Em dado momento do documentário que analisa o “Black Album”, da série “Classic Albuns”, Lars Ulrich diz: “Eu não consigo mais imaginar um disco do Metallica que não seja produzido por Bob Rock”. No ano em que o documentário foi produzido (2001), o Metallica ainda não havia entrado em estúdio para gravar “St. Anger” (2003). E, como os fãs estão carecas de saber, muita coisa aconteceu do lançamento do malfadado disco até hoje. (Para quem não sabe, basta dar uma olhada no filme “Some Kind Of Monster.)
No mesmo documentário do “Black Album”, Ulrich conta como conheceu Bob Rock. O produtor, sem mais nem menos, logo após o lançamento de “... And Justice For All” (1988) falou: “Eu acho que vocês não conseguem passar para o disco, o som que fazem no palco”. Logicamente, Ulrich olhou o produtor com aquela cara: “Quem diabo é você?”. Mas, pelo jeito, ele e James Hetfield pagaram para ver. Entraram em estúdio com Bob Rock e de lá saíram com a obra-prima que até virou objeto do documentário citado.
Realmente, no “Black Album”, o Metallica ganhou uma sonoridade, digamos, mais profissional. A mixagem tosca do álbum anterior, no qual mal dava para escutar o baixo, deu lugar a um som potente. E a quantidade de clássicos do álbum, melhor nem falar. Só o riff de “Enter Sandman” entrou para a história. E o resto... É história!
Pena que o negócio acabou parando por aí mesmo. Os dois álbuns posteriores (“Load” e “ReLoad”), sem contar com o de covers, “Garage Inc.”, decepcionaram. E “St. Anger” foi a pá de cal sobre o caixão metálico.
Mas esse mesmo caixão agora ressurge na capa de “Death Magnetic”, nono álbum de estúdio da banda, mostrando que o Metallica está vivo novamente. E muito vivo! Certamente Rick Rubin, produtor do disco, foi um dos responsáveis por isso. Desde o disco de 1991, não se ouvia James Hetfield cantar com tanta vontade, Kirk Hammett fazer solos tão espetaculares e Lars Ulrich arrebentar a sua bateria com tanta vontade. De quebra, Robert Trujillo mostra no baixo a vontade que havia muito faltava a Jason Newsted.
Além disso tudo, em “Death Magnetic”, pela primeira vez, todos os membros da banda contribuem na composição, e uma faixa instrumental (“Suicide & Redemption”) dá as caras, o que não acontecia desde “... And Justice For All” (1988). Se o fã fechar os olhos, pode ter a impressão que a faixa é filhote de “Orion”, do clássico “Master Of Puppets” (1986).
E por falar no clássico álbum de 1988, o primeiro single de “Death Magnetic”, “The Day That Never Comes”, com a sua sonoridade épica, alternando a fúria da banda com momentos mais calmos, é praticamente uma reminiscência daquela época, com uma pitada de “Fade To Black”. Mas não é apenas nessa faixa em que pode ser ouvida a “old school” do Metallica. “That Was Just Your Life”, música de abertura do novo disco, mostra tudo o que o velho fã do grupo quer escutar de novo, notadamente a poderosa bateira de Lars Ulrich que volta a soar como em “Ride The Lightning”, por exemplo. E isso sem contar com os guturais vocais de James Hetfield.
As duas faixas seguintes, “The End Of The Line” e “Broken, Beat & Scarred” seguem o mesmo propósito. A primeira conta com uma pesada letra sobre vício e morte, enquanto que, na segunda, é possível ouvir o Metallica retornar às suas raízes mais ‘trash’ dos anos 80. O mesmo acontece em “My Apocalypse” que, com cinco minutos de duração, é a faixa mais curta do álbum – todas as outras ultrapassam os seis minutos e meio. Nessa última canção de “Death Magnetic”, a impressão que fica é que, sem querer, colocamos para rodar “Kill ‘Em All” (1983).
Outros dois grandes destaques do álbum são “All Nightmare Long” e “The Judas Kiss”. “All Nightmare Long” talvez seja a melhor faixa de “Death Magnetic”, com a sólida bateria de Lars Ulrich e um riff de guitarra genial (e já clássico) de Kirk Hammett. Provavelmente será uma daquelas canções que, daqui a 20 anos, permanecerá no repertório de shows do Metallica. Já “The Judas Kiss” prova que a aquisição de Robert Trujillo foi excelente para a banda. E Hammet destrói mais uma vez com um solo arrasador de guitarra.
O Metallica ainda aproveita para fechar a sua trilogia “The Unforgiven”. A terceira parte da canção é a mais lenta do álbum, próxima de “Unforgiven II”, presente em “ReLoad” (1997), com o mesmo estilo mais bluesy na guitarra. Se a faixa não chega a prejudicar o disco como um todo, certamente, é a sua música mais fraca. Ah, e apesar do título, a palavra “unforgiven” não é citada nenhuma vez na letra.
Pouco antes do lançamento de “Death Magnetic”, James Hetfield disse que o título era uma homenagem às pessoas do mundo da música que já haviam partido dessa para melhor, como Layne Staley e vários outros. Na expressão usada por ele, “mártires do rock”. Bela homenagem. Mas o melhor mesmo de “Death Magnetic” é mostrar que o Metallica está mais vivo do que nunca. Como mártires de sua própria existência.
Abaixo, o videoclipe do single “The Day That Never Comes”.
Cotação: ****1/2
No mesmo documentário do “Black Album”, Ulrich conta como conheceu Bob Rock. O produtor, sem mais nem menos, logo após o lançamento de “... And Justice For All” (1988) falou: “Eu acho que vocês não conseguem passar para o disco, o som que fazem no palco”. Logicamente, Ulrich olhou o produtor com aquela cara: “Quem diabo é você?”. Mas, pelo jeito, ele e James Hetfield pagaram para ver. Entraram em estúdio com Bob Rock e de lá saíram com a obra-prima que até virou objeto do documentário citado.
Realmente, no “Black Album”, o Metallica ganhou uma sonoridade, digamos, mais profissional. A mixagem tosca do álbum anterior, no qual mal dava para escutar o baixo, deu lugar a um som potente. E a quantidade de clássicos do álbum, melhor nem falar. Só o riff de “Enter Sandman” entrou para a história. E o resto... É história!
Pena que o negócio acabou parando por aí mesmo. Os dois álbuns posteriores (“Load” e “ReLoad”), sem contar com o de covers, “Garage Inc.”, decepcionaram. E “St. Anger” foi a pá de cal sobre o caixão metálico.
Mas esse mesmo caixão agora ressurge na capa de “Death Magnetic”, nono álbum de estúdio da banda, mostrando que o Metallica está vivo novamente. E muito vivo! Certamente Rick Rubin, produtor do disco, foi um dos responsáveis por isso. Desde o disco de 1991, não se ouvia James Hetfield cantar com tanta vontade, Kirk Hammett fazer solos tão espetaculares e Lars Ulrich arrebentar a sua bateria com tanta vontade. De quebra, Robert Trujillo mostra no baixo a vontade que havia muito faltava a Jason Newsted.
Além disso tudo, em “Death Magnetic”, pela primeira vez, todos os membros da banda contribuem na composição, e uma faixa instrumental (“Suicide & Redemption”) dá as caras, o que não acontecia desde “... And Justice For All” (1988). Se o fã fechar os olhos, pode ter a impressão que a faixa é filhote de “Orion”, do clássico “Master Of Puppets” (1986).
E por falar no clássico álbum de 1988, o primeiro single de “Death Magnetic”, “The Day That Never Comes”, com a sua sonoridade épica, alternando a fúria da banda com momentos mais calmos, é praticamente uma reminiscência daquela época, com uma pitada de “Fade To Black”. Mas não é apenas nessa faixa em que pode ser ouvida a “old school” do Metallica. “That Was Just Your Life”, música de abertura do novo disco, mostra tudo o que o velho fã do grupo quer escutar de novo, notadamente a poderosa bateira de Lars Ulrich que volta a soar como em “Ride The Lightning”, por exemplo. E isso sem contar com os guturais vocais de James Hetfield.
As duas faixas seguintes, “The End Of The Line” e “Broken, Beat & Scarred” seguem o mesmo propósito. A primeira conta com uma pesada letra sobre vício e morte, enquanto que, na segunda, é possível ouvir o Metallica retornar às suas raízes mais ‘trash’ dos anos 80. O mesmo acontece em “My Apocalypse” que, com cinco minutos de duração, é a faixa mais curta do álbum – todas as outras ultrapassam os seis minutos e meio. Nessa última canção de “Death Magnetic”, a impressão que fica é que, sem querer, colocamos para rodar “Kill ‘Em All” (1983).
Outros dois grandes destaques do álbum são “All Nightmare Long” e “The Judas Kiss”. “All Nightmare Long” talvez seja a melhor faixa de “Death Magnetic”, com a sólida bateria de Lars Ulrich e um riff de guitarra genial (e já clássico) de Kirk Hammett. Provavelmente será uma daquelas canções que, daqui a 20 anos, permanecerá no repertório de shows do Metallica. Já “The Judas Kiss” prova que a aquisição de Robert Trujillo foi excelente para a banda. E Hammet destrói mais uma vez com um solo arrasador de guitarra.
O Metallica ainda aproveita para fechar a sua trilogia “The Unforgiven”. A terceira parte da canção é a mais lenta do álbum, próxima de “Unforgiven II”, presente em “ReLoad” (1997), com o mesmo estilo mais bluesy na guitarra. Se a faixa não chega a prejudicar o disco como um todo, certamente, é a sua música mais fraca. Ah, e apesar do título, a palavra “unforgiven” não é citada nenhuma vez na letra.
Pouco antes do lançamento de “Death Magnetic”, James Hetfield disse que o título era uma homenagem às pessoas do mundo da música que já haviam partido dessa para melhor, como Layne Staley e vários outros. Na expressão usada por ele, “mártires do rock”. Bela homenagem. Mas o melhor mesmo de “Death Magnetic” é mostrar que o Metallica está mais vivo do que nunca. Como mártires de sua própria existência.
Abaixo, o videoclipe do single “The Day That Never Comes”.
Cotação: ****1/2
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