Logo que Sam Sparro lançou o seu álbum no exterior, não faltou gente na imprensa para dizer que ele era o novo Mika. A comparação se mostra completamente despropositada. A uma, porque Mika, de fato, é bem superior (o seu álbum “Life In Cartoon Motion” foi, de longe, o melhor de 2007). A duas, porque ambos os estilos são tão diferentes que apenas uma comparação bem superficial (como a que foi feita algumas linhas acima) seria possível.
O primeiro álbum de Sam Sparro, que leva o mesmo nome do artista, está longe, muito longe, do pop grudento e delicioso de Mika. A comparação pode ir, no máximo até aí. As canções de Sam Sparro são muito mais eletrônicas, e, por isso mesmo, mais superficiais. E também falta a Sam Sparro (e essa comparação é perfeitamente possível) a originalidade de Mika. A bem da verdade é que o cantor australiano se limita a juntar um bando de referências, em um balaio de gatos, sem apresentar nada de novo.
A primeira faixa do álbum, “Too Many Questions”, já mostra bem a proposta do australiano, que compôs todas as faixas do disco com variados parceiros. Música eletrônica, com uma letra pobre e um refrão grudento (“All I have is too many questions / Is there something someone forgot to mention to me / But I walk on without destination / To my own unknown destination”). Na primeira audição sem muita atenção, pode-se até imaginar que vem alguma coisa diferente por aí.
Mas a segunda faixa, “Black And Gold”, primeiro single do álbum, com um pop eletrônico industrializado, cheio de variações rítmicas, no estilo Depeche Mode, mas sem as texturas sonoras de um Martin Gore, tira maiores esperanças. Tudo bem que pode se dar um desconto pela péssima mixagem do disco, que deixa o som sem profundidade, completamente ‘flat’, mas fato é que “Black And Gold” é um sub-Depeche Mode em seus piores momentos. E a canção ainda chegou à segunda posição da parada de singles do Reino Unido...
Mais constrangedora ainda é a música “Sick”, completamente chupada da mesma banda acima citada. Do teclado da introdução até a voz de Sam Sparro, tudo o que falta é originalidade. (Juro que procurei o nome de Dave Gahan no encarte para ver se ele cantava essa faixa, mas, pelo jeito, era Sam Sparro mesmo...)
Mas, verdade seja dita, o cantor australiano não copia apenas o Depeche Mode. “Cottonmouth”, com o seu refrão chatérrimo que repete o título da música insistentemente, flerta com o Jamiroquai. E em “Hot Mess”, Sam Sparro tenta se transformar em um Prince bem chinfrim, misturado com Scissor Sisters e Basement Jaxx. E a percussão no melhor estilo “Don’t Stop ‘Til You Get Enough”, de Michael Jackson, era tudo o que faltava para se chegar a conclusão de que Sam Sparro realmente desafia a inteligência do ouvinte com algo tão previsível. Como se não bastasse, em “Can’t Stop This”, ele usa exatamente o mesmo artifício de percussão. A mais animada “Cut Me Loose” (com o estilo ‘rave’ que Madonna fez em seus últimos trabalhos) e a eletro-funk “Sally” (que transita entre Stevie Wonder e Hall And Oates), se não descem muito bem, pelo menos são bem superiores à média do álbum.
Mas nem todo o CD do cantor australiano é dispensável. A soul “21st Century Life”, com o seu refrão que escorrega para o pop, é, certamente, o melhor momento do disco. Os sopros deixaram a faixa mais humana, com mais energia. E a sua inteligente letra, que fala sobre a fugacidade das coisas nesse século 21 (“Well now I, turn on the TV just in time enough to hear what the Pope said / And just a few tiny little words later, somebody wants the man dead”) é a melhor do disco. Não é à toa que a faixa já virou single.
Após a última música, “Can’t Stop This”, existe uma faixa escondida, chamada “Still Hungry”, uma balada apenas com voz e piano. Nela, Sam Sparro apresenta o seu melhor vocal no disco. Pena que seja um dos poucos acertos do disco.
Uma das 13 faixas do álbum é uma rápida vinheta, com pouco mais de um minuto de duração, chamada “Recycle It!”. Bom, desculpem-me a previsibilidade – provavelmente conseqüência de duas audições seguidas do álbum –, mas isso é o melhor que Sam Sparro pode fazer antes de gravar o segundo disco. Não há dúvidas que, para o som que pretende fazer, o músico australiano possui as melhores referências. Se bem trabalhadas e bem produzidas no próximo álbum, pode ser que Sam Sparro ainda dê o que falar.
Abaixo, um vídeo da faixa “Black And Gold”, gravado ao vivo em maio passado no Nokia Green Room, em Londres.
Cotação: **1/2
11 de set. de 2008
CD: “SAM SPARRO” (SAM SPARRO) – NADA SE CRIA, NADA (NESSE CASO) SE TRANSFORMA
Marcadores:
Sam Sparro
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Ai bem, tao irrelevante seu comentário tanto que nem comentário aqui tem.
Enfim, tem o meu ne?
aff, comparar Sam com Mika, nada a ver.
E eu nao acho que Sam seja superficial como vc disse.
Ai nem sei porque li tudo que vc escreveu.
E pior, pra que to aqui comentando.
Se liga bill!!!!
Pois é, anônimo...
Sabe que vc tem razão?
Estou me perguntando pq perdi tanto tempo com esse CD...
Pelo menos uma pessoa leu, né?
(Obrigado!)
Abs,
tbm ouvi esse cd do sparro e soh posso dizer q ele eh o Latino da australia
Postar um comentário