. No dia 09 de julho de 1932 houve a Revolução Constitucionalista do Estado de São Paulo, o maior confronto militar do Brasil no século XX.

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Se vivo fosse, Bon Scott, ex-vocalista do AC/DC, estaria completando 65 anos hoje. Um dos maiores vocalistas da história do rock, Scott gravou alguns dos principais discos da banda australiana. Sorte que o AC/DC conseguiu encontrar um vocalista a altura. Hoje, fica difícil afirmar quem é melhor, se é Bon Scott ou Brian Johnson. Eu fico com os dois.



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E já saiu lá fora (em breve no Brasil), o DVD/BD “Let there be rock”, que traz o show histórico do AC/DC em Paris, e que originou, em 1979, um dos vídeos mais importantes do rock. Aqui no Brasil, o filme foi lançado sob o título “Deixa o rock rolar”. A galera lotava o Circo Voador só para ver esse vídeo. As pessoas dizem que a comoção era tão grande que parecia que Bon Scott e Angus Young estavam no palco do Circo. O BD, que eu vi na semana passada, apresenta o show em Paris na íntegra, com imagem cristalina e som remixado em DTS, além de mais quase duas horas de extras. A latinha (que saiu em edição limitada) ainda traz alguns mimos para os fãs, como um livreto de 32 páginas escrito pelo jornalista Anthony Bozza, palhetas de guitarra e cartões postais.

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Jack White, o gênio do White Stripes, Raconteurs e The Dead Weather, também faz aniversário hoje. Trinta e seis anos do último guitar hero surgido no rock.



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Tom Hanks, o grande ator, também faz aniversário nesse sábado. Cinquenta e cinco anos. Sou suspeito para escrever sobre Tom Hanks. Qualquer filme no qual ele atue, até mesmo aquelas comédias românticas chatérrimas, eu gosto. A sua interpretação em “Forrest Gump” (1994) foi magnífica, mas nada se compara a sua atuação em “Philadelphia” (1993). A cena abaixo, a da ópera, certamente é uma das coisas mais fortes que já vi. Não tinha como não ganhar o Oscar de melhor ator. O que a Academia não esperava é que, no ano seguinte, ele viria de "Forrest Gump". Resultado: faturou o Oscar de melhor ator por dois anos consecutivos. Não tinha como ser diferente...



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Há 31 anos, e também no dia 09 de julho, o poeta Vinicius de Moraes morria. E sabe o que ele está fazendo lá em cima? Transformando o céu em seu bar particular. Assim como ele fazia em cima do palco. Saca só:



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Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas
(“Pátria minha” - Vinicius de Moraes)

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Dia curto hoje, com poucas novidades… Mas essa aqui é boa: Michael Stipe, vocalista do R.E.M., anunciou que a banda já está em estúdio gravando o sucessor de “Collapse into now” (2011). Como a banda não saiu em turnê para divulgar o seu último trabalho, nada melhor do que o estúdio. “Collapse into now” era o último disco que o grupo devia à gravadora Warner. Stipe disse que ainda não sabe como será o lançamento do novo trabalho. Ao que tudo indica, será algo independente, no estilo do Radiohead e do Nine Inch Nails. Aguardemos.

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Boas novas também para os fãs do Megadeth. A banda de Dave Mustaine anunciou que o título do seu próximo álbum será “13”. “Eu comecei a tocar guitarra aos 13, esse é nosso 13º disco, e eu nasci no dia 13”, explicou Mustaine. Recentemente, o Megadeth executou uma das faixas do novo álbum, durante um show em Hamburgo. O vídeo de “Public enemy No. 1” está logo abaixo:

19 de out. de 2010

Vinicius de Moares, Son House, The Who, Roxette, Red Hot Chili Peppers, Take That, Last Shadow Puppets, Thom Yorke, Pixies, MGMT

"Bids" by kids... Legal, né?



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Para comemorar o sucesso da "Doolittle tour", o Pixies está oferecendo aos seus fãs um EP gratuito que pode ser baixado no site oficial da banda. São cinco faixas gravadas ao vivo ("Dancing the Manta Ray", "Monkey gone to heaven", "Crackity Jones" e "Gouge away"), além de um vídeo de "La la love you". Aqui.



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No dia 07 de novembro, Thom Yorke (Radiohead) vai se unir a Mark Ronson, David Cameron (primeiro-ministro britânico), Bryan Ferry, Bob Hoskins e o tenista Andy Murray, para promover o single "Two minutes silence", em homenagem ao Dia da Lembrança, que celebra os sacrifícios feitos por membros das Forças Armadas britânicas. O videoclipe consistirá de imagens de pessoas em silêncio, durante 120 segundos. Um preview do vídeo já está disponível na internet, e pode ser visto logo abaixo:



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Essa aí é a capa de "Progress", novo álbum do Take That, que sai no dia 22 de novembro. Este será o primeiro álbum da banda em 15 anos, a contar com Robbie Williams. O álbum foi gravado em Nova York, com a produção de Stuart Price. O primeiro single, "The flood", estreou no início desse mês. Em breve, o Take That deve anunciar detalhes de uma nova turnê, também com Robbie Williams.

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Um dos projetos paralelos mais bacanas vai ganhar um segundo álbum em breve. Pelo menos é o que afirma Miles Kane, que forma com Alex Turner, do Arctic Monkeys, a dupla The Last Shadow Puppets. Em entrevista ao New Musical Express, Kane disse que ele e Turner ressuscitarão o LSP após o lançamento de seu álbum de estreia solo, que conta com a participação de Gruff Rhys, do Super Furry Animals. O único álbum lançado pelo LSP é o excelente "The age of the understatement", de 2008.

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A boa notícia de hoje vai para os fãs do Red Hot Chili Peppers. Em entrevista ao Music Radar, o baterista Chad Smith afirmou que o novo trabalho dos Peppers já está metade pronto. Ele disse ainda que o disco conta com a produção de Rick Rubin, e que o lançamento ocorrerá em março de 2011. "Temos uma relação de umas vinte músicas, mas ainda há o que fazer. Vamos selecionar as canções e fazer o melhor possível. Não faremos um álbum duplo como 'Stadium arcadium'", disse. Segundo Smith, a banda já tem datas reservadas para festivais de verão na Europa e nos Estados Unidos, no ano que vem.

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Se você está na faixa dos trinta e poucos anos, me diga aí: dançou muito as músicas do Roxette?? Olha, não minta... Não se esqueça que, entre o finalzinho dos anos 80, a dupla sueca formada por Per Gessle e Marie Fredriksson vendia mais disco aqui no BRasil do que pãozinho quente na feira. E suas apresentações lotavam lugares como a Praça da Apoteose. O primeiro álbum da banda que explodiu aqui no país (na verdade, o segundo da discografia dela) foi "Look sharp!", com os seus sucessos "The look", "Dangerous", "Dressed for success" e a baladona "Listen to your heart". E hoje a "sessão nostalgia" bateu forte mesmo, porque (já) faz 22 anos que "Look sharp!" foi lançado.



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Foi no dia 19 de outubro de 1973 que o The Who lançou um de seus álbuns mais cultuados. "Quadrophenia" é o sexto álbum da banda, e a segunda ópera-rock de autoria do guitarrista Pete Townshend. O estranho título sugere a personalidade quádrupla que o protragonista Jimmy possui. E cada uma dessas personalidades está associada a um integrante do The Who. O cara durão é Roger Daltrey, enquanto o romântico é John Entwistle, o maldito lunático, Keith Moon, e o mendigo é o próprio Pete Townshend. Boas músicas, presentes em apresentações do The Who desde então, saíram de "Quadrophenia", como "Doctor Jimmy" e "Love reign o'er me". A banda anunciou que quer sair em turnê no ano que vem, e tem planos de executar a íntegra de "Quadrophenia" em algumas dessas apresentações.



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Bom dia pessoal! Você imagina o Vinicius de Moraes com 97 anos de idades. Eu, sinceramente, não. Hehehe... Acho que a vida aos 97 estaria muito sem graça para o Poetinha... E, mesmo lá no andar de cima, a gente celebra aqui os 97 anos do nascimento do grande poeta Vinicius de Moraes. E celbra também os 22 anos da morte de um dos bluesman mais importantes da história: Son House, que, assim, como Vinicius, transbordava emoção em suas interpretações (ainda que de um jeito diferente). Veja esse vídeo abaixo, e, depois me diga...



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9 de out. de 2010

John Lennon, Sean Lennon, Taiguara, Lobão, Meirelles, Arca de Noé, Christopher Reeve, Rush, Lenine, Roupa Nova, Legião Urbana, Wilco, Dave Matthews

E vamos terminar o post de hoje com John Lennon?? Claro, né...



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Ontem fui ver o show da Dave Matthews Band na HSBC Arena, aqui no Rio. Em primeiro lugar, o show foi um pouco menor do que o do Vivo Rio em 2008. O show de ontem "só" teve três horas de duração. Com ingressos esgotados (apesar de o setor das arquibancadas superiores não ter sido posta à venda), a Dave Matthews Band mostrou um repertório um pouco diferenciado dos shows da recente turnê de verão nos Estados Unidos. O início do show com "Seek up" e "Pig" foi o anúncio de que teríamos algumas surpresas no decorrer da noite. E tivemos mesmo. A começar por algo inusitado. Acredito que, pela primeira vez na história, "Pantala naga pampa" não tenha sido seguida por "Rapunzel" (que só foi apresentada no final da noite). E também acredito que não seja muito comum a banda deixar de fora a segunda parte de "Lie in our graves", emendando-a direto com "Bartender" (que, aliás, foi a primeira música do show do Vivo Rio). Outras músicas foram repetidas nas duas apresentações, como "#41" (mais um grande momento, que ganhou a adesão dos convidados Carlos Malta e Gabriel Grossi), "Crush" e "Ants marching", este última, certamente, a mais cantada pela plateia. Eu senti que a DMB não teve uma grande preocupação em cantar os seus maiores sucessos, como na apresentação de dois anos atrás. Achei isso legal, ainda mais pelo fato de a banda ter incluído várias músicas do "Big Whiskey and the GrooGrux King" (2009), como "Funny the way it is", "Seven" e "Why I am". E isso sem contar com a versão acústica de "Some devil" (somente com Dave) que abriu o bis, uma "Dancing nancies" cheia de improvisos, e a rara "So right", do álbum "Everyday", e que eu nunca tinha visto ao vivo. Quando o último acorde de "Rapunzel" foi executado, já passava das duas e meia da manhã. Tudo muito bom o suficiente para o público nem se importar com o adiantado da hora.

O setlist completo da apresentação foi o seguinte: "Seek up", "Pig", "Shake me like a monkey", "Lying in the hands of god", "Funny the way it is", "Pantala naga pampa", "Grey street", "#41", "So right", "Seven", "Dancing nancies", "Crush", "Lie in our graves", "Bartender", "Why I am", "Crash into me", "Ants marching", "Some devil", "You & me" e "Rapunzel".

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Boas novas para os fãs do Wilco. O guitarrista Pat Sansone disse ao Los Angeles Times que a banda entra em estúdio até o final do mês para gravar um novo álbum. "Estamos tirando algumas semanas de folga. No final do mês vamos voltar a trabalhar juntos, começando pelo processo de composição das músicas", disse. O último álbum do Wilco saiu em 2009.

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Mais John Lennon!



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Já que não lança nada inédito (apesar de ter material suficiente), a Legião Urbana requenta os seus antigos álbuns. Até o final do mês, chega às lojas mais um box (acima) com os oito álbuns de estúdio da banda: "Legião Urbana" (1985), "Dois" (1986), "Que país é este" (1987), "As quatro estações" (1989), "V" (1991), "O descobrimento do Brasil" (1993), "A tempestade" (1996) e "Uma outra estação" (1997). Os discos também serão lançados de forma avulsa. Ao que parece (não tenho certeza), todos eles foram remasterizados. Tomara que estejam melhores do que a edição masterizada em Abbey Road, que tirou a sujeira da banda. Também no final do mês, os oito álbuns chegam às lojas em vinil. "A tempestade" e "Uma outra estação" nunca haviam sido lançados nesse formato.

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Quem também lança álbum novo até o final desse mês é o Roupa Nova. Trata-se de "30 anos - Ao Vivo", que traz o registro de uma apresentação da banda no Credicard Hall, em São Paulo, no início de julho. O pacote CD/DVD conta com as participações de Milton Nascimento, Sandy, Pe. Fabio de Melo e Fresno. O repertório é um best of da banda, que, não tem muito tempo, lançou dois volumes de discos acústicos ao vivo. Segue o roteiro do DVD: "Video Game", "Sapato Velho", "Linda Demais", "A Viagem", "Nos Bailes da Vida", "Volta Pra Mim", "A Força do Amor", "Cantar Faz Feliz O Coração", "Seguindo No Trem Azul" / "Anjo" / "Princesa" / "Amar É" / "Amo Em Silêncio" / "Começo, Meio E Fim", "Felicidade" / "Clarear" / "Rap", "A Paz", "Coração Pirata", "Sábado" / "Lumiar" / "Maria Maria", "Chuva de Prata", "Todas Elas", "Dona", "Meu Universo É Você", "Medley Vinhetas", "Show De Rock 'n Roll", "Whisky A Go Go", "Lembranças", "Canção de Verão", "De Ninguém" e o mecley final com "Sweet Child O' Mine" / "Have You Ever Seen The Rain?" / "Staying Alive" / "Twist and Shout" / "Another Brick in The Wall" / "Satisfaction" / "Hotel California" / "Every Little Thing She Does Is Magic" / "We Will Rock You" / "Rock And Roll All Nite" / "We Are The Champions".

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Sai na semana que vem o novo álbum de Lenine, "Trilhas" (capa acima). Não se trata de um álbum de inéditas, mas sim de uma coletânea de músicas compostas para novelas, filmes e minisséries. O CD inclui "Aquilo que dá no coração", música de abertura da novela "Passione". O repertório completo é esse: "Aquilo que dá no coração", "De sabugo a visconde", "Quatro horizontes", "Agora é que são elas", "Minha cidade / Menina dos olhos do mar", "A mula sem cabeça", "Não faz mal a ninguém", "Como é bom a gente amar", "Sob o mesmo céu", "Diversidade", "Violenta" e "Alpinista social".

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UMA MÚSICA PARA O FINAL DE SEMANA: "YYZ", do Rush. Espero que amanhã, na Praça da Apoteose, o público "cante" essa música da mesma forma de oito anos atrás...



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Vamos de mais John Lennon??



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E amanhã já vai fazer seis anos que o eterno Super-Homem Christopher Reeve partiu dessa pra melhor. Fica aqui a lembrança!



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Ontem mesmo falei aqui sobre os musicais infantis que a Rede Globo passava no iniciozinho dos anos 80. Foram vários: "Casa de brinquedos", "Plunct Plact Zuuum...", "Pirlimpimpim, "A era do Halley" e... "A arca de Noé", o primeiro de todos, e que estreou na televisão no dia 10 de outubro de 1980. Contando com músicas compostas por Vinicius de Moraes e Toquinho, o musical tinha um timaço de intérpretes: Elis Regina, Alceu Valença, Ney Matogrosso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Bebel Gilberto, MPB 4... Putz, você imagina, atualmente, um moleque que tenha a oportunidade de crescer ouvindo isso?? Cada geração tem o que merece...



Por que uma obra-prima dessa não é lançada em DVD, hein??

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Bom, agora vamos partir para as efemérides de amanhã? Então vou começar com um dos grandes músicos brasileiros ever. João Theodoro Meirelles, ou simplesmente J.T. Meirelles, nasceu a 10 de outubro de 1940, no Rio de Janeiro. Meirelles iniciou a sua carreira no conjunto de João Donato. Mas depois de arranjar algumas músicas para "Samba esquema novo", de Jorge Ben, Meirelles virou estrela, gravando discos e fazendo muitos shows. Destaco o álbum "O som" (1964), gravado com o Copa 5, grupo formado por Meirelles, Luiz Carlos Vinhas, Dom Um Romão, Manoel Gusmão e Pedro Paulo. (Uma história meio nada a ver: na minha época de advogado, tinha um estagiário vidrado pelo J. T. Meirelles. Aì, no amigo oculto, ele pediu "O som", que tinha acabado de ganhar uma edição em CD. Só que o cara que tirou o nome do meu estagiário deu um CD do... Ivo Meireles! Fantástico, né??)



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Vamos com mais John Lennon??



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O utilíssimo blog do Paulo Marchetti me lembra que hoje faz 15 anos que "Nostalgia da modernidade", um dos grandes álbuns de Lobão, chegou às lojas. Esse álbum foi importante para a carreira do velho "Lobo Mau", porque foi uma espécie de transição entre o seu rock tradicional e a incorporação de novos elementos em seu som. "Nostalgia da modernidade" trazia até samba. Já ouvi muita gente falar que Lobão começou a ficar chato a partir desse disco. Não acho que Lobão tenha ficado chato. Mas que os seus primeiros álbuns eram bem mais bacanas, ah, isso eram... (Como não achei nenhuma música desse álbum em versão original no YouTube, reproduzo abaixo o grande sucesso de "Nostalgia da modernidade", "A queda", só que na versão do "Acústico MTV").



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Taiguara faz parte daquele time de artista que, em determinado momento da carreira, faz um sucesso absurdo, para depois desaparecer nas brumas do ostracismo. Nos anos 70, Taiguara compôs algumas das músicas mais executadas do período: "Hoje", "Universo do teu corpo", "Amanda", "Viagem", "Teu sonho não acabou", entre várias outras. Taiguara nasceu no Uruguai, durante uma temporada de apresentações de seu pai, o maestro Ubirajara Silva. Mas, na essência, era brasileiro mesmo. Taiguara nasceu no dia 09 de outubro de 1945 e morreu aos 50 anos.



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Hoje é dia de homenagear John Lennon, certo? Com certeza você já leu em pelo menos dez lugares diferentes que hoje ele estaria completando 70 anos de idade e coisa e tal. Hoje vou fazer algo diferente... Ao longo do dia, vou colocar vídeos de algumas das suas músicas que eu mais gosto - vou me restringir à carreira solo. A minha preferida é essa aí que eu já postei: "Working class hero". E olha só que curioso: hoje é aniversário do filho de John, Sean Lennon, que faz 35 anos. É que nem aqui em casa: minha mãe e meu irmão fazem aniversário no mesmo dia.



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9 de jul. de 2010

Vinicius de Moraes, Bon Scott, Gavin, Jack White, Zidane, Hendrix, Johnny Winter, Lady Gaga, SSSC, Stone Sour, Linkin Park, She & Him, Arcade Fire

"Há dias que eu não sei o que me passa
Eu abro o meu Neruda e apago o sol
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol
Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão"

("Cotidiano nº 2" - Vinicius de Moraes / Toquinho)

VINICIUS DE MORAES - 19/10/1913 - 09/07/1980



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We are the Pet Shop Kids!



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"É uma mistura de Depeche Mode com Neil Young." (Win Butler, líder do Arcade Fire, falando sobre o novo álbum da banda, "The suburbs", que será lançado no dia 03 de agosto)

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Aos interessados, um vídeo do filme "Harry Potter e as relíquias da morte", que foi liberado hoje. O vídeo traz cenas do filme e dos bastidores.



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Lindíssimo o videoclipe de "Thieves", do She & Him...



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O Linkin Park anunciou hoje a data de lançamento de seu próximo álbum. "A thousand suns", quarto trabalho de estúdio do grupo, chegará às lojas no dia 13 de setembro. O álbum foi produzido por Rick Rubin e Mike Shinoda, e o primeiro single, "The catalyst", será lançado a 02 de agosto. O último trabalho do Linkin Park, "Minutes to midnight", foi lançado em 2007.

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Essa é a capa do terceiro álbum do Stone Sour, "Audio secrecy", a ser lançado no dia 06 de setembro. O Stone Sour é o projeto paralelo de Jim Root e Corey Taylor, ambos do Slipknot. Root disse há pouco tempo que ia trabalhar dois anos em cima desse álbum para depois decidir o futuro do Slipknot, que está em suspenso, por conta da morte trágica de Paul Gray, no primeiro semestre. "Será um processo longo de cicatrização, que deverá acontecer antes de a gente pensar se o Slipknot vai continuar", disse Jim Root à Kerrang no mês passado.

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"Você que só ganha pra juntar
O que é que há, diz pra mim, o que é que há?
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar

Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irrnão!

(Pois é, amigo, como se dizia antigamente, o buraco é mais embaixo... E você com todo o seu baú, vai ficar por lá na mais total solidão, pensando à beça que não levou nada do que juntou: só seu terno de cerimônia. Que fossa, hein, meu chapa, que fossa...)

Você que não pára pra pensar
Que o tempo é curto e não pára de passar
Você vai ver um dia, que remorso!

Como é bom parar
Ver um sol se pôr
Ou ver um sol raiar
E desligar, e desligar

(Mas você, que esperança... Bolsa, títulos, capital de giro, public relations (e tome gravata!), protocolos, comendas, caviar, champanhe (e tome gravata!), o amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito (e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra)

Você que só faz usufruir
E tem mulher pra usar ou pra exibir
Você vai ver um dia
Em que toca você foi bulir!
A mulher foi feita
Pro amor e pro perdão
Cai nessa não, cai nessa não

(Você, por exemplo, está aí com a boneca do seu lado, linda e chiquérrima, crente que é o amo e senhor do material. É, amigo, mas ela anda longe, perdida num mundo lírico e confuso, cheio de canções, aventura e magia. E você nem sequer toca a sua alma. É, as mulheres são muito estranhas, muito estranhas)

Você que não gosta de gostar
Pra não sofrer, não sorrir e não chorar
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar!

Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irmão!"

("Testamento" - Vinicius de Moraes / Toquinho)



EU SIGO OS CONSELHOS DO POETA.

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A banda Street Sweeper Social Club, que conta com o guitarrista do Rage Against The Machine, Tom Morello, anunciou os detalhes de seu novo álbum (na verdade, um EP), que será lançado no dia 16 de agosto - apenas por download; a cópia física chega às lojas em 06 de setembro. O álbum terá quatro músicas compostas pela banda, além de covers de "Paper planes" (M.I.A.) e "Mama said knock you out" (LL Cool J). Em agosto, a banda excursionará pelos Estados Unidos. O tracklisting de "The ghetto blaster" é esse aqui: "Ghetto blaster", "Everythang", "Paper Planes", "The new **** you", "Scars", "Mama said knock you out" e "Promenade (Guitar Fury Remix)".

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E adivinha quem parou o centro de Nova York, hoje, hein? Hein? Sim, ela: Lady Gaga. Já deu, né?



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"Playboy" portuguesa será fechada após publicar ensaio pornô com Jesus. E eu achei que tivesse sido com o Jesus da Madonna, quando li a manchete... Hahaha...

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Sairá na última semana de agosto o DVD "Live through the 80's", que compila cenas de shows e videoclipes de Johnny Winter na década de 80. No ano passado, foi lançado um DVD no mesmo formato, relacionado aos anos 70. Nesse que sairá agora, os destaques são trechos de apresentações no Massey Hall, em Toronto, no ano de 1983, e em Roskilde, Dinamarca, em 84. Entrevistas também fazem parte do DVD. A relação de faixas é a seguinte: "Stranger", "Unseen eye", "Sweet Papa John", "I used to love her", "Mad dog", "When you've got a good friend", "Boot hill", "Highway 61", "Johnny B. Goode", "Jumpin Jack Flash", "Sound the bell", "Mojo boogie", "Don't take advantage of me", "Early in the morning", "Serious as a heart attack", "Lights out" e "Please come home for christmas".

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O guitarrista Jimi Hendrix foi nomeado para fazer parte do Fender Hall Of Fame. A cerimônia acontecerá no dia 13 de agosto, no Arizona. Hendrix viveu apenas 27 anos, mas o suficiente para entrar, com folga, para a história do rock, com clássicos como "Hey Joe", "Foxy lady" e "Fire".

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Hum, agora posso falar um pouco de Copa do Mundo? Prometo que está acabando. Aí, eu só volto a falar disso em 2014, na Copa do Brasil (imagina a roubalheira que não vai ser essa Copa aqui, hein?). Bom, ontem eu falei sobre a final da Copa de 1990, umas das mais chatas de todos os tempos. Mas hoje eu vou falar sobre A mais chata de todos os tempos. Ela ocorreu há exatos quatro anos. Foi a final França x Itália na Copa de 2006, na Alemanha. Êta, jogo chato. Só duas coisas se salvaram naquele dia: uma bebedeira história com um amigo meu e a cabeçada do Zidane. Tirando isso, pouco se viu de bom no campo. Estava torcendo para Zidane (não para a França). Mas Zidane se aposentou pela porta dos fundos. Uma pena. Mas, para mim, ele ainda é um dos cinco maiores craques de todos os tempos, ao lado de Pelé, Cruyff, Beckenbauer e Maradona.



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Agora vou voltar para o rock internacional. Mais especificamente para um dos caras que mais sabe fazer rock atualmente. Ele trabalha que nem um corno com as suas três bandas: White Stripes, Raconteurs e Dead Weather. Tudo bem, a fama veio no White Stripes, ao lado de Meg White, mas as suas outras bandas são animais também. O último álbum do Dead Weathers, "Sea of cowards", talvez seja o grande lançamento de 2010 so far. E o documentário que ele fez ao lado de The Edge e Jimmy Page, "It might get loud", é absurdo. E Jack White só tem 35 anos. Trinta e cinco anos, diga-se, completados hoje.



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E hoje tem festa no Rock Brasil também. Charles Gavin, ex-baterista dos Titãs, completa 50 anos. Nascido a 09 de julho de 1960, Gavin fez história na bateria dos Titãs, mas, infelizmente, desligou-se da banda faz alguns meses. Mas isso não é de todo ruim. Além de bom baterista, Gavin sempre fez um importante trabalho de relançamento de álbuns importantes da MPB em CD. Muito jovem descobriu os Secos & Molhados graças ao relançamento dos dois álbuns da banda, tudo coordenado por Charles Gavin. E eu também perdi a conta de quantos discos fantásticos conheci por causa dele. Apesar da eterna crise da indústria fonográfica, tomara que Gavin possa nos presentear com essas pérolas. A Música Popular Brasileira agradece.



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Da música brasileira para o genuíno rock n' roll, agora vou falar um pouco de Bon Scott, ex-vocalista do AC/DC. Uma das maiores vozes do rock, Scott emprestou a sua voz para canções como "Highway to hell", "Let there be rock", "The jack", "Whole lotta Rosie", "T.N.T.", entre várias outras. Doidaço, o cara morreu aos 33 anos, de tanto beber - a causa oficial da morte é "envenenamento alcoólico agudo". E eu falo aqui em Bon Scott porque, se vivo fosse (Hahaha...), ele hoje estaria completando 64 anos de idade. Mas alguém aí me responda: já imaginou Bon Scott com 64 anos de idade? Hahaha...



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"Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vaidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, 'il faut' além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer 'baixo' seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor."

("Para viver um grande amor" - Vinicius de Moraes)



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"A morte - o desamparo extremo - sempre foi o grande medo de Vinicius de Moraes. Ele atravessou a vida lutando contra a sombra da morte. Esse era, talvez, o seu segredo. Aquilo que o fez inundar seu corpo em álcool para poder chorar. Aquilo que o levou a se casar nove vezes, para não deixar escapar nenhuma gota do amor. Aquilo que o levou a viajar sem parar para não se tornar prisioneiro de lugar algum. De seu primeiro verso, em 'Místico' - 'O ar está cheio de murmúrios misteriosos' -, ao que pode ser considerado o último traço do poeta, conforme seu desejo, em 'O deve e o haver' - 'Ela me virá abrir a porta como uma velha amante/ Sem saber que é a minha mais nova namorada' -, é a morte, e não a vida, que está em ação. Vinicius de Moraes viveu, amou, escreveu, cantou, para fugir da morte. Para negá-la. Todos fazemos o mesmo. Mas só um de nós se chamou Vinicius de Moraes." ("Vinicius de Moraes - O poeta da paixão - Uma biografia", José Castello, p.429)

Hoje faz 30 anos que Vinicius de Moraes morreu.

6 de set. de 2008

CD: “POETA, MOÇA E VIOLÃO” (VINICIUS, CLARA NUNES E TOQUINHO) – O NASCIMENTO DA MAIOR SAMBISTA DO BRASIL?

Lançado originalmente pela Collector’s, “Poeta, Moça e Violão”, álbum que apresenta um antológico show realizado por Vinicius de Moraes, Toquinho e Clara Nunes, está de volta às lojas. De início, vale ressaltar que há diferenças entre os dois produtos. A mais sensível de todas é o fato de o novo álbum, agora lançado pela Biscoito Fino, ter 22 músicas, enquanto o original tinha 31 em um vinil triplo. Todas as poesias declamadas por Vinicius, com exceção de “Poética” foram limadas, assim como algumas canções como “Tarde Em Itapuã”, “São Demais Os Perigos Desta Vida” e “Gente Humilde”.

Mas, mesmo assim, não há nada do que reclamar. Houve uma melhora no som, que, apesar de um pouco abafado, apresenta as vozes e instrumentos com bastante nitidez. De acordo com o release e o encarte do álbum, o compositor Paulo César Pinheiro (marido de Clara Nunes) cedeu as três fitas, com a gravação do espetáculo, que tinha em seu poder durante 35 anos. O trabalho de recuperação de áudio foi doloroso, sendo certo que foram necessários mais de uma dezena de aparelhos analógicos e digitais, bem como avançados programas de computador para que o disco pudesse ser lançado com uma qualidade razoável de som. A partir do que foi recuperado, o produtor José Milton desenvolveu um novo roteiro musical.

Mas o trabalho compensou. De todos os 19 discos gravados pela dupla Vinicius & Toquinho, “Poeta, Moça e Violão” pode figurar, facilmente, entre os melhores.

Contando um pouco a história do show, no início de 1973, a dupla se juntou a até então não muito conhecida Clara Nunes – o seu empresário era o mesmo de Vinicius & Toquinho – para rodar o Brasil e o exterior. A estréia aconteceu no Teatro Castro Alves, em Salvador, e algumas faixas do disco foram retiradas dessa apresentação; outras de um outro show na Boite Sucata, no Rio de Janeiro.

O repertório do álbum é irrepreensível e dispensa maiores comentários. Os principais parceiros de Vinicius de Moraes foram lembrados, até mesmo os que não são muito citados, como Antonio Maria (“Quando a Noite Me Entende”), Pixinguinha (“Lamento” e “Mundo Melhor”), Ary Barroso (“O Rancho das Namoradas”) e Paulinho Soledade (“Poema Dos Olhos Da Amada”). Outros dois grandes parceiros muito importantes na carreira de Vinicius também estão bem representados. Carlos Lyra comparece com “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas”, enquanto Baden Powell ganha um medley que junta os seus principais afro-sambas, “Berimbau”, “Consolação” e “Canto de Ossanha”. E como não poderia deixar de ser, Antonio Carlos Jobim também tem o seu espaço, com clássicos da Música Popular Brasileira, como “A Felicidade”, “Garota de Ipanema” e “Se Todos Fosse Iguais a Você”.

Mas Vinicius estava mesmo era em verdadeira lua-de-mel com o seu parceiro Toquinho. As canções da dupla são várias no álbum: “Veja Você”, “Samba de Orly” (com Chico Buarque também), “Cotidiano Nº 2”, “Regra Três” e “Como Dizia o Poeta”. Engraçado notar que com apenas quatro anos de parceria, os dois compositores escreveram uma penca de clássicos que, até hoje, estão no imaginário popular... Uma das faixas (a única do CD não assinada por Vinicius) é de Toquinho com Paulo Vanzolini (“Na Boca da Noite”). E “Rancho das Flores” e “Serenata do Adeus” mostram que, Vinicius de Moraes podia ser tão bom compositor, quanto poeta.

Analisando “Poeta, Moça e Violão” em retrospectiva, a principal conclusão a que se pode chegar não é a de que foi apenas um grande show que gerou um grande disco. Clara Nunes iniciou a sua carreira como cantora, essencialmente, de samba-canção. Até o histórico show, ela havia gravado três álbuns (dois que levavam o seu nome, em 1971 e 73, e “Clara Clarice Clara”, de 72) apenas medianos e que não mostravam toda a sua capacidade e real força de expressão. Curiosamente - ou sintomaticamente –, em 1974 e 75, ela gravou os seus álbuns mais importantes, verdadeiros tratados do samba no Brasil: “Alvorecer” e “Claridade”, respectivamente. Seria apenas uma coincidência?

Abaixo, a faixa de encerramento do disco, “Se Todos Fossem Iguais a Você”.

Cotação: ****1/2