31 de mai. de 2008

DUDU NOBRE MAIS UMA VEZ DESPERDIÇADO

Uma boa e uma má notícia para o fã de Dudu Nobre. A boa é que “Roda de Samba Ao Vivo” é um belo disco. A ruim é que, como o próprio título denuncia, Dudu reaparece com mais um trabalho ao vivo – e de regravações. Dos sete álbuns do sambista, este lançamento é o terceiro de regravações. Ou seja, quase metade da obra de um dos melhores compositores da nova geração do samba dispensa canções inéditas.

Antes desse, já foram lançados o “Ao Vivo” (2004) e “Os Mais Belos Sambas-Enredo De Todos os Tempos” (2007). O bom “Festa Em Meu Coração” (2005) foi o último trabalho de Dudu com canções inéditas. Para um artista como Dudu Nobre, em quatro discos, lançar apenas um álbum de inéditas chega a ser triste. Lógico que para a gravadora, é sempre mais intere$$ante lançar um trabalho ao vivo cheio de regravações, com participações de Zeca Pagodinho e Martinho da Vila do que um trabalho com faixas inéditas que ninguém conhece. Pobre do artista, que tem que se sujeitar as regras do mercado fonográfico ou correr o risco de não ter como lançar suas canções. Resta saber quem será o Radiohead brasileiro...

Mas, voltando ao disco, como já foi dito, ele é bom. Dudu Nobre prestou uma homenagem ao partido-alto e não fez feio. Muito longe disso. “Roda de Samba Ao Vivo” chega a ter os seus belos momentos, como o medley inicial que junta “Sinhá, Sinhá”, “Gamação” e “Peixeiro Granfino” – todas compostas por Candeia –, a participação de Roberta Sá (cantando cada dia melhor) na batidíssima “Quem É Ela?”, e a animação da ótima “Mini Saia”, de Gabriel Moura, Valmir Ribeiro e Carlos Moura.

Para não dizer que o disco ao vivo não tem nada de inédito, Dudu apresenta “Tinha Cachaça No Meio”, “Seu Gastão Que Vai Bancar” e “Que Mundo É Esse”, três ótimas composições de Dudu, e que dão mais certeza de como um disco de canções inéditas cairia muito bem neste momento.

Mas se “Roda de Samba” tem inéditas, tem muitas regravações também. Algumas já foram citadas acima, mas nada supera mais uma versão de “Vou Botar Teu Nome Na Macumba”, “Posso Até Me Apaixonar” e “Tempo de Don Don”. Ainda que esta última tenha a participação do autor Nei Lopes nos vocais, ela é mais que dispensável. Zeca Pagodinho (em “Velho Ditado”), Martinho da Vila (“Chora, Viola, Chora”) e Almir Guineto (“Viola de Maçaranduba” e “Mocotó Com Pimenta”) são os outros três artistas que certamente vão ajudar Dudu e a gravadora Universal a venderem mais discos.

O show, que teve direção musical de Rildo Hora – uma garantia de excelentes arranjos – e foi gravado no Espaço Universal Up (na própria gravadora), no Rio de Janeiro, terá lançamento em DVD também, provavelmente no mês que vem.

Cotação: ***1/2

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu prefiro cd ao vivo por que a gente conhece todas as músicas.