Adiada por mais de um ano, finalmente chegou às lojas a tão esperada caixa “Revolução!”, que comemora os 25 anos do surgimento do RPM, uma das bandas mais importantes do Rock Brasil. Isso porque, além de ter lançado o histórico “Rádio Pirata Ao Vivo”, que vendeu mais de 2,5 milhões de cópias e se transformou em um dos álbuns mais vendidos da história da indústria fonográfica brasileira, o RPM foi o maior exemplo da profissionalização que o rock brasileiro alcançou após o Rock in Rio.
Em abril de 85, o RPM colocou nas lojas o álbum “Revoluções Por Minuto”, com pelo menos cinco clássicos – “Rádio Pirata”, “Olhar 43”, “Louras Geladas”, “A Cruz e a Espada” e a faixa-título – que entraram instantaneamente para a história do BRock. Com tantos sucessos na bagagem, a banda liderada por Paulo Ricardo saiu em uma turnê que seguia os padrões do show business internacional. Com direção de Ney Matogrosso, muito raio-laser, gelo seco e um sistema de som de primeiro mundo, o RPM realizou uma turnê vitoriosa, arrecadando muito dinheiro. Para se ter uma idéia da proporção que o negócio atingiu, a banda chegou a lotar, por dois finais de semana seguidos, o ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.
O grupo era mais do que um fenômeno nacional e acabou fazendo uma coisa que hoje é muito comum, mas àquela época, não era: a gravação de um disco ao vivo. “Rádio Pirata Ao Vivo”, registrado durante uma apresentação da banda no Palácio de Convenções do Anhembi, em São Paulo, fez imenso sucesso. Apesar de conter praticamente o mesmo repertório do disco anterior de estúdio, o RPM conseguiu emplacar uma versão de “London, London” (de Caetano Veloso) que se transformou em febre nacional. Mesmo quem já tinha o álbum de estúdio, se viu obrigado a comprar o ao vivo. O bom momento econômico que o Brasil atravessava naquele período – o estelionato eleitoral de José Sarney com a edição do Plano Cruzado – também ajudou bastante na venda do disco.
Só que o sucesso do álbum ao vivo foi tanto que a banda precisava gravar algo realmente magistral em seguida para não decepcionar o seu público. Se não chega a ser magistral, o disco “Os Quatro Coiotes” é um ótimo trabalho. Através dele, a banda liderada por Paulo Ricardo mostrou o seu lado mais adulto, com grandes canções como “Partners” (regravada mais tarde por Cássia Eller) e “Sete Mares”. Mas não era exatamente o que os seus fãs esperavam. Faltava um novo “Olhar 43”, uma nova “Rádio Pirata”, e o seu público, formado em sua maioria por adolescentes mais interessadas no ombro de Paulo Ricardo, não entendeu a nova mensagem da banda. Assim, o RPM acabou não conseguindo suportar a falta do sucesso que, à primeira vista, parecia ter chegado muito rápido. E isso misturado a muitas drogas e ao dinheiro que começava a rarear, foi a fórmula explosiva para a separação da banda.
Quem quiser comprar a caixa “Revolução”, terá essa história completa em quatro CDs e um DVD. Com exceção do álbum ao vivo que a banda lançou em 2002, tudo o que o RPM fez, está lá: os discos “Revolução Por Minuto”, “Rádio Pirata Ao Vivo”, “Quatro Coiotes” e mais um de raridades, com muitas versões remix dos sucessos (e que tocavam bastante nas rádios) e outros petiscos como as duas raras faixas que o RPM gravou em um raro compacto com Milton Nascimento (“Feito Nós” e “Homo Sapiens”).
Mas o ponto alto do box acaba sendo o vídeo com o registro de uma das apresentações da banda no Anhembi. A síntese do RPM está nos 70 minutos desse vídeo. Mais do que um bom show, “Rádio Pirata” – perdoem-me o clichê – é o retrato de uma época. Qualquer pessoa que queira entender a história da Música Popular Brasileira nos anos 80 deve assistir a esse vídeo.
Pena que as imagens não tenham passado por nenhum trabalho de restauração. Ou seja, o DVD nada mais é do que uma cópia de um antigo VHS, com todas as suas falhas de imagem que 22 anos são capazes de proporcionar. O show dá para ser visto perfeitamente, mas é uma pena que a banda e os produtores da caixa não tenham tomado esse cuidado. (A minha velha fita VHS desse show está mais bem conservada do que a que foi digitalizada para o DVD...) Pelo menos o som foi remasterizado e está bem nítido.
Completando a caixa, imagens da banda no programa do Chacrinha e três músicas gravadas no extinto programa Mixto Quente da Rede Globo, no verão de 1986. E para fechar com chave de ouro, um extra muito especial: a íntegra do programa Globo Repórter (com reportagens de Pedro Bial) que a mesma Rede Globo exibiu no auge do sucesso da banda. Ter um Globo Repórter exibindo um programa exclusivamente sobre o grupo é o maior sinal do nível de popularidade que o mesmo alcançou entre 1985 e 1986.
E essa é a história de um dos maiores fenômenos da música brasileira. Para quem viveu a época, “Revolução!” é uma grande viagem no tempo. Quem não viveu, agora tem a oportunidade de testemunhar que não foram só os Mamonas Assassinas que fizeram tanto sucesso assim.
Segue abaixo um vídeo de “Olhar 43”, presente no DVD “Rádio Pirata Ao Vivo”.
Cotação: ****
26 de jul. de 2008
CD E DVD: “REVOLUÇÃO!” (RPM) – UMA PARTE DA HISTÓRIA DO ROCK BRASIL
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7 comentários:
Eu vivi esse momento, fui a todos os shows que rolaram no Rio e participei de várias entrevistas dadas nas rádios daqui.
Foi um marco nos anos 80 e hj já casa dos entas, revivo esses grandes momentos do RPM, banda essa que até hj não achei uma substituta a altura.
Adorei tudo que vc escreveu, só uma coisinha que vc esqueceu de mencionar...delírio dos fãs atrás dos quatro e que Deluqui arrasava na guitarra e Schiavon nos seus teclados, foi uma revolução.
Bjs
Oi Luiz Felipe, o Blog está cada vez melhor. Imperdível para quem gosta de música. Eu achei o RPM ao vivo em Cd nas Americanas a R$9,90 e comprei para mim e para dar de presente aos amigos. Realmente é histórico. Primeiro saiu em vinil que tenho também. Não abandonei meus discos de vinil, não. Sou das antigas...hahaha um grande beijo e sucesso.
...e pode esperara um novo boom do PR.
É impossível falar de rock na nacional sem falar de RPM que foi um marco nos anos 80 em um novo estilo que conquistou fãs que até hoje são apaixonados por RPM, e não fora apenas pelo rosto bonito de Paulo Ricardo, mas principalmente pelo talento dos 4 Coiotes.O Box é super bem vindo, e nos fãs estamos aguardando algumas apresentações para brindarmos esses 25 anos.
Esta caixa foi minha melhor aquisição dos últimos 25 anos...
Muito bom esse texto. Parabéns!
parabens pelo blog...
Na musica country VIRGINIA DE MAURO a LULLY de BETO CARRERO vem fazendo o maior sucesso com seu CD MUNDO ENCANTADO em homenagem ao Parque Temático em PENHA/SC. Asssistam no YOUTUBE sessão TRAPINHASTUBE, musicas como: CAVALEIRO DA VITÓRIA, MEU PADRINHO BETO CARRERO, ENTRE OUTRAS...
é o sonho eterno de BETO CARRERO e a mão de DEUS.
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