“Cape Cod Kwassa Kwassa” já dá a dica definitiva do que é o álbum de estréia da mais nova queiridinha banda do circuito indie norte-americano. Cape Cod é o nome de uma famosa praia no Estado do Massachusetts e que, óbvio, fica lotada durante o verão. Kwassa Kwassa é uma dança típica do Congo, e que foi muito popular na década de 80. Pronto! A receita do Vampire Weekend é exatamente essa. Querida por muitos e odiada por poucos, a banda foi capa da revista Spin (a mesma que a elegeu, em março (?!?), a “melhor nova banda do ano”) e, desde então, está sendo feliz para sempre.
Falando ainda sobre a faixa “Cape Cod Kwassa Kwassa”, que, aliás, é o mais novo single do álbum, não só o seu título, como a sua própria música e melodia resumem o trabalho do Vampire Weekend. A canção, que mistura a sonoridade africana (a bateria sincopada e a guitarra que parece ter saído de uma gravação de Bob Marley não me deixam mentir) com o rock indie no melhor estilo The Strokes, é a tônica do disco. A letra, inteligente e irônica, também é um petisco do que o ouvinte vai encontrar no álbum. Afinal de contas, se Peter Gabriel pode misturar sonoridades, por que o Vampire Weekend não pode (“But this feels / So unnatural / Peter Gabriel too”)?
Paul Simon certamente teria orgulho se os integrantes Ezra Koenig, Rostam Batmanglij, Chris Tomson e Chris Baio fossem seus filhos. Pelo jeito, os quatro aprenderam direitinho a lição de Simon em “Graceland”. A própria “Cape Cod Kwassa Kwassa”, com os seus overdubs e o canto manso de Koenig, se estivesse perdida em “Graceland”, ninguém diria que não era uma composição de Paul Simon.
Gravado entre um sótão, um estúdio no Brooklin e um apartamento de um dos membros da banda, o álbum de estréia do Vampire Weekend tem os seus bons momentos, além da faixa tão citada acima. “Mansard Roof”, a canção que abre o CD, por exemplo, é um pop melódico bem interessante. Se o restante do álbum tivesse seguido esse caminho, ele poderia ter sido melhor. “A-Punk”, um ska um pouco mais rápido, segue o mesmo estilo, apesar de ser muito parecida com as composições de seus conterrâneos nova-iorquinos dos (adivinha?) Strokes – e com as do The Police e dos Paralamas do Sucesso, que, diga-se de passagem, já faziam esse som quase 30 anos atrás.
Outros destaques são a lenta “M79”, que tem uma singela harmonia com um sintetizador fazendo as vezes de uma harpa; “Campus”, que é Strokes puro e tem uma letra inteligente (“Then I see you / You’re walking cross the campus / Cruel professor / Studying romances / How am I supposed to pretend / I never wanna see you again”); e a delicada “The Kids Don’t Stand a Chance”, que mistura reggae, clássico, pop e rock, com um resultado bem satisfatório.
Em suma, o álbum de estréia do Vampire Weekend é bom. Mas, verdade seja dita, está muito longe de causar a comoção que causou nos norte-americanos ávidos pela melhor banda de todos os tempos da última semana.
Lá fora, o disco saiu em janeiro. Por aqui, só Deus (ou os organizadores do TIM Festival) sabe.
Abaixo, a canção “Cape Cod Kwassa Kwassa”, gravada ao vivo no programa de televisão Jimmy Kimmel.
Cotação: ***1/2
25 de jul. de 2008
CD: “VAMPIRE WEEKEND” (VAMPIRE WEEKEND) – UMA SIMPLES MISTURA DE PAUL SIMON COM STROKES E UM PÉ NOS ANOS 80
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Vampire Weekend
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3 comentários:
Foi mal, Luiz, mas isso é implicância!
Esse disco é maravilhoso!
Merece no mínimo 4 asteriscos e eu diria que está entre os melhores do ano, se não for o melhor e, como você bem lembrou, se não estivéssemos na metade dele ainda...
Matheus,
será que é isso tudo mesmo??
Achei o disco bom, mas muito superestimado... Mas mesmo assim é melhor do que a maioria das coisas que a gente ouve por aí...
Legal vc estar acompanhando o blog!
Preciso de leitores como vc. Se tiver alguma sugestão, vc poderia, por favor, me mandar um e-mail?
Abraço,
Excelente disco, NOVO, sai da repeticao de muitos outros, eu os coloco ao lado de HARD-FI e BAND OF HORSES, como melhores de 2007/08. GOSTEI pode por muita estrela aí.
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