Se tem uma banda que merece ir para o Guiness por conta de registros ao vivo lançados no mercado, sem dúvida, esta é o Pearl Jam. Até que existe uma boa justificativa para essa enxurrada de CDs ao vivo: a banda de Seattle nunca faz um show idêntico ao outro. Pelo visto, ela deve ter todas as canções compostas durante a carreira ensaiadas e, na hora do show, decide o que vai tocar. E isso sem contar com as ótimas versões para clássicos do The Who, Neil Young, Ramones e outros.
O novo ao vivo do Pearl Jam, "Live At The Gorge", que chegou ao mercado nacional recentemente, é uma caixa com sete CDs que englobam três shows diferentes realizados no belo The Gorge Ampitheater, na cidade de George.
O primeiro show (CD triplo) talvez seja o mais interessante. Gravado em 2005, ele não tem as canções do álbum de estúdio “Pearl Jam” (2006), que – diga-se de passagem – está bem longe dos melhores trabalhos da banda de Seattle. Esse show é bem parecido com o que a banda apresentou no Brasil no mesmo ano de 2005. O repertório é composto por grandes sucessos da banda, como “Alive”, “Daughter”, “Black” e “Betterman”. As surpresas ficam com a abertura (“I Believe In Miracles”, do Ramones) e o encerramento (“Baba O’Riley”, do The Who). Outras canções que não costumam aparecer muito nos roteiros de show do Pearl Jam também estiveram presentes, como “State Of Love And Trust” e “Dissident”.
Os outros dois shows (cada um ocupando um CD duplo) fizeram parte da turnê de divulgação do álbum de estúdio lançado dois meses antes (“Pearl Jam”), e várias canções dele aparecem nesses shows, como “Life Wasted”, “Army Reserve” e “World Wide Suicide”. O bacana é que, apesar de os shows terem sido realizados em dois dias seguidos, praticamente nenhuma das canções se repete. E os sucessos acabam se revezando nos dois shows, como “Even Flow”, “Last Kiss”, “Do The Evolution” e “Jeremy”. Na seara dos covers, o Pearl Jam arrisca a já famosa versão de “Rockin’ In The Free World” (Neil Young) e a rara “Little Wing” (Jimi Hendrix).
Agora, no mês de junho, o Pearl Jam faz uma mini-turnê pelos Estados Unidos antes de finalizar o seu novo disco de estúdio, que está sendo produzido por Brendan O’Brien. Não há previsão de lançamento do novo material. De repente, antes, ainda sai mais algum ao vivo por aí.
Cotação: ****
18 de mai. de 2008
PEARL JAM AO VIVO EM SETE DOSES
17 de mai. de 2008
RÁPIDAS
Amy Winehouse foi convidada para realizar um show na Rússia, em junho. O evento marcaria a inauguração de uma galeria de arte em um antigo prédio de Moscou. O convite partiu de Daria ‘Dasha’ Zhukova, namorada do bilionário Roman Abramovich, presidente do time de futebol inglês Chelsea, que, por sua vez, é o dono da galeria. O valor do cachê não foi revelado. Outros bilionários russos já contraram artistas para fazer shows privados, Em 2006, George Michael recebeu 1,7 milhão de libras, e os Rolling Stones, 4,4 milhões.
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A banda Duran Duran está furiosa com o Deutsche Bank. O banco convidou o grupo musical para um show privado, mas teve que cancelar devido aos recentes problemas que tomaram conta da economia mundial. O cachê que a banda deixou de receber estava estimado em meio milhão de libras. O Duran Duran alega que teve que reorganizar a turnê mundial toda, apenas para participar desse evento.
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O líder do R.E.M., Michael Stipe, disse que é muito difícil ouvir canções do Nirvana, após a morte de Kurt Cobain. Em entrevista à revista Death + Taxes, Stipe afirmou que o suicídio de Cobain ocorreu quando ele estava em sua plenitude artística. “Estava tudo escrito, estava tudo muito bem e era óbvio para onde ele estava indo, e então isso acabou não ocorrendo. Eu ainda tenho problemas, não consigo escutar um álbum inteiro do Nirvana”, afirmou Stipe.
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Mais um nome foi confirmado para o show de comemoração de 90 anos do líder sul-africano Nelson Mandela, que acontecerá no mês que vem, em Londres. Elton John confirmou participação hoje e fará dueto com um artista de nome ainda não revelado. Boatos dão conta de que o acompanhante de Elton John será a cantora Duffy ou o rapper Eminem.
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Segundo reportagem do jornal inglês The Sun, o cantor David Bowie concordou com a realização de um musical baseado nos seus maiores sucessos. O diretor Peter Schaufuss tem planos de estrear o musical na Dinamarca, durante o outono do Hemisfério Norte. Não será a primeira vez que um musical terá no repertório canções de um artista do universo pop. “We Will Rock”, com músicas do Queen, e “Mamma Mia”, do Abba, fizeram muito sucesso em Londres e Nova York.
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Será lançado na semana que vem o novo trabalho de Marcos Valle. Gravado durante quatro noites no Cinematèque Jam Club, no Rio de Janeiro, Valle registrou encontros com Marcelo Camelo (“Cara Valente” e “Samba de Verão”), Kassin +2 (“Estrelar” e “O Cafona”), Fino Coletivo (“Dragão” e “Boa Hora”) e os DJs Plínio Profeta e Nado Leal (“Mentira” e “Batucada”). Marcos Valle também apresenta números solo, como “Jet Samba” e “Garra”. O DVD também chegará ao mercado, mais ainda não tem data confirmada.
ENFIM A FESTA DE 40 ANOS DE CARREIRA DE RITA LEE
Em comemoração aos seus 40 anos de carreira, Rita Lee estreou novo show batizado “Picnic”. Ou melhor, a estréia mesmo aconteceu em janeiro, mas o show que passou novamente pelo Canecão neste último fim de semana, com vários ajustes, enfim, pode ser considerado uma verdadeira comemoração. O show teve caráter retrospectivo e apenas uma novidade integrou o repertório. “Tão”, uma música lançada no DVD triplo “Biograffiti”, no ano passado, é uma jocosa homenagem às pessoas chatas.
E chato é um adjetivo que está bem distante de “Picnic”. Contando com vários sucessos da imensa lista de Rita Lee, o espetáculo é uma superprodução que merece se transformar em DVD. Com 10 telões de leds iluminando o palco e uma excelente banda, na qual se destacam o marido Roberto de Carvalho e o filho Beto Lee, o show, atualmente, está mais coeso e com a banda bem mais entrosada. Os maiores sucessos de Rita Lee estavam quase todos lá, e o início foi arrasador, com “Flagra”, “Nem Luxo, Nem Lixo”, “Saúde” e “Mutante”, que teve um arranjo bem diferente, ora mais lento, ora mais pesado. A letra desta canção, inclusive, ganhou uma nova interpretação com a eterna discórdia entre Rita Lee e sua ex-banda: “Como mutante / No fundo sempre sozinho / Seguindo o meu caminho”. Tanto que, apesar de ser um show absolutamente retrospectivo, Rita Lee cantou apenas uma canção dos Mutantes – que nem estava presente na estréia em janeiro –, “Ando Meio Desligado”.
Outros sucessos jorraram da cartola de Rita, como “Amor e Sexo”, “Jardins da Babilônia”, “Corre-Corre”, “Doce Vampiro” e a disco “Bem-Me-Quer”, que ganhou um acento rockeiro, com o ótimo solo de guitarra de Beto Lee. “Ovelha negra” foi outro momento emocionante, com os painéis exibindo fotos de todas as fases da carreira de Rita Lee, bem como as capas de seus discos. A última canção antes do bis, “Agora Só Falta Você”, também foi um grande momento.
Mas, nem só de sucessos vive “Picnic”. Outras surpresas, como sempre ocorre nos shows de Rita, também estiveram presentes no roteiro de 21 canções. Entre elas, uma homenagem à Chuck Berry, com a turbinada “Roll Over Beethoven”, e outra aos Beatles, com uma versão hilária de “I Want to Hold Your Hand”, feita por Renato Barros (de Renato e Seus Blue Caps) e batizada de “O Bode e a Cabra”. A letra é de uma originalidade só: “O bode saiu com a cabra / Foram andar a pé / A cabra gritou ‘mé’ / A cabra gritou ‘méiéié’”. Um parêntese: Yoko Ono proibiu que Rita gravasse esta canção no disco “Aqui, Ali, Em Qualquer Lugar”, no qual relia sucessos dos Beatles. Rita não fez por menos e mandou um singelo recado para Yoko no show: “Foda-se a Japonesa!”.
Outro momento bem engraçado foi com a divertida “Vingativa” (do repertório das Frenéticas), quando Rita e as duas backing vocals fizeram uma hilária interpretação com um figurino que tinha até leques vermelhos.
Em seus tradicionais diálogos com o público, Rita também mostrou-se bastante inspirada. Não faltaram farpas para Renan Calheiros e o time do Corinthians. E nem Vera Fischer, presente na platéia, foi poupada: “A Vera pegou mais pesado do que eu, e está aí sempre linda, sem rugas, papada...”. Rita Lee também deu uma dica para a personagem de Suzana Vieira – que também estava lá –, Branca, para que contratasse o casal Nardoni para jogar a filha Sílvia pela janela.
Depois de uma hora e meia de espetáculo, Rita Lee ainda presenteou o público com um generoso bis de cinco canções. Além de “Ando Meio Desligado”, Rita pescou o seu maior hit, “Mania de Você”. E “Erva Venenosa”, “Lança Perfume” e “Chiquita Bacana” fecharam a comemoração como um grande carnaval, com direito a chuva de papel picado. Tudo bem diferente da quarta-feira de cinzas que foi a estréia em janeiro.
Cotação: ****