CD: “AO VIVO EM COPACABANA” (CLAUDIA LEITTE) – COM O EGO DO TAMANHO DA PRAIA DE COPACABANA

Além de Ivete Sangalo gritando “tira o pé do chão”, agora surge mais uma nova cantora baiana em carreira solo que gosta de berrar a mesma coisa. Aliás, desde já, peço perdão aos fãs de Ivete Sangalo. Tudo bem que uma pessoa pode até não gostar da Ivete, mas é inegável que ela conquistou um público muito forte, sempre se cercando de bons músicos e alguns grandes compositores. Mas Claudia Leitte é outra história. Iniciou a sua carreira solo de forma muito equivocada com um pretensioso e megalômano show na praia de Copacabana. Ao invés de fazer um álbum de estúdio, com arranjos e letras mais bem escolhidos, optou por uma gravação ao vivo que soa ‘over’ até o fundo da alma. Se o ego de Ivete é do tamanho do Maracanã, o de Claudia Leitte parece ser muito maior...

Com músicas extremamente pobres – Claudia Leitte não tem o ‘punch’ de uma Ivete ou de uma Daniela Mercury – e letras da profundidade de um pires, “Ao Vivo Em Copacabana” já pode ser considerado – fácil, fácil – um dos piores discos do ano. Na tentativa de misturar (pouca) música baiana de raiz com (muita) sonoridade eletrônica moderninha, o CD se transforma em algo que beira o insuportável, impossível de ser escutado sem algumas latas de cerveja na cabeça.

E as letras... Elas já falam por si... Segue a citação de apenas algumas para poupar o leitor: “Toda vez que eu te vejo / O meu coração dispara / Perco a fala quando você está por perto / Se você me pede um beijo / Fico louca de desejo / Eu viajo ao paraíso”; outra: “Se a gente quiser / O mundo se ajeita / Como a camisa e o botão / Como as estrelas lá do céu / Como a estrada e o caminhão / Como você e eu”; mais uma: “Eu quero mais é beijar na boca / Eu quero mais / Eu quero mais / É beijar na boca / E ser feliz daqui pra frente / Pra sempre”; e, finalmente, “Você é o meu amor / E eu grito de felicidade, amor / E é lindo o que a gente faz / Eu quero mais”.

As participações especiais também não salvam o projeto. Gabriel, o Pensador dá um colorido rap à “Exttravasa” – assim mesmo, com dois “T”s (?!?) – mas a música é difícil de ser salva mesmo. Daniela Mercury acrescenta um pouco de pegada à “Cidade Elétrica”, mas a canção não decola. Com Carlinhos Brown, acontece o melhor momento do show. “Busy Man (Sem Você)” que foi gravada por Brown e Marisa Monte dez anos atrás é reeditada aqui. Mas é melhor nem fazer comparações.

Já “Fogo e Paixão” tem a participação especial de Wando. Difícil imaginar se Claudia Leitte quis ser ‘cult’ ou brega ao chamar o compositor da canção para dividir o microfone com ela. Levando-se em conta o que é apresentado no CD, apesar de Wando ser um compositor bacana, o mais provável é que a última coisa que Claudia Leitte pensou foi ser ‘cult’. Badauí, vocalista do CPM22 transforma “Bola de Sabão” em um rock que ficou pior do que a encomenda.

Mas o mais constrangedor mesmo é ter que ouvir Claudia Leitte querendo ser levada a sério enquanto canta “D’Yer Maker” do Led Zeppelin. Chega a ser desrespeitoso... Seria melhor que Claudia Leitte tivesse escolhido “Poeira”, do repertório de Ivete Sangalo. Aposto que 110% do público presente a Copacabana ia preferir.

Para quem acha que música serve apenas para “tirar o pé do chão”, esse “Ao Vivo Em Copacabana” pode ser uma boa pedida. Com certeza vai animar muitas festas. Mas para quem pensa de forma contrária, melhor passar longe desse CD.

Abaixo, o vídeo de uma canção que fez parte do roteiro do show, mas ficou de fora do disco. Uma pena. Se tivesse entrado, levando-se em conta o nível do trabalho, certamente seria o seu maior destaque.

Cotação: *