30 de mai. de 2010

Resenhando: AC/DC, Rolling Stones, Chet Baker, Ney Matogrosso, Pearl Jam

“Iron Man 2” – AC/DC
É sempre um prazer ver um álbum do AC/DC no topo da parada inglesa e norte-americana. Ainda que seja um álbum de regravações. “Iron Man 2” traz 15 faixas originais da banda australiana. Não se trata de uma coletânea. Lógico que há sucessos, como “Back in black”, “Thuderstruck”, “T.N.T.”, “Highway to hell” e “Let there be rock”. Mas também há canções nem tão conhecidas, como “Cold hearted man”, “Have a drink on me”, “The razors edge” e “War machine”, sendo que esta é do último trabalho do AC/DC, “Black ice” (2008). Um álbum desse tipo, em um período em que você consegue baixar qualquer coisa da internet em poucos segundos, pode não fazer muito sentido. Mas os fãs da banda, que (ainda) consomem discos, gostaram. E não tem como. A capa e o encarte são caprichados e dá vontade de assistir ao filme só por causa das músicas. Agora, vamos esperar um DVD/BD da turnê “Black ice”, que passou por São Paulo no final do ano passado.

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“Exile on main st.” – Rolling Stones
Ficar falando de um clássico é chover no molhado. O que dizer de “Exile on main st.”, obra-prima dos Rolling Stones, 38 anos após o seu lançamento? As faixas falam por si: “Tumbling dice”, “Rocks off”, “Sweet Virginia”, “Happy”, “All down the line”... Nesse trabalho, Jagger, Richards e companhia conseguiram fazer a fusão perfeita do rock com o blues, o country e o soul. Não chega a ser um álbum com grandes sucessos. Mas, certamente, é o trabalho mais rico da carreira da banda inglesa. Gravado na Riviera Francesa (a banda tinha “fugido” do Reino Unido para não ter que pagar os escorchantes impostos), o estúdio foi palco de muita confusão entre os integrantes da banda. Tudo isso muito bem contado no livro “Uma temporada no inferno com os Rolling Stones”, de Robert Greenfield. Mick Taylor comentou sobre o álbum: “Acho que era só um bando de músicos chapados amontoados em um porão, tentando fazer um disco”. E que disco! A edição lançada agora traz um CD bônus com dez sobras de estúdio, incluindo takes alternativos de “Loving cup” e “Soul survivor”, além de inéditas como a maravilhosa “Plundered my soul” e “Dancing in the light”. Tomara que tenha mais coisa guardada. Lá fora, a edição ainda vem com um DVD com 30 minutos de cenas de bastidores. Pena que o DVD não tenha saído aqui no Brasil, o que não chega a ser surpreendente.

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“Candy” – Chet Baker
Investindo no catálogo de jazz, a Biscoito Fino colocou nas lojas o DVD “Candy”, que traz o registro de uma apresentação de Chet Baker em junho de 1985 – quatro meses depois, Chet viria ao Brasil para a primeira edição do finado Free Jazz Festival. A apresentação que consta no DVD foi gravado em Lidingö, na Suécia, dentro da biblioteca da gravadora Sonet. Ou seja, não se trata de um show no sentido estrito da palavra. Meio acabadão, Chet Baker toca o seu trompete e sussurra algumas letras daquele seu jeito todo próprio, sentado em um confortável sofá. Entre algumas músicas, há entrevistas, o que corta um pouco o clima, mas nada que um controle remoto não dê jeito. Acompanhado por Michel Graillier (piano) e Jean-Louis Rassinfosse (baixo), Chet Baker relembra standards como “Love for sale” (Cole Porter) e “My romance” (Richard Rogers / Lorenz Hart), além de temas de outros mestres do jazz como “Nardis” (Miles Davis) e “Tempus fugue-it” (Bud Powell). “Candy”, de fato, não traz Chet Baker em sua melhor forma. Mas o DVD serve para mostrar como um artista pode chegar ao fim com dignidade. Dignidade artística, frise-se.

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“Ensaio” – Ney Matogrosso
Ney Matogrosso é um dos artistas que mais lança DVD com registro de shows. No entanto, ainda falta um: “À flor da pele”, em parceria com o violonista Raphael Rabello. “Ensaio”, que chegou às lojas nessa semana, supre (um pouco) essa lacuna. No vídeo, Ney é acompanhado pelo percussionista Don Chacal e pelo próprio Raphael Rabello. Seguindo a estrutura clássica do programa "Ensaio", Ney falou sobre a sua carreira (desde a sua chegada a Brasília), a sua relação com as drogas, homossexualismo (“amplia a percepção do mundo”), além de ter criticado a indústria fonográfica. Gravado em 1990, o programa ainda apresenta belas versões para músicas desde os tempos dos Secos & Molhados (“Sangue latino” e “Rosa de Hiroxima”), passando por sucessos gravados por Ney durante a sua carreira solo (“Balada do louco”, “Tic tac do meu coração” e “Vereda tropical”), até chegar às pérolas do cancioneiro brasileiro que Ney desfiara nos shows “O pescador de pérolas” e “À flor da pele”, que são os casos de “O mundo é um moinho” (a canção de Cartola ganhou uma interpretação magistral nesse DVD), “Da cor do pecado” (Bororó) e “Molambo” (Jayme Florence / Augusto Mesquita). E que venha agora o registro do show “Beijo bandido”, que acontecerá no Rio de Janeiro, no início do segundo semestre.

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“2009 bootlegs – Live” – Pearl Jam
Parece que o Pearl Jam e a Dave Matthews Band competem para ver quem lança mais CDs ao vivo. E o Pearl Jam agora deve ter passado a frente. No site oficial da banda norte-americana é possível comprar (MP3 ou os CDs físicos) as gravações de todos os shows da turnê do ano passado (e que continua agora em 2010). O diferencial desses álbuns é que eles trazem canções do último disco de estúdio do grupo, “Backspacer” (2009), como “The fixer”, “Johnny Guitar” e “Just breathe”. Lógico que também tem os grandes hits, como “Alive”, “Yellow ledbetter” e “Daughter”. O repertório de cada show é bem variado. E isso deixa o fã com várias dúvidas na hora de escolher o CD. Eu escolhi o de Christchurch, na Nova Zelândia, que foi o último de 2009 (no dia 29 de novembro). São quase duas horas e meia de música, com todas as faixas que eu citei acima. Destaco o início com a dobradinha “Given to fly” / “Get some”, além de “Jeremy”, sempre emocionante. Bacana como sempre também a já clássica versão para “Rockin’ in the free world”, de Neil Young.

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Abaixo, o iniciozinho do programa “Ensaio”, de Ney Matogrosso, que agora chega ao DVD.

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