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17 de ago. de 2011

Elba 60 e Ed 40; remixes do Depeche Mode; Bowie aposentado (?!?); o doc dos Smiths; as novidades da Lady Gaga e do Pearl Jam; e o pior clipe de 2011.



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Agora sim está tudo em seu devido lugar. Perdão pela ausência de ontem. O dia foi corridíssimo. Tive um bate-papo super agradável com o pessoal da Saraiva – um abração a todos! – e, depois, a terceira noite do ciclo de sinfonias de Beethoven, no Theatro Municipal daqui do Rio, com a Orquestra Sinfônica Brasileira e o regente Lorin Maazel, ex-diretor artístico da Filarmônica de Nova York, e que vai comandar a Filarmônica de Munique em breve. O ciclo ainda vai ter mais três apresentações, nas noites de quinta e de sábado, e na tarde de domingo. Se alguém conseguir ingresso, vale muito à pena.

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Então vamos começar pelos aniversários de Hoje. Elba Ramalho completa 60 anos. Não é brincadeira não. A cantora de Conceição da Paraíba está super em forma. O seu último trabalho foi “Marco Zero – Ao vivo” (2010), uma retrospectiva dos seus 30 anos de carreira. Enquanto ela não aparece com nada inédito por aí, vamos relembrar um de seus principais sucessos, ao vivo no Rock in Rio II, em 1991, no estádio do Maracanã. Quem estava lá??



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Quem também comemora data redonda hoje é Ed Motta, que sopra 40 velinhas. Tem gente que acha o Ed Motta meio mala. Eu o considero superdivertido. Especialmente quando ele grava álbuns sensacionais, como “Entre e ouça!” (1992)e “Manual prático para festas, bailes e afins - Vol. 1" (1997), ou então quando resolve disparar a sua metralhadora giratória, especialmente no Facebook, depois de entornar uns Pera-Mancas ou uns Barca Velhas... A coincidência é que Ed Motta também cantou no Rock in Rio II, na mesma noite de Elba Ramalho, 25 de janeiro de 1991. Vamos relembrar??



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Quem matou a Norma, hein?? Aposto na Jandira, e você??

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Em 17 de agosto de 1959 era lançado um dos álbuns mais importantes da história do jazz. “Kind of blue” é considerado a obra-prima de Miles Davis, e o disco mais vendido de jazz em todos os tempos. O sexteto que acompanha Miles é, no mínimo, inacreditável. Olha só: Julian “Cannonball” Adderley (sax alto), John Coltrane (sax tenor), Bill Evans e Wynton Kelly (piano), Paul Chambers (baixo) e Jimmy Cobb (bateria). Tá bom pra você?? Achei um mini-documentário interessantíssimo no YouTube, sobre a gravação do disco, que vale a pena dar uma olhada:



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Hoje faz dez anos que Frejat lançou o seu primeiro álbum solo, “Amor pra recomeçar”. Um bom disco, diga-se. Pena que Frejat não tenha mantido a pegada em seus trabalhos posteriores. Além da faixa-título, o álbum contou com um outro grande sucesso, “Segredos”, que ainda ganhou um dos videoclipes mais bacanas já produzidos no país.



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Eu sou um cara que não ligo muito para remixes. Acho que tal processo tira muito da naturalidade da música. Abro poucas exceções para ouvir remixes. Atualmente, tenho curtido muito os do álbum “The king of limbs”, do Radiohead. Mas o Depeche Mode ainda é insuperável nesse quesito. Alguns remixes conseguem ser até superiores do que as gravações originais. Em 2004, a banda lançou “Remixes 81...04”, um CD triplo com 37 remixes de clássicos como “Just can’t get enough” e “Personal Jesus”. Agora é a vez de “Remixes 2: 81-11”, mais um CD triplo, com outros 37 remixes. Essa segunda leva está bem aquém da anterior, mas, mesmo assim, ainda vale para quem é fã da banda ou curte remixes. Destaco o trabalho de Eric Pryds em “Never let me down again” (abaixo) e o de Peter, Bjorn and John para “Fragile tension”. Aqui no Brasil saiu apenas uma versão simples com algumas faixas selecionadas.



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A péssima notícia do dia foi a suposta aposentadoria de David Bowie. Segundo o seu biógrafo Paul Trynka, o cantor, que não lança nada inédito desde “Reality”, de 2003, só voltaria a gravar algo se “causasse abalos sísmicos”. “Meu coração diz que ele voltará. Mas minha cabeça diz que isso é improvável. Seria um milagre se ele voltasse, mas milagres podem acontecer”, afirmou Trynka.
É uma nota triste mesmo. Desde que surgiu, no final dos anos 60, David Bowie é um dos artistas mais originais que existe. Acho que o seu maior mérito é arriscar. Ele sempre atira em diversas direções e, em 99% dos casos, acerta o alvo. Tive a chance de ver David Bowie ao vivo duas vezes. A primeira na Apoteose, em 1990, quando ele estava divulgando a sua coletânea “Sound + vision” (1989). Foi um show inesquecível (mais aqui). Não deu tempo de respirar. Pedrada do início (com o seu primeiro hit, “Space oddity”) ao fim, que teve uma versão avassaladora de “Gloria”, aquela do Van Morrison. Depois, acho que em 1998, não tenho certeza, vi um show da “Earthling tour”. O Metropolitan estava bem vazio, e Bowie não quis saber muito de cantar os velhos sucessos – uma das poucas exceções foi “Under pressure”. Mesmo assim, acho que o show foi muito bom.
E do jeito que anda a música hoje, ele nem precisaria causar abalos sísmicos. Bastaria gravar um novo álbum.
Eu ainda tenho esperanças.

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DROPS:










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Vamos ver as novidades de vídeos que temos por hoje:

Vai um trechinho do novo documentário do The Smiths, elaborado para o relançamento da coletânea “The best of” da banda?



“Yoü and I”, novo videoclipe da Lady Gaga:



Versão fantástica do Pearl Jam para “Crown of thorns”, do Mother Love Bone, e que estará na trilha sonora do documentário “Pearl Jam twenty”, dirigido por Cameron Crowe:



O Red Hot Chili Peppers também liberou o seu novo videoclipe, o bacanérrimo “The adventures of Rain Dance Maggie”. Olha só (se ainda não tiverem retirado do YouTube...):



Flea e companhia também mandaram mais duas músicas inéditas em um show no Japão, realizado nesse fim de semana. Os títulos são “Factory of faith” e “Ethiopia”:





Em um show na Califórnia, realizado na semana passada, o Green Day apresentou nada menos do que 15 músicas inéditas, incluindo “Amy”, tributo à cantora inglesa recém-falecida:



Snow Patrol lança o clipe “Called out in the dark:



“Meu álbum solo é ‘amazing’”, do modesto Noel Gallagher. Quer ver??



“Brittle heart”, novo vídeo do Brett Andreson:



Nossa, quanto videoclipe hoje!! Esse aqui é o novo do The Kooks, “Is it me”:



Kanye West participa de show do Prince no Swedish Festival:



A Chapel Hill Chorus Community cantando “Everyboy hurts”, do R.E.M.:



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Para finalizar, seria esse o pior videoclipe de 2011??


26 de set. de 2010

Resenhando: Zeca Baleiro, Band Of Horses, Gaslight Anthem, Jónsi, RPA & The United Nations Of Sound

“Concerto” / “Trilhas”– Zeca Baleiro
Como já havia feito anteriormente, em seu “O coração do homem bomba” (2008), Zeca Baleiro chega às lojas em dose dupla. Estreando o seu selo Saravá Discos, o compositor maranhense lançou, na semana passada, “Concerto” e “Trilhas – Música para cinema e dança”, álbuns com conceitos tão diferentes, mas que não deixam de ser complementares. “Concerto” é uma espécie de show acústico (só os violões de Zeca, Swami Jr e Tuco Marcondes, além de Evaldo Moura, nos “efeitos e texturas”, como diz o encarte), mas com um repertório bem diferenciado. Ao invés de velhos sucessos, Zeca optou por inéditas e covers, que foram escolhidas pelo público através de votação no site do artista. Dentre as inéditas, se destacam “A depender de mim” (na qual Zeca destila a sua típica ironia: “A depender de mim / Os psicanalistas estão fritos / Eu mesmo é que resolvo os meus conflitos / Com aspirina, amor ou com cachaça”) e “Canção pra ninar um neguim”, escrita no ano de 1993 (mas só gravada agora), em homenagem a Michael Jackson. Dentre as regravações, vale citar “Eu não matei Joana d’Arc” (do Camisa de Vênus) e “Autonomia” (Cartola). Já “Trilhas” é um CD essencialmente autoral. Das 12 faixas, apenas “Cunhataiporã” (Geraldo Espíndola) não foi assinada por Baleiro. As outras 11, apesar de terem sido compostas para espetáculos distintos, soam herméticas, fazendo de “Trilhas” um “álbum de carreira de verdade” e não uma “mera coletânea”. “Carmo” (composta para o filme “Carmo”) é uma das letras mais fortes de Baleiro, enquanto a sonoridade resvala em um delicioso pop adornado pelo violoncelo de Jonas Moncaio. Já “Quem não samba chora” (do espetáculo “Geraldas e Avencas”) e “Samba do balacobaco” (do espetáculo “Cubo”) são duas das composições mais divertidas de Baleiro. Para o fã, a dificuldade mesmo será escolher qual é o melhor: “Concerto” ou “Trilhas”?

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“Infinite arms” – Band Of Horses
Formada em Seattle, berço do grunge, no ano de 2094, a Band Of Horses chega agora ao seu terceiro álbum, “Infinite arms”. Os dois primeiros – “Everything all the time” (2006) e “Cease to Begin (2007) –, apesar de não terem acontecido, fizeram com que a banda ganhasse um merecido respeito. Ambos foram lançados pelo selo Sub Pop, o mesmo que lançou o Nirvana. “Infinite arms”, por sua vez, saiu por uma grande gravadora (a Columbia), e, por conta disso, algumas mudanças já são mais perceptíveis. Não que tenham sido para pior, mas é possível notar que o som do Band Of Horses ficou um pouquinho mais comercial. Mas não foi só isso que definiu a mudança de sonoridade. O conjunto passou por algumas mudanças em sua formação, sendo que a mais sensível foi a saída de Matt Brooke, um de seus principais compositores. “Infinite dreams” é, essencialmente, um conjunto de músicas que mistura um rock com cores épicas a uma pitada de folk, além de harmonias viajantes, bem parecidas com as do Fleet Foxes. Não dá para dizer que o som seja lá muito original. Mas algumas canções se deram bem nessa misturada toda, como a pra lá de pop “Laredo”, a legalzinha “Dilly” (com um gostinho de Beach Boys, tanto na melodia marcante, como nos backing vocals) e “For Annabelle”, uma canção que deixaria uma dupla como Simon & Garfunkel bem (mais bem mesmo) orgulhosa. Vale a pena dar uma escutada.

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“American slang” – Gaslight Anthem
Assim como o Band Of Horses, o Gaslight Anthem também chega ao seu terceiro álbum. “American slang” (lançado apenas lá fora) sucede a “Sink or swim” (2007) e “The ‘59 sound” (2008), e, assim como “Infinite dreams” (do Band Of Horses) marca uma mudança (ainda que não tão visível) de sonoridade na banda de Brian Fallon. O estilo mais puxado para o punk ficou um pouco de lado para dar lugar a um rock mais tradicional, no melhor estilo... hum... Bruce Springsteen, não por acaso, um dos heróis de Fallon. Se as rapidinhas “Stay lucky” e “Boxer” ainda fazem lembrar o som do Gaslight Anthem nos álbuns anteriores, o que predomina mesmo é uma sonoridade, digamos, mais madura (odeio essa palavra), como na faixa “Old haunts” e na deliciosa “The diamond church street choir”. “The queen of lower Chelsea” é mais lenta e cheia de guitarra slide. Mas a melhor mesmo é a faixa-título, na qual o Gaslight Anthem consegue aliar, sem esbarrar nos clichês, um pop-rock chiclete e viciante, com uma letra bacana pacas. Se você fechar os olhos, dá até para imaginar Bruce Springsteen cantando a música. “American slang” não vai salvar o rock. Mas a verdade é que, na atual era da “melhor banda de todos os tempos da última semana”, o Gaslight Anthem faz música de qualidade – e divertida. Bem diferente de 95% do que tem surgido por aí na hypação das NMEs e afins.

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“Go” – Jónsi
Os fãs do Sigur Rós não precisam reclamar do hiato anunciado pela banda no início do ano. Isso porque Jónsi, o seu vocalista e principal letrista, lançou um álbum solo. E “Go” já merece duas observações de cara: 1) é bem parecido com os trabalhos anteriores do Sigur Rós e; 2) consegue ser melhor do que eles. As rebuscadas texturas sonoras do Sigur Rós estão em “Go”. Tudo bem, talvez elas estejam um pouquinho mais pesadas. Mas quer saber? Ficou melhor assim. O último álbum da banda islandesa, o bom “Með suð í eyrum við spilum endalaust” (2008), em alguns momentos soou megalomaníaco demais, com o uso de grandes orquestras e tal. “Go” é mais discreto, mais elegante, enfim, mais agradável de ouvir. A faixa de abertura, “Go do”, com o típico falsete da voz de Jónsi, é uma de suas melhores músicas. Mesmo com todas aquelas texturas sonoras típicas do Sigur Rós, “Go do” soa muito mais hermética. Como se tivesse sido mais bem acabada. A rapidinha “Animal arithmetic” diverte, enquanto “Singing friendships”, com o seu belo arranjo vocal envolto a uma sonoridade quase etérea é um dos momentos mais brilhantes do álbum. “Grow till tall” segue o mesmo estilo, dando até para imaginar um bando de anjinhos descansando em cima de felpudas nuvens imaginárias. Se você achou tudo isso um pouco difícil demais para os seus ouvidos, coloque para tocar “Boy lilikoy”, um pop bem doce que dificilmente vai sair da sua cabeça por umas 24 horas. E, ao final das nove faixas, a certeza que fica é que o Sigur Rós nem faz tanta falta assim.

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“RPA & The United Nations Of Sound” – RPA & The United Nations Of Sound
Se você está precisando de uma dica de um álbum bem chato, anota aí: o trabalho de estreia do RPA & The United Nations Of Sound. O tal RPA significa Richard Paul Ashcroft, ex-cabeça do The Verve (uma das bandas mais importantes do britpop, ao lado do Oasis e do Blur), e que escreveu “Bittersweet symphony”, uma das músicas pop mais belas de todos os tempos. Já a tal United Nations Of Sound é a banda que acompanha Ashcroft. Ou seja, ele desfez o The Verve para seguir uma carreira solo meio que disfarçada. E, a julgar por esse primeiro álbum, certamente, ele deve estar bem arrependido. São 12 faixas que não dizem muita coisa. A sonoridade delas é bem diversificada. E, decididamente, não formaram um conjunto – ou um álbum, se preferir. O abuso de elementos eletrônicos é outro ponto que deixou o álbum bem cansativo. Por que explodir o Verve para gravar coisas como a enjoada “Born again”, que mais parece uma música nova do Bon Jovi? Por que explodir o Verve para gravar “Life can be so beautiful”, certamente, a letra mais constrangedora do ano? Por que explodir o Verve para gravar “Beatitudes”, que mais parece Britney Spears tentando fazer rock? Tudo bem, “Good lovin’” (no melhor estilo The Verve) e “Glory” se salvam. Mas desconfio que já seja tarde demais. Tomara que Liam e Noel Gallagher, em seus novos projetos, não façam nada parecido.

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Abaixo, a canção “Laredo”, da Band Of Horses, gravada ao vivo no programa de David Letterman.

23 de set. de 2008

“RIO”, DO DURAN DURAN, É ELEITO MELHOR VIDEOCLIPE DA MTV BRITÂNICA



Mais uma listinha publicada para causar bastante polêmica... A MTV britânica realizou uma pesquisa junto aos seus telespectadores para eleger o melhor videoclipe da história.

E em primeiro lugar ficou a banda Duran Duran, com o clipe da música “Rio” (acima), de 1982. O vídeo, que pode ser visto logo acima, foi dirigido por Russell Mulcahy, em maio de 1982.

Outros artistas como A-HA, Michael Jackson, Nirvana e Radiohead também ficaram entre os dez mais.

Abaixo, a classificação:
1) Duran Duran – “Rio”
2) Bjork – “All Is Full Of Love”
3) A-HA – “Take On Me”
4) Michael Jackson – “Thriller”
5) Nirvana – “Smells Like Teen Spirit”
6) Sigur Rós – “Svefn-g-Englar”
7) Radiohead – “Just”
8) Jamiroquai – “Virtual Insanity”
9) Madonna – “Like A Prayer”
10) Ok Go – “Here It Goes Again”


PS. Só para tirar qualquer dúvida: não, o videoclipe de “Rio” não foi filmado no Rio de Janeiro. As cenas em uma paradisíaca praia foram registradas na ilha de Antígua, no Caribe.

9 de set. de 2008

PARA OS FAMINTOS POR DISCOS...

Um designer-DJ-cozinheiro juntou tudo o que gosta de fazer em apenas uma profissão: elaborar pratos de comida exatamente iguais a capas de discos históricos de rock. Apesar da boa idéia, verdade seja dita, as quentinhas não se mostram tão apetitosas assim.

A capa acima, por exemplo, do álbum “Muse Sick-N-Hour Mess Age”, do Public Enemy, teve o seu prato correspondente elaborado com algas, bolos de peixe e arroz.

Pensando bem, melhor ficar com o álbum mesmo...

Abaixo, seguem mais alguns exemplos interessantes desse “discos comestíveis”. Quem quiser ter uma idéia melhor do trabalho, pode visitar o blog The Jacket Lunch Box (em japonês).


1) "Never Mind The Bollocks" - Sex Pistols


2) "Takk" - Sigur Rós


3) "How To Dismantle An Atomic Bomb" - U2


4) "Pinkerton" - Weezer


5) "In Utero" - Nirvana

6) "Use Your Ilusion I" - Guns N' Roses

7) "Led Zeppelin" - Led Zeppelin


8) "St. Anger" - Metallica

9) "Rage Against The Machine" - Rage Against The Machine

10) "Voodoo Lounge" - The Rolling Stones

3 de ago. de 2008

CD: “MEÐ SUÐ Í EYRUM VIÐ SPILUM ENDALAUST” (SIGUR RÓS) – UM POUCO MAIS POPULAR, MAS SEM PERDER A ESSÊNCIA

O Sigur Rós parece aquele tipo de banda intangível. Todos os seus álbuns dão a impressão de que o som não é feito por seres humanos, mas sim por seres inexistentes – anjos? –, como se a música surgisse através de pura e simples materialização. Ao mesmo tempo, todos sabemos que a música feita pela banda formada pelos islandeses Jón Þór ‘Jónsi’ Birgisson, Georg ‘Goggi’ Hólm, Kjartan ‘Kjarri’ Sveinsson e Orri Páll Dýrason, e que desperta tantas emoções, é impossível de ser construída simplesmente por máquinas.

No CD de título impronunciável “Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust” (algo parecido com “Tocamos Eternamente Com Um Zumbido Nos Ouvidos”), a banda islandesa mantém a sua fórmula, com canções cheias de climas etéreos e melodia minimalista. É algo tão tocante e mágico que já fez com que críticos internacionais classificassem o som da banda como o som de flocos de neves caindo no alto de uma montanha – seja lá o que isso quer dizer.

Neste novo trabalho, o som claustrofóbico dos discos anteriores ficou para trás. Em “Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust”, tudo é mais leve, colorido e alegre. A conexão entre suas faixas faz o disco parecer uma espécie de mini-ópera, devendo ser ouvido do início ao fim, sem interrupções. E apesar do idioma indecifrável, a música por si só é mais do que o suficiente para emocionar, da mesma forma que uma ópera de Richard Wagner.

Se não chega a ser tão bom quanto “Ágætis Byrjun”, “Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust”, o quinto álbum da banda, é o mais palatável de sua carreira. Nele, a banda islandesa dá a impressão de que deseja ser mais conhecida pelas pessoas, e, para isso, escalou pela primeira vez uma pessoa de fora para ajudar na produção do disco. Flood, que já trabalhou com U2, Depeche Mode, PJ Harvey e Smashing Pumpkins, conseguiu eqüalizar a distinta sonoridade da banda, que jamais abre mão de suas raízes, com algo mais pop. Assim, o Sigur Rós conseguiu fazer um álbum exuberante e popular. Manteve a integridade e não vendeu a alma ao diabo.

Verdade seja dita, a banda liderada por Jónsi já estava buscando esse rumo há alguns anos. Caso contrário, não teria cedido faixas para filmes de Hollywood (como “Vanilla Sky”, por exemplo) e séries de televisão, como o campeão de audiência “24 Horas”. Mas quem conhece o som do Sigur Rós e ficou assustado com essa “popularização”, não precisa se preocupar. A primeira faixa do álbum, a rápida “Gobbledigook”, com seus tambores tribais é algo bem mais pop do que qualquer coisa que o Sigur Rós já gravou, mas a qualidade não perde em nada. Até mesmo porque o fato de ser popular está bem longe de ser algo ruim. “Við Spilum Endalaust” é outra que muita gente vai dizer que é uma faixa que poderia estar no “Viva La Vida Or Death And All His Friends”, do Coldplay. Mas e qual seria o problema? Até mesmo porque “Viva La Vida”, queira ou não queira, é um dos melhores álbuns lançados nesse ano.

Interessante notar é que essas duas faixas estão na primeira metade do álbum. E realmente há uma diferença bem significativa entre o “lado A” e o “lado B” de “Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust”. As primeiras canções do CD são mais rápidas, populares e vibrantes. A segunda metade, a partir da sexta faixa, segue mais o estilo dos anteriores “Ágætis Byrjun” e “( )”, ou seja, mais reflexivo, introspectivo, nebuloso e impressionista. Mas a primeira metade ainda reserva momentos preciosos. “Inní Mér Syngur Vitleysingur”, com o seu xilofone nervoso, suas guitarras acústicas e uma percussão cadenciada, é uma típica canção de Sigur Rós, assim como a seguinte, “Góðan Daginn”, que poderia muito bem estar no meio de algum disco anterior da banda.

“Festival”, a quinta faixa do CD é uma das melhores coisas que o Sigur Rós já compôs (e facilmente será considerada uma das melhores músicas do ano). São nove majestáticos minutos de uma canção que mais parece uma oração. O início, com a voz de Jonsi em falsete e as cordas ao fundo evolui para um clímax arrebatador a partir de uma repetida batida em um tambor tribal. Ao final, o silêncio volta a reinar, com o singelo som do assovio da melodia. Se “Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust” só tivesse essa música, pode ter certeza que já teria valido o investimento.

Outra que segue o mesmo paradigma de “Festival” é “Ára Bátur”, com o seu suave início contando apenas com voz e piano até que as cordas entram para um final triunfal com direito a um coro arrepiante. Essa faixa foi gravada no estúdio de Abbey Road, com uma orquestra completa (no caso, a London Sinfonietta) e ainda com o London Oratory Boys Choir. E o mais impressionante é que tudo foi gravado em apenas um único take, sem overdub algum. Quase cem pessoas gravando uma canção em um estúdio, em um take perfeito, só pode ser graça dos anjos...

Após duas canções do nível de “Festival” e “Ára Bátur”, as últimas quatro faixas do álbum acabam funcionando mais como uma ‘coda’. São canções com um menor tempo de duração (com exceção da última), acústicas e musicalmente bem mais simples – calcadas apenas no piano e/ou violão. “Illgresi”, a singela e belíssima “Fljótavík” e “Straumnes” dão a impressão de que a banda precisa respirar um pouco depois de tanta informação.

E para o ‘grand finale’, o Sigur Rós preparou mais uma surpresa. Pela primeira vez, a banda grava uma canção com letra em inglês. Tudo bem que a pronúncia não é das mais esclarecedoras, mais poder ouvir (e entender) uma letra, com um piano bem suave ao fundo, que diz “I’m sitting with you / Sitting in silence / Let’s sing into the years, like one / Singing in tune, together / A psalm for no one / Let's sing in tune / But now it's home” na voz de Jón Þór ‘Jónsi’ Birgisson é um deleite. Um final que não poderia ser mais apropriado.

Abaixo, a canção “Gobbledigook”, gravada durante o festival Latitude, que aconteceu no mês passado, na Inglaterra.

Cotação: ****1/2

20 de jul. de 2008

SIGUR RÓS ENCERRA SEGUNDA NOITE DE LATITUDE

Além do cantor islandês, o festival de Latitude, na noite de ontem, ainda contou com a presença de bandas como Elbow, Mars Volta (que teve o seu show descrito pela Uncut como “épico”) e The Coral.

Mas foi Sigur Rós quem fez o melhor show da noite, segundo a imprensa britânica. Acompanhado por uma banda com quatro membros, uma seção de cordas formada apenas por mulheres, além de um quinteto de sopros, Sigur Rós apresentou, na Obelisk Arena, o show mais concorrido do festival, com número recorde de ingressos vendidos para a edição desse ano.

No repertório, além de várias faixas de seu último álbum, “Með Suð í Eyrum Við Spilum Endalaust”, Sigur Ros apresentou as suas canções mais populares, como “Svefn-G-Englar”, “Glosoli” e “Hoppipolla”.

O show terminou com a canção “Popplagio”, durante a qual houve uma grande chuva de confutes.

O repertório do concerto foi o seguinte:
1) “Svefn-G-Englar”
2) “Glosoli”
3) “Ny Batteri”
4) “Saeglopur”
5) “Vio Spilum Endalaust”
6) “Hoppipolla”
7) “Festival”
8) “Inní Mér Syngur Vitleysingur”
9) “Gobbledigook”
10) “Hafsol”
11) “Popplagio”

Abaixo, um vídeo amador da canção “Hoppipolla”, gravado na noite de ontem, em Londres.

27 de mai. de 2008

RÁPIDAS

David Gilmour, ex-vocalista e guitarrista do Pink Floyd acenou com a possibilidade de uma futura reunião da banda para um show. Ele disse que os demais membros da banda “jamais disseram não para essa hipótese”. Contudo, as chances de retorno em um futuro próximo são remotas, segundo Gilmour. Na mesma entrevista, concedida à BBC, o vocalista expressou o seu apoio à cantora Amy Winehouse. “Na minha opinião, ela é uma das mais fantásticas espécies de faísca musical que apareceu nos últimos anos. Simplesmente maravilhosa, e, com certeza, estará conosco por um longo tempo”, finalizou Gilmour.

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A banda Velvet Revolver, que estava considerando a opção de um concurso em ‘reality show’ para a escolha de seu novo vocalista, dispensou a idéia e está preparando um anúncio de como será o recrutamento do novo vocalista. “Nós vamos apresentar algo dentro de duas semanas, e acho que vai surpreender a todos”, afirmou o baterista Matt Sorum à Rolling Stone. Alguns produtores de ‘reality shows’ tentaram convencer a banda a aderir a essa forma de concurso, mas Sorum afirmou que “essa não seria a maneira correta para a escolha do vocalista”. Scott Weiland não é mais o vocalista do Velvet Revolver desde o mês passado.

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Mais um título foi concedido para a coleção de Paul McCartney. O ex-beatle recebeu ontem, o título de Doutor Honorário de Música, da Universidade de Yale. Quando da concessão do título, a Universidade afirmou que “ninguém se compara ao lendário compositor”.

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Brian May e Roger Taylor, membros do Queen, finalizaram a gravação de “Holy Man”, uma inacabada canção de Dennis Wilson, ex-membro dos Beach Boys. Em entrevista ao Daily Express, May disse: “Era uma canção que Dennis começou a escrever pouco antes de sua morte, e acabou não terminando. O piano é muito bonito e o sentimento espiritual é maravilhoso. A faixa completa, além de ter soado como um poema para mim, parecia estar mergulhada no espírito desse homem misterioso, o Beach Boy que surfava”. Dennis Wilson morreu em 1983, e era o único integrante dos Beach Boys que realmente surfava.

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Como já era esperado, os ingressos para os shows da turnê de Madonna, “Sticky & Sweet”, estão vendendo rapidamente. Na Europa, a alta demanda pelos bilhetes já fizeram com que a cantora marcasse um segundo show no ‘Stade de France’ para o dia 20 de setembro. O concerto em Zurique já teve os seus 70 mil ingressos vendidos. Em Vancouver, no Canadá, os 50 mil bilhetes colocados à venda esgotaram-se em apenas 29 minutos. Nos Estados Unidos a situação não é diferente: os três shows no Madison Square Garden, em Nova York, já estão esgotados, bem como o show do dia 26 de outubro em Chicago.

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Para comemorar os 41 anos do lançamento de seu primeiro álbum, a banda norte-americana The Doors está preparando um documentário que conta a sua história completa. O ex-tecladista da banda e diretor do filme, Ray Manzarek, afirmou à Billboard: “Eu vi as primeiras cenas ontem e está ficando realmente bom. Mas não será lançado antes dos próximos seis meses”. O músico ainda afirmou que o vídeo terá muitas cenas raras, e retratará “a história verdadeira do The Doors”. Enquanto o filme não é lançado, os fãs podem se contentar com as gravações ao vivo que a banda vem lançando constantemente. A última delas foi “Live in Pittsburgh – 1970”, com o registro de um show da última turnê norte-americana da banda.

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Foram desmentidos os boatos de que o Led Zeppelin faria quatro apresentações na cidade de Toronto, em Agosto. Duas pessoas ligadas à banda afirmaram à Billboard que não há a mínima possibilidade de os shows acontecerem em Toronto nesse ano. Entretanto, nada foi falado acerca de apresentações em outros lugares.

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Já está disponível para download em seu site oficial o primeiro single do próximo álbum do Sigur Rós. O quinto disco da banda, que se chamará “Meo Suo Í Eyrum Vio Spilum Endalaust” chegará às lojas norte-americanas no dia 24 de junho.