“The Very Best Of Mick Jagger”, coletânea de sucessos do líder dos Rolling Stones que já está nas lojas, é o exemplo de como um artista, por melhor que seja, dificilmente consegue viver sem a banda que o alçou ao estrelato. (Lógico que existem exemplos a mancheias de artistas que se deram bem na carreira solo, mas não vem ao caso aqui.) Ao lado de Keith Richards e companhia, Jagger brilha, não há dúvidas. Mas na sua irregular carreira solo, o Stone é uma decepção imensa. Aliás, se ele não fosse integrante de uma das maiores bandas de rock do mundo, dificilmente a sua obra solo seria notada.
Pode soar até forte demais dizer que a carreira solo de Jagger beira à mediocridade. Mas, de fato, este adjetivo é bem preciso para qualificá-la. Para quem é fã dos Rolling Stones, uma coletânea de Mick Jagger acaba sendo uma boa opção, por reunir as canções mais importantes de sua carreira solo. Mas nem uma coletânea como essa “The Very Best Of Mick Jagger” consegue mostrar um lado bom em sua obra solo. Pelo contrário, ela evidencia ainda mais a sua irregularidade.
Todos os álbuns solo de Jagger estão representados na compilação. Do superficial “She’s The Boss” (1985) até o mediano “Goddess In The Doorway” (2001), as facetas de Mick Jagger estão todas aqui. E é interessante notar como os seus discos solo estão diretamente relacionados com a obra que os Rolling Stones produziam no momento. Por exemplo: a falta de inspiração de “Undercover Of The Night” (o pior discos dos Rolling Stones, lançado em 1983) está presente em “She’s The Boss” (1985). A eletrônica do início dos anos 80, com todas as suas mazelas (inclusive aquele terrível eco na bateria) é comum aos dois discos, praticamente contemporâneos. Isso pode ser facilmente verificado nas faixas “Just Another Night” e “Lucky In Love”.
Quando os Rolling Stones deram um salto de qualidade, com “Voodoo Lounge” (1994) e “Bridges To Babylon” (1997), isso fica evidenciado em “Goddess In The Doorway” (2001), que não chega a ser um álbum tão ruim, como provam “God Gave Me Everything” e “Joy” (dueto de Jagger com Bono, que não está creditado no encarte do CD). Já “Primitive Cool” (1987) e “Wandering Spirit” (1993) sofrem de falta de originalidade, com canções bem sem-graça, como “Let’s Work”, “Don’t Tear Me Up” e “Sweet Thing”, na qual Mick Jagger tenta fazer algo no estilo “Miss You”, e acaba se dando muito mal.
Além das canções constantes em seus poucos discos solo, a coletânea agrupa uma música que fez parte de um álbum de Peter Tosh. “(You Got To Walk And) Don’t Look Back” é um reggae sofrível que não tinha a mínima necessidade de ser lembrado. Mais duas canções (“Old Habits Die Hard” e “Memo From Turner”) foram feitas para trilha sonora de filmes. Aliás, “Memo From Turner” é o melhor momento do disco. Não por acaso, é uma parceria de Jagger com a sua cara-metade Keith Richards, gravada em 1969.
“The Very Best Of Mick Jagger” também traz canções que estavam inéditas, como “Charmed Life” (de 1992) e “Too Many Cooks (Spoil The Soup)” (de 1973). E como não poderia deixar de ser, a famosa parceria de Jagger com David Bowie em “Dancing In The Street” (vídeo abaixo).
Em resumo, “The Very Best Of Mick Jagger” mata a curiosidade de quem deseja conhecer a obra solo do vocalista dos Rolling Stones. Mas é mais do que suficiente. Os discos originais de Jagger podem ficar nas estantes dos colecionadores.
Cotação: **1/2
13 de jun. de 2008
QUANDO UMA BANDA FAZ A DIFERENÇA
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Mick Jagger
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3 comentários:
Quer saber de uma coisa , vou comprar um pijama listrado com bolsos bem grandes para Mick , pois assim ele se aposenta e pode encher os bolsos de droga e não precisa nem levantar da cama
Paulo Dutra
Crítica muito bem escrita. Porém discordo de muita coisa. Wandering Spirit é um álbum lindo. Shes the Boss nos deu de presente a música "Hard Woman" que é linda. E é isso, claro que sou muito mais Rolling Stones, pelo óbvio que não preciso aqui citar, mas não desmereço os devaneios de Mick em carreira solo não, eu o entendo, eu danço sim ao som de Mick. E quanto ao comentário acima do pijama, prefiro nem comentar o que esse cara escreveu.
Existe gente que insiste em dizer que está na hora dos Stones se aposentarem, me desculpe, mas esses não passam nem por perto de roqueiros, o sonho de todo fã é ver seu idolo no palco, e eu ainda vou ver mick de bengala e o keth de cadeira de rodas, o charlie não precisa nem tocar, coloquem ele sentado e liguem o sampler, mas coloquem ele lá, porque é isso que um fã quer...
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