2 de ago. de 2008

CD: “HERE WE STAND” (THE FRATELLIS) – THE FRATELLIS ESBARRAM NO DESAFIO DO SEGUNDO ÁLBUM

O maior temor que uma banda relativamente nova pode ter é o tão falado segundo disco. Imagina você que tem uma banda há uns cinco anos e é contratado por um grande selo para gravar o primeiro álbum. Lógico que tudo o que a sua banda fez de melhor nesses cinco anos estará no álbum de estréia. Aí, ele é muito elogiado, vende bastante e você e seus companheiros entram em uma incessante turnê, até que... chega a hora de gravar o segundo disco.

Já que não dá para sentar e chorar, o jeito é se trancar no estúdio e se virar com algumas coisas que o tempo permitiu que você compusesse durante a turnê. Várias bandas conseguem se superar no segundo disco – e as que conseguem, geralmente tem um bom futuro –, mas a maioria fica pelo caminho.

Com “Here We Stand”, essa parece ser a história da banda escocesa The Fratellis. O primeiro trabalho do conjunto (“Costello Music”) foi um dos melhores discos lançados em 2006. Obviamente o público vai exigir algo no mínimo igual (no sentido de ‘mesma qualidade’) para o segundo álbum.

“Here We Stand” é um disco igual a “Costello Music”. Mas não igual no sentido acima, mas sim igual no sentido de ‘repetitivo’. Tirando uma canção ou outra, o que se ouve no novo trabalho da banda escocesa é mera repetição do que foi feito no primeiro disco, em uma terrível sensação de ‘déjà ouvi’. O que é uma pena, porque um grupo que grava coisas como “Chelsea Dagger” e “Henrietta”, em seu primeiro álbum, e ainda leva um BRIT Awards da BBC, está muito longe de ser ruim. Mas fato é que o charme, a energia e a alegria de “Costello Music” simplesmente desapareceram. Muito da graça das letras foi perdido (apesar de as mesmas continuarem falando de bebedeiras, mulheres e festas) e a sensação de que a banda ficou no meio do caminho entre o som dos anos 70 e o atual dos 00 é latente.

Apesar de tudo isso, “Here We Stand” ainda pode ser considerado um disco com algumas boas canções. O maior exemplo é o seu primeiro single, “Mistress Mabel”. No melhor estilo ‘Elton John dos anos 70’, Barry Fratelli, Mince Fratelli e Jon Fratelli, com um riff de guitarra poderoso, construíram um hit certeiro. “Look Out Sunshine”, apesar de não ter muito conteúdo, tem cara de ‘hit de verão dos anos 90’ também. O mesmo caminho segue “A Heady Tale”, que com seu pianinho esperto, guitarra country e letra engraçadinha mais parece uma repetição de outras músicas do disco. Talvez em um ‘pub’ na Escócia, depois de algumas cervejas, o ouvinte não consiga mais notar diferença alguma...

Outro bom momento é a faixa de abertura, “My Friend John”. Com um riff de guitarra semelhante ao estilo dos Arctic Monkeys, a música acaba dando a (falsa) impressão de que “Here We Stand” vai decolar, o que, de fato, não acontece. “Lupe Brown”, já lá no finalzinho do disco, poderia servir de trilha-sonora para alguma comédia pastelão filmada no verão californiano, daquele tipo que o ‘nerd’ da galera se dá bem no final com a loira gostosona. Mas mesmo assim, é uma música razoável. O encerramento com “Milk And Money”, com as suas variações rítmicas, também não desce mal. A retrô “Babydoll”, por ser parecida demais com as melhores canções de “Costello Music”, também é outra que sai no lucro em “Here We Stand”. Já “Tell Me a Lie”, na qual a banda mistura rock e blues, chega a lembrar um pouquinho a sonoridade do The White Stripes, e isso é um elogio.

Por sua vez, “Stragglers Moon” é a coisa mais chata que o The Fratellis já gravou, e “Acid Jazz Singer” também não fica muito atrás.

Como já foi dito, “Here We Stand” não pode ser considerado um disco ruim, mas é muito, muito pouco para o The Fratellis. Ainda bem que o mercado de discos estrangeiro é mais paciente que o nosso. Porque eles têm competência de sobra para se redimir. A maior prova disso é o ótimo “Costello Music”.

Abaixo, um vídeo com a apresentação ao vivo de “My Friend John”, no programa de Jools Holland, em maio passado.

Cotação: ***

Um comentário:

a unica que escreve ao coronel disse...

Concordo com o fato de que o "Here we stand" é pouco, muito pouco para o The Fratellis, porém, caso você tenha realmente ouvido o "Costello Music", é facilmente perceptivel a diferença entre esses dois. Uma única leitura discriminatoria de tua resenha deixa a vaga impressão de que você nem se deu ao trabalho de ouvir um dos dois CDs com algum senso crítico. Sem nenhuma maldade, lógico, já que opinião é indivídual. E sim, todos esperamos que a competência do Fratellis reapareça num possivel proximo CD.