17 de mai. de 2008

ENFIM A FESTA DE 40 ANOS DE CARREIRA DE RITA LEE

Em comemoração aos seus 40 anos de carreira, Rita Lee estreou novo show batizado “Picnic”. Ou melhor, a estréia mesmo aconteceu em janeiro, mas o show que passou novamente pelo Canecão neste último fim de semana, com vários ajustes, enfim, pode ser considerado uma verdadeira comemoração. O show teve caráter retrospectivo e apenas uma novidade integrou o repertório. “Tão”, uma música lançada no DVD triplo “Biograffiti”, no ano passado, é uma jocosa homenagem às pessoas chatas.

E chato é um adjetivo que está bem distante de “Picnic”. Contando com vários sucessos da imensa lista de Rita Lee, o espetáculo é uma superprodução que merece se transformar em DVD. Com 10 telões de leds iluminando o palco e uma excelente banda, na qual se destacam o marido Roberto de Carvalho e o filho Beto Lee, o show, atualmente, está mais coeso e com a banda bem mais entrosada. Os maiores sucessos de Rita Lee estavam quase todos lá, e o início foi arrasador, com “Flagra”, “Nem Luxo, Nem Lixo”, “Saúde” e “Mutante”, que teve um arranjo bem diferente, ora mais lento, ora mais pesado. A letra desta canção, inclusive, ganhou uma nova interpretação com a eterna discórdia entre Rita Lee e sua ex-banda: “Como mutante / No fundo sempre sozinho / Seguindo o meu caminho”. Tanto que, apesar de ser um show absolutamente retrospectivo, Rita Lee cantou apenas uma canção dos Mutantes – que nem estava presente na estréia em janeiro –, “Ando Meio Desligado”.

Outros sucessos jorraram da cartola de Rita, como “Amor e Sexo”, “Jardins da Babilônia”, “Corre-Corre”, “Doce Vampiro” e a disco “Bem-Me-Quer”, que ganhou um acento rockeiro, com o ótimo solo de guitarra de Beto Lee. “Ovelha negra” foi outro momento emocionante, com os painéis exibindo fotos de todas as fases da carreira de Rita Lee, bem como as capas de seus discos. A última canção antes do bis, “Agora Só Falta Você”, também foi um grande momento.

Mas, nem só de sucessos vive “Picnic”. Outras surpresas, como sempre ocorre nos shows de Rita, também estiveram presentes no roteiro de 21 canções. Entre elas, uma homenagem à Chuck Berry, com a turbinada “Roll Over Beethoven”, e outra aos Beatles, com uma versão hilária de “I Want to Hold Your Hand”, feita por Renato Barros (de Renato e Seus Blue Caps) e batizada de “O Bode e a Cabra”. A letra é de uma originalidade só: “O bode saiu com a cabra / Foram andar a pé / A cabra gritou ‘mé’ / A cabra gritou ‘méiéié’”. Um parêntese: Yoko Ono proibiu que Rita gravasse esta canção no disco “Aqui, Ali, Em Qualquer Lugar”, no qual relia sucessos dos Beatles. Rita não fez por menos e mandou um singelo recado para Yoko no show: “Foda-se a Japonesa!”.

Outro momento bem engraçado foi com a divertida “Vingativa” (do repertório das Frenéticas), quando Rita e as duas backing vocals fizeram uma hilária interpretação com um figurino que tinha até leques vermelhos.

Em seus tradicionais diálogos com o público, Rita também mostrou-se bastante inspirada. Não faltaram farpas para Renan Calheiros e o time do Corinthians. E nem Vera Fischer, presente na platéia, foi poupada: “A Vera pegou mais pesado do que eu, e está aí sempre linda, sem rugas, papada...”. Rita Lee também deu uma dica para a personagem de Suzana Vieira – que também estava lá –, Branca, para que contratasse o casal Nardoni para jogar a filha Sílvia pela janela.

Depois de uma hora e meia de espetáculo, Rita Lee ainda presenteou o público com um generoso bis de cinco canções. Além de “Ando Meio Desligado”, Rita pescou o seu maior hit, “Mania de Você”. E “Erva Venenosa”, “Lança Perfume” e “Chiquita Bacana” fecharam a comemoração como um grande carnaval, com direito a chuva de papel picado. Tudo bem diferente da quarta-feira de cinzas que foi a estréia em janeiro.

Cotação: ****

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