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19 de ago. de 2011

Dia Mundial da Fotografia e o professor mais querido da Universidade; Aracy de Almeida e LeRoi Moore; o álbum do Arctic Monkeys; e Radiohead ao vivo.



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Bom dia, pessoal! E essa sexta, hein?? Qual vai ser? Alguém já sabe me dizer quem matou a Norma?? Enquanto o mistério não é revelado, vamos comemorar aqui o Dia Mundial da Fotografia. Eu tinha um professor de Fotografia na faculdade, que eu não vou citar o nome. Mas ele era tão querido, mas tão querido, que um colega me disse que a faculdade se dividia em dois grupos: “os alunos que odeiam o tal professor e os alunos que não o conhecem.” Genial, né??

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E vocês sabem qual música estava no primeiro lugar da parada da Billboard exatos 55 anos atrás??



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Grande Elvis Presley!!

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Enquanto eu estiver vivo, todo dia 19 de agosto eu vou homenagear Aracy de Almeida, a maior sambista que esse país já teve. Aracy nasceu no dia 19 de agosto de 1914. A maioria das pessoas a conhecem como a “jurada rabugenta do Show de Calouros”. Mas a tal “caloura rabugenta” era capaz de gravar coisas assim, olha:



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E também capaz de dizer coisas fantásticas como isso aqui:



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Eu juro que queria ser amigo do John Deacon, o ex-baixista do Queen. Ele compôs duas das músicas mais bonitas que falam de amizade. No dia do amigo, injetei aqui no blog o vídeo de “You’re my best friend”. Hoje é a vez de “Friends will be friends”. Então, parabéns pelos seus 60 anos, John! Espero que você receba as boas vibrações...



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Hoje também é dia de homenagear LeRoi Moore, o finado saxofonista da Dave Matthews Band. Foi em 19 de agosto de 2008, que o grande LeRoi foi embora, vítima de um acidente de quadriciclo.



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Eu sei que estou atrasado, mas a indicação de hoje é o álbum “Suck it and see”, do Arctic Monkeys. Quando a banda de Sheffield surgiu, eu me apaixonei de cara. E olha que isso é muito difícil de acontecer comigo, especialmente com “bandas da moda”. Vi um show deles em algum Tim Festival em São Paulo, que foi absurdo. Nem esperei para encarar o The Killers, que tocaria em seguida. Quando a banda anunciou o lançamento de “Humbug” (2009), com produção de Josh Homme, do Queens Of The Stone Age, cravei logo que seria um dos melhores álbuns do ano. Mas aí veio a decepção. Não curti muito a sonoridade; achei que o Arctic Monkeys deu uma envelhecida. Mas, agora, com o lançamento desse “Suck it and see”, cheguei à conclusão do quanto “Humbug” foi necessário para o crescimento do conjunto. Nesse novo disco, o Arctic Monkeys conseguiu juntar o frescor de seus dois primeiros álbuns com a maturidade de “Humbug”. Os melhores exemplos estão nas ótimas faixas “She’s thunderstorms” (uma ótima abertura) e “The hellcat spangled shalalala”, com um toque retrô, mas que não deixa de ser moderna. Recomendadíssimo!!



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DROPS:













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Vamos ver as novidades de vídeos que temos por hoje:

“The king of limbs”, do Radiohead, inteirinho, ao vivo...



Amy Winehouse + Tony Bennett:


22 de jun. de 2010

Hermeto, Eumir, Cyndi Lauper, Meryl Streep, Karate Kid, Maradona, Cocada, João, Skank, Gaga, Messi & Oasis, Hot Chip, Josh, Bon Jovi, MGMT, Maroon 5

A quem interessar possa, segue abaixo a nova música do Maroon 5, "Misery", que fará parte do CD "Hands all over", com previsão de lançamento para o dia 21 de setembro.



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Adorei essa versão do MGMT para "Anything could happen", do The Clean.



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OLHA O PADEIRO: O Bon Jovi ainda está na metade da sua temporada de 13 shows na Arena O2, em Londres, e já apresentou 54 músicas diferentes. A meta é chegar a 70 canções diferentes. Para tanto, a banda de Nova Jersey está se inspirando nos padeiros. Isso mesmo, nos padeiros... "Você compraria um pão de ontem na padaria? Os set-lists nossos são sempre fresquinhos, entregues sempre às 19h30", disse Jon Bon Jovi ao Gigwise.

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Nunca vi o Josh Homme tão engraçadinho...



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E a briga Planeta Terra x SWU já começou. Para o bem da nação, enquanto o SWU já confirmou Pixies e Dave Matthews Band, o Planeta Terra já agendou apresentações do Phoenix e do Hot Chip. O SWU acontece em Itu (São Paulo) entre os dias 09 e 11 de outubro. Já o Planeta Terra acontece no dia 20 de novembro, em São Paulo (capital). Resta saber quem vai levar o Arcade Fire, a galinha dos ovos de ouro.

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A MELHOR DO DIA: Sabe quem é o mais novo fã do Oasis? Lionel Messi! Deixa eu explicar como aconteceu... Tevez (que joga no Manchester City, time da cidade da ex-banda dos irmãos Gallagher) apresentou os dois primeiros álbuns do Oasis ao seu colega Messi, no avião, durante a viagem para a África do Sul. Desde então, Messi diz estar "obcecado" pela banda. Segundo o tabloide The Sun, Tevez está fazendo com que Messi ouça Oasis todo santo dia. "Eu não estava esperando muito da banda, mas foi uma das melhores coisas que já escutei. Eles são absolutamente fantásticos. 'Supersonic' e 'Live forever' são as minhas favoritas. Escuto Oasis no meu iPod, no hotel, a caminho das partidas e no vestiário. Eu não acredito que demorei tanto tempo para ouvi-los", disse Messi, que ainda ficou decepcionado quando soube que a banda se separou. "Estava vendo algumas apresentações do Oasis no YouTube e imaginei que seria fantástico ver um show ao vivo, em Londres ou em Manchester, mas Tevez me disse que a banda se separou."

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SACANAGEM: Em entrevista à Rolling Stone, que chegou às bancas dos Estados Unidos hoje (capa acima), Lady Gaga disse que vai divulgar o nome de seu novo álbum à meia-noite do dia 31 de dezembro. Quer dizer que o jornalista cultural vai ter que ficar de plantão, é? Para promovê-lo, a cantora pretende tatuar o nome do álbum em seu corpo. Na mesma entrevista, ela também disse que seu novo trabalho será mais raivoso. "A mensagem das novas músicas é mais amarga do que antes". "Eu sou rápida. Alguns artistas levam anos para gravar um álbum. Eu não. Faço música todos os dias", completou.

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Ontem mesmo estava aqui falando sobre o show de gravação do CD/DVD/BD do Skank, e, agora, volto a falar da banda mineira. Lá fora, é comum o lançamento de edições comemorativas de álbuns importantes, com faixas bônus. Já aqui no Brasil, se a gente não consegue encontrar nem a edição original, imagina a comemorativa... Mas o Skank e a Sony Music prepararam algo muito bacana para comemorar os 15 anos do lançamento de "Calango". O CD será relançado no início de julho, em uma edição especial com o álbum original remasterizado, além de oito faixas inéditas, sendo dois remixes ("Te ver" e "A cerca), duas faixas em espanhol ("És prohibido fumar" e "Desesperacion"), além de quatro faixas demo ("Te ver", "Jackie Tequila", "O beijo e a reza" e "Estivador"). Uma excelente ideia - só faltou incluir alguma coisa gravada ao vivo da época do lançamento do álbum - que bem que poderia se tornar regra no mercado fonográfico brasileiro.

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GRANDE JOÃO: João Gilberto cancelou o show que faria no Carnegie Hall, em Nova York, no próximo dia 22, por problemas com "normas internacionais de viagem". O que seriam "normas internacionais de viagem"??

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Saindo da Copa, mas permanecendo no futebol, hoje faz 22 anos daquele famoso gol do Cocada na final do Campeonato Carioca de 1988, no qual o Vasco da Gama venceu o Flamengo por um a zero. Cocada entrou em campo aos 41 do segundo tempo, marcou o gol aos 44, e foi expulso aos 45, após tirar a camisa para comemorar o gol. Talvez mais antológico do que o gol só mesmo a pancadaria que envolveu Romário e Renato Gaúcho logo após o gol. Eu estava no Maracanã, e posso dizer que o Campeonato Carioca era muito mais divertido naquela época.



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E agora está na hora de que, hein? Sessão Copa do Mundo... Taram! Estou gostando de relembrar esses momentos importantes das Copas. Passei os últimos dois meses lendo livros de Copa e vendo os documentários. Então tenho que mostrar que aprendi alguma coisa... Bom, hoje faz 24 anos de dois gols históricos (históricos mesmo) das Copas. Detalhe 1: os dois aconteceram na mesma partida. Detalhe 2: os dois foram marcados pela mesma pessoa. Se é que a gente pode considerar Maradona uma pessoa... Hehe... No jogo Argentina 2 x 1 Inglaterra, pelas quartas de final da Copa do México, Maradona fez o tal gol da "mão de Deus", e aquele outro que ele enfileirou uns cinco jogadores da Inglaterra, inclusive o goleiro. Esse gol é considerado o mais bonito da história das Copas. Também acho. Mas torço para que o Messi faça um mais lindo ainda.



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E já que entramos no cinema, vale lembrar que hoje faz 26 anos que o filme "Karate Kid" estreou. Eu me lembro que vi esse filme no cinema mesmo, e, logo depois, ganhei o LP com a trilha sonora. Não me lembro muito das músicas do filme, mas apenas de uma, a baba "Glory of love", do Peter Cetera. Em compensação, me lembro bem da história do Daniel Sam, que conhece o Senhor Miyagi, em uma briga, e passa a ser seu aluno de karatê. Ém um filme bacana, voltado mais para as crianças. Hoje não tenho interesse em ver essa nova versão do filme. Mas fiquei com vontade de rever a original.



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Vamos de cinema agora? Só vou falar de cinema hoje porque uma grande atriz faz aniversário. Meryl Streep nasceu a 22 de junho de 1949, em Nova Jersey. Olha, só para você ter uma ideia, a atriz teve 16 indicações ao Oscar da Academia (ganhou duas), e 25 para o Golden Globe Awards, com 25 indicações (venceu sete). Meus filmes prediletos com Meryl Streep? "Kramer vs. Kramer", "Entre dois amores", "As pontes de Madison", "Adptação", "As horas", "Julie & Julia"... Nossa, muita coisa. Só sei que se tiver passando filme no cinema, e o nome de Meryl Streep estiver no cartaz, eu tô dentro.



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Agora, mundando 180º de direção, vamos de Cyndi Lauper. A dona de uma das vozes mais... hum... originais da música faz 57 anos hoje... É... Cinquenta e sete. Tá ficando veinha também. Vou confessar que, quando era pequeno, amava Cyndi Lauper. Na primeira viagem que fiz ao exterior, trouxe fitas K7 do "She's so unusual" (1983) e do "True colours" (1986). E, na boa, no início dos anos 80, era impossível não gostar de coisas como "Girls just want to have fun" e "Time after time". Aliás, até hoje é impossível. Pena que Cyndi Lauper tenha tentado coisas que não têm nada que ver com a sua essência pop. Disco de blues? Give me a time, né?



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E já que estamos falando de música instrumental brasileira da melhor qualidade, vamos homenagear também Eumir Deodato, que hoje faz 67 anos. E já que citei os meus álbuns prediletos de Hermeto Pascoal, farei o mesmo com Deodato. Acho que se você quiser conhecer a sua obra de verdade, é melhor começar pelo grupo Os Catdráticos, do qual Eumir fez parte ao lado de gente como Wilson das Neves (bateria), Sergio Barroso (baixo), Geraldo Vespar (um dos maiores, senão o maior, violonistas que o Brasil já teve), Edson Maciel (trombone), entre outros. Os grandes álbuns da banda são "Impulso!" (1964), "Tremendão" (1964) e "Ataque" (1965). Não sei se é fácil encontrar esses CDs. Comprei edições importadas faz uns 10 anos na Tracks lá no Baixo Gávea. E não dou e nem vendo.



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Então vamos falar de coisas mais agradáveis agora. E esse dia 22 de junho está cheio de coisa muitcho lesgal. Para começar, vamos homenagear o nosso dinossauro e mestre Hermeto Pascoal, que nasceu em Lagoa da Canoa (Alagoas), no dia 22 de junho de 1936. Não tem muito tempo, me perguntaram, via twitter, qual era o grande álbum do Hermeto. Não tive dúvidas em responder que era o único álbum que ele gravou com o Quarteto Novo, em 1966. E sabe quem acompanhava Hermeto (piano e flauta) nesse quarteto? Heraldo do Monte (viola e guitarra), Théo de Barros (baixo e violão) e Airto Moreira (bateria e percussão). Bom? Então, procure o disco, não é difícil de achar em CD. É uma das coisas mais geniais da nossa MPB. Pode ter certeza. Outro que vale a pena é um álbum que ele gravou ao lado de Elis Regina, no festival de Montreux, em 1982 (acho). Após a apresentação solo de cada um, os dois se encontraram no palco, e o Bruxo resolveu "desafiar" Elis, viajando na música, para ver se a cantora o acompanhava. Lógico que acompanhou. E, apesar de muito choro e nervosismo, ficou registrado um dos momentos mágicos da música brasileira. Também é fácil achar em CD. Só falta o DVD!



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Algum problema? Tá acontecendo algum problema? Hahaha... E o nosso técnico, hein? Seu Dunga está dando o que falar. Quem não tem Maradona ataca de Dunga mesmo... Mas, falando sério, seu Dunga não é nenhuma anormalidade não. Ele retrata exatamente o nosso povo. Não à toa, é só ver no twitter ou em qualquer mesa-redonda, a quantidade de gente que tem dado apoio a ele. É como disse o Fernando Calazans: quem acha isso bonito é porque deve achar normal, deve fazer isso em casa. De minha parte, sem querer dar uma de bom (até mesmo porque estou longe de ser isso), morro de vergonha desse técnico. E repito: se o Brasil ganhar essa Copa será uma catástrofe. Será a vitória da ignorância, da brutalidade, da burrice e, agora, da grosseria. Dá-lhe Argentina!

10 de jun. de 2010

Camões, João, Guinga, Judy, Bibi, Rômulo Arantes, Rappa, Strokes, Legião, Ozzy, Black Country Communion, Iron Maiden, Jeff Beck, The Vaselines

Uma das bandas prediletas de Kurt Cobain, os Vaselines estavam devendo um segundo álbum fazia tempo - o primeiro e único foi "Enter the Vaselines". A banda, formada em 1987, se separou em 1989. O conjunto se reuniu recentemente e acabou entrando em estúdio para gravar "Sex with an X", que chegará às lojas em 14 de setembro. O produtor, Jamie Watson, é o mesmo do primeiro álbum. As faixas de "Sex with an X" são as seguintes: "Ruined", "Sex with an X", "The devil inside me", "Such a fool", "Turning it on", "Overweight but over you", "Poison pen", "I hate the 80's", "Mouth to mouth", "Whitechapel", "My god's bigger than your god" e "Exit the Vaselines". "I hate the 80's" já pode ser baixada gratuitamente aqui.

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Les Paul foi homenageado na noite de ontem por um time de guitarristas para celebrar os seus 95 anos. O anfitrião Jeff Beck recebeu convidados no Iridium Jazz Club, onde Les Paul se apresentava todas as segundas até a sua morte, em agosto passado. Meat Loaf, Little Steven Van Zandt (da E Street Band), Zakk Wylde, Kirk Hammett (Metallica) e outros fizeram uma apresentação de mais de duas horas de duração. Canções como "Walking in the sand," "Sleepwalk", "Train kept A-Rollin", "Rock around the clock", "Shake, rattle and roll" e "The Peter Gunn theme" fizeram parte do repertório. O show foi filmado para um especial da PBS, bem como para um DVD, que será lançado ainda esse ano.

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O Iron Maiden iniciou ontem, em Dallas, nos Estados Unidos, a turnê de seu novo álbum, "The final frontier", que chegará às lojas em agosto. No repertório, como sempre, muitas canções do novo álbum, assim como sucessos. Mas duas coisas me surpreenderam nesse show: 1) o início, com a dobradinha "The wicker man" e "Ghost of the navigator", as duas primeiras faixas de "Brave new world" (2000), e que também abriam aquela turnê, que ganhou DVD registrado no Rock in Rio de 2001; 2) poucas músicas dos anos 80, que acabaram concentradas só no finalzinho do show. O repertório completo da estreia da turnê do Iron Maiden foi o seguinte: "The wicker man", "Ghost of the navigator", "Brighter than a thousand suns", "El Dorado", "Paschendale", "The reincarnation of Benjamin Breeg", "These colours don't run", "Blood brothers", "Wildest dreams", "No more lies", "Brave new world", "Fear of the dark", "Iron Maiden", "Number of the beast", "Hallowed be thy name" e "Running free". Abaixo, um vídeo amador da abertura da apresentação, com "The wicker man".



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Mais uma "superbanda" anunciou o lançamento de um álbum. Dessa vez foi o Black Country Communion, que tem entre seus integrantes Glenn Hughes (ex-Black Sabbath e ex-Deep Purple), Jason Bonham (filho de John Bonham, que tocou bateria no Led Zeppelin), Derek Sherinian (Dream Theater) e o guitarrista Joe Bonamassa. O álbum, produzido por Kevin Shirley, se chamará "Black country", e será lançado no dia 20 de setembro. A relação de faixas é a seguinte: "Black country", "One last soul", "The great divide", "Down again", "Beggarman", "Song of yesterday", "No time", "Medusa", "The revolution in me", "Stand (At the burning tree)", "Sista Jane" e "Too late for the sun". Para quem quiser conhcer um pouco da banda, segue abaixo o vídeo de "One last soul".



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"Não é por causa dos animais. Quer dizer, eu trabalhava em um matadouro... Eu só não consigo mais digerir carne." (Ozzy Osbourne, o ex-"devorador de morcegos" ao Spinner)

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Com um atraso de mais de uma década, a principal banda brasileira dos anos 80 ganha o seu site oficial. Parece que a relação entre Dado Villa-Lobos / Marcelo Bonfá e os herdeiros do Renato Russo está mais traquila, a ponto de viabilizar o site http://www.legiaourbana.com.br/. Pelo que vi, a ideia é fazer um site interativo, com fãs postando vídeos caseiros com interpretações das músicas da Legião, além de mural de recados e notícias publicadas pela imprensa. Só senti falta de novidades a respeito da banda. Até hoje, a Legião Urbana tem apenas um DVD lançado, o "Acústico MTV", que não mostra a força da banda no palco. Quando é que os herdeiros e os dois ex-integrantes vão se entender e lançar o DVD com o show no Jockey? E o do Metropolitan? Será que eles não se tocaram que isso é importante para a história da banda? Renato Russo morreu 14 anos atrás. Apesar da sua força, a Legião precisa "se apresentar" às novas gerações. Uma comparação: os Smiths, volta e meia, lançam uma coletânea com alguma coisa diferente. Por que a Legião não faz isso? Há oito, sete anos, na hora da rodinha de violão no churrasco, não faltava "Faroeste caboclo", "Quase sem querer"... Hoje, não tem mais Legião. Por quê? Porque o tempo passou, as pessoas creseceram, e a Legião ficou adormecida. Sem site, sem gravações novas nas lojas, sem os ex-integrantes aparecerem... Bom, acho que a ideia do site é um ótimo começo. Mas fica a torcida para que não termine por aí. Por favor, não deixem a Legião Urbana morrer.

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E depois de quatro anos, os Strokes realmente voltaram aos palcos ontem, em Londres. Os ingressos estavam sendo vendidos na porta por 50 vezes o valor de bilheteria. Dizem que até Chris Martin, do Coldplay, foi conferir a apresentação dos Strokes, cujo repertório foi esse aqui: "New York City cops", "The modern age", "Hard to explain", "Repitilla", "Whatever happened", "You only live once", "Soma", "Vision of division", "I can't win", "Is this it", "Someday", "Red light", "Last nite", "Under control", "12:51", "Juicebox", "Heart in a cage" e "Take it or leave it". E o melhor vídeo que encontrei no YouTube foi o de "Juicebox".



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"Ao vivo", novo DVD da banda O Rappa, chegará às lojas até o final do mês. Filmado na favela da Rocinha, o show foi registrado por oito câmeras, e "ângulos inacreditáveis da maior comunidade do país, sonorizado com uma qualidade impecável", segundo o release. As faixas presentes são as seguintes: "Meu mundo é o barro", "Reza vela", "Lado B lado A", "Hóstia", "Homem amarelo", "Mar de gente", "Documento", "Minha alma - A paz que eu não quero", "Monstro invisível", "Hei Joe", "Maneiras", "Tribunal de rua", "Linha vermelha", "Meu santo tá cansado", "O que sobrou do céu", "Rodo cotidiano", "Todo camburão tem um pouco de navio negreiro", "7 vezes", "O salto", "Vapor barato", "Súplica cearense", "Me deixa", "Pescador de ilusões" e "Ilê Ayê - Que bloco é esse". "Ao vivo" também será lançado em CD - duplo ou dois volumes vendidos separadamente.

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E, por incrível que possa parecer, hoje já faz 10 anos que o ator Rômulo Arantes sofreu o acidente de ultraleve que o vitimou aos 43 anos de idade. Nadador profissional, Rômulo participou de novelas importantes como "Perigosas peruas", "Riacho doce", "Pantanal", "Sassaricando", "A gata comeu", "Vereda tropical" (na qual fazia exatamente o papel de um professor de natação) e "Brilhante". O seu último trabalho na televisão foi o programa "Zorra total".



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Agora eu vou falar da segunda diva que nasceu no dia 10 de junho de 1922. Abigail Izquierdo Ferreira, ou simplesmente, Bibi Ferreira. Filha do ator Procópio Ferreira, Bibi nasceu em Salvador, e fez a sua estreia (dizem) aos 24 dias de vida, substituindo uma boneca em uma peça. No decorrer de sua carreira, atuou e dirigiu peças e musicais importantes, como "Minha querida dama" (versão de "My fair lady"), "Gota d'Água", "Brasileiro, profissão: esperança", "Roque santeiro" e "Bibi canta Piaf".



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Hum, agora eu quero falar de duas divas que fazem aniversário no dia 10 de junho. Mas, olha, duas divas mesmo! E o mais curioso é que elas nasceram no mesmo dia: 10 de junho de 1922. A primeira é Judy Garland, a atriz que fazia esse moleque aqui babar na tela da televisão vendo "O mágico de Oz". Eu me lembro de um dia (tinha tipo uns 5 anos de idade) que fiquei uma tarde de sábado inteira vendo "O mágico de oz". Foram quatro vezes e meia. Eu não sabia que, no videocassete, você podia apertar o stop e depois o rewind para voltar mais rápido. Então, o que eu fazia? Colocava o rewind no dedo mesmo, durante uns 10, 15 minutos. Conclusão, um dedinho inchado e cheio de pus no sábado à noite. Mas com a maravilha logo abaixo sem sair da cabeça. Ah, e se você quiser conhecer bem a obra da Judy, mas não tem muito saco para essas interpretações antigas, coloque para rodar o DVD "Rufus! Rufus! Rufus! does Judy! Judy! Judy!", lançado por Rufus Wainwright, em 2007.



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Se tem alguém que deve ter muito orgulho de ter nascido no mesmo dia de João Gilberto, esse alguém é Guinga. Um dos maiores violonistas do país, ele completa 60 anos hoje. Os principais parceiros de Guinga são Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc, e ele também compôs a bela "Você, você", com Chico Buarque. Mas, para mim, o seu nome está ligado mesmo ao fabuloso álbum "Catavento e girassol", que Leila Pinheiro gravou com 14 composições suas. Parabéns ao grande violonista - e dentista!



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Mesmo sem querer, o cara, volta e meia, está na mídia. E recentemente, com a ótima entrevista publicada pela Veja Rio, ele está sob os holofotes de novo. Passou mal com a comida de um restaurante japonês, não conhece Lady Gaga, está desiludido com o Brasil, quer gravar um DVD em um templo japonês... Pronto, cada suspiro virou manchete. E hoje, João Gilberto completa 79 anos. Mesmo arredio (como sempre), João continua dando os seus shows por aí - tem três marcados nos Estados Unidos nesse mês. E que ele volte logo para repetir no Brasil aquelas noites históricas no Teatro Ibirapuera e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 2008. Salve João!



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"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?"

Não, hoje a homenagem não vai para a Legião Urbana (apesar de ela até merecê-la também como escreverei mais tarde). O poema acima, que foi musicado pela Legião em "Monte Castelo", é de Luís de Camões. O poeta português morreu faz exatos 470 anos. E, não por acaso, 10 de junho é o dia da Língua Portuguesa. E nessa matéria, como diz aquela velha canção portuguesa: "Só passa quem souber / E aprende-se a dizer saudade".

29 de mai. de 2010

Albéniz, Noel, Ira!, Liverpool, Gerrard, Daniel Azulay, Tom Morello, Capital Inicial, Gil, Kanye West, João Gilberto, Ney Matogrosso, Paul Auster

O livro dessa semana foi "Invisível", do Paul Auster. Sou fã dele já tem um tempinto. Gostei demais de "O livro das ilusões" e "A noite do oráculo", lançados na primeira metade dos 00. Quando comprei "Invísivel", nem esperava que fosse lê-lo tão rapidamente. A fila de livros estava grande. Mas como comprei antes de ir a um dentista que me deixou esperando 30 minutos, acabei iniciando a leitura na recepção do consultório. Como também acontece com os outros dois livros que citei de Auster, a leitura flui muito bem. O livro é escrito de forma simples e direta (sem pedantismo), e o enredo é intrigante. Ou seja, difícil parar de ler - embora eu tenha parado para ler "A humilhação", de Philip Roth, conforme os motivos que expliquei na semana passada. "Invisível" narra a história do estudante norte-americano Adam Walker e a sua conturbada relação com Rudolf Born, durante o ano de 1967, entre Nova York e Paris. O que me impressionou no livro é a quantidade de acontecimentos que se sucedem. A leitura flui e, lógico, fica difícil fechar o livro para dormir. A relação de Adam Walker com a sua irmã também é outro ponto fantástico de "Invisível", assim como a maneira que ele foi escrito, dando a sensação de que o leitor está presenciando "ao vivo" a construção do livro. Arrisco afirmar que "Invisível" foi o melhor romance que li nesse ano.

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UMA MÚSICA PRO FINAL DE SEMANA: "Pro dia nascer feliz", com Ney Matogrosso. O áudio está um pouco ruim, mas vale a pena porque foi gravado no Rock in Rio de 1985.



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O CARA PODE: João Gilberto ganhou perfil no site Spinner!

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Acho Kanye West mais mala do que legal. Mas, a quem interessar possa, segue abaixo a sua nova música, "Power", com participação especial do cantor Dwele. Vale pela citação de "21st century schizoid man", do King Crimson.



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Uma entrevista bacana de Gilberto Gil ao Estado de S. Paulo.

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Essa imagem acima é do novo álbum do Capital Inicial, "Das Kapital", que chega às lojas no início de junho. O disco contém 11 faixas, que já podem ser ouvidas no site oficial da banda. O Capital já se adequou aos novos tempos.

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E também amanhã, o guitarrista Tom Morello sopra 46 velinhas. Não vou falar dele não. Prefiro que vocês vejam o vídeo abaixo. Pode ser?



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Do futebol para a televisão. De um ídolo atual para um ídolo de infância. Quando eu era bem moleque, não perdia o programa do Daniel Azulay, especialmente o quadro do “Pincel mágico”, em que ele ia revelando um desenho, aos poucos, através de um pincel. Daniel Azulay completa 63 anos hoje. E aqui vai o nosso abraço para ele. Um abraço com gosto de infância.



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E continuando no Liverpool, amanhã, dia 30 de maio, quem faz aniversário é o ídolo maior de sua torcida: Steven Gerrard. O craque nasceu em Whiston, no ano de 1980, e as duas únicas camisas que vestiu foram as do Liverpool e da seleção inglesa. Ou seja, ídolo à moda antiga, tipo um Leandro para os flamenguistas. Eu nem curto muito a seleção da Inglaterra. Não acho a torcida simpática (vide post abaixo). Mas que esse time é um dos que merece levantar a taça Copa do Mundo, não tenho dúvidas. Terry, Rooney, Lampard (outro gênio), Gerrard... Viu como tem coisa bem melhor para torcer do que a seleção do Dunga?



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Partindo para o futebol, que tem tudo a ver com o fim de semana. Também no dia 29 de maio de 1985, aconteceu um dos capítulos mais tristes da história do futebol. Durante o jogo entre Liverpool e Juventus (exatamente os dois times para os quais torço fora do Brasil), na final da Copa dos Campeões da Europa, uma briga entre hooligans e italianos deixou 38 mortos no estádio Heysel, em Bruxelas, na Bélgica. Triste. Mas é bom que seja relembrado, para que as pessoas aprendam e não repitam.



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E agora vamos recorrer mais uma vez ao blog de Paulo Marchetti, para relembrar o álbum “Mudança de comportamento”, que marcou a esteia do Ira! no mercado de discos. O disco foi lançado no dia 29 de maio de 1985. Bom, sinceramente, acho o “Vivendo e não aprendendo” (1988) bem superior (inclusive tem um texto meu sobre ele, bem detalhado, aqui), mas o “Mudança de comportamento” tem a minha música predileta do Ira, “Núcleo base”.

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E agora partindo do clássico para o rock, vamos falar de Noel Gallagher. O ex-guitarrista do Oasis – um dos mais talentosos de sua geração – faz 43 anos hoje. Os fãs do Oasis ainda não se conformaram – e eu sou um deles – mas todos esperamos que Noel consiga reeditar o sucesso de sua antiga banda na carreira solo. Liam Gallagher já anunciou o nome de seu novo conjunto (Beady Eye). Agora, resta saber quando é que Noel vai falar algo de concreto sobre os seus próximos passos. A minha torcida é que ele entre no Beady Eye (que conta com quatro ex-integrantes do Oasis) e, aí sim, o Oasis estaria de volta.



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E vamos começar por onde nesse dia 29 de maio? Fácil! Hoje comemoramos os 150 anos de Isaac Albéniz, compositor e pianista espanhol. A sua obra mais conhecida é a “Iberia” (uma suíte com 12 movimentos), que já foi interpretada por dezenas de pianistas. Existe um filme, “Albéniz”, produzido na Argentina em 1947, que conta a vida dele. Vai ser difícil, mas vou tentar encontrar.



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E ae pessoal! Mais um sábado, graças a Deus, hein? E como foi a noite ontem? Aliás, sabia que hoje comemoramos o dia da Queda de Constantinopla? Hein?

25 de ago. de 2008

SHOW: JOÃO GILBERTO NO TEATRO MUNICIPAL – RIO DE JANEIRO – 24/08/08

Foram 14 anos longe dos palcos do Rio de Janeiro, mas os cariocas presentes no Teatro Municipal na noite de ontem, lavaram a alma. A alegria da platéia e de João Gilberto era tão grande, que, lá no finalzinho do show, o público cantou “Chega de Saudade” com João Gilberto como se estivesse em qualquer barzinho. E João gostou tanto, a ponto de dizer “agora não quero mais ir embora”.

Mas antes de “Chega de Saudade”, muita água rolou no (já histórico) show de João Gilberto. Com 50 minutos de atraso, João entrou no palco e, de cara, mandou “Você Já Foi à Bahia?”. Ao final, ele falou apenas uma frase: “Dorival Caymmi, vocês sabem, né?”. Após, João simplesmente repetiu a canção em um andamento um pouco mais lento. O tributo ao compositor baiano que faleceu há oito dias continuou nas duas canções seguintes, “Doralice” e “Rosa Morena”.

Após a linda homenagem a um de seus mestres, João Gilberto retomou o roteiro que já havia apresentado nos dois concertos que realizou em São Paulo na semana passada. Assim, seguiram-se “13 de Ouro” (que causou risos na platéia com a sua letra que fala de uma nega macumbeira que tem um 13 de ouro pendurado no pescoço), “Meditação” (a primeira música Bossa Nova propriamente dita do roteiro) e “Preconceito”.

O momento mais aplaudido da noite veio logo em seguida, com “Samba do Avião”. Não se sabe se João Gilberto se enrolou mesmo na letra – o início da música foi praticamente instrumental – ou se ele estava apenas tentando reinventá-la. Mas fato que João repetiu a letra da canção cinco vezes, em uma versão que ultrapassou os seis minutos de duração. Provavelmente foi um pedido de desculpas ao carioca por tantos anos de ausência dos palcos da cidade: “Minha alma canta / Vejo o Rio de Janeiro / Estou morrendo de saudades / ... / Este samba é só porque / Rio, eu gosto de você”.

João deu continuidade a homenagem à Cidade Maravilhosa cantando um medley (como já havia feito em São Paulo) que uniu três canções da “Sinfonia do Rio de Janeiro”, de Billy Blanco e Tom Jobim. Os últimos singelos quatro versos cantados por João Gilberto resumiam a noite no Municipal: “Rio de Janeiro / Que eu sempre hei de amar / Rio de Janeiro / A montanha, o sol e o mar”).

Tom Jobim ainda foi lembrado no roteiro, com as pérolas “Lígia” (mais uma vez, João não cantou o nome da musa da canção), “Caminhos Cruzados” e “Corcovado”. Dizer que esta última foi outra das mais aplaudidas da noite chega a ser desnecessário... Em seguida, foi a vez de “Disse Alguém”, versão que Haroldo Barbosa fez para “All Of Me” (de Seymour Simons e Gerald Marks), e que não tem muito costume de estar presente no repertório dos shows de João.

Mas se o Rio de Janeiro foi homenageado em São Paulo, a recíproca também ocorreu no Teatro Municipal. “Chove Lá Fora” e “O Nosso Olhar”, dos paulistas Tito Madi e Sérgio Ricardo, respectivamente, foram apresentadas em seguida. Ambos os compositores ainda foram homenageados por João, ao final de “O Nosso Olhar”, com uma curta e carinhosa frase: “Grande Tito Madi, grande Sérgio Ricardo, meus grandes amigos”. Após, foi a vez de “Wave”, mais um clássico de Jobim, muito aplaudido pelo público.

“De Conversa Em Conversa”, que João cantou no Carnegie Hall mas deixou de fora no Auditório Ibirapuera, deu continuidade ao espetáculo que, antes do bis, ainda teve uma versão sublime de “Desafinado”, a italiana “Estate” (uma das mais belas interpretações da noite) e “Isso Aqui o Que É”. Curioso notar que esta última foi a única concessão que João Gilberto fez ao repertório de Ary Barroso. “Morena Boca de Ouro” e “Pra Machucar Meu Coração”, que fizeram parte dos shows em São Paulo, ficaram de fora. Denis Brean e a sua “Bahia com H” também não deram as caras no Municipal. E Janet de Almeida, com a sua "Pra Que Discutir com Madame?", ainda não foi lembrado em nenhum dos quatro shows que João realizou esse ano. Certamente foi uma opção de João Gilberto de mostrar que, dessa vez, o grande homenageado da noite seria Dorival Caymmi.

E o mestre baiano foi relembrado mais uma vez no bis. Logo após “Aos Pés da Cruz” e “Da Cor do Pecado”, João Gilberto cantou uma tocante versão de “Você Não Sabe Amar”. Antes, porém, “desculpou-se” com a platéia: “ Com licença, mas vou cantar mais uma do Dorival Caymmi”.

No longo bis, ainda teve espaço para uma homenagem ao grupo vocal Os Cariocas, que, segundo João, são “os professores do vocal”. O violonista ainda citou os nomes de Ismael Neto e Waldir Viviani antes de cantar “Tim Tim Por Tim Tim” imitando o conjunto do Rio de Janeiro. Depois foi a vez de “Chega de Saudade”, com direito à platéia cantando baixinho, no mesmo andamento de João, que sorriu o tempo todo. Ao final, João Gilberto citou o nome de Severino Filho, outro integrante d’Os Cariocas e que ele havia se esquecido anteriormente. Em mais uma homenagem ao grupo vocal, João cantou um trechinho de uma outra canção do conjunto.

Repentinamente, e para surpresa do público, João Gilberto interrompeu a canção e falou: “Eu ouvi um sussurrinho no ‘Vai minha tristeza...’ e gostei muito. Vamos fazer de novo?”. Bem que João tentou cantar a música, mas as vozes das pessoas na platéia calaram o baiano, que se contentou em fazer apenas o acompanhamento no violão e um discreto vocal, como em um karaokê de luxo. Após terminar toda a letra da música, João cantarolou “outra vez”, e aí não teve mais jeito. A platéia explodiu em um aplauso que abriu um raro sorriso de orelha a orelha no rosto de João. (Nesse momento, a única coisa que restava era fechar os olhos e pensar como a Música Popular Brasileira é a música mais linda do mundo.)

Ao final do karaokê, João Gilberto aplaudiu a platéia, que também bateu palmas para o baiano por dois longos minutos. “Agora não quero mais ir embora”, foi a única frase que João Gilberto conseguiu pronunciar após o histórico momento. E seguiu com um convite: “Vamos cantar ‘Garota de Ipanema’?”. Mais uma vez, para deleite de João, o público o acompanhou no coro, embora um pouco mais discreto.

Em seguida, João Gilberto ameaça se levantar, mas falou: “Eu disse que ia, mas não vou”. E foi a vez do ‘grand finale’ com “O Pato”, na qual ainda pediu ajuda ao público (ou melhor, às aves): “Cadê vocês? Quém! Quém! Quém! Quém!”.

Provavelmente, o público está cantando o ‘quém quém’ até agora. Só esperemos que não tenhamos que aguardar por mais 14 anos para assistir novamente a um show de João Gilberto no Rio de Janeiro. Histórico do início ao fim.

Abaixo, o roteiro do show de João Gilberto no Teatro Municipal:
1) "Você Já Foi à Bahia?”
2) "Doralice"
3) "Rosa Morena"
4) "13 de Ouro"
5) "Meditação"
6) "Preconceito"
7) "Samba do Avião"
8) "Hino Ao Sol / O Mar / Abertura"
9) "Lígia"
10) "Caminhos Cruzados"
11) "Não Vou Pra Casa"
12) "Corcovado"
13) "Disse Alguém"
14) "Chove Lá Fora"
15) "O Nosso Olhar"
16) "Wave"
17) "De Conversa Em Conversa"
18) "Desafinado"
19) "Estate"
20) “Isso Aqui o que É"
21) "Aos Pés da Cruz"
22) "Da Cor do Pecado"
23) "Retrato Em Branco e Preto"
24) "Você Não Sabe Amar"
25) "Retrato em Branco e Preto"
26) "Tim Tim Por Tim Tim"
27) "Chega de Saudade"
28) “Garota de Ipanema”
29) “O Pato”

Cotação: HISTÓRICO!

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Resenha do show de Nova York

20 de ago. de 2008

LOBÃO ATACA JOÃO GILBERTO E A BOSSA NOVA EM ENTREVISTA

Em entrevista concedida neste último fim de semana a Ricardo Schott, do Jornal do Brasil, Lobão criou mais algumas polêmicas. Com a sua sempre afiada língua, dessa vez sobrou para João Gilberto, a Bossa Nova e para o ex-Ministro da Cultura Gilberto Gil. O estilo de vida dos cariocas também não foi poupado.

Quando Schott comentou sobre a gravação feita por João Gilberto da canção “Me Chama” (de autoria de Lobão), o compositor carioca respondeu: “Na verdade ele assassinou a música, né? Cortou até o ‘nem sempre se vê lágrimas no escuro’, porque não entendeu. Tem que dessacralizar esse cara e essa coisa da bossa nova, que não passa de uma punheta que se toca de pau mole. Não tem ninguém que o João Gilberto tenha chamado mais para ir na casa dele do que eu. E eu nunca fui”.

A seguir, discorreu sobre o estilo musical criado por João Gilberto. “Bossa nova é uma língua morta, assim como essas bandas de choro e samba que existem hoje, que ficam tocando naquele lugar sujo que é a Lapa. Tem que parar com essa coisa de ficar lambendo o saco de ‘universotário’ marxista branquelo, essa coisa ‘loser’ manos, petista, que virou maioria no Brasil. Porque o Brasil é o país da culpa católica, um país em que se valorizam as pessoas feias”.

Sobre Gilberto Gil, Lobão também não deixou por menos. “O Gil, cara... isso vem, para mim, antes de ele ser ministro. Ele é falso, vem com aquele discursinho de ‘a rebimboca da parafuseta’ e não fala coisa com coisa. E ficam as pessoas falando ‘Nossa, você viu como ele é culto, como fala bem?’. O Gil não fala nada, enrola todo mundo. O Caetano é que é legal. A gente já brigou muito mas ele vai lá, fala, se defende”.

A entrevista completa pode ser lida no site do Jornal do Brasil.

16 de ago. de 2008

SHOW: JOÃO GILBERTO NO AUDITÓRIO IBIRAPUERA – SÃO PAULO – 15/08/08 (2° SHOW)

Antes de o show começar, no saguão do Auditório Ibirapuera só era possível ouvir uma única indagação: “Será que hoje ele atrasa que nem ontem?”. Bom, que nem ontem não atrasou (e, pelo menos, quando as portas do auditório se abriram, o palco, ao contrário da noite anterior, já estava montado), mas o público ainda teve que esperar uma hora exata até João Gilberto subir ao palco. Diferentemente da noite de 5ª feira, a platéia inteira se levantou para aplaudir o violonista de pé. Durante um minuto, João foi ovacionado e permaneceu de cabeça baixa. Ele se sentou na cadeira e, em seguida, se levantou. Puxou a cadeira um pouquinho para trás. Sentou-se novamente.

Quando ameaçou dar o primeiro acorde em seu violão, parou, olhou a platéia e desandou a falar. “Ontem disseram que eu cheguei atrasado porque estava jantando. Eu tenho o maior respeito por São Paulo. Jamais deixaria São Paulo para jantar. Eu nem jantei, engoli”. A platéia não sabia se ria ou ficava em silêncio. Na dúvida, aplaudiu. Em seguida, João falou sobre o grupo Titulares do Ritmo, que fez sucesso na década de 50. “Os Titulares do Ritmo estão aqui. Eles são sensacionais. Vou cantar uma música que eles cantavam”. Provavelmente fora do roteiro original, João Gilberto cantou “Dor de Cotovelo” (“Eu tenho uma dor de cotovelo por você / Eu quero lhe dizer que é a razão do meu sofrer”), canção gravada pelo grupo em 1952. Em seguida, sem nenhum motivo aparente, cantarolou a melodia de “Odeon”, de Ernesto Nazareth, e disse que a canção é “linda”.

Com “Os Pés da Cruz”, o roteiro do show começou a ser delineado de verdade. A canção foi a mesma que iniciou o show da noite anterior. Após uma interpretação perfeita, e sem o barulho dos cliques dos fotógrafos (e nem do computador sendo desligado...), João dobrou a manga de sua camisa e disse que a tinha comprado “hoje”. Em seguida, voltou a falar sobre São Paulo. “São Paulo, I love You. É o amor”. Após, (acredite se quiser!), João tocou o famoso acorde da canção de Zezé di Camargo e Luciano e cantou “É o amor...”, provocando risos na platéia. Pena que a sua interpretação para essa música tenha ficado apenas nesse verso...

Logo depois, foi a vez da rara “13 de Ouro”, também apresentada no show da noite anterior. Ao seu término, João voltou a falar sobre o atraso da noite anterior. “Disseram que eu atrasei porque estava jantando. Quando soube dessa notícia, eu vim correndo e engoli tudo”. Risos na platéia e João deu o assunto por encerrado, emendando “Wave”, “Caminhos Cruzados” e “Doralice”.
Já que não dava mais para falar sobre o atraso, João Gilberto resolveu expressar o seu amor ao Japão (país onde fará três shows em novembro). E – pasmem! – cantou uma canção absolutamente inédita, escrita por ele, em homenagem ao Japão. A letra mistura inglês, francês, japonês e português e a sua melodia é belíssima. João falou que era a primeira vez que a apresentava em público, e que gostaria de tê-la guardado até os shows no Japão, mas não resistiu. Ainda bem... Um momento histórico assim se desenhou no Auditório Ibirapuera.

Em seguida, João retornou o roteiro do show aos trilhos e mandou “Meditação” e “Preconceito”. Depois, inicia mais um diálogo com o público. “Sempre colocam água aqui, mas eu nunca bebi cantando...”, disse para em seguida ameaçar beber a água no gargalo da garrafa.

O concerto teve continuidade com “Disse Alguém”, “O Pato” (“Tão bonitinhos os patinhos”, comentou ao final da canção), “Corcovado” e “Samba do Avião”. E o próximo lugar a ser homenageado pelo violonista baiano foi o Rio de Janeiro (aonde se apresentará no próximo dia 24). “Hino Ao Sol”, “Abertura” e “O Mar”, todas da “Sinfonia do Rio de Janeiro”, composta por Tom Jobim e Billy Blanco, foram lembradas em um medley. A terceira do trio é especialmente bela: “Onde o mar, o mais velho / Habitante da areia / O mais íntimo amigo / De tanta sereia”.

Outras canções que já haviam sido apresentadas na noite de ontem (“Ligia”, “Você Já Foi à Bahia?”, “Rosa Morena”, “Morena Boca de Ouro” e “Desafinado”) deram continuidade ao show. Entretanto, algumas mudanças na ordem do roteiro podiam ser notadas, como “Chove Lá Fora”, “Da Cor do Pecado” e “Bahia com H”, que saíram do bis e fizeram parte do roteiro original da segunda noite.

Mais uma surpresa da apresentação foi a inclusão de “Ave Maria No Morro”, composição de Herivelto Martins, ausente na primeira noite. E, após “Chega de Saudade” (em todas as apresentações, esta canção sempre nos dá a nítida impressão de que, 50 anos depois, João ainda está buscando algo novo nela), foi a vez de uma singela homenagem a cidade de São Paulo. E a canção eleita – na verdade, uma poesia de Vinícius de Moraes – foi “Dobrado de Amor a São Paulo”. A sua letra (“São Paulo quatrocentos anos / E eu coitado, quatrocentos desenganos de amor / Eu daqui não saio mais, de São Paulo / Isto aqui está bom demais, em São Paulo”) emocionou até quem não era paulista.

Após, foi a vez de “Isso Aqui o Que É”, que, assim, como na noite anterior, João Gilberto omitiu o “ôô” após o “isso aqui”. Detalhes, apenas detalhes que dão mais um recheio a viagem de se assistir a um show de João Gilberto.

O violonista se levanta da cadeira, agracede ao público que, mais uma vez, o aplaude de pé. Um minuto depois retorna e ataca com “Samba de Uma Nota Só” e “Guacyra”. Dessa vez, quem ficou esperando por “Garota de Ipanema”, saiu decepcionado. Mas ninguém reclamou.

Abaixo, o roteiro do segundo show de João Gilberto em São Paulo:
1) “Dor de Cotovelo”
2) "Aos Pés da Cruz"
3) "13 de Ouro"
4) "Wave"
5) "Caminhos Cruzados"
6) "Doralice"
7) (Música inédita em homenagem ao Japão)
8) "Meditação"
9) "Preconceito"
10) "Disse Alguém"
11) "O Pato"
12) "Corcovado"
13) "Samba do Avião"
14) “Hino Ao Sol / O Mar”
15) "Lígia"
16) "Você Já Foi à Bahia"
17) "Rosa Morena"
18) "Morena Boca de Ouro"
19) "Desafinado"
20) “Chove Lá Fora”
21) "Estate"
22) “Da Cor Do Pecado”
23) “Bahia Com H”
24) "Não Vou pra Casa"
25) “Ave Maria No Morro”
26) “Pra Machucar Meu Coração”
27) "Chega de Saudade"
27) “Dobrado de Amor a São Paulo”
28) “Isso Aqui o Que É"
29) "Samba de uma Nota Só"
30) "Guacyra"


Cotação: *****

Mais informações:
Resenha do show de Nova York
Resenha do primeiro show em São Paulo

15 de ago. de 2008

SHOW: JOÃO GILBERTO NO AUDITÓRIO IBIRAPUERA – SÃO PAULO – 14/08/08 (1° SHOW)

Não bastaram os cinco anos sem um show de João Gilberto em São Paulo, e o público teve que esperar por mais uma hora e quarenta minutos além do horário para ouvir o primeiro acorde de “Aos Pés da Cruz”. Marcado inicialmente para as nove horas da noite, o palco de João Gilberto só começou a ser montado às 22h25. A equipe do técnico de som japonês Ken Kondo subiu ao palco e, em menos de quatro minutos, já estava tudo pronto: um tapete acústico, uma cadeira, um apoio para os pés, dois microfones e uma mesinha com uma garrafa d’água, um copo e uma toalha preta enrolada.

Às 22h30, a terceira companhia soou no Auditório Ibirapuera e o telão com o anúncio da companhia de telefone patrocinadora da casa desceu. Dois minutos depois, o historiador musical (e curador do projeto dos 50 anos de Bossa Nova) Zuza Homem de Mello subiu ao palco para lembrar que fazia 50 anos e 35 dias que João Gilberto tinha gravado “Chega de Saudade” nos estúdios da Odeon, bem como agradecer ao Banco patrocinador do projeto. Aí sim, às 22h35, João Gilberto (“o nosso artista maior”, nas palavras de Zuza) é finalmente anunciado. Segurando o braço do violão, ele entra timidamente no palco e sussurra: “Desculpe o atraso. Não costumo atrasar, mas cheguei ontem de Nova York e atrasei. Desculpem-me”.

A primeira canção do roteiro foi “Aos Pés da Cruz”. Tudo normal, o som muito bom, somente atrapalhado pelos cliques das máquinas de fotografia dos profissionais que cobriam o show. Até que aquele famoso barulhinho que é ouvido quando desligamos nossos computadores estronda nos alto-falantes. O público fica tenso, mas João (parece que) nem reparou. A canção seguinte é uma surpresa. Inédita na voz de João, “13 de Ouro”, de Herivelto Martins e Marino Pinto, deu um gostinho na platéia do tipo ‘bem que poderia sair o CD desse show...’.

“Wave” e “Caminhos Cruzados”, duas pérolas absolutas de Tom Jobim, deram continuidade ao show, para, em seguida, João falar confusamente e agradecer a Henry Maksoud, dono da famosa cadeia de hotéis. A varanda do hotel foi tão elogiada que João parou de falar e começou a bater palmas. Após, disse que somente o progresso é capaz de fazer com que coisas como essa varanda sejam construídas. Ninguém na platéia entendeu direito, mas omo era João falando, muita gente aplaudiu.

Três canções que sempre estão presentes nos shows do violonista baiano deram continuidade ao show: “Doralice”, “Meditação” e “Preconceito”. Em seguida, uma surpresa efusivamente aplaudida. “Disse Alguém”, versão que Haroldo Barbosa fez para “All Of Me” (Seymour Simons e Gerald Marks), raramente é apresentada ao vivo por João e, realmente foi um momento mágico do concerto.

Com a platéia na mão, João emendou “O Pato”. Impressionante notar como absolutamente todas as versões de João Gilberto (seja a de estúdio, as inúmeras ao vivo, ou as apresentadas em seus shows) para essa música são diferentes. Uma canção aparentemente simples e que é sempre desconstruída por João, seja na mudança do andamento musical, seja na mudança da entonação de alguma sílaba da letra. Coisas que só mesmo um gênio é capaz de fazer.

Em seguida, Tom Jobim é relembrado novamente em “Corcovado”, “Samba do Avião” (com a palavra “aterrar” substituída por “chegar”, como já havia sido feito no show do Carnegie Hall, em Nova York, em junho passado) e “Ligia” (que teve, mais uma vez, o seu nome excluído da letra da canção). Nessa música, que talvez tenha sido a mais aplaudida da noite, era visível a alegria de João Gilberto ao tocá-la. A dramaticidade da letra transformou-se em alegria e, em alguns momentos, era possível notar João Gilberto dando um sorriso maroto.

Mas se o maestro Jobim teve seu espaço no show, João também não deixou de pagar tributo a outro de seus grandes mestres. Dorival Caymmi foi lembrado com mais dois clássicos de seu repertório, “Você Já Foi à Bahia?” (outro momento da noite que pôde ser chamado de mágico) e “Rosa Morena”. E, claro, Ary Barroso também foi lembrado, com a sua brilhante “Morena Boca de Ouro”, em uma versão curtíssima.

Aliás, curioso notar que, diferentemente dos shows que fazia no início dessa década, João primou pela economia. Quem teve a oportunidade de assistir ao concerto que ele fez em São Paulo no extinto Tom Brasil da Vila Olímpia, no ano 2000 – durante o qual ele repetia incansavelmente as letras das canções –, com certeza se lembra da versão de 12 minutos de duração para “Saudosa Maloca”. Ou então de “Bolinha de Papel”, que tinha a sua letra repetida, no mínimo, seis vezes. Mas, dessa vez, as canções não duraram mais do que dois minutos e meio. João limitou-se a cantar somente uma vez a letra de cada música.

“Desafinado”, no entanto, foi uma exceção. João Gilberto repetiu a sua letra duas vezes. E o público não se importaria se ele a repetisse quinze vezes, sempre em busca da versão perfeita. A italiana “Estate” deu continuidade ao show, sendo certo que esta foi a única canção do roteiro cantada em língua estrangeira. “Não Vou Pra Casa” foi a deixa para que o público notasse que o espetáculo estava chegando ao fim. E, após “Chega de Saudade” e “Isso Aqui o Que É”, João se levantou com o seu violão e foi embora.

Foram 20 canções em 57 minutos de show. Lógico que, no caso de João, o tempo não tem importância, mas o público queria mais. E menos de um minuto depois, João retornou ao palco. O bis fez relembrar os antológicos shows da turnê “Paratodos”, de Chico Buarque, quando ninguém sabia a que horas ia para casa.

Pensando bem, o bis de João Gilberto nem pode ser chamado de bis. Foram nove canções em mais 30 minutos de show. Praticamente um novo show... E a primeira apresentada é logo uma surpresa. “Chove Lá Fora” é uma verdadeira raridade na voz de João Gilberto. E a canção ainda foi repetida após o elogio de João ao seu autor Tito Madi. Em seguida, foi a vez de o baiano rasgar seda para outro compositor. Sérgio Ricardo (chamado por João de ‘anjo’) foi lembrado com “O Nosso Olhar”, outra que, provavelmente, João nunca tinha cantado em público (favor me corrijam se eu estiver errado).

Outro amigo de João foi homenageado em seguida. A frase “Denis Brean, meu amigo que já foi pro céu” foi a introdução de “Bahia com H”, uma das músicas mais bonitas do cancioneiro brasileiro (“Ah! Já disse um poeta / Que terra mais linda não há / Isso é velho e do tempo que a gente escrevia Bahía com H”). Nesse momento, João falou que conheceu Brean nos estúdios da TV Excelsior. Foi correndo até ele e disse que achava linda a música. A resposta foi curta e grossa: “Nunca fui à Bahia”. João Gilberto falou no show que Brean tinha medo de viajar. Canção devidamente repetida após os comentários e João Gilberto finalizou enfático: “Denis Brean é paulista de Campinas”.

Muito falante, João continuou o papo com a platéia e, dessa vez, resolveu elogiar o seu médico de voz. “Quando se perde a voz, o problema não é só cantar. A gente não consegue nem fazer ‘hum’. Se perguntarem se o filme foi bom, não dá para responder ‘hum hum’”. Risos da platéia e João emenda com outro clássico de seu repertório. “Da Cor do Pecado” foi composta por Bororó, mas, na verdade, já foi devidamente apropriada por João há décadas. E Bororó certamente está orgulhoso.

“Retrato Em Branco e Preto” e “Samba de Uma Nota Só” relembraram Tom Jobim mais uma vez, e “Guacyra”, com a sua letra falando em despedida (“Eu vou-me embora / Mas eu volto outro dia / Virgem Maria / Tudo há de permitir / E se ele não quiser / Eu vou morrer cheio de fé”) fez o público imaginar que seria o fecho de ouro do espetáculo. Mas João ainda pescou mais outra preciosidade do fundo de seu baú. “Pra Machucar Meu Coração” foi outro momento marcante da noite, e o encerramento com “Garota de Ipanema” fez todo mundo do Auditório Ibirapuera imaginar que aquilo que estava acontecendo era apenas uma sonho.

E era sonho de verdade.

Abaixo, o roteiro do primeiro show de João Gilberto em São Paulo:
1) "Aos Pés da Cruz"
2) "13 de Ouro"
3) "Wave"
4) "Caminhos Cruzados"
5) "Doralice"
6) "Meditação"
7) "Preconceito"
8) "Disse Alguém"
9) "O Pato"
10) "Corcovado"
11) "Samba do Avião"
12) "Lígia"
13) "Você Já Foi à Bahia"
14) "Rosa Morena"
15) "Morena Boca de Ouro"
16) "Desafinado"
17) "Estate"
18) "Não Vou pra Casa"
19) "Chega de Saudade"
20) “Isso Aqui o que É"
21) "Chove Lá Fora"
22) "O Nosso Olhar"
23) "Bahia com H"
24) "Da Cor do Pecado"
25) "Retrato em Branco e Preto"
26) "Samba de uma Nota Só"
27) "Guacyra"
28) "Pra Machucar Meu Coração"
29) "Garota de Ipanema"


Cotação: *****

Mais informações:
Resenha do show de Nova York
Resenha do segundo show em São Paulo

6 de jul. de 2008

SHOW: JOÃO GILBERTO NO CARNEGIE HALL – UMA NOITE DE ENCANTO E ORGULHO

Os pesquisadores sobre determinado assunto costumam ter um certo fetiche por datas. Com relação à Bossa Nova, gênero musical que revolucionou a Música Popular Brasileira no final dos anos 50, não poderia ser diferente. E já que muitos entendidos no assunto, apesar de muitas controvérsias, resolveram estipular o ano de 1958 como marco zero da Bossa Nova – foi nesse ano que Elizete Cardoso lançou o álbum “Canção do Amor Demais”, que tinha duas faixas com o violão de João Gilberto, inclusive a seminal “Chega de Saudade” –, estamos aqui, em 2008, comemorando os 50 anos desse gênero musical que faz tanto sucesso nos quatro cantos do planeta.

E faz tanto sucesso, que no domingo, dia 22/06, João Gilberto lotou o mítico Carnegie Hall (foto acima), em Nova York, para um show em que o público – na maior parte, norte-americano – comungou durante uma hora e cinqüenta e cinco minutos ao som de grandes clássicos do cancioneiro brasileiro (incluindo, obviamente, as canções que fizeram a história da Bossa Nova) juntamente com o seu criador.

Apesar de muita gente ter duvidado de que João Gilberto iria mesmo subir ao palco do Carnegie Hall, com apenas cinco minutos de atraso, o violonista foi ovacionado de pé pelo público por mais três minutos. A primeira canção, “Doralice”, foi uma pequena introdução que mais serviu para que o som (questão sempre problemática nos shows de João) fosse ajustado. No início da canção, quase nada se ouvia do que saía do palco. Assim, em “Chega de Saudade”, a segunda do roteiro, o som já estava bem melhor. Mas mesmo assim, era impossível se mexer nas poltronas do imponente teatro sem que o rangido das mesmas não atrapalhasse o espetáculo.

Mas João Gilberto estava, definitivamente, em uma ótima noite. Outras canções se seguiram (como “Corcovado”, “O Pato”, “Aos Pés Da Cruz”, “Caminhos Cruzados”, “Samba De Uma Nota Só”, “Estate”) até que João reclamou de “um ventinho na cabeça” que o estava deixando “um pouco afônico”. Como a reclamação foi em português, a platéia não entendeu o que estava realmente ocorrendo, mas mesmo assim ficou apreensiva com receio de algum rompante mais imprevisível de João Gilberto.

Como costuma fazer em seus shows, João mesclou canções da Bossa Nova (mais especificamente de Tom e Vinícius) com sambas antigos de Ary Barroso (“Morena Boca de Ouro”), Dorival Caymmi (“Você Já Foi à Bahia?”) e Haroldo Barbosa (“De Conversa Em Conversa”) e sambas-canções de Marino Pinto (“Aos Pés Da Cruz”) e novamente Ary Barroso (na comovente “Pra Machucar Meu Coração”). Duas canções em língua estrangeira também estiveram presentes no roteiro: “Eclipse”, em espanhol, e a italiana “Estate”.

Mas como não poderia deixar de ser, o show, cujo título era “50 Years Of Bossa Nova”, ficou mesmo centrado nas canções de Antonio Carlos Jobim, Vinícius de Moraes e Newton Mendonça. Grande parte das emblemáticas canções da Bossa Nova, como “Chega de Saudade”, “Corcovado”, “Desafinado” (a última do roteiro antes do bis) e “Garota de Ipanema”, foi interpretada por João Gilberto. O público, claro, não se mexia na cadeira e absorvia cada verso e cada batida de violão, como em um verdadeiro concerto de música clássica. Outras canções de Tom, como “Lígia”, “Samba do Avião”, “Este Seu Olhar” e “Wave” também foram executadas. Em algumas delas, João operou pequenas modificações, ora no andamento (em “Chega de Saudade”, chegou até a dar a impressão de que ele queria que o público cantasse com ele), ora nas letras (em “Lígia”, o nome da musa inspiradora não foi citado, e em “Samba do Avião”, o verbo “aterrar”, que às vezes é trocado por “pousar”, foi modificado novamente, dessa vez para “chegar”).

Já no bis, João Gilberto surpreendeu o público ao pedir licença para apresentar uma música que ele gostava muito de cantar quando era criança. Tratava-se da versão em português que João de Barro fez para o clássico norte-americano “God Bless America”, de Irving Berlin. A beleza da letra e da melodia emocionou tanto a brasileiros como a norte-americanos: “Deus salve a América / Terra de amor / Verdes mares / Florestas / Lindos campos cobertos de flor / Berço amigo / Da bonança / Da esperança / Do altar / Deus salve a América / Meu lar, meu lar”. A segunda canção do bis, e que encerrou o espetáculo, não poderia ser outra que não “Garota de Ipanema”. O público ainda tentou insistir que João voltasse ao palco, mas o anúncio de encerramento pelos alto falantes acabaram com a esperança.

Foram quase duas horas de um grande ritual. Se João cantasse por mais outras duas horas, com certeza ninguém iria reclamar. Até mesmo porque alguns clássicos de seu repertório, como “Isto Aqui o Que É?”, “Pra Que Discutir Com Madame?”, “Meditação”, “Bolinha de Papel” e “Aquarela do Brasil” acabaram ficando de fora.

Entre agosto e setembro, João Gilberto vai se apresentar no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Será uma grande oportunidade para os fãs brasileiros chegarem a mesma conclusão (cantada por Caetano Veloso na canção “Pra Ninguém”) dos norte-americanos que lotaram o Carnegie Hall: “melhor do que o silêncio só João”.

Abaixo, segue o roteiro completo do show apresentado por João Gilberto no Carnegie Hall:
1) “Doralice”
2) “Chega de Saudade”
3) “Corcovado”
4) “Morena Boca de Ouro”
5) “Preconceito”
6) “O Pato”
7) “Aos Pés da Cruz”
8) “Caminhos Cruzados”
9) “Samba de Uma Nota Só”
10) “Estate”
11) “Wave”
12) “Você Já Foi à Bahia?”
13) “Eclipse”
14) “Pra Machucar Meu Coração”
15) “Brigas, Nunca Mais”
16) “Bahia com H”
17) “Rosa Morena”
18) “Ligia”
19) “Este Seu Olhar”
20) “Samba do Avião”
21) “De Conversa em Conversa”
22) “Desafinado”
23) “Deus Salve a América” (“God Bless America”)
24) “Garota de Ipanema”


Cotação: *****


4 de jul. de 2008

RÁPIDAS – ROCK IN RIO, JOÃO GILBERTO, O RAPPA, SHERYL CROW, BEYONCE, ROSKIELD, RENATO RUSSO

Roberto Medina pretende trazer o festival Rock In Rio novamente ao Brasil. Mas dessa vez em... São Paulo. O evento poderá ocorrer já no ano de 2010 no Parque Villa-Lobos, mesmo local onde foi apresentado o Cirque du Soleil. Medina afirma que já tem um forte grupo empresarial paulistano interessado em patrocinar o Rock In Rio – São Paulo.

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Foram divulgadas as datas de início das vendas para os shows de João Gilberto em São Paulo. As vendas para os shows dos dias 14 e 15 de agosto, começam no dia 05 de agosto, pelo site da Ticketmaster. O encontro de Caetano Veloso e Roberto Carlos, no Rio de Janeiro (também no dia 15 de agosto) terá os ingressos vendidos a partir do mesmo dia 05 de agosto, só que pelo site da Ticketronics. Já os ingressos para o show de Caetano e Roberto em São Paulo começam a ser vendidos dia 14 de agosto, mas o site de vendas ainda não foi divulgado. Quanto aos ingressos para o show de João Gilberto no Rio de Janeiro, ainda não foram disponibilizadas maiores informações.

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O novo CD do Rappa será lançado em agosto. O título do álbum ainda não foi revelado, mas o primeiro single, “Monstro invisível” já começa a tocar nas rádios na próxima 3ª feira.

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A cantora Sheryl Crow anunciou que vai lançar no final do ano, um disco com canções natalinas. O álbum fará parte da série da gráfica Hallmark que, a cada ano, lança um CD de Natal interpretado por algum artista. James Taylor, Barry Manilow e George Strait foram os cantores que já emprestaram suas vozes para os clássicos de Natal da Hallmark.

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A cantora Beyonce receberá 500 mil libras por um show. A apresentação será no festival de música da ilha de Bermuda. O cachê será de 250 mil libras, e a outra metade do valor total servirá para cobrir as despesas da artista. Além de Beyonce, Alicia Keys e UB40 participarão do festival.

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O festival de Roskield, na Dinamarca, dará a sua largada hoje. Para a edição desse ano, estão prometidos os shows de Radiohead, Neil Young, Judas Priest, Slayer, Chemical Brothers e Jay-Z. Os brasileiros Orquestra Imperial e Spokfrevo Orquestra também se apresentarão no festival, que acontece entre hoje e domingo.

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No dia 13 de julho, chegará às lojas o álbum “O Trovador Solitário” (capa abaixo). O disco traz registros solo de Renato Russo para futuros sucessos da Legião Urbana, como “Faroeste caboclo”, “Eduardo e Mônica”, “Que País É Este?” e “Eu Sei”.

15 de jun. de 2008

RÁPIDAS

O Cansei de Ser Sexy explicou o título de seu próximo álbum, “Donkey”, que será lançado no dia 21 de julho. A banda disse que a escolha do nome é uma referência a seu antigo empresário, que os obrigou a fazer uma turnê. “É uma expressão brasileira... Tipo ‘você é um idiota’. Tipo ‘nós temos um novo empresário, não somos mais idiotas’”, disse Adriano Cintra ao Observer. Após o término da última turnê do CSS, a banda brigou com o seu empresário e constituiu outros.

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A banda Pearl Jam fechou a segunda noite do festival de Bonnaroo de um modo bastante diferente. Ao invés de tocar os seus grandes sucessos, como fazem as bandas que costumam se apresentar em festivais, o Pearl Jam aproveitou para mostrar raridades, lados B e versões para canções de outros artistas. Por exemplo, a primeira música do roteiro foi “Hard to Imagine”, uma balada que a banda praticamente não apresenta ao vivo. “W.M.A.” (vídeo abaixo) foi outra raridade do repertório, e que não era executada pela banda havia 13 anos. O Pearl Jam ainda apresentou dois covers: “Love Reign O’er Me” (The Who) e “All Along the Watchtower” (Bob Dylan). Vedder – que havia participado do show de Jack Johnson, na mesma noite, durante a canção “Constellations” —, como de costume, falou bastante de política, sobretudo a questão do aumento da gasolina, desde que George Bush foi eleito presidente dos Estados Unidos. E como não poderia deixar de ser, a banda também aproveitou para apresentar alguns sucessos, como “Black”, “Even Flow”, “Betterman” e “Corduroy”.

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Depois de lançar, com grande sucesso, o CD e DVD “Amigo é Casa”, as cantoras Simone e Zélia Duncan vão fazer uma pequena turnê nacional. Os cariocas terão a oportunidade de ver o bom show das cantoras entre os dias 01º e 03 de agosto, no Canecão. Os ingressos já estão a venda, com valores de R$ 20,00 a R$ 120,00.

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A edição do New York Times de hoje dedicou uma grande reportagem a João Gilberto. O jornal falou sobre os 50 anos da bossa-nova e, principalmente, sobre a questão judicial que impede o lançamento dos três primeiros discos de João Gilberto – “Chega de Saudade”, “O Amor, o Sorriso e a Flor” e “João Gilberto” – em CD. Pelo que se pode concluir da reportagem, o problema, infelizmente, está muito longe de ser resolvido. E, dessa forma, as pessoas ficam impossibilitadas de adquirir três dos discos mais importantes da história da música mundial. João Gilberto fará show em Nova York, no próximo domingo, no Carnegie Hall.

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Paul McCartney fez um show na noite de ontem para um dos maiores públicos de sua carreira. Trezentas e cinqüenta mil pessoas foram assistir ao show do ex-Beatle, em Kiev, capital da Ucrânia. O concerto foi o maior da história do país, apesar da tempestade que caiu durante o show, que foi televisionado para toda a Ucrânia. No roteiro da apresentação, velhos sucessos como “Back In The USSR”, “Drive My Car”, “Penny Lane”, “Hey Jude”, “Let It Be” e “Live And Let Die” (vídeo abaixo). Artistas como Elton John e Rolling Stones já haviam se apresentado antes em Kiev, mas com públicos menores que o de McCartney.



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A banda punk Sex Pistols encerrou ontem a segunda noite do festival Isle Of Wight. Durante o show, Lydon, como de costume, ameaçou matar o público, chamou a banda The Police de ‘cuzão’, bebeu licor na garrafa e homenageou o cantor Iggy Pop (com uma versão da canção “No Fun”) e o jogador de futebol Paul Gascoigne. A apresentação durou uma hora e meia, durante a qual a banda tocou sucessos como “God Save The Queen”, “Anarchy In The UK” e “Pretty Vacant”, que começou de forma mais pop e terminou como a versão original (vídeo abaixo). A edição 2008 do festival de Isle Of Wight termina hoje, com shows de bandas como Starsailor, The Kooks e The Police.



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Chester Bennington, líder do Linkin Park desmentiu os boatos de que estaria indo para o Velvet Revolver. “Sou amigo de todos os caras do Velvet Revolver e toquei com todos eles antes. Eu também sou amigo do Scott Weiland [vocalista que foi expulso da banda]. Eu acho que esse boato aconteceu porque o Slash me perguntou se eu poderia participar de um show deles em Las Vegas, no mesmo momento em que Scott saiu da banda. Algumas pessoas acharam que esse convite significava que eu estava deixando o Linkin Park”, disse Bennington em entrevista à revista Kerrang!.

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A banda The Offspring mostrou três novas canções que farão parte de seu próximo álbum, “Rise And Fall, Rage And Grace”, durante show na noite de ontem, no festival Download. As canções, que se chamam “Hammerhead”, “You’re Gonna Go Far Kid” e “Half Truism”, foram misturadas a velhos sucessos, como “Hit That”, “The Kids Aren’t Alright” e “Self Esteem”, em um repertório de 20 músicas. Abaixo, um podcast que a banda fez momentos antes do show, para a revista Kerrang!.