7 de ago. de 2008

CD: “WE STARTED NOTHING” (THE TING TINGS) – UM TÍTULO QUE VESTE O CD COMO UMA LUVA

Há muito tempo que um título de um disco não era tão apropriado ao seu conteúdo. “We Started Nothing”, álbum de estréia da dupla inglesa Ting Tings, realmente não começa nada. E nem deveria ter começado. Jules De Martino (bateria, guitarra, vocais) e Katie White (vocais, guitarra, bumbo) se uniram há dois anos, quando Katie não sabia nem ligar um amplificador, tentando juntar várias referências como Devo, Chic, The B-52s, Blondie, entre outras.

Com um sonzinho pop-indie ‘bubblegum’ de garagem muito tosco, a imprensa britânica, capitaneada pela New Musical Express, tratou logo de comparar a dupla ao último brigadeiro da bandeja. Sempre querendo encontrar o grupo da moda, a imprensa estrangeira alçou o Ting Tings ao status de grande banda. E o fato de “We Started Nothing” ter chegado ao topo da parada britânica de discos deixou o negócio ainda mais confuso.

Mas a verdade é que o som do Ting Tings, por mais animadinho que seja, é muito pobre e ruim. E as letras, às vezes, tentam ser tão engraçadas, que chegam a ficar ridículas. O exemplo mais grotesco é “Great DJ”, que já pode ganhar o título de pior letra do ano: “Imagine all the girls / And the boys / And the strings / And the drums”, tudo seguido com onomatopéias como “ee ee ee ee”, fazendo as vezes dos violinos.

Já “That’s Not My Name”, que atingiu a primeira posição na parada britânica de singles, é um das que, com um pouco de boa vontade, se salva no disco. Nela, é possível notar uma fortíssima influência da new wave do início dos anos 80 (The B-52s?) misturado com Yo La Tengo – outra que segue a mesma receita é “Keep Your Head”. O problema é a sua letra no estilo ‘adolescente revoltado’: “They call me quiet girl / But I’m a riot / Mary, Jo, Lisa / Always the same / That’s not my name! / That's not my name!”. Provavelmente Avril Lavigne escreveria algo melhor...

Já “Shut Up and Let Me Go” é um outro single do CD, que acabou estourando por conta de um comercial de iPod. Mas fato é que qualquer faixa do primeiro álbum do Cansei De Ser Sexy é melhor do que o dance-punk genérico que os Ting Tings chupam do Blondie ou do Tom Tom Club. E de certa forma, o New Order, com aquele baixo encorpado que sola e faz a base ao mesmo tempo é outra referência, especialmente na faixa “Be The One”. Só não dá para ter certeza se Peter Hook ficaria orgulhoso...

Quando a dupla foge do pop-dance fácil, o resultado consegue ser ainda pior. “We Walk” (“Smash the rest up / Burn it down / Put us in the corner cause we're into ideas” – alguém falou em idéias?) é simplesmente indefinível de tão chata. Já a tentativa de soar minimalista na jazzy “Traffic Light” chega a ser até engraçado. Mas nada supera “Impacilla Carpisung”. Falta de inspiração seria pouco para defini-la.

Provavelmente há quem goste de “We Started Nothing”. O ideal é ouvir esse CD sem se apegar a influência da imprensa britânica. Ouça como se fosse a banda de algum colega de faculdade que toca mal o instrumento e não sabe escrever letras. Porque, na verdade, o Ting Tings é exatamente isso. E no final berre, como na letra de “Shut Up And Let Me Go”: “I ain’t freakin’ / I aint fakin’ this / Shut up and let me go”.

Abaixo, o videoclipe da canção “That’s Not My Name”.

Cotação: *1/2

Um comentário:

Anônimo disse...

Afff...
Quantas linhas gastas para essa porcaria!
Daqui a um ano ninguém mais vai ouvir falar neles mesmo...