Quando o Coldplay anunciou que estava se unindo ao produtor Brian Eno para gravar um novo álbum, os fãs ficaram loucos de curiosidade para saber qual rumo a banda iria tomar. Os três primeiros trabalhos do Coldplay, “Parachutes” (2000), “A Rush Of Blood To The Head” (2002), “X & Y” (2005), foram três bons discos com ótimas canções. Mas uma banda que pretende chegar ao topo tem que ir além disso. E o Coldplay, em “Viva La Vida Or Hate And All His Friends” conseguiu chegar lá.
Além de boas canções, um disco de uma banda que chega ao auge deve ter um conceito, uma unidade, de forma que possa ser chamado de ‘um grande álbum’. Os quatro primeiros discos do U2 – banda que muitos gostam de comparar ao Coldplay –, “Boy”, “October”, “War” e “Unforgettable Fire”, eram, assim como os três primeiros do Coldplay, bons álbuns com ótimas canções. Mas a virada conceitual da banda irlandesa, que fez com que a mesma se transformasse em uma das mais importantes do mundo, veio com “The Joshua Tree”, um álbum com conceito fechado, início, meio e fim.
Não por acaso, o produtor de “The Joshua Tree” também foi Brian Eno. E, felizmente, em “Viva La Vida”, ele conseguiu fazer com o Coldplay o mesmo que havia realizado com a banda irlandesa. Em “Viva La Vida”, o Coldplay se transforma definitivamente em uma das grandes bandas de rock da atualidade, deixando de ser, como muitos (erroneamente) insistiam em afirmar, um simples clone do U2 e do Radiohead.
“Viva La Vida” pode ser resumido em uma palavra: épico. Começando pela capa, com a clássica pintura “A Liberdade Guiando o Povo”, do pintor romântico francês Eugene Delacroix, até o conteúdo de algumas letras, passando pela abertura (que mais parece um prelúdio) e pela sonoridade grandiosa, o novo álbum da banda inglesa soa, apesar de a expressão não ser a mais adequada (até mesmo pela falta de ligação temática entre as letras das canções), como uma ópera-rock.
A instrumental “Life In Technicolor” é uma bela abertura (e fechamento, eis que se repete no final) para o que se segue. Em canções como “Cemeteries Of London” e “Lost!” (cheia de tambores tribais) fica clara a mudança de direção do Coldplay. Ao invés de canções com potencial forte para ser transformarem em hits, elas estão muito mais bem trabalhadas, com arranjos complexos, e até a voz de Chris Martin (explorando a sonoridade mais grave) também é um reflexo dessa mudança.
“42” é uma das melhores do CD (logo abaixo). A canção que começa lenta e termina de forma pesadíssima é uma das melhores lançadas nesse ano. Talvez seja a prova maior de quão grande foi a guinada do Coldplay. (Um simples clone de U2 e Radiohead jamais faria algo desse nível.) Mesmo que “Viva La Vida” só tivesse essa canção que prestasse, já seria o suficiente para ser bom.
Mas, felizmente, outras canções, como “Lovers In Japan / Reign Of Love” – unidas em uma única faixa no CD, mas completamente distintas: a segunda talvez seja a balada mais bonita composta pela banda inglesa –, “Yes” (com mais de sete minutos de duração, na verdade, são duas canções em uma; quem não tiver atenção, vai achar que o CD veio com defeito) e “Viva La Vida”, outra bela canção, que, com a sua estupenda letra, que fala sobre um ditador deposto (“I used to rule the world / Seas would rise when I gave the word / Now in the morning I sleep alone / Sweep the streets I used to own”), fecha o conceito do CD – inclusive, nos shows a banda vem se vestindo com uma espécie de uniforme de ‘guerreiros’.
O primeiro single, “Violet Hill”, que os fãs conheceram através da Internet, antes do lançamento do álbum, pode ser considerado o resumo do trabalho, contendo todas as evoluções sonoras e poéticas que “Viva La Vida Or Death And All His Friends” apresenta. “Strawberry Swing” segue o mesmo estilo da anterior, também com tambores tribais, uma discreta e bonita guitarra e a letra mais singela do disco.
A derradeira “Death And All His Friends” (curioso a banda ter juntado dois títulos de canção para dar nome ao trabalho; a Legião Urbana também fez isso em “A Tempestade Ou o Livro Dos Dias”) é a que mostra mais o espírito épico do álbum. Uma letra curta com uma sonoridade grandiosa, cheia de alterações melódicas, e um coro muito bacana mandando ver na última estrofe da letra. Após um breve silêncio, “Life In Technicolor” volta para fechar com chave de ouro a ‘ópera’ do Coldplay, enquanto Chris Martin repete candidamente os seguintes versos “And In The End / We lie awake, and we deram of making our escape”. Um sonho digno de um filme de Fellini.
Um verso dessa última canção é emblemático para “Viva La Vida”: “No, I don’t want a battle from beggining to end”. Apesar de não desejarem a batalha, Chris Martin, Guy Berryman, Jonny Buckland e Will Champion, venceram essa. Até os críticos que fazem uma resenha em meia linha de jornal e se limitam a dizer que o Coldplay imita o U2, terão que se curvar. “Viva La Vida Or Death And All His Friends” é um dos melhores discos do ano.
Cotação: *****
3 de jul. de 2008
ÁLBUM: “VIVA LA VIDA OR DEATH AND ALL HIS FRIENDS” (COLDPLAY) – A REVOLUÇÃO DO COLDPLAY
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5 comentários:
Coldplay é tudo de bom mesmo!!!! E o CD novo não poderia ser diferente...ou melhor, poderia sim, e é...melhor!!!
Até que enfim é lançado um CD marcante. Pode ser cedo ainda para dizer, mas acredito que ele ficará na memória, coisa muito difícil de acontecer no mundo de hoje. Tinha que ser o Coldplay! Nota 100
Corrigindo...Nota 1000 James!!!!rsrs
Não é porque eu já gostava da banda, mas, acho que esse álbum realmente é revulucionário!
Ainda não comprei o novo Cd mas depois de ler essa excelente resenha...não da pra perder mais tempo!
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