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15 de ago. de 2011

42 anos de Woodstock; relembrando Joel Silveira; Djavan ao vivo em DVD; AC/DC ao vivo na sua adega; Amy vende que nem água; a reencarnação do Freddie.




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Para começar a semana, um clássico. “Minha vida era um palco iluminado / Eu vivia vestido de dourado / Palhaço das perdidas ilusões...” Uma das letras mais bonitas da Música Popular Brasileira, e que foi composta por Orestes Barbosa e Silvio Caldas. Hoje faz 45 anos que Orestes Barbosa pisou no chão de estrelas.

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No dia 15 de agosto de 1969, o festival de Woodstock teve início na fazenda de Max Yasgur, em Bethel, Nova York. Em 2009, quando o evento completou 40 anos, elaborei um top 10, que você pode ler aqui. Listei os momentos mais emblemáticos do festival, que juntou 500 mil pessoas em três dias de paz e música. Mas se eu tivesse que dizer na lata, qual é o grande momento do Woodstock, não teria dúvidas:



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Outro grande show em Nova York também faz aniversário hoje. Há 20 anos, Paul Simon subiu no palco do Central Park para apresentar as músicas de seu álbum mais recente, “The rhythm of the saints” (1990), além daqueles velhos sucessos que todos nós (especialmente os habitantes de Nova York) amamos. O evento foi tão importante que eu me lembro, claramente, do Jornal Nacional dando a notícia. Cerca de 600 mil pessoas prestigiaram o show. O Olodum participou abrindo o concerto com a música “The obvious child”. Poucos meses depois dessa apresentação, eu comprei o vinil duplo, e posso assegurar que foi um dos discos que mais ouvi na minha infância.



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Há 15 anos, o Pato Fu colocava nas lojas o seu terceiro álbum, “Tem mas acabou”. Considero esse disco o trabalho mais importante do Pato Fu. Não foi o que fez mais sucesso, mas acho que ele formatou a sonoridade da banda tal qual a conhecemos hoje. Eu me lembro que no show do Rock in Rio de 2001, a banda mineira começou o show com uma música do álbum: “Capetão 66.6 FM”. Achei estranho esse início. Quando conversei com a Fernanda Takai para o livro do Rock in Rio, ela me explicou a forma de construção do set list da apresentação. Obviamente eles tinham que apelar para as músicas mais roqueiras de seu repertório. E o começo foi exatamente com uma música que abusa de todos os clichês do rock, como solos de guitarra e vozes distorcidas. O público gostou.



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Ah, e já que falei do livro, é hora do meu merchan... Comprem antes que acabe... Imagina a vendedora falar para você: “Tem mas acabou...”?!?

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Hoje também quero falar de uma de minhas maiores inspirações: o grande jornalista Joel Silveira, que morreu no dia 15 de agosto de 2007. Joel foi o precursor do chamado “jornalismo literário” (nome horroroso, não??) no Brasil. É curioso que quando o assunto do “jornalismo literário” vem à tona, só se fala de Truman Capote, Gay Talese, Tom Wolfe... Muita gente se esquece de Joel Silveira, que já fazia esse tal “jornalismo literário” antes desses aí. A essas pessoas, recomendo a leitura de dois livros, compilação de textos do jornalista, que a Companhia das Letras lançou entre 2003 e 2004: “A milésima segunda noite da Avenida Paulista” e “A feijoada que derrubou o governo”.



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Sai na primeira semana de setembro, via Biscoito Fino, o novo CD/DVD/BD de Djavan, “Ária – Ao vivo”. Gravado nos dias 08 e 09 de abril, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, conta com Djavan interpretando velhos sucessos, além de versões de músicas de terceiros, como “Disfarça e chora” (de Cartola), já gravadas no álbum de estúdio “Ária”, que originou o show. O repertório completo do DVD e do BD é o seguinte:

1. Seduzir
2. Eu te devoro
3. Sabes Mentir
4. Oração ao Tempo
5. Faltando um Pedaço
6. Disfarça e Chora
7. Brigas Nunca Mais
8. Fly to The Moon
9. Treze de Dezembro
10. La Noche
11. Oceano
12. Transe
13. Fato Consumado
14. Flor de Lis
15. Linha do Equador
16. Samurai
17. Sina
18. Pétala
19. Lilás

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Back in blanc... As bandas estão fazendo de tudo para faturar algum a mais. Já que CD não vende mais, restam outras opções. Vale qualquer coisa.. Alguns artistas conseguem se superar. O Kiss, por exemplo, vende até caixões com o logotipo da banda. E agora é a vez do AC/DC dar uma apelada também, lançando uma coleção de vinhos. Isso mesmo, vinhos!! A ideia não é tão original assim, porque o Iron Maiden já havia saciado a vontade dos roqueiros enófilos com um vinho que leva o nome do conjunto, em 2008. Mas, mesmo assim, não deixa de ser curioso esse lançamento do AC/DC. Serão quatro vinhos, cada um levando o nome de uma música da banda australiana: “Back in black Shiraz”, “You shook me all night long Moscato”, “Highway to hell Cabernet Sauvignon” e “Hells Bells Sauvignon Blanc”. A adega australiana Warburn Estatede elaborou os vinhos. As garrafas começam a ser vendidas na Austrália no dia 18 de agosto. E os preços ainda não foram divulgados.

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Três semanas após a morte de Amy Winehouse, a cantora continua liderando a para de discos da Grã-Bretanha. De forma incrível, ela deixou para trás a dupla Kanye West + Jay-Z, que lançou o álbum “Watch the throne” na semana passada, e que era considerado uma barbada para liderar as paradas britânica e norte-americana. A Adele, a Whitney Houston do século XXI, também está comendo poeira.
Eu acho isso bem curioso. Amy Winehouse já vendeu milhões e milhões de discos, e ainda tem cartucho para queimar. Não sei se é apenas um instinto mórbido das pessoas em correrem às lojas para comprar o disco de um artista recém-falecido, ou apenas um “acerto de contas”, do tipo “poxa, baixei o álbum de graça na internet e, agora, que ela morreu, vou comprar o CD físico”.
Realmente não sei. Aqui no Brasil, “Back to Black” também voltou à lista dos mais vendidos – está na 9ª posição.
Imagina quando sair um disco de inéditas da Amy Winehouse. Daria conta de umas quatro gerações da família Winehouse.

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Pouca gente sabe, mas, em 1966, Paul McCartney, no auge dos Beatles, gravou um álbum solo. Enquanto John Lennon e Ringo Starr estavam na Espanha, e George Harrison na Índia, McCartney se trancou em um estúdio junto com o produtor George Martin para gravar a trilha do filme “The family way”, produzido pelos Boulting Brothers. O músico estava com a cabeça em ebulição, tanto que, poucos meses depois, conceberia o histórico “Sgt. Peppers lonely heart’s club band”. Paul não tocou nenhum instrumento na gravação. O seu trabalho ficou restrito à composição e produção. A condução da orquestra ficou a cargo de George Martin. A melancólica trilha, no ano seguinte, faturou o cobiçadíssimo prêmio Ivor Novelo. Talvez esse trabalho, não muito conhecido, seja o que mais deixa clara a influência dos Beatles na Tropicália. O álbum, que ganhou edição em CD no ano de 1996, voltou às lojas recentemente. É um dos mais tocados por aqui.



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DROPS:



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Vamos ver as novidades de vídeos que temos por hoje:

Inspirada pelos protestos em Londres, Yoko Ono liberou no YouTube o documentário “Bed peace”, que ela filmou com John Lennon em 1969, durante um protesto pacífico pela paz, dentro de um quarto de hotel em Montreal:



Quem esteve no programa do Jimmy Fallon foi o Tame Impala. Olha o vídeo aí abaixo:



A banda Wilco deu uma colher de chá aos fãs com uma palhinha do making of de seu novo álbum, o oitavo, “The whole love”, que sai no dia 27 de setembro.



E o Motörhead em Wacken, hein?? Alguém viu?



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O mundo não está perdido…



Seria a reencarnação do Freddie Mercury???

17 de nov. de 2010

Rachel de Queiroz, Villa-Lobos, John Lennon, Cazuza, Bruce Springsteen, Red Hot, Strokes, Joe Strummer, Skank

Assim como as grandes bandas lá de fora estão relançando os seus álbuns mais importantes em versões expandidas, o Skank, após a versão especial de "Calango", prepara agora a de "O samba poconé", lançado originalmente em 1996. Samuel Rosa adiantou a novidade à Rolling Stone. O lançamento deve acontecer no segundo semestre de 2011. "Queremos colocar alguma sobra de estúdio e talvez lançar também um DVD falando um pouco sobre como foi na época, com imagens que temos daquele período", disse o compositor. Além do CD original, com algumas sobras e um filme com o making of, a banda planeja gravar um show, no qual apresentará o álbum na íntegra, em algum local "diferente", como o Deserto do Atacama (?!?). Outras bandas deveriam se mirar no exemplo do Skank, e preparar edições de luxo de seus álbuns mais importantes. Lá fora, isso vende adoidado.

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Mais uma cinebiografia de um astro do rock está a caminho. Joe Strummer, do The Clash, terá a sua vida transformada em filme. A produção de "Joe Publich" começa nos próximos dias. O roteiro é de Paul Viragh, que trabalhou na cinebiografia de Ian Dury, "Sex and drugs and rock and roll". Vale destacar que a vida de Strummer já foi documentada em "Joe Strummer: The future is unwritten" e "Strummervile".

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A banda The Strokes anunciou que terminou as gravações de seu quarto álbum. O lançamento deve acontecer no primeiro semestre do ano que vem. A boa nova foi dada pelo próprio Julian Casablancas, em seu perfil no Twitter. A gravação terminou na segunda (dia 15), e o álbum começará a ser mixado nos próximos dias. A produção é de Joe Chiccarelli. Este será o primeiro álbum dos Strokes desde "First impressions of Earth", que saiu em 2006.

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Metallica, Red Hot Chili Peppers e Snow Patrol... Hum, esse Rock in Rio está começando a ficar bem bacana, hein?

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E olha só quem esteve ontem no programa do Jimmy Fallon: Bruce Springsteen. AMEI!



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Parece que foi ontem que comprei o primeiro disco solo do Cazuza. Mas sabia que hoje já faz 25 anos do seu lançamento?? Pois é. Cazuza deixou o Barão Vermelho no primeiro semestre de 1985, pouco depois do Rock in Rio. Ficou um pouco cansado do rock e, principalmente, de ter que dividir os holofotes com os seus colegas. Resultado: pediu para sair. E, para a felicidade geral do BRock, o Barão encontrou o seu caminho, com Roberto Frejat nos vocais, e Cazuza detonou geral em sua brilhante (e curta) carreira solo. O seu primeiro álbum tinha algumas músicas que, originalmente, fariam parte do próximo álbum do Barão - o espólio acabou dividido entre os discos "Cazuza" e "Declare guerra" (1986), esse último, do Barão. Os primeiros clássicos da carreira solo de Cazuza estão nesse grande álbum, cuja foto mostra uma linda foto do rapaz: "Exagerado", "Mal nenhum", "Codinome Beija-flor", "Só as mães são felizes"... Mas a minha predileta mesmo é essa aqui...



"Às vezes eu amo
E construo castelos
Às vezes eu amo tanto
Que tiro férias
E embarco num tour pro inferno

Será que eu sou medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova Idade Média
Na mídia da novidade média"


Coisa de gênio, né? Deve ter sido escrita pra mim...

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Acho que já são três dias seguintes aqui falando de John Lennon. Paciência, galera! Não tenho culpa se a minha agenda das efemérides acusa algo interessante dele todo dia. E hoje eu não poderia deixar passar em branco, pois, veja só, "Double fantasy", seu último álbum completa 30 anos. Até o iniciozinho de 1980, Lennon estava meio que aposentado. Queria cuidar do filho, da Yoko Ono, regar as suas plantinhas no Dakota (um conhecido meu que era vizinho de porta de Lennon me disse isso, é sério)... Tinha direito, né? Mas ele resolveu voltar com força total e foi gravar "Double fantasy" ao lado da Yoko. Um bom álbum, eu acho. Olha as músicas legais que constam nele: "(Just like) Starting over", "I'm losing you", "Beautiful boy (Darling boy)", "Watching the wheels", "Woman", "Dear Yoko"... O resto da história, todo mundo já sabe, né? Mês retrasado saiu o "Double fantasy - Stripped down", com uma nova mixagem, através da qual, a voz de Lennon ficou mais nítida, e o instrumental um pouco mais cru. Eu gostei bastante.



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E por falar em Heitor Villa-Lobos, a "Melodia sentimental", prece em sua homenagem, na voz de Ney Matogrosso. A letra é de Dora Vasconcellos.



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Hoje também é dia de lembrar de um dos grandes heróis da nossa música. Heitor Villa-Lobos partiu dessa pra melhor no dia 17 de novembro de 1959, vítima de câncer. Transitando entre o popular e o erudito, Villa-Lobos, certamente, foi o compositor que melhor entendeu a alama do país, ao compor peças como "O trenzinho caipira" e as nove "Bachianas Brasileiras". Em 1922, participou da Semana da Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo.



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Bom dia! Hoje começamos com Rachel de Queiroz, escritora que estaria completando 100 anos nesse 17 de novembro de 2010. Confesso que meus conhecimentos sobre Rachel de Queiroz se restringem àqueles que a gente aprende nos bancos da escola: o seu primeiro romance foi "O quinze" (1930), ela foi a primeira mulher a ocupoar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, apoiou a ditadura militar de 1964, escreveu "Memorial de Maria Moura", que virou minissérie (ah, essa eu vi, eu vi...). Enfim, juro que tentarei ler "O quinze" até o fim do ano...

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14 de nov. de 2010

Resenhando: John Lennon, Seu Jorge and Almaz, Ronnie Wood, Elba Ramalho, Seal

“Signature box”– John Lennon
Depois de os Beatles organizarem a sua discografia em luxuosas caixas no ano passado, agora é a vez de John Lennon. A primeira pergunta que o fã (que tem toda a sua coleção) vai fazer é a seguinte: e aí, vale a pena? Para mim, que não tinha a sua discografia toda, valeu (a princípio). Mas também acho que, diferentemente dos boxes dos Beatles, esse de John Lennon deixou a desejar em alguns pontos. Em primeiro lugar, “Signature box” (caixa luxuosíssima por sinal, toda branca e cheia de frescuras, além de um bonito booklet, CDs em formato digipack, e imagens de desenhos de Lennon) conta apenas com os álbuns “Plastic Ono Band” (1970), “Imagine” (71), “Some time in New York City” (72), “Mind games” (73), “Walls and bridges” (74), “Rock and roll” (75), “Double fantasy” (80), “Milk and honey” (póstumo, de 1984), além de um CD com seis singles (23 minutos) lançados por John Lennon e Yoko Ono, como “Cold turkey” e “Give peace a chance”, e um outro de demos. Ou seja, ficaram de fora, sabe-se lá por qual motivo: os trabalhos experimentais de John e Yoko (“Two virgins”, de 1968, “Life with the lions” e “The wedding álbum”, ambos de 1969), o a vivo “Live Peace in Toronto” e a nova mixagem de “Double fantasy”. (Ou seja, minha coleção permanece incompleta.) Também não há mais nenhuma raridade, sobra de estúdio, gravação ao vivo ou afins, além dos 48 minutos do CD de demos. Falar da obra de John Lennon seria mais do mesmo. Patinando entre álbuns brilhantes (“Plastic Ono Band”) e sofríveis (“Some time in New York City”), a sua obra está longe de ser coesa, mas, claro, é boa, de um modo geral, como comprovam os álbuns “Mind games” e “Double fantasy” – este último ganhou uma mixagem muito satisfatória (vendida apenas em CD avulso), que dá mais ênfase à voz de Lennon, deixando o som um pouco mais cru. Já o áudio dos CDs originais de estúdio (e que estão incluídos no box) foi melhorado – ficou mais nítido –, mas nada tão sensacional quanto o trabalho feito com os álbuns dos Beatles no ano passado. Talvez para o fã mais radical, essa “Signature box” valha o caro investimento. Para o fã ocasional, melhor ficar com a coletânea “Power to the people – The hits”, especialmente a versão dupla, que, além do CD com 15 sucessos, traz um DVD (que também não consta no box) com os videoclipes das respectivas canções.

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“Seu Jorge and Almaz” – Seu Jorge and Almaz
Acostumado a lotar os seus shows pelo país, Seu Jorge resolveu deixar um pouco de lado o seu estilo mais popular, para gravar um álbum, digamos, indie, voltado para o mercado internacional. Para tanto, ele se juntou a uma superbanda, formada por Pupillo (bateria e percussão), Lucio Maia (guitarra, integrante da Nação Zumbi) e Antonio Pinto (baixo, cavaquinho e teclados). O resultado, irregular, vacila entre altos e baixos. O repertório, que vai de Jorge Ben a Nelson Cavaquinho, passando por Noriel Vilela, Tim Maia, Baden Powell e Rod Temperton, é composto por 12 faixas, nenhuma assinada por Seu Jorge. De um modo geral, as novas versões ficaram bem diferentes das originais. E aí reside o diferencial do álbum. Muita gente vai gostar e muita gente vai odiar. Por exemplo, “Cristina”, de Tim Maia, ganhou um andamento mais arrastado, com ênfase na guitarra de Lucio Maia, bem distinta da versão balançante do Síndico. “Rock with you”, de Rod Temperton (e que fez sucesso na voz de Michael Jackson), virou um reggae-soul com a voz grave de Seu Jorge. Também bem diferente da versão de Jacko. Já a gema de Nelson Cavaquinho, “Juízo final”, virou um samba-indie muito interessante – talvez seja a melhor faixa do álbum. O mesmo, no entanto, não pode ser dito de “Errare humanum est”, de Jorge Ben. Cheia de climas, a nova versão do cantor fluminense ficou desnecessariamente pesada demais, sem o frescor da gravação do Babulina. O afro-samba “Tempo de amor”, de Vinicius de Moraes e Baden Powell ganhou uma versão que mais parece trilha para um filme de terror (e isso não é uma crítica), com Seu Jorge abusando da sua voz grave – em alguns momentos, ficou muito parecido com o Arnaldo Antunes. Enfim, “Seu Jorge and Almaz” é um trabalho bem diferente na carreira de Seu Jorge. Nem melhor, nem pior. Apenas um pouco diferente.

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“I feel like playing” – Ronnie Wood
Geralmente álbuns solos de integrantes de bandas muito consagradas não dizem muita coisa. Tipo, “ah, o cara quer se desligar um pouquinho da sua banda e vai gravar um álbum meia-bomba com os amigos”. De fato, Ronnie Wood, dos Rolling Stones, se juntou a diversos amigos para gravar “I feel like playing”, seu primeiro disco solo desde “Not for begginers” (2003). Mas, de encontro a regra geral, o guitarrista mostra que tem muito a dizer em seu trabalho solo. Encharcado de referências, o álbum pode até mesmo ser considerado um dos melhores lançados por qualquer integrantes dos Stones em carreira solo. A voz de Wood, todos sabemos, não é lá essas coisas, mas a sinceridade de suas canções deixa esse detalhe em segundo plano. Aos 63 anos, o guitarrista entrou em estúdio com amigos apenas para gravar “Spoonful”, de Willie Dixon. As coisas começaram a fluir, e veio uma música atrás da outra, como “100%”, “Tell me something, “Fancy pants” e “Sweetness my weakness”, essa última, segundo Wood, foi uma homenagem ao recém-falecido compositor e cantor Gregory Isaacs. O reggae conta com a participação especial de Slash na guitarra. Aliás, participações bacanas não faltam em “I feel like playing”. O ex-Guns n’ Roses mostra a sua habilidade na guitarra em cinco faixas do álbum. Além dele, Billy Gibbons (ZZ Top), Bobby Womack, Flea, Darryl Jones, Bernard Fowler, Steve Ferrone e Waddy Watchel também abrilhantam “I feel like playing”. Eddie Vedder, por sua vez, é co-compositor da stoniana “Lucky man” (com Womack nos backing vocals e o produtor Bob Rock na guitarra). Mas para os saudosos dos Rolling Stones, a que mais lembra a banda é “I don’t think so”, com um riff que deve ter deixado Keith Richards verde de inveja. E, como se não bastasse, a faixa de abertura, a folk “Why you wanna go and do a thing like that for”, é daquelas que vai figurar fácil, fácil, em qualquer listinha de bom gosto com as melhores músicas de 2010.

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“Marco Zero – Ao vivo” – Elba Ramalho
Chega uma hora em que o artista deve olhar pra trás, rever a sua carreira, para ter novas ideias para futuros projetos. O clássico “um passo pra trás para dar dois a frente”, diriam alguns. E é isso que faz Elba Ramalho em seu novo CD, “Marco Zero – Ao vivo”. Show de Elba Ramalho é animação na certa. Não tem erro – a não ser que você esteja de péssimo humor. “Marco Zero” prova essa afirmativa. Elba Ramalho, com a voz tinindo, interpreta os seus maiores sucessos, colecionados em 31 anos de carreira discográfica – a sua estreia aconteceu em 1979, com o álbum “Ave de prata”. Antes do primeiro disco, Elba gravou “O seu amor”, em dueto com Marieta Severo, no álbum lançado por Chico Buarque em 1978. Essa faixa está presente (em dueto com Alcione) em “Marco Zero”, o que denuncia o seu caráter retrospectivo. Sucessos não faltam no CD gravado em março, no Centro Histórico de Recife: “De volta pro aconchego”, “Frevo mulher”, “Morena de Angola”... Pena que “Banho de cheiro”, uma das músicas mais emblemáticas de sua carreira, tenha ficado de fora. Durante o show, Elba ainda recebeu diversos convidados, como Geraldo Azevedo (“Canta coração” e a linda “Chorando e cantando”), Lenine (em ótima versão para “Queixa”, de Caetano Veloso), Zé Ramalho (“Admirável gado novo” e “Chão de giz”), o excelente sanfoneiro Cezinha (“É só você querer”) e André Rio (“Chuva de sombrinha”). Aguardamos o DVD para a festa ser completa.

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“Commitment” – Seal
Quando iniciou a sua carreira, em 1991, Seal era um dos artistas mais “cool” do período. O seu primeiro álbum (“Seal”) era sinônimo de modernidade, com faixas como “Killer”, “The beggining” e, claro, “Crazy”. Em seus trabalhos seguintes, Seal deslizou entre baladas (o auto-denominado álbum de 1994) e a eletrônica (no mediano “System”, de 2007). Em 2008, o cantor britânico colocou nas lojas “Soul”, um disco quadradão com covers de clássicos de gente como Sam Cooke, James Brown e Al Green. Como se não bastasse, “Soul live” (2009) repetia todas as faixas de seu antecessor de estúdio. Esgotamento artístico? Não, se levarmos em conta “Commitment”, novo álbum do cantor, que acaba de chegar às lojas. Produzido pelo mesmo David Foster (de “Soul”), esse novo álbum mostra todas as facetas de Seal, para o bem e para o mal – mas muito mais para o bem, nesse caso. A faixa de abertura “If I’m any closer” apresenta um Seal que já estava dando saudades: deliciosamente pop, dançante, o vozeirão rascante e macio ao mesmo tempo, uma pitada de soul, enfim, a receita de Seal em seus melhores tempos. Receita que é seguida na bonita balada “All for love”, na eletrônica “The way I lie” e na classuda “You get me”. “Commitment” talvez seja o trabalho mais introspectivo de sua carreira. E, certamente, era disso mesmo o que ele estava precisando. Enfim, a sua carreira discográfica encontrou o trilho que estava faltando desde meados da década passada. Que continue assim.

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Logo abaixo, “Everybody loves the sunshine”, do novo projeto de Seu Jorge:

4 de out. de 2010

Janis Joplin, Chris Lowe, Lennon, Mercedes Sosa, Paul McCartney, U2, Jethro Tull, Yoko Ono+Lady Gaga, Tired Pony+Michael Stipe, Barão, Novos Baianos

Ah, vamos terminar o post de hoje com mais uma da Janis Joplin??



Aliás, olha que interessante: encontrei o jornal original ("Estado de S. Paulo") do dia da morte de Janis. Você pode ler a matéria aqui.

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A Som Livre é outra gravadora que está investindo na "volta" do vinil. Depois de colocar nas lojas o disco de estreia de Maria Gadú, agora é a vez de dois álbuns antigos: o primeiro do Barão Vermelho (lançado em 1982) e "Acabou Chorare", dos Novos Baianos. O disco do Barão está longe de ser um dos melhores trabalhos da banda, mas tem fundamental importância por apresentar um dos ícones da Geração 80: Cazuza. E algumas músicas são bem boas, casos de "Por aí", "Posando de star" e "Down em mim". Já "Acabou chorare", de 1972, é um dos melhores álbuns da história do rock brasileiro, com a sua sucessão de clássicos: "Brasil pandeiro", "Preta pretinha", "Tinindo trincando", "Mistério do planeta", "A menina dança", "Besta é tu" etc. etc. etc. O problema mesmo é o preço desses relançamentos, na faixa de 150 paus, cada um.

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Nesse fim de semana, Michael Stipe participou do show do Tired Pony (projeto paralelo de seu colega de R.E.M. Peter Buck) em Nova York. Ele cantou a música "The good book". E, olha, ficou linda...



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Yoko Ono e Lady Gaga... Duas doidas. Só que de gerações diferentes...



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Na onda de relançamentos, agora é a vez do Jethro Tull preparar uma edição especial de seu clássico "Stand up", de 1969. O álbum previsto para sair no dia 25 de outubro, traz a sua versão original remasterizada, além de diversas faixas gravadas ao vivo em dois CDs e um DVD. O destaque é um show completo (tanto no CD 2, quanto no DVD) gravado ao vivo no Carnegie Hall, de Nova York. As faixas registradas nesse show são as seguintes: "Nothing is easy", "My god", "With you there to help me" / "By kind permission of", "A song for Jeffrey", "To cry you a song", "Sossity, you're a woman" / "Reasons for waiting", "Dharma for one", "We used to know" e "For a thousand mothers". Haverá ainda quatro faixas gravadas ao vivo no "Top Gear", da BBC Radio. São elas: "Bouree", "A new day yesterday", "Nothing is easy" e "Fat man".

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O U2 fez duas apresentações em Coimbra, Portugal, nesse fim de semana, e, no segundo show, apresentou a inédita "Boy falls from the sky", que faz parte da trilha sonora do muscial "Spider Man", escrito por Bono e The Edge. O negócio tem cara de hit...



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I READ THE NEWS TODAY, OH BOY: Agora sim! Paul McCartney confirmou em seu site oficial dois shows no Brasil, em novembro - dia 07 em Porto Alegre, e dia 21 em São Paulo. O Rio de Janeiro ficou de fora, mais uma vez. Informações sobre venda de ingressos serão divulgadas na próxima quarta-feira.

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E hoje já (já??) faz um ano que Mercedes Sosa partiu dessa pra melhor. Fiquei muito feliz de ter encontrado o vídeo abaixo. Ele foi gravado no programa "Chico & Caetano", que a Rede Globo passava em 1986 - alguém imagina um programa desse tipo hoje na televisão? Uma amiga minha me falou na semana passada que estava na gravação dessa apresentação com o Milton Nascimento, a Gal Costa e a Mercedes Sosa. Desconfio que ela tenha me dito isso apenas para me deixar com inveja. Mas tudo bem... Em tempo: porque a Som Livre não lança um box com os melhores momentos do "Chico & Caetano"? Seria mágico poder rever isso...



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Estou aqui me deliciando com o box de John Lennon que sai amanhã nos Estados Unidos (pois é, a minha importadora é tão boa, que eu consegui a caixa antes dos americanos). E um dos discos solo de Lennon (sem dúvidas um dos mais interessantes) faz aniversário hoje. "Walls and bridges" chegou às lojas no dia 04 de outubro de 1974. O quinto álbum solo de Lennon após a saída dos Beatles alcançou o primeiro posto da Billboard, devido ao grande sucesso das canções "Whatever gets you thru the night" e "#9 dream".



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Olha, eu juro que não foi de propósito, mas como uma coisa vai puxando a outra... Depois do "Pet sounds" é a vez de falar do Pet Shop Boys. Mais especificamente de Chris Lowe, o tecladista caladão que cria as melodias fantásticas de uma das maiores bandas da história do pop. Lowe completa 51 anos hoje. Em plena forma, e trabalhando muito, diga-se. Depois de lançar, ao lado de Neil Tennant, o excelente "Love" (2009), a dupla saiu em imensa turnê (que passou pelo Brasil), que ainda deu origem ao CD/DVD "Pandemonium" (2010). E agora no final do ano sai mais uma coletânea do Pet Shop Boys, com DVD extra contando com 30 músicas gravas em programas de televisão e o show completinho na edição 2010 do festival de Glastonbury. Esse vai ser um dos meus presentes de Natal.



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Já deu os parabéns para o seu cachorrinho hoje? Acho que todo mundo aqui sabe que dia 04 de outubro é o dia de São Francisco de Assis, né? Mas o que nem todo mundo sabe é que hoje também é o Dia Mundial dos Animais. Por quê? Porque São Francisco de Assis é o santo protetor dos animais. Meu cão Jimi Hendrix já ganhou até chocolate hoje. E também coloquei essa musiquinha aqui em homenagem a ele...



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Aê pessoal. Mais uma semaninha começando, hein? Mas como é bom começá-la com Janis Joplin, né? Foi no dia 04 de outubro de 1970 que ela foi soltar o seu vozeirão para os anjos lá no andar de cima. Janis foi uma das principais vozes da contracultura nos anos 60. Participou de Woodstock. Gravou álbuns brilhantes. Eternizou clássicos. E morreu cedo. Apenas 27 anos. A idade maldita. Jim Morrison, Brian Jones, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Robert Johnson e Dave Alexander também morreram com 27 anos. Mas hoje é o dia dela...



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3 de set. de 2010

Al Jardine, Steve Jones, Iron Maiden, Eduardo Galeano, Kings Of Leon, CSNY, Arcade Fire, English Team, Radiohead, Yoko Ono

Se eu fizesse isso no meio de um museu, certamente seria preso... (Será que na cama com John Lennon era assim??)



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Não me canso de ver...



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Agora a seleção de futebol da Inglaterra tem que ganhar alguma coisa... Pete Saville, que desenhou capas de discos para o Joy Division e o New Order, é o responsável pela nova camisa do english team (acima o modelo nº 1). A estreia é hoje, em Wembley, no primeiro jogo das eliminatóerias da Euro 2012, contra a Bulgária. Será que agora vai??

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Graham Nash revelou que está trabalhando na mixagem de um show do Crosby, Stills, Nash & Young, gravado em 1974. A ideia é lançá-lo em CD no ano que vem. As fitas foram cedidas a Nash por Neil Young, que já autorizou o lançamento. Nash disse à Billboard que o áudio da gravação está muito bom. Ao mesmo tempo, Nash segue, em marcha lenta, com as gravações de um álbum de covers, ao lado de Crosby e Stills. As gravações se arrastam desde o início do ano passado.

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O Kings Of Leon revelou hoje a capa (acima) de seu novo álbum, "Come around sundown", com lançamento previsto para o dia 18 de outubro. Além da capa, a banda também divulgou os nomes das 13 faixas do álbum. "Radioactive" será o primeiro single, e já começa a rodar na semana que vem. Uma edição de luxo do álbum também estará disponível, com um CD bônus contendo faixas ao vivo, gravadas no show que a banda fez no Hyde Park, em Londres, no dia 30 de junho desse ano. Os nomes das faixas do disco são os seguintes: "The end", "Radioactive", "Pyro", "Mary", "The face", "The immortals", "Back down south", "Beach side", "No money", "Pony up", "Birthday", "Mi amigo" e "Pickup truck".

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Se eu falar em Uruguai aqui, aposto que muita gente vai se lembrar da última Copa do Mundo ou então da vitória em cima do Brasil, no Maracanã, em 1950. Ou seja, futebol, futebol... Mas eu quero falar aqui de um uruguaio que não é jogador de futebol - apesar de ele ser apaixonado pelo esporte. A minha homenagem especial de hoje vai para o escritor, jornalista e intelectual Eduardo Galeano, que completa 70 anos. O sua obra mais importante é "As veias abertas da América Latina", livro lançado em 1971, mas essencial para quem quiser entender o porquê de a América Latina ter chegado ao ponto que chegou. Nele, Galeano traça a história da América Latina, desde o período colonial, dando ênfase à exploração político-econômica sofrida pelos latino-americanos. No vídeo abaixo, ele fala um pouquinho sobre essa obra. Vale a pena dar uma olhada.



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Para continuar no mesmo clima - pesado - lembro aqui que hoje faz 26 anos (jáááá??) que "Powerslave", um dos álbuns mais amados do Iron Maiden, chegou às lojas. "Aces gigh", "2 minutes to midnight", "Losfer words (Big 'Orra)", "Flash of the blade", "The duellists", "Back in the village", "Powerslave" e "Rime of the ancient mariner". Essas são ao oito faixas de "Powerslave". E não dá para deixar de citar nenhuma mesmo. Até hoje, ele é considerado um dos principais álbuns da Donzela. Tanto que, na última turnê que passou aqui pelo Brasil ("Somewhere back in time tour"), a banda britânica tocava metade do disco. Aliás, fica a lembrança de que durante a "World slavery tour" (que divulgou "Powerslave"), o Iron Maiden veio ao Brasil pela primeira vez, durante o primeiro Rock in Rio, em janeiro de 1985.



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Da surf-music para o punk-rock, agora vou falar de Steve Jones, guitarrista de outra banda mais que lendária, o Sex Pistols. Steve Jones nasceu a 03 de setembro de 1955, no bairro de Shepherds Bush, em Londres. Louco por Iggy Pop, aos 20 anos de idade se juntou a Paul Cook, Glen Matlock e John Lydon, para formar uma das bandas mais importantes da história do punk. O Sex Pistols gravou apenas um álbum: "Never mind the bollocks, Here's the Sex Pistols" (1977). Mas é o suficiente para, mais de 30 anos depois, ainda ser muito lembrado.



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Então vamos logo para a música, porque hoje é dia de homenagear Al Jardine, que está fazendo 68 anos. Al foi guitarrista e vocalista do Beach Boys, a banda que gravou o maior álbum da história do pop-rock ("Pet sounds", de 1966). Às vezes, AL Jardine reedita os Beach Boys para faturar uma graninha em Las Vegas. Mas a coisa só vai ter graça mesmo quando Brian Wilson voltar a se unir ao grupo. O que é quase impossível.



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Boa tarde, pessoal! Como vamos hoje, hein? Deixa eu dizer: acordei com um jeito no pescoço e nem consigo me mexer. Já coloquei um Sirdalud pra dentro, mas não sei se vou aguentar muito tempo. E hoje é sexta-feira, né? Tenho que ficar bom porque hoje é dia de entornar, né? A propósito, parabéns aos biólogos pelo dia de hoje. Eu não gostava nem um pouco de Biologia na época do colégio. Mas me lembro que tinha um professor bem doido, o Maciel, que um dia me jogou na piscina em um churrasco, porque eu, bêbado que estava, torrei a paciência dele. Bons tempos...

29 de ago. de 2010

Resenhando: Wilson Simonal, Iron Maiden, Martinho da Vila, Brian Wilson, Yoko Ono

“Mexico ‘70” – Wilson Simonal
Quando o sensacional box “Wilson Simonal na Odeon” chegou às lojas, em 2004, um fã do cantor enviou um e-mail para Max de Castro perguntando sobre a ausência do álbum “Mexico ‘70” na caixa. Na ocasião, Max nem sabia da existência do disco. Alguns meses depois, ele descobriu a capa do álbum em uma revista especializada, e foi correr atrás dos fonogramas. “Mexico ‘70”, na verdade, foi gravado entre janeiro e março de 1970, em sessões esparsas. Quando a seleção brasileira de futebol estava no México para disputar a Copa de 70, Wilson Simonal (então o artista mais popular do país) foi se encontrar com os seus amigos jogadores e fez uma temporada de shows que durou três meses naquele país. Na ocasião, aqui no Brasil saiu o compacto duplo com “Aqui é o país do futebol”, e a Odeon mexicana lançou “Mexico ‘70”, logo após a Copa do Mundo vencida pelo Brasil. E, 40 anos depois, logo após o fiasco da seleção do Dunga, “Mexico ‘70” é lançado pela primeira vez no Brasil. No repertório de 12 faixas, é possível ver como Simonal queria porque queria entrar no mercado internacional, com faixas cantadas em italiano (“Ecco Il tipo che io cercavo”) e inglês (na linda versão de “Raindrops keep fallin’ on my head”, “I’ll never fall in love again” e a dobradinha “Aquarius” / Let the sunshine in”, do musical “Hair”). “Aqui é o país do futebol” também está presente em “Mexico ‘70”, assim como boas gravações (inéditas) de “Ave Maria no morro” e “Eu sonhei que tu estavas tão lindas”. No total, são cinco gravações raras e sete inéditas. Uma peça obrigatória nesse intricado quebra-cabeça chamado Wilson Simonal.

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“The final frontier” – Iron Maiden
Que o Iron Maiden vem usando e abusando de faixas longuíssimas, desde o advento do CD, isso não é novidade para ninguém. O seu último CD, “A matter of life and death” (2006), contém 10 faixas em 72 minutos. O novo álbum, “The final frontier”, é bem parecido. São dez faixas em 76 minutos. Mas a grande diferença está em sua sonoridade. Que fique claro, de cara, que ela não está nem pior nem melhor. Mas, sim, bem diferente. O fã que pensou que a turnê “Somewhere back in time” (na qual a Donzela revisitou os seus clássicos) animaria a banda a gravar músicas diretas com caras de hit, se enganou. “The final frontier” é, de longe, o álbum mais difícil do Iron Maiden. A batida tribal-eletrônica de quase três minutos da faixa de abertura “Satellite 15... The final frontier” é um bom indício de que as coisas estão diferentes. Muita gente, inclusive, vem comparando “The final frontier” com “Somewhere in time” (1986). Mas, tirando a estética futurista da capa, não tem nada que ver. Não há nenhuma “Wasted years” em “The final frontier”. Mas há faixas que beiram o progressivo, como “Isle of Avalon”, e o épico, como acontece em “The talisman” e “When the wild wind blows”. O Iron Maiden fica com mais cara de Iron Maiden em poucas faixas, como na direta e rápida “El Dorado” e em “Mother of mercy”, canção que lembra bastante “Ghost of the navigator”, de “Brave new world” (2000). Certamente até a própria banda achou o novo álbum tão difícil, que optou que os shows da nova turnê começassem com uma música de outro álbum – no caso, “The wicker man”, de “Brave new world”. O que é bem raro em se tratando de Iron Maiden, diga-se de passagem.

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“Filosofia de vida” – Martinho da Vila
Para turbinar o lançamento do documentário “Filosofia de vida” (já nas lojas em DVD), de Edu Mansur, Martinho da Vila colocou nas lojas a trilha sonora do filme. Com o mesmo nome do documentário, o CD é, mais ou menos, um best of da carreira do sambista, com oitos sucessos e músicas obscuras regravadas e as outras seis faixas pescadas de álbuns antigos. Com relação às regravações, destacam-se a faixa-título (parceria com Marcelinho Moreira e Fred Camacho), uma das mais lindas de Martinho (“Meu destino eu moldei / Qualquer um pode moldar / Deixo o mundo me rumar / Para onde quero ir / Dor passada não me dói / E nem curto nostalgia / Eu só quero o que preciso / Pra viver meu dia-a-dia”), o clássico “O pequeno burguês” e “Meu Off Rio”. Nas regravações, versões ao vivo de “Madalena do Jucu” e do maior samba-enredo de todos os tempos, “Aquarela brasileira”, de Silas de Oliveira. Vale destacar ainda a versão instrumental do choro “Um a zero”, de Pixinguinha e Benedito Lacerda, com a pianista Maíra Freitas, e a segunda gravação (e que fecha o álbum) de “Filosofia de vida”, nas vozes de Martinho da Vila e de Ana Carolina. Em suma, “Filosofia de vida” funciona como um bom souvenir do documentário. Os fãs vão gostar. Mas para o ouvinte mais eventual de Martinho da Vila, talvez seja mais jogo procurar um outro CD do sambista, como o ao vivo “3.0 Turbinado” (1999) ou o ótimo tributo a Noel Rosa, “Poeta da cidade”, lançado no início desse ano.

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“Reimagines Gershwin” – Brian Wilson
O que Brian Wilson e os irmãos George e Ira Gershwin têm em comum? A genialidade, diriam alguns. Mas agora, há mais outra coisa em comum: o álbum “Reimagines Gershwin”, que o ex-Beach Boy colocou nas lojas no início desse mês. No total, são 14 faixas de autoria dos Gershwin e que Brian Wilson regravou ao seu estilo. Dessas 14 faixas, duas são parcerias mesmo entre George Gershwin e Brian Wilson, eis que não estavam finalizadas, cabendo a Wilson dar os retoques finais. O resultado oscila durante a audição. Comecemos pelas duas parcerias (“The like in I love you” e “Nothing but love”), que configuram dois grandes momentos, que poderiam estar em qualquer álbum clássico dos Beach Boys, com os seus lindos arranjos vocais e melodias naquele velho estilo que fez a fama da banda. Já as quatro faixas pescadas da ópera “Porgy and Bess” (“Summertime”, “I loves you Porgy”, “I got plenty O’ nutin’” e “It ain’t necessarily so”) são as mais fracas de “Reimagines Gershwin”. Talvez pelo fato de o tom formal da ópera não ter combinado muito com o estilo pop de Wilson. As coisas voltam a entrar nos eixos na bossa “’S Wonderful” (será que Brian Wilson anda ouvindo muito o “Amoroso”, de João Gilberto?) e em “They can’t take that away from me” e “I got rhythm”, que trazem o melhor resumo do que seria uma música dos irmãos Gershwin interpretada pelos Beach Boys. Simplesmente fantástico. “Love is here to stay”, “I’ve got a crush on you” e “Someone to watch over me”, por sua vez, poderiam ter ficado mais interessantes. Mas no final das contas, o saldo é (bem) positivo.

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“Mrs. Lennon” – Vários Artistas
Odiada por muitos e amada por poucos, Yoko Ono ficou mais conhecida como “a pessoa que separou os Beatles”. Ela pode até ter tido a sua responsabilidade pelo fato. Mas a verdade é que dificilmente o quarteto de Liverpool prosseguiria junto por muito tempo com a morte de Brian Epstein. Ademais, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr não eram mais apenas “os caras do bar”, e os seus egos já estavam do tamanho do céu. Enfim, uma boa forma de redimir Yoko Ono é ouvir o CD “Mrs. Lennon”, que o selo Discobertas, de Marcelo Fróes, colocou nas lojas. São 16 faixas escritas por Yoko e interpretadas por 16 cantoras brasileiras, da experiente Cida Moreira a novata Hevelyn Costa, passando por Zélia Duncan, Silvia Machete, Kátia B, Angela Ro Ro, entre outras. Como geralmente acontece nesse tipo de projeto, há muitos altos e baixos. Mas, felizmente, os altos superam os baixos. Pra começar, vale destacar a comovente interpretação voz & piano de Cida Moreira para “Mrs. Lennon”. Zélia Duncan enche “Goodbye sadness” de delicadeza, enquanto Marília Barbosa & Pelv’s fazem os alto-falantes berrar em “Move on fast”. Angela Ro Ro deu novas (e boas) luzes a “It happened”, e Kátia B encheu “Walking on thin ice” de bossa. Por sua vez, Voz Del Fuego deixou “Kiss kiss kiss” quase ininteligível com os seus sintetizadores e baterias programadas. A dupla Tetine também pecou com a versão modernosa demais de “Why”. Mas, no fim das contas, “Mrs. Lennon” é uma boa introdução à obra da nem sempre compreendida Yoko Ono.

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Abaixo, a faixa de abertura do álbum “The final frontier”, do Iron Maiden.

8 de ago. de 2008

YOKO ONO ALCANÇA TOPO DA PARADA DANCE DA BILLBOARD



A nova versão de Yoko Ono para o hino pacifista “Give Peace a Chance” (acima), composto pelo seu falecido marido, alcançou a primeira colocação da parada de singles de dance music da Billboard.

“Eu agradeço a todos vocês de todo o meu coração e mando o meu amor”, disse Yoko para a imprensa.

Em maio de 2003, Yoko alcançou o mesmo feito, com a canção “Walking On Thin Ice”.

3 de jun. de 2008

RÁPIDAS 1

Os sete primeiros álbuns do Radiohead estão disponíveis, a partir de hoje, para download, no site da Apple. A banda de Thom Yorke era uma das únicas bandas inglesas que ainda não tinha licenciado as suas músicas para o iTunes. O negócio foi fechado pela ex-gravadora da banda, EMI, e o fã poderá escolher entre baixar o disco completo ou apenas algumas canções. O último trabalho da banda, “In Rainbows”, já está disponível no iTunes desde janeiro.

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Atendendo aos pedidos de milhares de fãs, a produtora de jogos eletrônicos Activision vai lançar uma edição do campeão de vendas “Guitar Hero” dedicada exclusivamente ao Metallica. O jogo só chegará às lojas em meados de 2009. Maiores detalhes não foram revelados, mas ao que tudo indica, “Guitar Hero: Metallica” deve seguir a mesma estrutura do jogo dedicado ao Aerosmith, que será lançado nesse mês. Abaixo, um video de “Dream On”, tirada do jogo “Guitar Hero: Aerosmith”.



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A banda Foxboro Hot Tubs, o projeto paralelo dos membros do Green Day, fará uma turnê pelo Reino Unido. O grupo, que já fez dez shows em pequenos teatros dos Estados Unidos, anunciou os planos para uma turnê inglesa, em sua página no Myspace. “Obrigado a todos os ‘Tub Heads’ que estiveram presentes na nossa primeira turnê. Haverá mais shows? Na minha cabeça, a Inglaterra”, escreveu o líder da banda Billie Joe Armstrong. Para quem ainda não conheceu o som do Foxboro Hot Tubes, segue abaixo a canção “Mother Mary”.



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A banda Weezer disse que adoraria tocar nos festivais de Reading e Leeds, que acontecerão nesse ano, na Inglaterra. O quarteto de Los Angeles vai lançar o seu novo disco, também conhecido como ‘Red Album’, no próximo dia 16 de junho. Segundo os integrantes da banda, seria muito excitante tocar nesses festivais, ao lado de bandas como Rage Against The Machine, The Killers e Metallica. “Pessoalmente gostaria muito de tocar nesses festivais. É uma grande explosão e eu sinto como se a banda pudesse ir aos diferentes palcos dos festivais, porque sempre existe muita música boa neles”, admitiu o baixista Scott Shriner. Recentemente, o Weezer filmou um videoclipe em que aparecem diversas ‘personalidades’ do site YouTube, como o ex-marido de Britney Spears, Kevin Federline. O vídeo de “Pork And Beans” está logo aí abaixo.



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Segundo Peter Jenner, ex-empresário do Pink Floyd, o festival de Glastonbury perdeu a sua identidade. A declaração ocorreu por conta de Michael Eavis, organizador do festival, recentemente ter recusado uma oferta pessoal de David Gilmour para a banda participar do evento desse ano. Eavis disse, em nota, que não poderia abrir mão de nenhum dos artistas já contratados, ainda que seja em prol do Pink Floyd. Segundo Jenner, tal decisão mostra o quanto o festival está mudado. “Pergunto-me se o que o está acontecendo agora é um sinal de que eles estão perdendo a sua identidade, ao chamar os artistas ‘da moda’ para tocar no festival”, disse o ex-empresário.

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Duffy disse que ainda considera Mick Jagger sexy. A cantora pop descobriu os Rolling Stones quando era criança, através de vídeos dos anos 60. “Ele é sexy, carismático – tudo junto –, até os dias de hoje. ‘Jumpin’ Jack Flash’ foi a primeira música que me lembro de ter escutado, em um vídeo que meu pai tinha”, afirmou Duffy, que dará continuidade à sua turnê em junho e julho, com apresentações nos festivais Accelerator (Suécia), Glastonbury (Inglaterra) e Roskilde (Dinamarca).

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Yoko Ono, viúva de John Lennon perdeu uma briga judicial, na qual pretendia proibir a execução de “Imagine” no filme “Expelled: No Intelligence Allowed”, que discorre sobre a teoria da evolução. Ono e seus dois filhos com Lennon ajuizaram a ação porque os produtores do filme não pediram permissão para o uso da canção na trilha sonora. Ontem, o juiz federal Sidney Stein decidiu a favor dos produtores do video, com o argumento de que a doutrina civil norte-americana permite o uso de material protegido por direitos autorais com o intuito de fazer um comentário simples. A quem interessar, segue abaixo o trailer do filme.



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A banda The Cure fez um show ontem, considerado ‘antológico’ por críticos e fãs, no Hollywood Bowl, em Los Angeles. Robert Smith, Simon Gallup, Jason Cooper e Porl Thompson tocaram os principais sucessos da banda gótica, durante mais de três horas. Grandes hits, como “In Between Days”, “Pictures Of You”, “Friday I’m In Love” e “Boys Don’t Cry” (que fechou a apresentação) estiveram presentes no longo roteiro de 35 canções. A banda, que teve que atender a quatro pedidos de bis, aproveitou para apresentar novas faixas do novo disco a ser lançado em setembro, como “Freakshow”. Abaixo, um vídeo amador feito durante a apresentação, da canção “Boys Don’t Cry”.