27 de jun. de 2008

SHOW: R.E.M. – “ACCELERATE TOUR” – UM RETORNO ÀS ORIGENS COM A EXPERIÊNCIA DE 28 ANOS DE CARREIRA

Quando o R.E.M. lançou o seu último trabalho, “Accelerate”, os fãs ficaram surpresos com a volta às raízes da banda, com um repertório rockeiro que não era ouvido desde “Monster”, lançado em 1993. Por conta disso, todos ficaram ansiosos para ver o que o R.E.M. iria aprontar na turnê de lançamento do álbum. Como está acontecendo desde a estréia em Vancouver, no final de maio, a banda de Athens resgatou várias canções de uma fase em que ainda podia ser chamada de banda ‘indie’.

No dia 19 de junho, Michael Stipe e companhia fizeram o penúltimo show da turnê norte-americana em um Madison Square Garden (foto acima) absolutamente abarrotado. E como está acontecendo desde Vancouver, a banda mesclou canções bem antigas (algumas conhecidas e outras praticamente esquecidas) com as novas músicas de “Accelerate”, um dos melhores álbuns do R.E.M.. Pouquíssimas concessões foram feitas a sucessos antigos, e mesmo assim, o público não reclamou nem um pouco. Pelo contrário.

O R.E.M. é uma banda que não tem o costume de ‘jogar para a platéia’ em seus shows, como costuma fazer o U2, que sempre repete os seus maiores sucessos em todas as turnês. Se Stipe, Mills e Buck não estiverem a fim de tocar, em algum show, “Imitation Of Life” ou “It’s The End Of The World, As We Know It (And I Feel Fine)”, por exemplo, não vai existir a mínima possibilidade de elas serem executadas. Por outro lado, se der na telha de Michael Stipe cantar “These Days” ou “Disturbance At The Heron House”, o público vai ter o prazer de ouvir canções desse tipo, praticamente perdidas na rica discografia da banda.

Por sorte, o público presente à mais famosa arena dos Estados Unidos teve a sorte de ouvir essas duas canções, assim como pérolas como “Ignoreland” (canção de “Automatic For The People”, e que nunca havia sido apresentada ao vivo pela banda antes dessa turnê), “Let Me In” (em uma ótima versão acústica, superior a de “Monster”) e “Pretty Persuasion”, do clássico álbum “Reckoning”, que também foi lembrado com “Harborcoat” e “(Don’t Go Back To) Rockville”, cantada por Mike Mills, que antes, fez questão de dizer que o Madison Square Garden é o melhor lugar para se fazer um show. Já o disco “Life’s Rich Pageant”, considerado por muitos como o melhor da banda, esteve presente no show de Nova York, com as suas três primeiras faixas: “Begin The Begin” (já no bis), “These Days” e “Fall On Me”. Esta última teve a participação do guitarrista Johnny Marr, ex-membro do The Smiths, e atualmente no Modest Mouse, que fez a abertura do show, juntamente com a banda The National.

Apesar de não poder ser considerado um show retrospectivo no que tange aos seus grandes sucessos, a banda liderada por Michael Stipe fez questão de mostrar canções de praticamente todos os álbuns da banda no show. De “Green”, saiu “Orange Crush”, e de “Fables Of The Reconstruction”, “Driver 8”, o ponto alto do show. Com relação a “Up” e a “Reveal”, a banda optou por não tocar nenhuma canção desses discos, até mesmo porque não tinham muito a ver com a proposta do show.

Mas, para agradar a todos, o R.E.M. fez concessões a músicas mais calmas. Além da versão acústica de “Let Me In”, a banda executou, pela primeira vez na turnê, “Leaving New York” (do disco “Around The Sun”), “Drive”, “Electrolite”, além da recente “Until The Day Is Done”, de “Accelerate”. Aliás, como não poderia deixar de ser, as canções do último trabalho da banda foram maioria no show. Das 11 faixas do disco, oito foram apresentadas no Madison Square Garden, incluindo “Living Well Is The Best Revenge” (a primeira do roteiro), “Horse To Water”, “I’m Gonna DJ” (a última antes do bis e devidamente berrada pela platéia) e “Supernatural Superserious” (esta já no bis).

Entre os grandes sucessos radiofônicos, apesar das poucas concessões, até que o R.E.M. foi mais generoso com o público de Nova York – pelo menos em comparação com os outros shows da turnê –, apresentando clássicos como “What’s The Frequency, Kenneth?” (obrigatória em qualquer show da banda), “The One I Love”, “Losing My Religion” (“This song is yours”, disse Stipe antes de cantar a música) e o clássico encerramento com “Man On The Moon”.
Desde a turnê de “Up”, o R.E.M. vem optando por fazer shows mais grandiosos, com grandes cenários cheios de telões, diferentemente da turnê de “Monster”, por exemplo, cujo cenário se limitava aos próprios amplificadores da banda. Em “Accelerate”, apesar do retorno às origens, a banda apresentou um bonito cenário formado por várias telas que mostravam imagens de seus integrantes no palco – tanto que a parte de trás do palco do ginásio ficou vazia, o que não é costume nos shows realizados em arenas dos Estados Unidos.

A primeira e única visita do R.E.M. ao Brasil aconteceu no Rock in Rio de 2001. Desde então, os seus fãs aguardam a oportunidade de rever um show da banda. Se isso por acaso acontecer nessa turnê de “Accelerate”, o público brasileiro vai ser recompensado de sobra por esses sete anos de espera.

Abaixo, um vídeo amador, registrado no show do dia 19 de junho, de “Leaving New York”.

Cotação: *****

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