4 de dez. de 2010

Top 5: Cartola

Nessa semana, lembrei rapidamente aqui no blog dos 30 anos da morte de Angenor de Oliveira (completados no dia 30 de novembro), mais conhecido como Cartola. O rótulo de sambista talvez lhe seja pequeno demais. O ex-pedreiro só foi gravar o seu primeiro álbum em 1974, aos 66 anos de idade. Foram apenas quatro discos, suficientes para deixar registradas algumas dezenas de pequenos clássicos da Música Popular Brasileira. Uma obra pequena, assim como a de Dorival Caymmi, mas perene.

O sambista maior da Estação Primeira de Mangueira foi gravado e regravado por todos os grandes artistas do país. Saca só a lista: Chico Buarque, Leny Andrade, Ney Matogrosso, Elis Regina, Caetano Veloso, Beth Carvalho, Nelson Gonçalves, Zizi Possi, Luiz Melodia, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Emílio Santiago, entre vários outros.

O nosso top 5 desse sábado vai homenagear Cartola com cinco faixas. Acredito que esse foi o top 5 mais difícil de elaborar até o momento. O que eu incluí e depois tirei, e voltei a incluir... Seria necessário, no mínimo, um top 20 de Cartola. Mas como eu sei que vocês têm mais o que fazer...

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5) “Tive sim”
Gravado em 1966, esse samba foi registrado somente no primeiro álbum de Cartola, lançado em 1974. A sua letra é uma das mais espirituosas da nossa MPB: “Tive sim / Outro grande amor antes do teu / Tive sim / O que ela sonhava eram os meus sonhos e assim / Íamos vivendo em paz / Nosso lar, em nosso lar sempre houve alegria / Eu vivia tão contente / Como contente ao teu lado estou / Tive sim / Mas comparar com o teu amor seria o fim / Eu vou calar / Pois não pretendo amor te magoar”. Alguém já teve vontade de cantar isso para alguém??



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4) “Basta de clamares inocência”
Essa música nunca foi gravada por Cartola. Mas, em compensação, ganhou duas gravações, no mínimo, antológicas. A primeira, de Elis Regina, em seu álbum “Essa mulher” (1979), e a segunda, de Ney Matogrosso, em seu álbum “Ney interpreta Cartola: Ao vivo”. Veja a interpretação de Ney logo abaixo.



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3) “Peito vazio”
Essa foi gravada no segundo álbum de Cartola (1976), aquele que tem a célebre foto do sambista, na sacada de sua casa, ao lado de Dona Zica. Uma das gravações mais importantes dessa música foi a de Nelson Gonçalves. A sua voz caiu como uma luva para versos como “Um vazio se faz em meu peito / E de fato eu sinto / Em meu peito um vazio / Me faltando as tuas carícias / As noites são longas / E eu sinto mais frio”.



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2) “O mundo é um moinho”
“O mundo é um moinho” é um dos maiores sucessos de Cartola, regravado por dezenas de artistas, incluindo um (quase) xará seu, Agenor Miranda de Araújo Neto, ou, simplesmente, Cazuza. A canção, que também faz parte de seu segundo álbum, é um clássico: “Preste atenção querida / De cada amor tu herdarás só o cinismo / Quando notares estás a beira do abismo / Abismo que cavaste com teus pés”. Uma curiosidade: a gravação original conta com o violão do genial Guinga, à época, um garoto com apenas 20 anos de idade. Abaixo, a gravação de Beth Carvalho, uma das principais intérpretes de Cartola.



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1) “O sol nascerá”
Composta no Zicartola, restaurante que o sambista abriu com a sua esposa, Dona Zica, “O sol nascerá” nasceu após um desafio do amigo Renato Agostini, que disse duvidar que Cartola compusesse um samba tão rapidamente. A canção, com os célebres versos “A sorrir / Eu pretendo levar a vida / Pois chorando / Eu vi a mocidade / Perdida”, nasceu em 30 minutinhos, e acabou entrando no primeiro álbum de Cartola, lançado em 1974. Moral da história: nunca desconfie da capacidade de um gênio. Elton Medeiros foi o seu parceiro nessa música.