O caso do Capital Inicial é para astróloga nenhuma botar defeito. Do segundo escalão do Rock Brasil dos anos 80, a banda de Dinho Ouro Preto, com o lançamento de um bom “Acústico MTV” em 2000, simplesmente se transformou na banda mais em evidência do Brasil. E o mais assustador: o sucesso apenas começou com o acústico. Com mais quatro discos de estúdio (“Rosas e Vinho Tinto”, “Gigante”, “Aborto Elétrico” e “Eu Nunca Disse Adeus”) que venderam horrores e com uma média de mais de cem shows por ano, o Capital Inicial é o verdadeiro temporão do BRock.
Com a conquista de um público jovem (bem diferente dos Paralamas do Sucesso e dos Titãs que, em sua essência, mantiveram os fãs da década de 80), a banda de Brasília tem os seus shows tomados por adolescentes que nem eram nascidos quando Dinho berrava “veraneio vascaína vem dobrando a esquina”.
Talvez esse seja o motivo de o Capital Inicial, de certa forma, renegar o seu passado. Das 17 faixas do CD “Multishow Ao Vivo”, que acaba de chegar às lojas, 11 vieram dos últimos quatro discos (excluindo o revisionista “Aborto Elétrico”). Fato mesmo é que das antigas, apenas “Fogo” e “Independência” entraram no CD. A versão de “Que País É Esse?” não conta porque não faz parte dos primeiros discos da banda. Até o bom “Atrás Dos Olhos”, de 1998, foi praticamente esquecido, com a inclusão de apenas “O Mundo”. O DVD deve vir com alguns sucessos antigos do primeiro álbum do Capital, lançado em 1986, mas, aqui, estamos falando do CD.
Se a ausência de canções antigas é um mérito ou não, cabe ao fã decidir. Por um lado, pode até ser, porque a banda soube se renovar junto ao seu público. Mas, por outro, os admiradores de longa data podem se sentir desprestigiados em um show do Capital.
Mas um ponto a favor da banda – e esse é inegável – é o fato de ela ter esperado tanto tempo para lançar um registro ao vivo. Diferentemente de vários conjuntos que surgem por aí e gravam praticamente um disco ao vivo para cada de estúdio, o Capital Inicial soube esperar o momento apropriado.
E a gravação ocorreu em um palco suntuoso, com a banda rodeada por mais de 700 mil fãs, em sua terra natal. E, apesar de estar divulgando o CD “Eu Nunca Disse Adeus”, apenas a sua faixa-título entrou no disco “Multishow Ao Vivo”. Na verdade, o show até parece mais os que a banda fazia em 2002/2003 para divulgar o disco “Rosas e Vinho Tinto”, já que seis canções desse álbum – o mais adorado pelos seus fãs – entraram no disco ao vivo. Uma atitude estranha, mas que acaba ajudando o novo álbum ao vivo a ser mais enérgico. Inclusive, a gravadora, em atitude extremamente equivocada, escolheu a canção “Algum Dia” (de “Rosas”) para puxar o CD nas rádios. As duas inéditas – a razoável “Passos Falsos” e a boa “Dançando Com a Lua” – foram ignoradas. Fica a pergunta: então por que as duas faixas inéditas nesse trabalho ao vivo?
“Gigante!” acabou sendo rebaixado e só teve uma música de seu repertório incluída no CD. Uma pena, já que ele é superior a “Rosas e Vinho Tinto”. O “Acústico MTV” também foi relembrado, com uma versão elétrica da já clássica “Natasha” e uma bem leve (e parecida com a do disco da MTV, tirando a participação especial de seu compositor, Kiko Zambianchi) de “Primeiros Erros”.
Agora, resta esperar o DVD, que deve ser muito mais interessante, com a vista da Esplanada dos Ministérios lotada e com a inclusão das canções mais antigas da banda. Quem sabe o DVD não redime o Capital Inicial com o seu público fiel dos anos 80?
Abaixo, o vídeo do novo single “Algum Dia”, gravado durante o show em Brasília. A canção também fará parte do DVD, que chega às lojas no final do mês.
Cotação: ***1/2
16 de jul. de 2008
CD: “MULTISHOW AO VIVO” (CAPITAL INICIAL) – JOGANDO O PASSADO PARA ESCANTEIO (PELO MENOS NO CD)
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8 comentários:
Sou um dos que acompanha a trajetória do Capital Inicial. Meu filho tem 11 anos e curte pra caramba o som deles, influenciado por mim, claro.E eu nos meus 39 anos ainda vivo toda loucura musical dos anos 80. Esse show em Brasilia com certeza vai ficar marcado na história da banda e todos os que o acompanham.
Seu blog é show de bola.
olá pessoa !
bom, me desloquei do Rio até BSB para participar desse momento único da carreira da minha banda de corpo e lama.
Por eles sofro, choro, sorrio, amo, odeio, grito, fico em silêncio...
Não sei dizer pq os amo mas posso resumir que minha vida não é nada sem eles !
Já coloquei na parede, já rabisquei no caderno e agora na pele: Capital Inicial forever !
Sucesso pra banda !
Boas vibes !
Beta Rio
afff mais antigas do que já tem? impossivel...
olha eu gostei muito desse repertorio, embora tenha faltado músicas como Instinto Selvagem, Respirar Você, Sem Cansar, Seus Olhos, Rosas e Vinho Tinto, 1999, Diferentes, 18, O Passageiro, O Imperador, etc....
olha, eu to me segurando aqui, mas preciso falar uma coisa que ha muito tempo quero falar mas nunca tive coragem... enfim, li seu comentario quanto ao repertorio e tenho que fazer alguns comentários que necessitam ser feitos.
então la vai..
Na minha opinião NÃO FAZ O MENOR SENTIDO eles tocarem musicas da fase dos ans 80 nos tempos atuais.. não pelo fato de eu não gostar daquela fase, mas sim pelo fato que são epocas distintas.. a fase dos anos 80, o Brasil vivia a época da ditatura, e claro, boa parte das músicas eram voltadas para aquela época, como forma de protesto da banda por ter tido algumas músicas censuradas... (continua)
Claro que tem músicas belissimas da fase dos anos 80 como Belos e Malditos e No Cinema. Mas nos tempos atuais, voltar a tocar músicas daquela época seria como o proprio dinho definiu em uma entrevista: Nostalgia...
estou escutando Tempo Perdido do Legião na voz do dinho e vou pegar uma frase dessa música que veio bem a calhar:
"TEMOS O NOSSO PRÓPRIO TEMPO"...
resumindo, minha opinião é:
Uma outra música daquela época pode ser tocada EVENTUALMENTE nos shows, REPITO, EVENTUALMENTE... querer voltar no tempo e mudar novamente o estilo do capital inicial acho um pouco exagerado...
a fase atual do capital é boa demais e acho que o que tem que ser aproveitado é o PRESENTE E O FUTURO... PASSADO serve pra relembrar de vez em quando, mas não pode ser regra...
essa é a minha opinião e concordo inteiramente com o dinho sobre a fase antiga do capital.
sobre o cd multishiow ao vivo, eles mesmos já disseram que o repertorio do show teria como base do acústico ao eu nunca disse adeus com 2 músicas ineditas ainda de brinde...
então tá bom demais... até pq o ACUSTICO JÁ TINHA ESSA FUNÇAO DE QUERER RESGATAR A 1ª fase da banda.... (continua..)
continuação: o acustico já tinha a função de resgatar as músicas que marcaram a banda nos anos 80, ENQUANTO QUE O MULTISHOW seria mais um projeto voltado a um cd e dvd ao vivo INEDITO (com o dinho nos vocais).
Então não vejo sentido nenhum colocar, além das músicas do acustico, outras músicas dos anos 80 no repertório no multishow.
É o que eu penso.
o blog é muito bom. Parabéns.
Abraços...
Vanderley, Beto e Alexandre,
obrigado pelos comentários e elogios ao blog. Espero que visitem mais vezes...
Alexandre,
respeito a sua bem fundamentada opinião. Mas ainda acho que o Capital deveria prestigiar a fase mais antiga.
Mas vamos ver o que vem no DVD!
Abraço,
Luiz, como fã do Capital sou obrigada a concordar com você. Muitas das músicas mais antigas e que deram ao capital o prestígio que hoje a banda possui, deveriam sim estar nesse cd ao vivo. Não só os fãs mais antigos, que acompanharam seu inicio ficariam felizes, como nós fãs mais novos e que curtem as músicas mais antigas e, na minha opinião melhores, também.
Adorei o texto, muito bem escrito. Mostra que você é conhecedor do assunto, diferente de algumas pessoas que ou SÓ falam bem ou SÓ falam mal!!
Concordo com vc quando fala que o Capital Inicial esqueceu um pouco suas origens. Talvez isso se deva ao fato de que a banda só ganhou fama expressiva após o lançamento do Acústico MTV, que os tirou de uma grave crise.
Quanto às músicas do CD, elas refletem muito bem o que é tocado nos shows! Senti falta, claro, de "O Passageiro", "Aqui", dentre outras. Porém, achei interessante colocar "Algum Dia" como música de divugação, já que ela não era tão conhecida do cd "Rosas".
Enfim, fica aqui minha impressão. Se fosse pra dar uma nota geral ao CD Multishow Ao Vivo - Capital Inicial, daria um 9. Bem melhor que o Copacabana da Cláudia Leite!!
Marcos Lima
http://senhor-do-tempo.blogspot.com
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