Três anos após o lançamento do DVD “50 Anos de Música – Ao Vivo”, a gravadora Biscoito Fino colocou nas lojas o CD com os melhores momentos do mesmo show. Já que Carlos Lyra, um dos compositores mais geniais da Música Popular Brasileira, não grava um CD de inéditas há alguns anos, o jeito é se contentar mesmo com esse CD ao vivo que, para quem tem o DVD, não traz nada de novo.
Das 28 canções do DVD, apenas 15 (dispersas em 13 faixas) foram aproveitadas no CD. Sucessos eternos do período da Bossa Nova (e pós-Bossa Nova também) estão presente no álbum ao vivo, como “Minha Namorada”, “Lobo Bobo”, “Primavera”, “Coisa Mais Linda” e “Se É Tarde Me Perdoa”. E para comemorar os 50 anos do estilo musical inventado por João Gilberto, as três canções de Lyra presentes no seminal álbum “Chega de Saudade”, estão presentes nesse “50 Anos de Música – Ao Vivo”: “Maria Ninguém”, “Lobo Bobo” e “Saudade Fez Um Samba” (as duas últimas compostas com o seu primeiro parceiro, Ronaldo Bôscoli). Uma curiosidade: Jacqueline Kennedy declarou que “Maria Ninguém” é a sua canção de Bossa Nova predileta. Brigitte Bardot, por sua vez, chegou até a gravar a canção em um disco. “Parece mesmo que essa canção foi sempre bem aceita por mulheres internacionais”, esclareceu Carlos Lyra no release do CD.
“Quando Chegares”, primeira composição de Lyra, escrita em 1954, também está presente no CD. Na gravação, ele explicou que tal música na época foi interpretada como sendo ‘machista’.Aliás, em “50 Anos de Música – Ao Vivo”, Carlos Lyra, antes de executar cada canção, conta, de maneira rápida, a sua história.
Além das famosas parcerias com Bôscoli, Carlos Lyra – já que o trabalho é retrospectivo – apresenta canções compostas com outros compositores, como Dolores Duran e Vinícius de Moraes. Somente com o poeta, foram seis canções incluídas, como “Minha Namorada”, “Você e Eu” (a primeira parceria dos dois) e a lindíssima primavera (“É tão triste se sentir saudade / Amor, eu lhe direi / Amor que eu tanto procurei / Ah! Quem me dera / Eu pudesse ser / A tua primavera / E depois morrer”). O coro da platéia nesta canção é arrepiante.
Durante esse show, realizado no Canecão em 2004, Carlos Lyra recebeu diversos convidados. E vários deles estão presentes no CD. Leny Andrade, como sempre, quebra tudo em “O Negócio É Amar” e Ivan Lins, sozinho ao piano interpreta a comovente “Canção Que Morre No Ar”. Leila Pinheiro brilha em “Saudade Fez Um Samba” e “Se É Tarde Me Perdoa”, mas derrapa em uma vagarosa “Lobo Bobo”. Miúcha faz “Sabe Você” (outra do “Pobre Menina Rica”) ficar mais bonita – a participação de uma voz feminina é imprescindível para o diálogo da letra –, e João Donato e Emílio Santiago fazem bonito em “Você e Eu”. A ótima banda, formada por Helvius Vilela (teclados), Adriano Giffoni (baixo), Dirceu Leite (sopros) e Ricardo Costa (bateria) é um outro diferencial, que deixa tudo mais bonito.
Em contrapartida, muita coisa boa que está presente no DVD ficou de fora do CD. Canções como “Influência Do Jazz”, “Samba do Carioca” e “Aruanda” fazem falta no CD, dando a impressão que o show original perde a sua unidade. E participações especiais importantes, como as do Quarteto Em Cy (“Aruanda”), Marcos Valle (“Quem Quiser Encontrar o Amor”) e Os Cariocas (“Mas Também Quem Mandou”), também ficaram de fora do CD. E a obrigatória “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas”, que encerrou a apresentação, também foi limada.
Realmente é inexplicável a gravadora não ter aproveitado o tempo limite de 80 minutos de um CD, limitando-se a apenas 56 minutos do show. Pelo menos, “50 Anos de Música – Ao Vivo” faz com que a gente fique com mais água na boca esperando um trabalho de inéditas de Carlos Lyra.
Abaixo, a canção “Primavera”, presente no CD e no DVD “50 Anos de Música – Ao Vivo”.
Cotação: ***1/2
4 de jul. de 2008
ÁLBUM: “50 ANOS DE MÚSICA – AO VIVO” (CARLOS LYRA) – ENQUANTO O DE INÉDITAS NÃO VEM...
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