1 de mai. de 2008

A “MATERIAL GIRL” CONTEMPORÂNEA

Se Madonna tem uma qualidade inegável, é a capacidade de se renovar a cada disco. (Capacidade esta que, infelizmente, tem faltado a Michael Jackson.) Se nos anos 80, a moda era usar sintetizadores e bancar a virgem, Madonna estava lá fazendo. Se hoje a moda é se associar a diversos produtores e usar os recursos mais modernos em termos de dance-music, Madonna também executa com maestria. E sempre – seja hoje ou nos anos 80 – acaba fazendo escola. Britney Spears que o diga.
Em seu novo disco, “Hard Candy”, Madonna volta um pouco às suas origens de “material girl”, a começar pela capa, com uma foto sensualíssima da cantora, como não se via há anos. Na parte musical, impossível não reparar no jeito mais solto de cantar em “She’s Not Me”, como Madonna fazia nos anos 80. A letra (“She started dressing like me / And talkin’ like me / It freaked me out / ... / She’s not me / She doesn’t have my name / She’ll never have what I have”), que na verdade fala de dor-de-cotovelo, pode ser usada muito bem para artistas que, volta e meia, aparecem por aí imitando Madonna. “Spanish Lesson” também tem um quê de “La Isla Bonita” dos anos 80. O violão espanhol inicial que vai progressivamente se misturando às batidas eletrônicas foi um belo achado.
Mas se estamos em 2008, Madonna não se contentou apenas com um único produtor. A produção das canções de “Hard Candy” é dividida entre o The Neptunes (leia-se Pharrell Williams e Chad Hugo) e a dupla Justin Timberlake / Timbaland. E fato é que a primeira dupla se sai, de longe, bem melhor. Para provar, basta ouvir “Give It 2 Me”, uma das melhores canções da discografia da cantora norte-americana. Com ela, Madonna mostra realmente que sabe das coisas. A tal qualidade de manter-se sempre atual sem perder a essência...
Ainda produzida pelo The Neptunes, “Heartbeat” é outra excelente faixa de “Hard Candy” e vai, com certeza, tocar nas melhores pistas de dança de São Paulo a Tóquio. “Candy Shop”, a primeira do álbum, calcada na percussão que se une a elementos eletrônicos é outra canção que Madonna e os Neptunes acertam. Por sua vez, “Beat Goes On”, com a participação de Kanye West decepciona um pouco.
Mas se “Hard Candy” tem uma forte característica, é a falta de homogeneidade. E isso não é um elogio. A verdade é que a dupla Justin Timberlake / Timbaland errou a mão em algumas faixas do disco. Um exemplo disso é o primeiro single, “4 Minutes”, que parece ser industrial demais. Faltou o ritmo e o balanço de “Give It 2 Me”, que seria um single bem mais impactante. “Dance 2Night”, “Devil Wouldn’t Recognize You” e “Voices” – também produzidas pela mesma dupla – são absolutamente dispensáveis a “Hard Candy”.
Mesmo um bom momento da dupla, como “Miles Away”, não compensa a gordura das outras faixas. Fato é que se Madonna tivesse optado por apenas um produtor, “Hard Candy” seria um disco bem melhor, assim como “Confessions On a Dance Floor”, que teve a produção de Stuart Price.
Mesmo com seus altos e baixos, Madonna mostra em “Hard Candy” que está sempre a frente de seu tempo, ditando o que de melhor acontece na disco-music. E para os seus 50 anos já é mais do que o bastante.

Cotação: ***1/2

Um comentário:

Anônimo disse...

Madonna já está velha para posar desse jeito na capa.