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21 de nov. de 2010

Resenhando: Rock & Roll Hall of Fame, Legião Urbana, R.E.M., Roupa Nova, Weezer

“The 25th Anniversary – Rock & Roll Hall of Fame Concerts”– Vários Artistas
Assistir a um concerto reunindo nomes como Simon & Garfunkel, U2, Mick Jagger, Bruce Springsteen, Metallica, Aretha Franklin, Jeff Beck, Sting, entre outros, pode parecer um sonho. E deve ser mesmo. Esse concerto (na verdade dois, em dias seguidos) aconteceu no Madison Square Garden, em Nova York, no primeiro semestre desse ano para comemorar os 25 anos de existência do Rock & Roll Hall of Fame. Um amigo meu que assistiu ao segundo show tentou me descrever a sensação de ver o U2 com o Mick Jagger em cima do palco, a cinco metros de distância. Consegui imaginar, mais ou menos, como foi. Mas o DVD (também em blu-ray e CD) que chegou às lojas (lá de fora) no início do mês fez o resto do trabalho. De fato, são quase seis horas de ótima música e de encontros sensacionais. Exemplos? São numerosos, mas vamos lá: Metallica + Ozzy Osbourne (em uma versão absurda de “Iron man” / “Paranoid”), U2 + Mick Jagger, Bruce Springsteen + Billy Joel, Stevie Wonder + B.B. King (“The thrill is gone” ficou arrepiante), Paul Simon + David Crosby, Aretha Franklin + Annie Lennox, Jeff Beck + Buddy Guy (em “Let me love you baby”)... Tá bom? Nesse tipo de show, as apresentações, às vezes, tendem a ficar um pouco burocráticas. Decerto, esse “The 25th Anniversary...” não foge à regra em determinados momentos (Crosby, Stills & Nash, é verdade, chega a cansar um pouco). Mas, em sua maior parte, o DVD chega mesmo a arrepiar. Até mesmo com a Fergie grasnando e estragando “Gimme shelter”, ao lado de Bono e de Mick Jagger.

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“Legião Urbana” – Legião Urbana
O dever do ofício me faz escrever sobre o relançamento da obra completa da Legião Urbana em CD (vendidos avulsos ou em luxuoso box) e em LP com gramatura 180 – adiantei o meu presente de Natal me dando a coleção completa em vinil. Bom, falar o quê da obra da Legião? Como diz aquele famoso jornalista lulista, até o mundo mineral conhece a obra de Renato Russo e companhia. Do seminal “Legião Urbana” (1985), com vários cuspes na cara de vocês, como “Será” e “O reggae”, ao póstumo “Uma outra estação” (1997), o da clássica “Clarisse” (a garota que está trancada no banheiro e quer se suicidar), a obra da banda de Brasília prima pela coerência e pela alta qualidade. Disco ruim da Legião? Desculpe-me, mas não existe. Pode até ter aquele que você considera mais fraco, mas ruim? Não. E não se esqueça que o ruim de hoje pode ser o seu predileto de amanhã. Considerei “V” (1991) durante muito tempo um álbum muito difícil. Ouvia pouco. Bom, ele continua sendo difícil. Até ainda mais, atualmente. Mas, hoje, é o meu mantra. Quando “As quatro estações” (1989) foi lançado, os roqueiros mais radicais não entenderam porque Renato Russo estava cantando “Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo” ou então “Ainda que eu falasse a língua dos anjos”. Hoje, acho que todo mundo entende. Outro aspecto que impressiona quando a gente ouve novamente a obra completa da Legião Urbana é observar a sua atemporalidade. Nossa mãe, tem bandinha por aí que fez música ontem, e hoje já soa datada, tanto na sonoridade quanto na letra. Isso não acontece com nenhuma (eu disse NENHUMA!) música da Legião, posso garantir. Se encontrar alguma, por favor, me avise. Agora, eu vou dar uma dica: se você for muito fã da Legião, tiver um toca-discos e alguma grana sobrando, compre a edição dupla em vinil de “A tempestade”. Renato Russo sempre dizia que “até segunda ordem, todo álbum da Legião é duplo”. Na hora H, ele mudava de ideia para o disco não ficar muito caro. Assim, “A tempestade” é o primeiro vinil duplo (de canções inéditas, ressalte-se, ou seja, o “Música para acampamentos” não vale) da história da Legião Urbana. Demorou, mas Renato Russo deve ter ficado feliz.

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“Live from Austin TX” – R.E.M.
O R.E.M. já anunciou que o seu novo álbum de inéditas, “Collapse into now” sairá em breve. No ano passado, chegou às lojas o fantástico CD duplo “Live at the Olympia in Dublin”, com 39 faixas gravadas durante os ensaios abertos para a gravação do álbum “Accelerate” (2008). Um álbum ao vivo, é verdade, mas que não tinha muita coisa a ver com a turnê, que passou pelo Brasil em três memoráveis apresentações em novembro de 2008. Então, a “Accelerate tour” iria passar em branco, logo por uma banda que sempre faz questão de deixar registrado oficialmente algum show da turnê? Mais ou menos. “Live from Austin TX”, novo DVD da banda Michael Stipe, Mike Mills e Peter Buck, não é exatamente um show da turnê do álbum. A apresentação foi gravada para o programa de televisão “Austin City Limits”, no dia 13 de março de 2008, poucos dias antes de “Accelerate” chegar às lojas. Não se tratava de um ensaio, mas de um especial com 75 minutos de duração. Nesse DVD, as canções do álbum surgem da mesma forma que estão registradas no trabalho de estúdio, além de sucessos que viriam a fazer parte da turnê. Mas, caso você tenha ido a algum show do R.E.M. em 2008, esqueça toda a animação e energia da banda. Esse “Live from Austin TX” é frio como um focinho de cachorro quando acorda no inverno. A preocupação em acertar as músicas novas deixa a apresentação muito sem graça – e isso sem contar com o áudio do DVD, que está baixo demais. Mas é lógico que também não dá pra desprezar o lançamento. Afinal, não é sempre que o R.E.M. junta em um mesmo setlist preciosidades como “Drive”, “So. Central rain” e “Fall on me”. E também não é qualquer banda que pode tocar músicas como “Losing my religion”, “Man on the moon” e “Imitation of life” sem jamais cansar o ouvinte. E tem mais: as músicas do “Accelerate” ficam melhores a cada dia que passa. Duvida? Então ouça “Until the Day is done” e “Man-sized wreath”. Pensando bem “Live from Austin TX” é um grande DVD. Realmente, o R.E.M. não consegue fazer nada mal feito.

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“30 anos – Ao vivo” – Roupa Nova
Ninguém pode dizer que o Roupa Nova só vive do passado, afinal, não tem muito tempo, eles colocaram nas lojas o mediano “Roupa Nova em Londres” (2009). Mas muita gente pode dizer que o Roupa Nova tem vivido muito do passado ultimamente. Veja só: “RoupAcústico” (2004), “RoupAcústico 2” (2006) e, agora, “30 anos – Ao vivo”. Por mais que o Roupa Nova seja uma das instituições da MPB com um enorme número de sucessos, não tem como não soar repetitivo. Os dois primeiros discos citados são acústicos, certo, mas esse terceiro não foge muito do esquema. Embora seja notável a preocupação da banda em fazer arranjos um pouco diferentes, no final das contas, não tem muito para onde correr. Entretanto, quem é que está muito interessado em ficar ouvindo material novo, a não ser os críticos rabugentos? A julgar pela empolgação dos fãs do Roupa Nova nesse novo DVD (que também sai em CD com faixas muito mal selecionadas, diga-se de passagem), a banda carioca está fazendo a coisa certa. Do início, com a linda “Sapato velho” até o final, com “Canção de verão” (o seu primeiro sucesso), o Roupa Nova joga pra galera, literalmente. Não tem uma música que a plateia que lotou o Credicard Hall, em julho, não saiba de cor (e cante aos berros). E tome “Linda demais”, “Volta pra mim”, “A força do amor”, “Dona”, “Coração pirata”, “Seguindo no trem azul”, “Clarear”, “Meu universo é você”, “Whisky a gogo”... No CD e no DVD, o Roupa Nova também recebe convidados especiais como Milton Nascimento (“Nos bailes da vida”), Sandy (“Chuva de prata”), Padre Fábio de Mello (em “A paz”, jura que precisava disso??) e Fresno (“Show de rock ‘n roll”). Stanley Netto e Daniel Musy engrossam o caldo nos metais, e a Orquestra Sinfônica Villa-Lobos faz bonito, ainda que a sua participação seja reduzida. As letras do Roupa Nova, às vezes, são de gosto bem duvidoso. Mas, musicalmente, vamos combinar, a banda é perfeita.

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“Death to false metal” / “Pinkerton” (Edição especial) – Weezer
O Weezer está fazendo um bom pé-de-meia nesse fim de ano. Depois do lançamento do álbum de inéditas “Hurley”, dois meses atrás, agora é a vez de dois (na verdade três, porque um é duplo) CDs em uma tacada só. Vamos começar pela edição especial do clássico “Pinkerton”, lançado originalmente em 1996. Até hoje, os fãs do Weezer dizem que a banda nunca lançou nada igual. E eles têm razão. Ouvindo “Pinkerton” novamente, 14 anos após, fica nítida a sua qualidade. É aquele tipo de álbum que a gente pode afirma que não envelhece. “Tired of sex”, “Across the sea”, “Pink triangle” e “The good life” continuam deliciosas. Além disso tudo, quem comprar essa edição luxuosa de “Pinkerton” (óbvio que só saiu lá fora), ainda vai ter 25 faixas raras ou inéditas, como lados B de singles, muita gravação ao vivo de faixas do álbum (a versão acústica de “El scorcho” é especialmente divertida), takes alternativos de gravação (“Butterfly”, ainda mais crua, ficou ainda mais bonita), além da absolutamente inédita “Tragic girl”. Partindo para “Death to false metal”, trata-se de uma compilação de gravações inéditas do Weezer, “que não entraram nos sete primeiros álbuns da banda porque estávamos ou estranhos demais, ou pop demais, ou metal demais ou punk demais”, conforme Rivers Cuomo explicou ao Toronto Sun, no mês passado. Apesar de as músicas serem, em sua maioria, antigas, o álbum mais parece um novo trabalho da banda. Com todos os senões que isso acarreta, até mesmo porque, todos sabemos que os últimos álbuns do Weezer estão mais pra lá do que pra cá. Por exemplo, a versão para “Unbreak my heart”, aquela mesmo da Toni Braxton, chega a ser risível – o que a banda quis com essa faixa? “Turning up the radio”, a faixa de abertura, lembra o rock adolescente que o Weezer anda fazendo ultimamente, e “Losing my mind” soa pretensiosamente chata. Mas tudo bem, ainda tem algumas coisas que a gente possa se lembrar do Weezer dos velhos tempos, como “The odd couple” e “Blowin’ my stack”. Mas nada que justifique o lançamento de “Death to false metal”, indicado somente para os mais fanáticos.

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Em seguida, veja o encontro de Mick Jagger com o U2, em “Stuck in a moment you can’t get out of”, presente no DVD “The 25th Anniversary – Rock & Roll Hall of Fame Concerts”:

19 de set. de 2010

Resenhando: Arcade Fire, Paula Morelenbaum e João Donato, CSN, Wilson das Neves, Broken Bells

“The suburbs” – Arcade Fire
“The suburbs”, terceiro álbum do Arcade Fire, já saiu tem quase dois meses lá fora. Mas só escrevo sobre ele agora porque quis digeri-lo um pouco melhor. As primeiras resenhas que li, comparavam-no a “Ok computer”, terceiro disco do Radiohead, lançado em 1997. A comparação é difícil. Os dois são grandes álbuns. O Arcade Fire estreou com “Funeral”, em 2004. Um álbum de estreia que pode ser considerado perfeito. O seguinte, “Neon bible”, escorregou em algumas viagens (um pouco que pretensiosas) da banda canadense. Também era um bom álbum, mas que não deixava claro qual rumo o Arcade Fire tomaria. “The suburbs” tira essa dúvida. De fato, o Arcade Fire, para bem ou para o mal, está pronto para o maistream (êta palavrinha horrorosa). Nesse terceiro álbum, a sonoridade da banda está bem mais palatável – no estilo Arcade Fire, é verdade. As letras estão bem mais próximas da realidade, eis que falam sobre... a vida nos subúrbios, tipo aquelas coisas comuns que qualquer pessoa de classe média gosta de fazer, sem esquecer das tristezas. Com relação à sonoridade, bem... Esqueça aquela coisa épica de “Funeral” ou as experimentações de “Neon bible”. “The suburbs” pode ser chamado de um álbum pop – ao estilo do Arcade Fire, repita-se. A faixa-título, que abre o disco já apresenta esse cartão de boas vindas, que se repete em outras faixas como na bela “Modern man”, no rock pesadinho “Empty room” e na quase new-wave “Mouth of may”. Mas o Arcade Fire também não desiste de coisas mais experimentais, como “Rococo” (uma das melhores faixas do álbum) e “Deep blue”. Mas nada supera a quase-disco “Sprawl II (Mountains beyond mountains)”, diferente de tudo o que o Arcade Fire já fez. E que vontade que dá assistir a um show do Arcade Fire depois de ouvir “The suburbs”...

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“Água” – Paula Morelenbaum & João Donato
Quando vi a capa do álbum de Paula Morelenbaum e João Donato, pensei: “as mesmas músicas, os mesmo arranjos, a mesma voz, o mesmo piano...” Tá certo, me enganei. Também não era pra menos. Paula Morelenbaum, com a sua ótima voz, é daquelas artistas que dificilmente se repetem. E João Donato... Bem, João Donato é João Donato. E ponto. Todas as 12 composições de “Água” são de sua autoria. Muitos clássicos: “A rã”, Lugar comum”, “A paz”, “Mentiras”... Mas as canções de Donato estão naquele grupo que podem ser regravadas zilhões de vezes de formas diferentes. E é isso o que acontece em “Água”. Você já ouviu “A rã” algumas centenas de vezes? Mas, certamente, não ouviu nessa maneira agora gravada por Paula Morelenbaum e João Donato. E “Ahiê”? Nessa nova versão, com arranjo de Beto Villares, a sonoridade transita entre o tradicional e o moderno, com destaque para o guitarron de Villares e o flugel horn de Mahor Gomes. Já “Everyday” se destaca pelos sopros de Leo Gandelman, enquanto “Muito à vontade” ficou mais à vontade ainda com as programações de Alex Moreira, e “Café com pão” cresceu ainda mais com o auxílio luxuoso do Paraphernalia, de Donatinho, Alberto Continentino, Renato “Massa” Calmon e outras feras. “Água” é mais um grande exemplo de que grandes canções podem (e devem) sempre ser regravadas. Basta ter originalidade.

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“Demos” – Crosby, Stills & Nash
Sabe aquele tipo de disco que a gente vê em alguma loja e pensa: “esse não tem erro, vai dar para ouvir até furar”? “Demos”, novo álbum de Crosby, Stills & Nash, está nesse time. Com 12 faixas gravadas entre 1968 e 1971, o CD (que chega às lojas brasileiras com mais de um ano de atraso) apresenta versões cruas de faixas como “Déjà vu”, “Almost cut my hair” e “Chicago”. David Crosby, Graham Nash e Stephen Stills se dividem nos vocais, e Neil Young (que entrou na banda em 1969) dá o ar da graça em “Music is love”, canção que só veio a ser gravada oficialmente no primeiro álbum solo de Crosby, lançado em 1971. Apenas a faixa de abertura, “Marrakesh express” (gravada quatro meses antes da estreia do trio em disco, em 1969), traz Crosby, Stills e Nash cantando juntos. Nas outras, eles se dividem em duplas ou se apresentam solo. “Long time gone”, também do álbum de estreia do CSN, na versão demo, traz as vozes de Crosby e de Stills. Isso porque a canção foi gravada em junho de 1968, ou seja, poucas semanas antes de Nash entrar no conjunto. “My love is a gentle thing” (na voz de Stills), por sua vez, é uma das pérolas do álbum, já que nunca havia sido lançada em um álbum oficial da banda anteriormente, mas tão somente no Box “CSN”, de 1991. Uma das músicas mais interessantes de “Demos” é “Love the one you’re with”, que foi gravada no primeiro trabalho solo de Stephen Stills (de 1970), e que acabou se transformando em seu maior hit. A versão desse CD foi registrada em abril de 1970, seis meses antes da gravação de seu disco de estreia. Já “Singing call” (também na voz de Stills) apareceria em seu segundo álbum solo. A única dificuldade aqui é concluir qual a melhor versão: as demos ou as oficiais? Eu ainda tenho as minhas dúvidas.

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“Pra gente fazer mais um samba” – Wilson das Neves
Wilson das Neves é um dos maiores músicos do mundo. Posso fazer essa afirmação de forma taxativa. Ouça o trabalho dele n’Os Ipanemas. Ou então em seu antológico álbum gravado ao lado de Elza Soares, em 1968. Ou então em gravações esparsas, como a de “Não identificado”, clássico do “Álbum branco” (1969), de Caetano Veloso. Ou então nas últimas turnês de Chico Buarque, em que Wilson das Neves, com a classe habitual, destrói a sua bateria. Ou então nas apresentações da Orquestra Imperial. Ou então em seu último álbum, “Pra gente fazer mais um samba”, lançado no mês passado. Samba com Wilson das Neves é coisa séria. E ele mostra isso nesse novo disco. Provavelmente, a sua maior virtude é conseguir ser popular e sofisticado ao mesmo tempo. O público do Zeca Pagodinho vai gostar? Vai. E o do Chico Buarque? Também. Sente só a poesia presente em “Outono chegou” (parceria de Das Neves com Paulo Cesar Pinheiro): “O outono chegou / No meu peito o arvoredo secou / Já murchou cada ramo de flor / E a folhagem amarelou / O outono chegou / E esse meu coração já virou / Folha seca que um vento arrancou / E outro vento carregou.” Tudo isso com a adesão de músicos como João Carlos Rebouças (piano), Zé Luiz Maia (baixo), Vittor Santos (trombone) e Don Chacal (percussão). Ah, e claro a bateria e a voz de mestre Wilson das Neves. Para finalizar, cito aqui parte do texto de apresentação do CD: “Aí está com ele sua graça, com a ginga que é só dele, com essa voz que deve ser a voz rouca das ruas, eis aí Wilson das Neves cantando versos prenhes de sabedoria popular”. Assinado: Chico Buarque.

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“Broken bells” – Broken Bells
Pouca gente deve ter ouvido falar do Broken Bells. Explico: é uma banda formada no ano passado pelo produtor Brian Burton (ou Danger Mouse, se você preferir) e James Mercer, vocalista e guitarrista da banda The Shins. O álbum de estreia saiu lá fora em março – por aqui, só Deus (ou nem ele) sabe. A sonoridade da banda é daquele tipo bem complicado de ser definido. Meio que cada faixa carrega algo diferente. “The high Road”, primeiro single (e faixa de abertura), por exemplo, transita entre uma delicadeza quase invisível, e uma epicidade surpreendente no refrão. É, é difícil mesmo definir em palavras. Já “Vaporize” carrega um ambiente quase spaghetti, lembrando um pouco alguma coisa do último trabalho de Beck, “Modern guilt” (2008), produzido por... Danger Mouse. Mas a minha preferida é mesmo “Citzen”, praticamente uma balada de ninar, cheia de climas. Pode parecer viagem, mas se o Radiohead e o The National cruzassem, certamente o nome do filho seria “Citzen”. Já a instrumental “Sailing to nowhere” é uma espécie de lado “Kid A” do Broken Bells. E o encerramento com “The mall & misery” chegou a lembrar até mesmo o New Order. Vai entender... Aliás, não precisa entender muito não. Melhor escutar esse “Broken Bells” e tirar as suas próprias conclusões.

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Em seguida, “Rococo”, do último álbum do Arcade Fire, “The suburbs”. A canção foi gravada ao vivo na semana de lançamento do disco, no Madison Square Garden, em Nova York.

10 de set. de 2010

Ferreira Gullar, Joe Perry, Kiss, Petkovic, Guga Kuerten, CSN, Ray Davies, Slash, James McCartney, Noel, SWU, Dave Matthews Band, Weezer, U2

"Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento."


("Cantiga para não morrer" - Ferreira Gullar)

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Na boa, esses musicais da Broadway são muito chatos. Mesmo quando é o Bono e o The Edge que fazem a trilha sonora (veja o vídeo abaixo com a música de "Spider-Man: Turn off the dark"). Musical desse tipo, para mim, é "West side story", do Leonard Bernstein. O resto é o resto.



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Weezer + Jackass = videoclipe de "Memories". (Foi mals pela legenda em espanhol, mas era o vídeo de melhor qualidade no YouTube.)



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E olha só como começou a temporada 2010 da NFL...



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Quem esperava o primeiro álbum pós-Oasis de Noel Gallagher vai ter que esperar um pouco mais. O guitarrista confirmou que só vai lançar algo novo no ano que vem. Em entrevista à BBC, ele explicou que começou a trabalhar em um álbum solo logo após a dissolução do Oasis. Mas a gravidez de sua esposa mudou os planos. Enquanto isso, Liam Gallagher já está dando os retoques finais no primeiro álbum de sua nova banda, o Beady Eye. Ao que parece, o disco sai no iniciozinho de 2011.

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Chega às lojas no dia 21 de setembro o EP de estreia de James McCartney, filho do homem. "Available light" conta com cinco faixas e foi produzido por... TARAM... Paul McCartney. Quatro músicas são composições de James. A quinta é "Old man", de Neil Young. O EP foi gravado em estúdios nos Estados Unidos e na Inglaterra, incluindo o... TARAM... Abbey Road.

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Slash anunciou que vai lançar uma edição expandida de seu último álbum (capa acima), que chegou às lojas no início do ano. Além do álbum original, haverá mais um CD com 13 gravações inéditas e um DVD com cinco faixas ao vivo, entrevista e o making of da gravação do álbum. A edição (que será limitada) também virá acompanhada de uma palheta de guitarra e um poster. O pacote chega às lojas no dia 28 de setembro. As faixas extras do CD são as seguintes: "Sahara" (feat. Koshi Inaba), "Paradise city" (feat. Fergie & Cypress Hill), "Mother Maria" (feat. Beth Hart), "Baby can't drive" (feat. Alice Cooper & Nicole Scherzinger), "Sahara" (feat. Koshi Inaba), "Beautiful dangerous" (feat. Fergie), "Demo #4", "Demo #16", "Back from Cali" (feat. Myles Kennedy), "Fall to pieces" (feat. Myles Kennedy), "Sweet child O' mine" (feat. Myles Kennedy), "Watch this" (feat. Myles Kennedy) e "Nightrain" (feat. Myles Kennedy). Já o DVD trará as versões ao vivo de "Back from Cali", "By the sword", "Starlight" e "Mean bone".

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Ray Davies (ex-The Kinks) convidou alguns colegas para participar de seu novo álbum. A lista foi divulgada no perfil do artista no Facebook. Olha só quem deve dar as caras no disco: Bruce Springsteen, Bon Jovi e Billy Corgan. Davies disse que o disco sai no início de novembro.

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O trio Crosby, Stills & Nash está trabalhando em um novo álbum. Mas que os fãs não esperem muitas novidades. Segundo a Billboard, não haverá músicas inéditas, mas, tão somente, covers. Ainda não há previsão de lançamento, e, de acordo com Graham Nash, "é sempre tudo muito demorado quando a gente decide gravar um álbum."

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Já que tem ídolo do futebol fazendo aniversário hoje, também tem ídolo do tênis. Baita ídolo, aliás. Gustavo Kuerten, maior tenista da história do Brasil, faz 34 anos. Olha, eu estava vendo os títulos do cara, para transcrever aqui. Mas é muita, muita, muita coisa. Não dá. Então, faz uma visitinha ao site oficial do Guga, e dá uma olhada.



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Quem é torcedor do Flamengo não cansa de ver esse gol do Petkovic em cima do Vasco da Gama. E eu também não me canso. Parabéns, Pet, pelos seus 38 anos. Quem é flamenguista de verdade vai te chamar sempre de "ídolo".



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Responda rápido: qual o melhor álbum ao vivo de rock de todos os tempos? Tudo bem, você pode não ter escolhido o "Alive!", que o Kiss lançou em 1975 (até mesmo porque temos coisas como o "The Who live at Leeds", de 1970, e o "Live after death", do Iron Maiden, de 85), mas aposto que ele passou pela sua cabeça. "Alive!" foi o primeiro álbum ao vivo de uma das melhores bandas do mundo em cima de um palco. Até hoje. Quem viu a última turnê do Kiss que passou pelo Brasil (exatamente para comemorar os 35 anos da banda, com a íntegra do "Alive!"), sabe do que estou falando. Ademais, sente só o nível do repertório: "Deuce", "Strutter", "Got to choose", "Hotter than hell", "Firehouse", "Nothin' to lose", "C'mon and love me", "Parasite", "She", "Watchin' you", "100,000 years", "Black diamond", "Rock bottom", "Cold gin", "Rock and roll all nite" e "Let me go, rock 'n' roll". Só clássico, não? E, hoje, faz 35 anos que essa obra-prima chegou às lojas.



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Com os devidos protocolos desse blog quebrados, vamos direto para o rock n' roll. Isso. De Ferreira Gullar a Aerosmith, porque, hoje, o guitarrista Joe Perry, autor de riffs clássicos como os de "Walk this way" e "Toys in the Attic", completa 60 anos de idade. Bom, o que mais que eu vou falar de Joe Perry? Acho que as poesias de Ferreira Gullar que andei lendo nos últimos dias têm me deixado meio sem palavras... Então, ouça aí embaixo. É melhor.



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Dia 10 de setembro. Como é bom começar o dia (ainda mais uma sexta-feira) com uma poesia de Ferreira Gullar. Coincidentemente (ou não), hoje também é o Dia da Imprensa. Em 10 de setembro de 1808, começou a circular a Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal em língua portuguesa do Brasil. E esse também é o primeiro Dia da Imprensa sem a edição física do Jornal do Brasil, periódico que o próprio Ferreira Gullar ajudou a transformar no maior (e melhor) do Brasil por muitos e muitos anos.

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"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?"


("Traduzir-se", do poeta, crítico de arte, tradutor, professor, cronista, memorialista e ensaísta Ferreira Gullar, um dos fundadores do neoconcretismo, e que hoje completa 80 anos.)

18 de jul. de 2008

CROSBY, STILLS & NASH GRAVAM NOVO DISCO

A lendária banda Crosby, Stills & Nash está em estúdio gravando o seu primeiro álbum em 14 anos. O novo trabalho será produzido por Rick Rubin, que já trabalhou com artistas como U2, Red Hot Chilli Peppers, Mick Jagger e Red Hot Chilli Peppers.

Ao que tudo indica, não haverá músicas inéditas no disco, que se limitará apenas a versões de antigos sucessos. Em entrevista à Billboard, Graham Nash elogiou o produtor. “Ele é um homem brilhante”, disse.

As canções do novo álbum não foram reveladas, mas Nash disse que todas são bem conhecidas do público. “O Rick Rubin nos disse para gravarmos as músicas que a gente mais gostou de ter composto”, afirmou.

O último álbum do trio foi “After The Storm”, lançado em 1994. Entretanto, cinco anos depois, os três se reuniram com Neil Young para gravar “Looking Forward”.