1 de jul. de 2008

ÁLBUM: “FLORES DO CLUBE DA ESQUINA” (VÁRIOS ARTISTAS) – A ESQUINA MERECIA COISA MELHOR

A idéia é ótima: reunir diversas cantoras para registrar em estúdio canções dos discos “Clube da Esquina”, dois dos álbuns mais emblemáticos da história da Música Popular Brasileira. Contudo, o resultado ficou bem aquém do esperado. Infelizmente.

Para começar, a seleção das cantoras peca pela irregularidade. Provavelmente o grande produtor Guto Graça Mello quis agradar a todas as tribos, misturando artistas como Ivete Sangalo, Fernanda Takai, Meg Stock e Luiza Possi. Mas a verdade é que faltou unidade a esse “Flores Do Clube Da Esquina”, CD que acabou de chegar às lojas, via EMI. Tivesse uma Zélia Duncan, uma Adriana Calcanhotto ou uma Marisa Monte no meio disso tudo, o resultado poderia ter ficado melhor. Mas na mistura de alhos com bugalhos desse álbum, o ouvinte sai perdendo, bem como a história do Clube Da Esquina.

Muito poucos momentos se salvam no disco. Meg Stock, que põe uma pitada de rock em “Nada Será Como Antes” se sai muito bem, assim como Fernanda Takai, que, ao dividir “Um Gosto de Sol” com Milton Nascimento, brilha por toda as outras artistas juntas. Takai, inclusive, demonstra mais uma vez que pode ter um belo caminho pela frente na seara da MPB.

Mas, voltando ao disco, Marina Machado, embora demonstrando um estranho nervosismo – ela é atualmente uma das melhores cantoras em cima de um palco no Brasil – consegue dar novas cores à “Nuvem Cigana” (também com participação especial de Milton Nascimento). Roberta Sá pode ser considerada a última que manda bem nesse disco, apesar do burocrático arranjo do ótimo Rodrigo Campello, em “Tudo Que Você Podia Ser”.

As outras oito faixas do álbum, por sua vez, são bastante sofríveis. Ivete Sangalo, por exemplo, perde a chance de brilhar por conta de um arranjo latino que beira o cafona em “Cravo e Canela”. Ficou parecida demais com “Soy Loco Por Ti, America”, aquela que abria alguma novela da Rede Globo. Marina De La Riva soou forçada demais em “Dos Cruces”, apesar de não ser dos piores momentos do disco. E Marjorie Estiano, que tem se revelado uma boa cantora, não acrescenta nada a “Trem Azul”.

O caso de “Um Girassol da Cor Do Seu Cabelo” é muito curioso. Uma linda música, com o piano de João Donato e a voz de Vanessa da Mata. Tinha tudo para dar certo... Mas não funciona. Parece que ficou faltando alguma coisa... Já com relação a Luiza Possi – de quem não se pode esperar muita coisa –, ela não surpreende: mata “Paisagem Da Janela”, apesar do arranjo de Paulo Calazans ser um dos melhores do disco. As pouco conhecidas Shirle de Moraes e Mariana Baltar se saem razoavelmente bem em “San Vicente” e em “Cais”, respectivamente. Mas não acrescentam muita coisa.

Além de Milton Nascimento (que fez apenas participações especiais), há uma exceção do sexo masculino em “Flores Do Clube Da Esquina”. Trata-se de Seu Jorge, que divide os vocais de “Me Deixa Em Paz” com Teresa Cristina. Infelizmente, apesar dos dois grandes artistas que são, a canção acaba não dizendo ao que veio.

Em resumo, o álbum serve como uma recordação de um dos momentos mais ricos da nossa música. Mas a impressão que ficou é que foi tudo feito de maneira muito apressada. Um álbum que poderia ter sido um belo tributo a Milton Nascimento, Lô Borges e companhia, acabou se transformando em uma coletânea dispensável. Uma pena.

Abaixo, a canção “Trem Azul”, interpretada por Marjorie Estiano.

Cotação: **

3 comentários:

Lucas Dutra disse...

Ahn.. eu quero ouvir a Roberta Sá e a Teresa Cristina. Não espero nada da Vanessa da Mata agora que ela entrou fundo na prostituição musical.. e a Fernanda Takai pra mim tá longe de estar na MPB..pra mim ela fez um pop disfarçado de MPB com arranjos totalmente nada a ver naquele disco da Nara Leão.. isso porque eu ouvi umas três só no Jô, nem pretendo ouvir o resto.

Lucas Dutra disse...

Cabei de ouvir umas partes.. a da Ivete Sangalo é tosquíssima demais.. eu rachei os bicos.. não gostei muito de nenhuma pra falar a verdade, sem querer ser chato. A da Roberta Sá me pareceu a mais interessante, apesar de que os arranjos dos discos dela são infinitamente superiores. A Vanessa da Mata cantou languidamente igual ela sempre faz, parecendo que vai morrer.. depois faz uns vocais estranhassos. A Teresa Cristina ficou estranho, não parecia o tipo de música adequado pro jeito que ela cantou, mesmo ela sendo uma uma genial cantora, acho que os arranjos estavam confusos. Sei lá... parece que o cd foi feito às pressas e nada se encaixou muito bem. Só dou um voto possível de confiança pra música da Fernanda Takai porque o download deu erro nessa faixa e não posso opinar sobre o que não ouvi.

Tatylda disse...

aaahhh... a melhor parte fica com a Meg Stock *-*