Jornalista, autor do livro "Rock in Rio - A história do maior festival de música do mundo" (Editora Globo), ex-trainee e colaborador da Folha de S.Paulo, ex-colunista e redator da International Magazine, e colaborador do site SRZD.
Muita gente diz que não aguenta mais esse papo de Rock in Rio. Eu confesso que também não. Desde setembro de 2008, quando iniciei o projeto que veio a se transformar no livro "Rock in Rio - A história do maior festival de música do mundo" (Editora Globo), respiro o festival. Quando, já pela televisão, vi a banda cover do Guns n' Roses encerrar essa quarta edição com "Paradise city", jurei a mim mesmo que só voltaria a pensar em Rock in Rio em 2013 - e isso se a minha coluna ainda permitir que eu compareça a um evento desse porte. Mas as pessoas têm me "cobrado" alguma opinião sobre esse Rock in Rio 2011. Então, para encerrar o assunto de vez, vamos lá. Em primeiro lugar, a pergunta mais frequente: "qual a comparação que você faz entre essa edição e as três anteriores que estão presentes em seu livro?" A principal: vivemos em tempos muito chatos.
Não faz nem 11 anos que o Rock in Rio 3 aconteceu, e tudo era muito mais simples. Não existiam os "ônibus especiais", mas sim qualquer ônibus, que a gente pegava na porta da Cidade do Rock, e, em algum momento, acabava chegando ao seu local de destino. Não havia milhares de pessoas na frente do palco com uma câmera fotográfica durante o show inteiro. (Eu juro que um dia quero descobrir a finalidade de as pessoas filmarem um show que está sendo transmitido pela TV e pela internet. Será que querem concorrer ao Oscar??) Também não existia esse número absurdo de celebridades que falam qualquer asneira na TV, e se tornam mais importantes do que todos os artistas que pisaram no palco. Eu também não me lembro de ter ficado mais de dez minutos em uma fila para comprar um cachorro quente, seja na edição de 1991 ou na de 2001. O que aconteceu? As pessoas estão mais famintas hoje? (Uma experiência fantástica que tive na primeira noite: comprei a ficha da pipoca e uma senhora, acho que gerente da loja, disse que eu teria que esperar 20 minutos para a pipoca ficar pronta. Na dúvida se aquele milho ia mesmo estourar, pedi o meu dinheiro de volta. Insistente que sou, uma semana depois, comprei a mesma pipoca em 10 segundos.)
Nas outras edições, também reparei que os artistas curtiam muito mais a vida. Aconteciam festas homéricas em suítes de hotel, artistas frequentavam o La Mole, casais se formavam nas piscinas dos hotéis, músico era preso por se apresentar pelado no palco, telefones eram jogados das janelas dos quartos de hotel... Nessa edição 2011, os dois fatos extra-palco mais impactantes que ouvi falar foram a festa da Rihanna no iate do Eike Batista, e o jantar da Katy Perry em uma churrascaria em Ipanema. Só. A impressão que tenho é que nenhum músico dormiu no Brasil. Foram teletransportados para o palco do Rock in Rio, fizeram o show e se mandaram. Agora, as diferenças musicais. Sinceramente, não vi tantas. A mistura de gêneros musicais que sempre norteou todas as edições do Rock in Rio esteve presente novamente. E quem disse que no Rock in Rio não tinha rock, quebrou a cara. Meus ouvidos doeram nos shows do System Of A Down, do Slipknot e do Sepultura. E eu senti o chão da Cidade do Rock tremer com a porrada sonora do Metallica. Nesse quesito, penso que o Rock in Rio cumpriu a sua função de agradar a todas as tribos.
Os shows no Palco Sunset me decepcionaram um pouco. A começar pelo som. Muito ruim em praticamente todos os momentos. Também houve pouco encontro e muito revezamento entre os artistas, o que desvirtuou a proposta do palco. E quando o encontro de fato aconteceu, não senti muita química (ou seria ensaio?) em algumas apresentações. Sandra de Sá e Bebel Gilberto cantando Cazuza beiraram o constrangedor. Corri para a Rock Street e lá estavam George Israel e Guto Goffi, outros dois amigos do Cazuza, mandando bem melhor. Em compensação, Ed Motta cantando clássicos do rock acompanhado por cinco guitarristas, arrasou. Milton Nascimento e Esperanza Spalding seriam fenomenais se a apresentação tivesse acontecido em uma sala para duzentas pessoas. E o Sepultura mandou bem demais (nenhuma surpresa) ao lado do Tambours du Bronx. (Aliás, a pergunta que não que calar: o que o Sepultura estava fazendo no Sunset, e o Glória no Palco Mundo??) Outros shows que gostei no Sunset foram o dos Titãs com os Xutos e Pontapés e o Baile do Simonal.
A apresentação do Erasmo Carlos com o Arnaldo Antunes eu pouco vi. Não consigo entender como é que marcam esse show no mesmo horário em que Frejat está pisando no Palco Mundo. Não teria sido mais óbvio intercalar as apresentações do Sunset com as do Palco Mundo? E por falar no palco principal do evento, acho que deve ser um consenso quase geral que os dois grandes destaques foram Metallica e Stevie Wonder (ok, ele não precisava ter limado "Ribbon in the sky" do set list para tocar "Garota de Ipanema", mas valeu mesmo assim). O Red Hot Chili Peppers também tirou a má impressão do encerramento do Rock in Rio de 2001 e fez um bom show. Nada como o início de uma turnê para deixar uma banda cheia de tesão. O Coldplay demonstrou maturidade e integridade artística ao arriscar seis músicas novas no show. E o System Of A Down foi tão bom, que deveria ter sido o responsável pelo show de encerramento do festival.
Por outro lado, alguns artistas derraparam no Palco Mundo. Na primeira noite, Elton John bateu ponto no Rock in Rio. Pouca voz e nenhuma vontade. Acredito que ele não deva ter ficado muito surpreso pelo fato de ninguém ter pedido bis. E o que dizer do Jamiroquai? Bom, Paul McCartney nunca deixou de cantar "Hey Jude" e nem os Rolling Stones "(I can't get no) Satisfaction" em seus shows. Mas o Jamiroquai, banda importante que é, se deu ao luxo de deixar cem mil pessoas berrando por "Virtual insanity" ou "Space cowboy". O tributo à Legião Urbana (um dos momentos que eu mais esperava) também poderia ter sido melhor. Faltou um pouco de ensaio, e, no final, quem mandou bem mesmo foi o Marcelo Bonfá cantando "O teatro dos vampiros". Só não consigo entender a necessidade de se repetir duas vezes uma mesma música ("Será") em um show de 50 minutos, levando-se em conta o fato de a Legião ter, pelo menos, uns 40 clássicos.
A Shakira, por sua vez, não tem condições de fechar uma noite de Rock in Rio. Um encerramento com Ivete Sangalo teria sido muito mais digno. E o Guns n' Roses... Bem, parece que foi a segunda banda mais votada no site do festival - só perdeu para o SOAD. Depois de duas horas de espera debaixo de uma chuva de quinto ato do Rigoletto, como dizia Nelson Rodrigues, eis que Axl Rose surgiu no palco para um dos maiores micos da história do Rock in Rio. Quem elogiou o show certamente não é fã do Guns n' Roses. Quem respeita a história da banda sentiu vergonha (e pena) do que viu. Em 2013 a gente volta a falar de Rock in Rio. Combinado?
TOP 5: PARA ESQUECER 5) Claudia Leitte na primeira noite do Rock in Rio 4) O som no Palco Sunset 3) As filas imensas da primeira semana, para entrar na Cidade do Rock e para comprar qualquer coisa 2) Shakira encerrando a antepenúltima noite do festival 1) Banda cover do Guns n' Roses fechando a quarta edição do Rock in Rio
TOP 5: PARA NÃO ESQUECER 5) O Red Hot Chili Peppers se apresentando no exato dia em que seu álbum "Blood Sugar Sex Magik" completou 20 anos 4) A Cidade do Rock, lindíssima 3) A homenagem do Metallica ao baixista Cliff Burton, cuja morte completaria 25 anos dois dias após o show 2) Os headliners que não foram (mas poderiam ter sido): System Of A Down, Slipknot e Sepultura 1) Stevie Wonder deitado no palco solando "How sweet it is (To be loved by you)" na sua keytar
PS. Em homenagem aos fãs e a banda, achei melhor terminar o post com "Paradise city" executada pelo Guns n' Roses no Rock in Rio de 1991.
Trinta anos sem Cartola. O maior sambista de todos os tempos!
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Já viram U2 + Jay-Z juntos durante show na Nova Zelândia? As músicas escolhidas foram o clássico "Sunday bloody Sunday" e a raridade "Scarlet", sobra das gravações de "October" (1981).
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Na noite do último sábado, Bethany Cosentino, do super-hypado Best Coast, subiu ao palco para cantar "Island in the sun", durante show do Weezer. Recentemente, Rivers Cuomo escreveu, com Cosentino, uma música chamada "Go away", que deve fazer parte do próximo álbum do Weezer. O vídeo de "Island in the sun" pode ser visto logo abaixo.
No show, o Weezer tocou a íntegra de "Pinkerton" (1996). *__*
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O álbum "Wake up the nation", de Paul Weller, ganhou (muito merecidamente, por sinal), a edição 2010 do Uncut Music Award. O ex-integrante do The Jam bateu bandas importantes, como o Arcade Fire e o Gorillaz. "Estou surpreso com o prêmio. Uma grande parte dos créditos vai para Simon Dine [produtor e co-compositor do álbum]. O disco veio dele, sério. Eu podia ver um som totalmente novo emergindo dele", disse Weller. Os concorrentes de "Wake up the nation" foram: "The suburbs" (Arcade Fire), "Teen dream" (Beach House), "Butterfly house" (The Coral), "The black dirt sessions" (Deer Tick), "American slang" (The Gaslight Anthem), "Plastic beach" (Gorillaz) e "Have one on me" (Joanna Newsom).
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O Coldplay divulgou hoje um teaser do videoclipe do seu single natalino, "Christmas lights" (capa acima). O lançamento oficial acontecerá amanhã. Ao mesmo tempo, a banda de Chris Martin está dando os retoques finais em seu novo álbum, o sucessor de "Viva la vida and death and all his friends" (2008), produzido por Brian Eno.
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O Manic Street Preachers lançará um EP ao vivo na semana que vem, somente no formato digital. O "disquinho" terá o novo single da banda, "Some kind of nothingness", além de mais quatro versões ao vivo - incluindo uma do mesmo single. O tal single (o segundo do último álbum de estúdio do MSP, "Postcards from a young man") conta com os vocais de Ian McCulloch. A relação de faixas é a seguinte: "Some kind of nothingness" (Live From Later… - vídeo abaixo), "Some kind of nothingness" (Album version), "Masses against the classes" (Live from Newport Centre), "Sleepflower" (Live from Manchester Apollo) e "Yes" (Live from Manchester Apollo).
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O álbum que une o guitarrista Jack White (White Stripes, The Raconteurs e The Dead Weather), o produtor Danger Mouse (Gnarls Barkley e Broken Bells) e o compositor italiano Daniele Luppi teve a sua relação de músicas divulgada. O disco, que se chama "Rome", ainda terá a participação da cantora Norah Jones. Influenciado pelas trilhas sonoras do italiano Ennio Morricone, "Rome" terá 15 faixas: "Theme of Rome", "The rose with the broken neck", "Morning fog (interlude)", "Season's trees", "Her hollow ways (interlude)", "Roman blue", "Two against one", "The gambling priest", "The world (interlude)", "Black", "The matador has fallen", "Morning fog", "Problem queen", "Her hollow ways" e "The world".
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O Chickenfoot lançou, na internet, um vídeo com uma apresentação ao vivo de "Foxey lady", de Jimi Hendrix, gravada ao vivo no bar do vocalista Sammy Hagar, Cabo Wabo, em abril. "Esse foi um grande ano, e estamos muito agradecidos a todos os fãs. Por isso, queremos dividir esse presente de fim de ano com vocês. Boas festas a todos. Estaremos de olho em vocês no estúdio, em 2011", escreveu a banda em comunicado. O vídeo está logo aí abaixo.
Ah, Sammy Hagar também revelou que já está quase terminando a sua autobiografia, "Red: My uncensored life as a rocker". O livro sai em 2011.
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A banda System Of A Down confirmou o seu retorno, e vai se apresentar, a partir de junho, na Itália, Alemanha, França, Suíça, Reino Unido, Áustria e Finlândia. A banda estava em hiato havia cinco anos. "Não temos planos de qualquer espécie. Só vamos fazer esses shows porque queremos tocar juntos outra vez para vocês, nossos fãs", disse o grupo através de comunicado. A banda aproveitará para participar de festivais no verão europeu, como Rock im Park e Rock am Ring, ambos na Alemanha, e Download, na Inglaterra.
O guitarrista Daron Malakian, em entrevista ao site Gigwise, disse que é improvável que a sua antiga banda, System Of a Down se reúna novamente em breve.
Malakian, juntamente com o ex-baterista do System, John Dolmayan, formou a banda Scars On Broadway, que vai lançar disco em breve. O ex-vocalista da banda, Serj Tankian, encontra-se em carreira solo.
Quando o System Of a Down entrou em recesso, muitos fãs acreditavam que a banda poderia se reunir novamente em um futuro próximo. Mas Daron Malakian não tem as mesmas convicções: “Se algum dia sentirmos que estamos certos em nos reunir, nós o faremos. Mas, atualmente, estou focado no meu novo projeto, assim como John, e queremos levá-lo adiante”.
Sobre o retorno da antiga banda, Malakian foi enfático. “Não queremos falar sobre o System, nós não vamos falar sobre a volta do System. Se isso acontecer, eu vejo que será daqui a muito, muito tempo”, asseverou o guitarrista.
As cinzas de Kurt Cobain foram roubadas ontem da residência de sua viúva, Courtney Love. De acordo com o jornal News Of The World, o roubo deixou Love com “sentimentos suicidas”. Além das cinzas de Cobain (que estavam guardadas junto com mechas de seu cabelo), os ladrões levaram dinheiro, roupas e jóias. “Eu não posso acreditar que alguém tenha levado as cinzas de mim. Eu acho isso revoltante e, no momento, tenho vontade de me matar. Se não tiver as cinzas de volta, não sei o que farei. Tenho a sensação de que perdi Cobain novamente”, disse Courtney Love.
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O guitarrista Daron Malakian e o baterista John Dolmayan, ambos do System Of a Down, formaram uma nova banda chamada Scars On Broadway. Aproveitando o recesso do System Of a Down, Malakian e Dolmayan vão lançar o primeiro álbum da nova banda no dia 29 de julho. O disco contém 14 faixas e foi produzido pelo guitarrista. Entra as faixas do álbum estão “'Universe” e “Stoner Hate”. Algumas músicas podem ser ouvidas na página que a banda mantém no site Myspace. O Sars On Broadway apresentou-se recentemente no festival Coachella. Abaixo, um video de “They Say”, que estará presente no álbum.
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O cantor Paul Weller disse que não se arrepende de ter separado a sua ex-banda, The Jam, bem como reafirmou o seu desgosto acerca da atual reunião do grupo. A banda se separou em 1982, mas o baterista Rick Buckler e o baixista Bruce Foxton recentemente reuniram a banda novamente com outro vocalista. Em entrevista à BBC, Weller disse que não voltará mais ao The Jam. “É a coisa certa a se fazer. Foi uma decisão artística. Eu não queria passar o resto da minha vida fazendo a mesma coisa. Eu gosto de mudar e seguir em frente”, disse Weller, que ainda deixou registrado que não vai comparecer a nenhum show de seus velhos companheiros.
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A banda James terminou de gravar o seu primeiro álbum em sete anos. “Hey Ma”, que chegará ao mercado em 16 de setembro, possui 11 faixas. Nos Estados Unidos, o disco será lançado com uma faixa-bônus: “I Wanna Go Home”. “Hey Ma” é o décimo trabalho da banda e foi gravado em um ‘chateau’ na França, que a banda inglesa construiu no ano passado. “Este é o melhor período do James. A banda está reformada e tudo soa mais fresco e excitante novamente. Nós estamos orgulhosos e ansiosos para mostrar nosso trabalho nos Estados Unidos, onde nós sentimos que há algo inacabado” disse o vocalista Tim Booth.
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Os diretores do time de futebol inglês Arsenal gastaram 100 mil libras para controlar o nível de barulho durante os shows que Bruce Springsteen realizou no Emirates Stadium nas noites de ontem e anteontem. Os organizadores instalaram uma cortina para cortar a poluição sonora das áreas vizinhas. Springsteen foi o primeiro artista a realizar show no estádio, que tem capacidade para 60 mil pessoas. Abaixo, um vídeo amador feito no show do dia 30.
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Um ukulele que pertenceu ao ex-beatle George Harrison vai ser leiloado em Londres, no próximo dia 18. Uma carta escrita pelo guitarrista à George Formby, que havia lhe vendido o instrumento, também fará parte do leilão. Pouco antes de morrer, Harrison devolveu o ukelele à família de Formby, organizadora do leilão. O ukulele folheado a ouro (foto abaixo) deverá ser arrematado por um valor entre 20 e 35 mil libras.