11 de abr. de 2008

R.E.M. EMBARCA NA MÁQUINA DO TEMPO E PRODUZ UM NOVO CLÁSSICO

Em seu novo disco, “Accelerate”, o R.E.M. não precisou de mais do que 35 minutos para mostrar porque é a maior banda de rock da atualidade. Toda a comoção causada por esse novo trabalho, que valeu capa e reportagens longuíssimas à banda nas revistas “Spin” e “Q Magazine”, além de o primeiro lugar na parada britânica, é mais do que justificável. Dizer que “Accelerate” é o melhor álbum da banda norte-americana pode ser precipitado, ainda mais se levando em conta que ela tem no currículo um “Automatic For The People” (1992) – o grande álbum da década de 90, juntamente com o emblemático “Nevermind”, do Nirvana.
Mas se não chega a ser um disco tão perfeito quanto “Automatic For The People”, fato é que em “Accelerate”, o R.E.M. conseguiu uma dosagem perfeita entre as belas letras e texturas melódicas do álbum de 1992 com o rock mais sujo de álbuns como “Lifes Rich Pageant” (1986) e “Monster” (1994).
A maior parte do disco foi gravada ao vivo em estúdio. E talvez isso justifique a espontaneidade do registro, que soa mais visceral e raivoso como há muito não era ouvido nos trabalhos da banda. Grande exemplo disso é a faixa de abertura (“Living Well Is The Best Revenge”), com guitarras enfurecidas e uma bateria nervosa, com a típica sonoridade do R.E.M. e a voz inconfundível de Michael Stipe. A faixa-título segue o mesmo padrão, assim como “Horse To Water”, que tem um quê de “Finest Worksong”, e que muita gente desavisada pode pensar que é uma música nova dos Strokes. Para “Mr. Richards”, a banda norte-americana também buscou referências em seu passado. Mas, nesse caso, a bola da vez é o disco “Monster”. Aliás, o “riff” de guitarra inicial dessa música é praticamente idêntico ao de “What’s The Frequency, Kenneth?”.
“Man-Sized Wreath” é um outro rock com um refrão delicioso (“Throw it on the fire / Throw it on the air / Kick it out in the dance floor / Like you just don’t care”), acompanhado dos backing vocals do baixista Mike Mills que, aliás, canta cada dia melhor. A canção de trabalho, “Supernatural Superserious” é das melhores que a banda já gravou. A melodia gruda no ouvido e, certamente, vai entrar no rol das grandes canções do R.E.M., ao lado de “Imitation Of Life” e “Losing My Religion”.
Mas nem só de rock vive “Accelerate”. “Houston” é uma canção lenta, calcada no violão e com uma letra bem sugestiva para as eleições norte-americanas neste ano. “If the storm doesn’t kill me / The government will / Gotta get that out of my mind / It’s a new day today and the coffe is strong / I finnaly got some rest” são os versos iniciais da canção que sugere um futuro melhor para o país. E Michael Stipe já está fazendo o seu trabalho, ao usar uma camisa do provável candidato democrata Barack Obama nos shows da nova turnê.
“Until The Day Is Done”, que nos shows vem sendo dedicada ao ator Heath Ledger, lembra o R.E.M. de “Up”, meio “Daysleeper”, meio “Sad Professor”. E mais uma vez, a letra ataca fortemente o governo Bush (“The battle’s been lost, the war is not won / (…) / The verdict is dire, the country’s in ruins”). Mas se uma das especialidades da banda são as letras politizadas, letras mais viajantes também marcam presença, como “Sing For The Submarine”.
Na última canção de “Accelerate”, “I’m Gonna DJ” (já presente no CD e DVD ao vivo lançados anteriormente), Stipe prega: “Death is pretty final / I’m collecting vinyl / I’m gonna DJ at the end of the woooooorld”. Se Stipe for o DJ do fim do mundo e botar para rodar esse novo trabalho do R.E.M., já vai estar bom demais.

Cotação: ****1/2