A história do Cansei De Ser Sexy (ou CSS, como é mais conhecido lá fora) é das mais curiosas da história da música brasileira. Certamente, a banda (formada em 2003) jamais iria imaginar que tanta coisa aconteceria em tão pouco tempo. Com um fotolog na Internet e fazendo shows para os amigos, em 2004, com a participação no Tim Festival (e muitas reportagens na Folha de S.Paulo), a vida do conjunto de Lovefoxxx deu uma reviravolta.
O primeiro álbum (“CSS”) fez imenso sucesso na Inglaterra e, daí, o grupo foi chamado para se apresentar nos festivais mais importantes do mundo, como o de Glastonbury, Wireless e Lollapalooza. De quebra, tiveram o vídeo mais acessado da história do Youtube (embora haja controvérsias), e a música “Music is My Hot, Hot Sex” foi trilha sonora de uma propaganda de iPod.
Tudo muito bom, eis que chega a hora do desafio do segundo álbum. Alguns contratempos aconteceram, como brigas com o empresário, a saída da baixista Ira Trevisan, mas, felizmente, a banda (apesar de muitas opiniões contrárias circularem por aí) amadureceu muito, melhorando bastante o seu som.
Produzido pelo baterista e novo baixista Adriano Cintra, “Donkey” – o título, que, em português, significa “burro”, faz referência direta ao modo como o CSS foi tratado pelo seu antigo empresário – é um disco bacana de se ouvir do início ao fim, contando com todas as referências que já existiam no disco de estréia (e bem mais fortes aqui), do pop ao rock, do punk à new wave, da eletrônica ao rap.
A primeira faixa do álbum, “Jager Yoga”, já traduz bem o espírito do disco. Misturando todas as influências citadas acima, o CSS tenta, de certa forma, tirar o título do The B-52’s de “the world’s greatest party band”. Com uma batida bem animada e uma guitarra pesadíssima, o CSS aproveita para mandar o seu (pretensioso) recado: “We didn’t come into the world / To walk around / We came here to take you out / Come with us”.
Outras que seguem o estilo pop ‘bubblegum’ são a oitentista “Let’s Reggae All Night” (com um arranjo que ficou um pouco datado), “Left Behind” (com um refrão que gruda mais do que chiclete no tênis: “Every night, every day / It’s the same, so hard to explain / A million pounds won’t be enough / To make me stare back at your face”), “Move” (uma mistura de Madonna com Daft Punk, como bem definiu a imprensa britânica) e “Believe Achieve”, um pouco mais lenta e bem puxada para a eletrônica, e com um doce refrão (“I believe that love was created just for me and you / People say it’s not, but I know it’s true uh-u!”).
Mas nem só de pop-eletrônico vive “Donkey”. Nesse disco, o Cansei De Ser Sexy também abusa das guitarras, transitando entre o punk e a new wave de forma bem mais limpa e certeira do que no álbum de estréia. As faixas “Rat Is Dead (Rage)”, primeiro single do álbum, “Give Up”, “I Fly” e “Beautiful Song” certamente deixariam os integrantes do New Order muito orgulhosos. Aliás, “Give Up”, a mais rockeira de “Donkey”, pode ser considerada a sua melhor faixa. Nela, se sobressai a guitarrada bacana de Luiza Sá e Carolina Parra e a boa voz de Lovefoxxx – neste álbum, a sua voz está muito mais enérgica, o que é bom para o estilo musical do CSS. Musicalmente, “Give Up” é a faixa mais bem trabalhada.
Mas fato é que o Cansei De Ser Sexy ainda carece encontrar uma identidade maior. As suas canções são muito boas, mas sempre fica uma sensação de que a banda está imitando demais bandas como o The B-52’s e o New Order (em sua fase pop-dance). O CSS não deveria (e nem precisa) levar tão a sério o famoso ditado do “nada se cria, tudo se copia”.
Abaixo, o videoclipe da faixa “Rat Is Dead (Rage)”, primeiro single de “Donkey”.
Cotação: ***1/2
21 de ago. de 2008
CD: “DONKEY” (CANSEI DE SER SEXY) – EM BUSCA DE UMA IDENTIDADE PRÓPRIA
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Cansei de Ser Sexy
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Um comentário:
esse disco é muio bom, o CSS passou longe de ser uma banda de um disco só
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