Há muito tempo que um título de um disco não era tão apropriado ao seu conteúdo. “We Started Nothing”, álbum de estréia da dupla inglesa Ting Tings, realmente não começa nada. E nem deveria ter começado. Jules De Martino (bateria, guitarra, vocais) e Katie White (vocais, guitarra, bumbo) se uniram há dois anos, quando Katie não sabia nem ligar um amplificador, tentando juntar várias referências como Devo, Chic, The B-52s, Blondie, entre outras.
Com um sonzinho pop-indie ‘bubblegum’ de garagem muito tosco, a imprensa britânica, capitaneada pela New Musical Express, tratou logo de comparar a dupla ao último brigadeiro da bandeja. Sempre querendo encontrar o grupo da moda, a imprensa estrangeira alçou o Ting Tings ao status de grande banda. E o fato de “We Started Nothing” ter chegado ao topo da parada britânica de discos deixou o negócio ainda mais confuso.
Mas a verdade é que o som do Ting Tings, por mais animadinho que seja, é muito pobre e ruim. E as letras, às vezes, tentam ser tão engraçadas, que chegam a ficar ridículas. O exemplo mais grotesco é “Great DJ”, que já pode ganhar o título de pior letra do ano: “Imagine all the girls / And the boys / And the strings / And the drums”, tudo seguido com onomatopéias como “ee ee ee ee”, fazendo as vezes dos violinos.
Já “That’s Not My Name”, que atingiu a primeira posição na parada britânica de singles, é um das que, com um pouco de boa vontade, se salva no disco. Nela, é possível notar uma fortíssima influência da new wave do início dos anos 80 (The B-52s?) misturado com Yo La Tengo – outra que segue a mesma receita é “Keep Your Head”. O problema é a sua letra no estilo ‘adolescente revoltado’: “They call me quiet girl / But I’m a riot / Mary, Jo, Lisa / Always the same / That’s not my name! / That's not my name!”. Provavelmente Avril Lavigne escreveria algo melhor...
Já “Shut Up and Let Me Go” é um outro single do CD, que acabou estourando por conta de um comercial de iPod. Mas fato é que qualquer faixa do primeiro álbum do Cansei De Ser Sexy é melhor do que o dance-punk genérico que os Ting Tings chupam do Blondie ou do Tom Tom Club. E de certa forma, o New Order, com aquele baixo encorpado que sola e faz a base ao mesmo tempo é outra referência, especialmente na faixa “Be The One”. Só não dá para ter certeza se Peter Hook ficaria orgulhoso...
Quando a dupla foge do pop-dance fácil, o resultado consegue ser ainda pior. “We Walk” (“Smash the rest up / Burn it down / Put us in the corner cause we're into ideas” – alguém falou em idéias?) é simplesmente indefinível de tão chata. Já a tentativa de soar minimalista na jazzy “Traffic Light” chega a ser até engraçado. Mas nada supera “Impacilla Carpisung”. Falta de inspiração seria pouco para defini-la.
Provavelmente há quem goste de “We Started Nothing”. O ideal é ouvir esse CD sem se apegar a influência da imprensa britânica. Ouça como se fosse a banda de algum colega de faculdade que toca mal o instrumento e não sabe escrever letras. Porque, na verdade, o Ting Tings é exatamente isso. E no final berre, como na letra de “Shut Up And Let Me Go”: “I ain’t freakin’ / I aint fakin’ this / Shut up and let me go”.
Abaixo, o videoclipe da canção “That’s Not My Name”.
Cotação: *1/2
7 de ago. de 2008
CD: “WE STARTED NOTHING” (THE TING TINGS) – UM TÍTULO QUE VESTE O CD COMO UMA LUVA
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The Ting Tings
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Um comentário:
Afff...
Quantas linhas gastas para essa porcaria!
Daqui a um ano ninguém mais vai ouvir falar neles mesmo...
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