Distribuído, no início dos anos 90, como brinde de fim de ano de uma grande empresa, finalmente o registro dos afro-sambas, realizado em 1990, por Baden Powell é lançado comercialmente. No mercado nacional, claro, porque, na França, o tal disco já está nas lojas lá se vão mais de dez anos. A carta de Baden Powell transcrita no encarte do CD não deixa de ser premonitória, com relação a esse atraso: “Aqui no Brasil, a vida continua atrasada em mais de 50 anos. É completamente impossível se fazer qualquer coisa boa, de qualidade, nessa terra quente, embora maravilhosa em sua natureza e tão mal aproveitada em todo seu imenso território”.
Se a pegada de Baden não apresenta o mesmo vigor de 1965 (ano em que foi gravado o disco original), a técnica adquirida nesse intervalo de vinte e cinco anos é assustadora. E as meninas do Quarteto em Cy, que também participaram do disco original, estão bem melhores. A qualidade da gravação é cristalina – o disco de 1965 foi gravado em apenas dois canais. Mais uma vez, recorremos à carta de Baden para termos uma idéia de como foi gravado aquele clássico disco: “Foi gravado num daqueles dias, em que caía um temporal histórico. O estúdio estava transbordando de água e chuva. Cantava e tocávamos em cima de algumas caixas de cerveja e whisky que há muito já havíamos consumido. Estamos todos com muita raça, mas também bastante bêbados. Pouco profissionais. Até as namoradas, mulheres e amigos participaram das gravações”.
Todas as oito canções do disco de 1965 são executadas nesse “novo” trabalho. Clássicos como “Canto de Ossanha”, “Tempo de Amor” e “Bocochê” estão no disco gravado em 1990 (que possui o mesmo título do de 1965, “Os Afro-Sambas”). Para complementar outros afro-sambas que estavam perdidos em outros discos de Baden e Vinícius, como “Berimbau” e “Labareda”.
Cotação: ****
16 de mai. de 2008
AFRO-SAMBAS ATUALIZADOS
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Baden Powell
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3 comentários:
Eu acho que dizer que esse disco é melhor que o original é uma precipitação. O original, apesar de suas debilidades técnicas é imbatível. Até mesmo por que tinha o Vinícius de Morais participando.
Oi Luiz Felipe! Não conheço esse trabalho mas só para você saber, meu primeiro trabalho como produtora de eventos foi produzindo uma temporada de Baden em São Paulo no início dos anos 90.Era um bico na época mas foi um grande aprendizado para o que depois passou a ser minha atividade. Tem muitas histórias ótimas, quando a gente se encontrar (e se conhecer, claro) eu conto. Beijos
Só uma correção: o disco foi gravado em 62 mas lançado somente em 65. Li no Estado de Minas há algumas semanas.
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