2 de mai. de 2010

Resenhando: Renato Russo, Madonna, Cássia Eller, White Stripes, Scorpions

Conforme prometido na semana passada, volto aqui com as resenhas de alguns álbuns interessantes lançados no mês de abril. São curtinhas, pá-pum.

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“Duetos” – Renato Russo
Pode acreditar que dói muito o coração criticar alguma coisa de Renato Russo, ainda mais pelo fato de ele não estar mais por aqui. Mas “Duetos”, CD que reúne 15 encontros de Renato com outros artistas, em alguns momentos, beira o mau gosto. Para começar, os duetos póstumos que uniu as vozes de artistas como Fernanda Takai (“Like a lover”) e Caetano Veloso (“Change partners”) a de Renato. Duetos do além, em definitivo, não descem bem, ainda mais o duplamente póstumo “Vento no litoral”, com Cássia Eller. Os duetos gravados em vida por Renato são mais interessantes, mas o problema é que vários deles já haviam sido lançados, como “A carta” (com Erasmo Carlos). No final, o CD vale mesmo pelas inéditas “Só louco” (com Dorival Caymmi), “Celeste” (com Marisa Monte) e “Esquadros” (com Adriana Calcanhotto), embora a qualidade das gravações não seja lá das melhores. Enquanto isso, os fãs continuam esperando o DVD com o show da Legião no Metropolitan ou no Jockey.

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“Sticky & sweet tour” – Madonna
Turnê de Madonna é batata: quando acaba, vem o DVD (e agora BD). Não poderia ser diferente na nababesca “Sticky & sweet tour”, que teve cinco datas no Brasil no final de 2008. O registro do DVD aconteceu antes dos shows brasileiros. Aproveitando que estava em Buenos Aires, Madonna arriscou “Don’t cry for me Argentina” ao lado de sucesso antigos (“Borderline”, “Vogue” e “Like a prayer”) e outros nem tanto (“Ray of light”, “Hung up” e “4 minutes”). O show de Madonna é cheio de informações, e um registro áudio-visual é bem-vindo. Mas, no final da apresentação, com o “game over” escrito no telão, fica a sensação de que o show de Madonna mais parece aqueles joguinhos eletrônicos que a gente zera de primeira, em poucos minutos. É tudo certinho demais, repetitivo demais. Mas, talvez, essa seja a graça. Além do show, o DVD traz um documentário com bastidores, e um CD com algumas canções extraídas da apresentação.

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“Violões” – Cássia Eller
Um dos grandes lançamentos do ano foi esse “Violões” da Cássia Eller em DVD. O CD (com o registro de um show diferente) já havia sido lançado em 1996. O DVD, no qual Cássia é acompanhada apenas pelos violões de Luciano Mauricio e Walter Villaça, traz uma apresentação para um especial da TV Cultura, no mesmo ano. Mais interessante do que escutar (e agora ver) canções como “E.C.T.”, “Socorro”, “Lanterna dos afogados”, “Rubens” e “Blues da piedade”, é observar a transição da cantora, de “indie” ao “mainstream”, o que, de fato, veio a acontecer em “Com você... Meu mundo ficaria completo” (1999) e no “Acústico MTV” (2001). Aliás, esse “Violões” mais simples, direto e visceral, é bem mais interessante do que o especial (cheio de pompa) idealizado pela MTV. “Violões”, apesar de o áudio não ser dos melhores, é o DVD mais digno da carreira de Cássia Eller.

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“Under great White nothern lights” – The White Stripes
Entre junho e julho de 2007, a dupla formada por Jack e Meg White rodou o Canadá de cabo a rabo, em uma turnê que passou por 18 cidades. Com algum atraso, é lançado o DVD/BD e CD com o registro dessa turnê. O White Stripes sempre se destacou em cima do palco. E é uma pena que o palco tenha sido mandado para escanteio no DVD. Quase nenhuma música aparece inteira, com o vídeo mais parecendo uma colcha de retalhos, raspando trechos de apresentações da dupla em ônibus, barcos, casas de boliche, biroscas, praças e nas casas de show propriamente ditas. O filme até que é legal por mostrar os bastidores dessa (surreal) turnê. Mas é o tipo de filme que você vê uma vez e está mais do que visto. Melhor ficar com o CD, que traz 16 faixas extraídas desses shows (com ótimo áudio) na íntegra, ou então com o ótimo DVD “Under Blackpool lights”, de 2004.

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“Sting in the tail” – Scorpions
Levanta o dedo quem espera algo novo dos Scorpions! Hum, ninguém levantou, né? “Sting in the tail” é o 17º álbum de estúdio da banda alemã. E em nada se diferencia dos 16 anteriores. É tudo muito igual e, no final, fica aquela sensação de que você já ouviu esse mesmo disco dezenas de vezes. Transitando entre rockzinhos farofas (“Raised on rock”) até baladas que os fãs poderiam acender os isqueiros se estivéssemos em 1985 (“SLY”), quase nada de relevante pode ser aproveitado desse álbum. Os saudosistas de plantão talvez ainda consigam se emocionar com “No limit” (espécie de irmã gêmea de “Big city nights”) e “Spirit of rock”. Mas a emoção não chega a ser maior do que a de um jogo de Campeonato Carioca. Tomara que esse seja mesmo o último álbum dos Scorpions.

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Abaixo, o trailer do DVD/BD “Under great White nothern lights”, do White Stripes. Fica o aviso de que o trailer é muito mais legal do que o filme propriamente dito.


Um comentário:

Anônimo disse...

Assino embaixo do seu comentário sobre o cd do Renato Russo. Chega desse lixo. Quero os dvs dos shows da Legião!