7 de out. de 2008

CD: “FORTH” (THE VERVE) – UM ÁLBUM QUE PODERIA TER SIDO LANÇADO EM 1998

Os fãs do The Verve têm um ótimo motivo para comemorar em 2008. Depois de 11 anos, a banda britânica liderada por Richard Ashcroft volta com um disco de inéditas com dez canções trincando de novas com a velha fórmula (veia baladeira de Ashcroft + experimentalismo de Nick McCabe) que fez do grupo um dos expoentes do britpop. Agora, se você não for fã do The Verve, melhor parar de ler esse texto por aqui e nem colocar para rodar o novo CD. Isso porque, não vai ser com “Forth” que o ouvinte vai começar a gostar da banda britânica. Pelo contrário, eis que ele não pode ser considerado um dos melhores álbuns do Verve.

Assim, tudo o que o fã de Richard Ashcroft está acostumado a ouvir nos álbuns de sua banda está presente aqui nesse “Forth”: músicas com, no mínimo, cinco minutos de duração; instrumental psicodélico e denso; e letras pesadas e sentimentais de Ashcroft. Exatamente a primeira faixa do disco serve como um resumo disso tudo. A psicodélica “Sit And Wonder” é uma reminiscência de um britpop que, para muitos, pode já estar perdido. E esse pode ser exatamente o diferencial (para os fãs da banda) ou o problema (para os seus detratores) de “Forth”. Aliás, curioso observar que, apesar de “Forth” ter sido lançado em 2008, se o tivesse sido feito em 1998, certamente não haveria a mínima diferença em seu resultado final.

Para provar isso, basta ouvir, além de “Sit And Wonder”, “Judas” (tão parecida com “The Drugs Don’t Work”...) e a sombria “Numbness”. Ou seja, “Forth” é atemporal, com todas as vantagens e desvantagens que isso possa trazer.

Mas para quem pensa que o The Verve, após 11 anos sem gravar nada, ficou em cima do muro, com apenas umas musiquinhas que remetem aos áureos tempos do britpop noventista, está enganado. “Forth” traz algumas canções que, apesar de soarem deslocadas em seu tempo, são clássicos instantâneos. A dance “Love Is Noise”, de cara, pode ser considerada uma das melhores músicas já compostas pelo Verve. A faixa é a mais pop do álbum, e, com a sua batida dance, dá até a impressão de que quem vai começar a cantar é Bernard Sumner, do New Order.

A climática “I See Houses” é outra com a típica assinatura de Richard Ashcroft, Nick McCabe e companhia. Os teclados iniciais podem trazer ao ouvinte uma sensação de que é uma música antiga, conhecida. Mas não. Nessa hora que a gente realmente enxerga a veia de uma banda para compor um hit certeiro e, acima de tudo, muito bonito. Não é à toa que o The Verve já tem uma “Bittersweet Symphony” no currículo – queira ou não, uma das canções pop mais lindas de todos os tempos. Outra que segue o mesmo caminho, mas com menos intensidade, é “Valium Skies”. O título já denuncia a temática pra lá de depressiva da canção, composta exclusivamente por Ashcroft.

Outro ponto facilmente notável em “Forth” é que o The Verve escorrega mais do que o comum para o experimentalismo. “Columbo”, cheia de variações rítimicas, pode cansar um pouco, mas não se compara à intensa “Noise Epic”, que, com seus mais de oito minutos de duração, deixa a sensação de que sobrou muito “noise” e faltou muito “epic”.

De fato, os fãs do The Verve não precisam mais do que tudo isso que foi acima descrito. E, certamente, “Forth” será o suficiente para arrancar-lhes algumas lágrimas. Mas que ninguém espere ficar fã do The Verve com “Forth”.

Abaixo, o videoclipe de “Love Is Noise”.

Cotação: ***1/2

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Felipe. Tudo bem?
Encontrei seus pais no sábado e fiquei muito feliz em saber da trajetória do blog e de mais uma escolha na vida... Tomara que agora seja pra valer! rs
Juro que até o fim do ano te convido para um chope! É que estou no meio do lançamento de um livro - e no início do planejamento de outro - e as coisas podem realmente ficar feias...
um beijão
Nina
(nina@textual.com.br)

Anônimo disse...

GRANDE DOIDA VARRIDA ESTA NINA.