Na última vez que veio ao Brasil, um jornalista de São Paulo perguntou à B.B. King se aquela realmente era a sua turnê de despedida. Com o seu habitual bom humor, o rei do blues respondeu da seguinte maneira: “Um dos meus atores favoritos é um homem escocês chamado Sean Connery. Ele ficou conhecido por interpretar o James Bond, mas também fez um filme chamado ‘Never Say Never Again’ [nunca diga nunca novamente]”.
Depois de 2006, B.B. King realmente não fez mais turnês, mas chegou a participar, em meados de 2007, do show beneficente anual de Eric Clapton (Crossroads Guitar Festival). E caso B.B. King resolva não fazer mais grandes shows – ele já está com 82 anos de idade –, pelo menos agora existe um registro digno de um show seu em DVD. “B.B. King Live”, que chegou às lojas há pouco, apresenta um espetáculo integral do compositor nascido no Mississipi; um show, a bem da verdade, que ele apresenta já há alguns anos nos quatros cantos do planeta, mas que ninguém se cansa de assistir.
Filmado nas duas casas de show “B.B. King Blues Club” (em Nashville e Memphis), o DVD traz o registro do show por completo, na ordem original das músicas, apesar de tudo ter sido gravado em diversas noites do mês de outubro de 2006. B.B. King não se apresentava nas casas que levam seu nome havia 13 anos. Outro DVD do compositor lançado, “Live By Request” (2003), também é muito bom, mas foi filmado para um especial de televisão, bem diferente deste novo, através do qual o espectador pode ter a experiência de assistir realmente a um concerto completo e originalmente como foi concebido por B.B. King.
Como de costume nos shows de B.B. King, a banda começa atacando temas instrumentais turbinados, enquanto o rei do blues se prepara para subir ao palco. Quando finalmente ele pega a sua clássica guitarra Lucille e ataca com a auto-confessional “Why I Sing The Blues”, é possível entender perfeitamente porque B.B. King é o rei do blues. Feliz de quem teve a oportunidade de presenciar uma apresentação ao vivo dele...
“I Need You So” mostra que apesar da idade, B.B. King ainda está em plena forma vocal, e “All Over Again”, “Just Like a Woman” e “Darling, You Know I Love You” provam o que não precisa ser provado: B.B. King é um dos maiores guitarristas de todos os tempos. Outros grandes momentos são a versão para a suingante “A Whole Lot Of Loving” (de Fats Domino) e a lenta e autoral “Don’t Answer The Door”. A versão para “When Love Comes do Town” (vídeo abaixo), que B.B. King já havia gravado com a banda irlandesa U2, também desce bem.
Mas o melhor mesmo fica para o final, que é arrebatador com os clássicos “Rock Me Baby”, “Key To The Highway” (a mesma que Eric Clapton abria seus shows na “Reptile Tour”) e, claro, “The Thrill Is Gone”. O encerramento com “When The Saints Go Marching In” – a tradicional e alegríssima marcha fúnebre muito usada em enterros na cidade de Nova Orleans, e que foi imortalizada na versão de Louis Armstrong –, traduz bem o espírito do show: uma despedida alegre do rei do blues. Que essa despedida seja realmente apenas das grandes turnês.
Cotação: *****
22 de jun. de 2008
A DESPEDIDA ALEGRE DE B.B. KING
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