24 de ago. de 2008

CD: “SAINTS OF LOS ANGELES” (MÖTLEY CRÜE) – É PEGAR OU LARGAR

O Mötley Crüe é mais conhecido pelas confusões em que seus integrantes se envolvem do que pela música propriamente dita. Desde 1981, a banda formada pelo baixista Nikki Sixx, o baterista Tommy Lee, o vocalista Vince Neil e o guitarrista Mick Mars, está sempre em alguma página de jornal distante do caderno cultural. Afinal de contas, qual outra banda que teve todos (TODOS!) os seus integrantes internados em clínica de reabilitação ao mesmo tempo?

Entre algumas confusões, o Mötley Crüe arrumou tempo para gravar alguns discos que, goste-se ou não, transformaram-se em símbolos do glam metal (ou rock farofa, em uma linguagem mais acessível) e venderam mais de 80 milhões de cópias ao redor do planeta. “Shout At The Devil” (1983), “Theatre Of Pain” (1985), “Girls, Girls, Girls” (1987) e “Dr. Feelgood” (1989) são belos exemplos de álbuns que estão em qualquer discografia básica do glam metal. Inclusive, “Kickstart My Heart”, faixa de “Dr. Feelgood”, pode ser considerado um dos grandes clássicos da história do rock farofa.

Após o disco de 1989, a banda viu alguns de seus membros caírem fora, como o vocalista Vince Neil e o baterista Tommy Lee. Em 1996, ainda lançaram um álbum que foi um fracasso comercial (“Generation Swine”), e somente em 2004, os quatro membros originais do Mötley Crüe se reuniram novamente para uma turnê. E o álbum agora lançado, “Saints Of Los Angeles”, o nono da carreira do conjunto, é o primeiro com a formação original e completa, após um considerável hiato. Os fãs, pelo visto, aprovaram, colocando o álbum, na sua semana de lançamento, na 4ª colocação da parada da Billboard.

E em “Saints Of Los Angeles” é possível ouvir todas as características que consagraram a banda. Da sonoridade farofa hard rock / glam metal às letras cheias de fanfarronice que falam sobre o mesmo assunto (sexo, drogas & rock n’ roll), tudo isso pode ser encontrado no novo álbum do Mötley Crüe.
Pouco antes do lançamento do disco, o baixista Nikki Sixx escreveu em seu blog que as canções de “Saints Of Los Angeles” estavam entre as melhores que a banda havia composto em vários anos. Mas, na verdade, pouca coisa se diferencia nesse novo trabalho. Aliás, após ouvir o disco inteiro, tendo em vista a sonoridade muito parecida entre as canções, e as letras repetitivas, fica aquela impressão de que todas as faixas são absolutamente iguais.

Com relação às letras, “Saints Of Los Angeles” pode ser considerado um álbum, de certa forma, conceitual, eis que quase todas elas falam sobre o estilo de vida de estrelas do rock n’ roll na cidade de Los Angeles. Musicalmente, como já foi dito, o Mötley Crüe não vai além do que já mostrou em seus álbuns – especialmente os da década de 80. Pelo contrário, em “Saints Of Los Angeles” não há nenhuma “Kickstart My Heart” ou “Shout At The Devil”. Mas, para quem gosta da banda, com certeza não vai se decepcionar com faixas como “Face Down In The Dirt”, a segunda do álbum, e que já mostra tudo o que o ouvinte vai encontrar nele: a sonoridade farofa com grande vocais de Vince Neil e letras bem gaiatas, como “I wanna make a lot of money / But I don’t wanna go to school / I don’t wanna get a real job / I don’t wanna be you”.

Outros destaques de “Saints Of Los Angeles” são a obscena “MF Of The Year” e “White Trash Circus”, que já pode ser considerada uma das melhores letras do Mötley Crüe por causa de apenas um verso: “We’re the drunken gods of the living dead”. “Down At The Whisky”, é uma das melhores do disco, tanto na música, como na letra, esta também bem ao estilo fanfarrão da banda de Los Angeles (“LA girls they payed the rent / While we got drunk on Sunset Strip / And all the cash they made we spent / On tattoos and cigarettes”). A faixa-título, com o seu grudento refrão, a pesadíssima “Welcome To The Machine”, e a baba “The Animal In Me”, certamente, também farão a alegria dos fãs do Mötley Crüe. Já “Chicks = Trouble”, com o seu refrão meio estúpido, e “Goin’ Out Swingin’” são os pontos fracos do CD.

Quem for fã do Mötley Crüe não vai se decepcionar com “Saints Of Los Angeles”. Pelo contrário, ele pode ser considerado, facilmente o melhor disco do grupo desde “Dr. Feelgood” (1989). Mas não porque esse novo trabalho seja algo maravilhoso, mas sim pelo simples fato de que o Mötley Crüe não lançou nenhum material de impacto nos últimos 19 anos. De qualquer forma, não deixa de ser um retorno às suas origens.

Abaixo, o videoclipe da faixa-título do álbum.

Cotação: **1/2

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo, os Mötley Crüe são mais conhecidos pelas peripécias e confusões em que se metem do que propriamente pela música que fazem. Mas também produzem headlines muito boas!! No final de 2004, era a polícia de Dallas à procura do vocalista Vince Neil. Depois, o mesmo Vince parte uma perna durante um concerto. No ano passado, Tommy Lee abandona a banda por causa de dinheiros. O que eu não sabia é que já este ano eles fizeram uma mini-tournée num cruzeiro (http://cotonete.clix.pt/quiosque/noticias/body.aspx?id=37746). Fizeram ou planeavam fazer porque com eles nunca se sabe!! Ah pois, e há aí um novo álbum... Mas alguém se preocupa com isso?!?