Para quem ainda não sabe, Momofuku é o criador do macarrão instantâneo, também conhecido por aqui como miojo. Mas, “Momofuku”, apesar de ter sido feito a toque de caixa – como um miojo –, está muito longe da simplicidade de um macarrão feito com água e sal na panela.
Se bem que muito distante até que não está não, eis que Elvis Costello, como sempre, com a sua simplicidade, faz um rock n’ roll que 99% das bandas que surgem por aí nunca vão conseguir fazer durante toda a sua existência. Talvez a receita desse miojo de Costello seja a ideal: a mais pura simplicidade, mas com aquele tempero que só quem sabe das coisas acrescenta.
O compositor, ao lado de sua fiel banda The Imposters (Davey Faragher no baixo e Pete Thomas na bateria) acrescida de algumas participações especiais, gravou o álbum em apenas uma semana. (“Todo álbum tem o seu próprio método. E este foi o que encontrei para essas canções”, disse Costello em entrevista à Billboard na semana de lançamento do disco.) E tudo o que o fã gosta em Costello está em “Momofuku”: rock orgânico, simples e espontâneo, sem picaretagem.
O disco, que primeiro teve lançamento em vinil, mistura tudo o que Elvis Costello fez de melhor em sua carreira: pop, rock, punk, new wave, jazz, country e até mesmo uma pitada de clássico. Aliás, para quem não sabe, Costello também é conhecido como “a enciclopédia do rock”. “Momofuku” não fica nada a dever aos outros trabalhos do cantor. Pelo contrário. Apesar de muitas críticas rápidas como miojo terem dado conta de que Costello apenas se repetiu nesse novo álbum, “Momofuku” já pode ser considerado um clássico, com faixas dignas de estarem presentes em quaisquer futuras coletâneas do compositor londrino.
E a primeira canção, “No Hiding Place” é um exemplo. Ela apresenta o rock no melhor estilo de Elvis Costello, com uma melodia que gruda na cabeça que nem chiclete, um refrão gostoso e uma letra bem direta – “Whatever I said / It was never behind your back”. Sem dúvidas, é uma das melhores coisas que Costello já gravou em toda a sua carreira. Poderia estar presente, tranqüilamente, em álbuns como “Blood And Chocolate”, “Imperial Bedroom” ou “Brutal Youth”.
A faixa seguinte, “American Gangster Time”, uma das melhores do CD, segue o mesmo estilo, com o diferencial do teclado pulsante e percussivo de Steve Nieve. “Turpentine” já é um pouco mais pesada, mas a essência é a mesma, apesar de ser uma canção mais longa (quase seis minutos) em comparação com a média de Costello. Neive brilha novamente na grave e suja “Stella Hurt” – cuja letra é baseada na história real de um músico de jazz pouco conhecido –, com o seu teclado sombrio.
Mas nem só de rock vive “Momofuku”. A sentimental “My Three Sons”, por exemplo, é uma das melhores baladas já escrita por Costello, assim como “Flutter & Wow”. Já “Harry Worth” está mais para um bolero-soul-rock do que para uma balada. E essa sonoridade tão interessante faz dela uma das grandes canções do disco. Já “Song With Rose” (cuja letra foi escrita por Rosanne Cash) é um rock-balada grudento, da mesma forma que a pungente “Pardon Me, Madam, My Name Is Eve”. É tanta coisa interessante que a gente até quase se esquece da jazzística “Mr. Feathers”, que, sem dúvidas, é um outro ponto alto do álbum.
Em síntese, “Momofuku” marca o retorno ao estilo clássico de Elvis Costelo. Estilo esse, aliás, que fez com que os fãs de Costello se tornassem realmente fãs de Costello.
Cotação: ****1/2
22 de jul. de 2008
CD: “MOMOFUKU” (ELVIS COSTELLO) – UM TÍPICO ÁLBUM DE COSTELLO
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Elvis Costello
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