7 de set. de 2008

CD: “DÉJÀ VU LIVE” (CROSBY, STILLS, NASH & YOUNG) – DE GUERRA EM GUERRA, A TRILHA SONORA PERMANECE A MESMA...

O título do álbum é o mesmo de uma canção composta há praticamente 40 anos. Mas não poderia ser mais atual para esse disco que reúne, mais uma vez, quatro monstros sagrados da história da música. Se no ano em que foi lançada “Déjà Vu”, os jovens norte-americanos eram enviados ao Vietnã, agora, depois de tantas décadas, a única coisa que mudou foi o destino dos mesmos. Seja para o Afeganistão ou para o Iraque, os jovens continuam pagando o pato dos senhores da guerra que insistem em (des)governar o mundo.

E foi exatamente para protestar contra isso que Neil Young, Stephen Stills, David Crosby e Graham Nash se juntaram depois de seis anos separados para a turnê “Freedom Of Speech”, que, a cada noite, dava uma bofetada na administração de George W. Bush. A idéia da turnê nasceu após o lançamento do disco “Living With War”, gravado por Neil Young em 2006. As canções do disco que ora estava sendo lançado pelo compositor canadense são o fio condutor do show que contextualiza a atualidade com aquelas velhas canções dos tempos da guerra do Vietnã.

Os 40 anos que separam as guerras (e as músicas) mostram que se a mentalidade guerrilheira norte-americana não modificou, as letras de Neil Young mudaram bastante. As canções anteriores, com discretas mensagens – praticamente subliminares – críticas à guerra, como “Teach Your Children”, foram substituídas por uma poesia raivosa que cospe na cara do ouvinte. Com uma rápida audição em “Living With War” já é possível observar tudo isso. A faixa título (“I’m living with war everyday / I’m living with war in my heart everyday / I’m living with war right now”) e a direta “Let’s Impeach The President” (“Let’s impeach the President for lying / And misleading our country into war / Abusing all the power that we gave him / And shipping all our money out the door”) são dois bons exemplos. Após o término dessa última canção, quando a platéia se divide entre aplausos e vaias, Neil Young diz: “Thank you, freedom of speech”.

Mas algumas letras mais antigas também dão o seu recado de forma mais direta. “Military Madness”, de Graham Nash é atualizada de forma que o presidente dos Estados Unidos possa ser “homenageado” em sua letra (“Military Madness was killing the country / Solitary sadness creeps over me / And after the wars are over / And the body count is finally filed / I hope that The Man [substituído por George Bush] discovers / What’s driving the people wild”).

Aliás, com relação a essas canções mais velhas, como a acima citada, “Déjà Vu” e “Wooden Ships” são ressuscitadas nesse novo álbum, ganhando uma sonoridade mais encorpada – o solo de guitarra da faixa-título é especialmente arrepiante. E “For What It’s Worth” (hino de Stephen Stills) ganhou muito com um arranjo mais puxado para o blues.

Apesar de pecar um pouco por privilegiar além da conta o repertório de “Living With War”, “Déjà Vu Live” é um grande álbum, que vai ficar mais interessante ainda quando o documentário que originou chegar ao DVD. Os shows da turnê “Freedom Of Speech” chegavam a ter mais de três horas de duração, e muita coisa bacana como “Almost Cut My Hair”, “Treetop Flyer”, “Ohio” e “Rockin’ In The Free World”, acabou ficando de fora do disco. Que o DVD, nem que seja nos seus extras, consiga consertar essa falha.

Abaixo, o trailer do filme “Déjà Vu”, que será lançado em DVD no dia 30 de setembro, nos Estados Unidos.

Cotação: ****

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