“Night work” – Scissor Sisters
Durante as gravações do sucessor de “Ta-Dah!” (2006), os Scissor Sisters passaram por diversas crises de identidade. A mais grave foi quando o trabalho já estava pronto, e Elton John falou para a banda de Nova York jogar tudo no lixo. O material, ao que parece, foi para o lixo mesmo, e a banda partiu novamente do zero para gravar o que resultou em “Night work”. O que a banda descartou, ninguém saberá ao certo o que foi, mas em “Night work” todo mundo vai poder ouvir que os Scissor Sisters preferiram não se arriscar, e mantiveram o mesmo estilo (vencedor e “vendedor”) de “Ta-Dah!”. Ou seja, “Nightwork” está cheio de canções deliciosamente disco-pop, que poderiam ter sido, tranquilamente, compostas entre as décadas de 70 e de 80 por... Elton John. A produção ficou a cargo da própria banda e de Stuart Price, o que talvez explique a semelhança entre “Night work” e “Night & day” (do The Killers, e que também foi produzido por Price), a ponto do primeiro single, “Fire with fire”, soar como uma cópia de “Human”. “Any wich way”, por sua vez, é bem parecido com o single do álbum anterior, “I don’t feel like dancing”, puxado para um disco-funk, ou um Bee Gees revigorado. Em “Night work”, a banda de NY também soa mais roqueira, casos de “Harder you get” e da faixa-título”. Mas “roqueira” no estilo SS, veja bem... Outros destaques são “Something like this” (carregada de influências do Kraftwerk), “Invisible light” (um arrasa-quaterão que vai fazer muita pista de dança fervilhar) e o hit-mais-que-pronto”Skin tight”. Pelo jeito, Elton John ainda sabe das coisas.
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Durante as gravações do sucessor de “Ta-Dah!” (2006), os Scissor Sisters passaram por diversas crises de identidade. A mais grave foi quando o trabalho já estava pronto, e Elton John falou para a banda de Nova York jogar tudo no lixo. O material, ao que parece, foi para o lixo mesmo, e a banda partiu novamente do zero para gravar o que resultou em “Night work”. O que a banda descartou, ninguém saberá ao certo o que foi, mas em “Night work” todo mundo vai poder ouvir que os Scissor Sisters preferiram não se arriscar, e mantiveram o mesmo estilo (vencedor e “vendedor”) de “Ta-Dah!”. Ou seja, “Nightwork” está cheio de canções deliciosamente disco-pop, que poderiam ter sido, tranquilamente, compostas entre as décadas de 70 e de 80 por... Elton John. A produção ficou a cargo da própria banda e de Stuart Price, o que talvez explique a semelhança entre “Night work” e “Night & day” (do The Killers, e que também foi produzido por Price), a ponto do primeiro single, “Fire with fire”, soar como uma cópia de “Human”. “Any wich way”, por sua vez, é bem parecido com o single do álbum anterior, “I don’t feel like dancing”, puxado para um disco-funk, ou um Bee Gees revigorado. Em “Night work”, a banda de NY também soa mais roqueira, casos de “Harder you get” e da faixa-título”. Mas “roqueira” no estilo SS, veja bem... Outros destaques são “Something like this” (carregada de influências do Kraftwerk), “Invisible light” (um arrasa-quaterão que vai fazer muita pista de dança fervilhar) e o hit-mais-que-pronto”Skin tight”. Pelo jeito, Elton John ainda sabe das coisas.
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“Beyond the lighted stage” – Rush
Ao chegar ao fim de “Beyond the lighted stage”, documentário que conta a história do Rush (e que chega agora às lojas em DVD e BD), não tem como não pensar: “que banda legal!”. Em uma hora e quarenta e cinco minutos, o trio canadense resume a sua história desde a sua formação, nos subúrbios de Ontário até a turnê de divulgação do álbum “Snakes & Arrows” (2007). Nesse período, foram 35 anos de convivência. E o que espanta no documentário é a harmonia entre seus integrantes. E olha que o Rush foi uma banda que, por pouco, não acabou, por conta das constantes mudanças de sonoridade – aliás, em determinado (e único) momento, Neil Peart chega a mencionar a sua desaprovação ao uso de sintetizadores. O vídeo mostra a história do trio em ordem cronológica, disco a disco, dando maior destaque aos quatro primeiros (“Rush” – 1974, “Fly by night” – 1975, “Caress of steel” – 1975 e “2112” – 1976), quando a banda passou por seus maiores desafios. O auge, durante o período de “Moving pictures”, de 1981 (e que a banda está apresentando na íntegra, na turnê que passará pelo Brasil no início de outubro), também está bem retratado no documentário, assim como a crise de Neil Peart, ocasionada pelas mortes de sua filha e de sua esposa, e que, por pouco, não resultou no término da banda, no início dos anos 00. Pena que os anos 80 e 90 sejam passados meio que superficialmente pelo documentário. Em uma hora e meia de extras, “Beyond the lighted stage” ainda traz faixas gravadas ao vivo (incluindo duas com o baterista original, John Rutsey), e mais entrevistas. Boa preparação para o show de outubro.
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Ao chegar ao fim de “Beyond the lighted stage”, documentário que conta a história do Rush (e que chega agora às lojas em DVD e BD), não tem como não pensar: “que banda legal!”. Em uma hora e quarenta e cinco minutos, o trio canadense resume a sua história desde a sua formação, nos subúrbios de Ontário até a turnê de divulgação do álbum “Snakes & Arrows” (2007). Nesse período, foram 35 anos de convivência. E o que espanta no documentário é a harmonia entre seus integrantes. E olha que o Rush foi uma banda que, por pouco, não acabou, por conta das constantes mudanças de sonoridade – aliás, em determinado (e único) momento, Neil Peart chega a mencionar a sua desaprovação ao uso de sintetizadores. O vídeo mostra a história do trio em ordem cronológica, disco a disco, dando maior destaque aos quatro primeiros (“Rush” – 1974, “Fly by night” – 1975, “Caress of steel” – 1975 e “2112” – 1976), quando a banda passou por seus maiores desafios. O auge, durante o período de “Moving pictures”, de 1981 (e que a banda está apresentando na íntegra, na turnê que passará pelo Brasil no início de outubro), também está bem retratado no documentário, assim como a crise de Neil Peart, ocasionada pelas mortes de sua filha e de sua esposa, e que, por pouco, não resultou no término da banda, no início dos anos 00. Pena que os anos 80 e 90 sejam passados meio que superficialmente pelo documentário. Em uma hora e meia de extras, “Beyond the lighted stage” ainda traz faixas gravadas ao vivo (incluindo duas com o baterista original, John Rutsey), e mais entrevistas. Boa preparação para o show de outubro.
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“Bom tempo” – Sergio Mendes
São poucos os artistas brasileiros que descobrem uma mina de ouro no mercado internacional. E talvez por isso, Sergio Mendes insiste em gravar um terceiro álbum que soa como cópia dos anteriores. A receita é simples: misturar os ritmos brasileiros (especialmente a Bossa Nova) a batidas prontas para as pistas de dança. Qualquer norte-americano que se considere “acima da média” (ou seja, todos) vai gostar dessa mistura, que une o comercial a uma certa sofisticação. Só que o que “Timeless” (2006) tinha de original ficou cansativo em “Encanto” (2008) e principalmente nesse “Bom tempo”, que ainda chega às lojas brasileiras acompanhado por um CD de remixes (?!?). No repertório, Mendes junta Gilberto Gil, Jorge Mautner, Moacir Santos, Jorge Ben Jor, Milton Nascimento e Tom Jobim, dando uma nova cara a canções consagradas como “Emorio”, “Maracatu atômico”, “Caxangá” e “Só tinha de ser com você”. Só que, ao invés de rejuvenescê-las com as batidas mudernas, Mendes acaba criando algo chato, repetitivo e cheio de clichês – no estilo dos shows de mulatas do Plataforma, saca? De qualquer forma, “Bom tempo” deve ser uma ótima pedida para tocar nas butiques dixxxcoladas do Meatpacking District de Nova York. E também nas festas dos americanos que se acham mudernos. Aguardemos o quarto capítulo dessa história de Sérgio Mendes – que, de um tempo para cá, se escreve sem acento, aliás.
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“Stones in exile” – The Rolling Stones
Já escrevi muito sobre “Exile on main st.”, um dos principais álbuns dos Rolling Stones (e da história do rock). “Tumbling dice”, “Rocks off”, “Sweet Virginia” e “Happy” são apenas algumas das faixas desse álbum, no qual Mick Jagger, Keith Richards e companhia fizeram a fusão perfeita do rock com o blues, o country e o soul. Agora foi lançado o DVD “Stones in exile”, que conta a história conturbada da gravação do álbum, em Villefranche-sur-Mer, na França. Os próprios Stones não negam que o período foi brabeira, com muitas drogas, orgias, brigas e otras cositas mas. Mas o problema do documentário é que, produzido que foi pela própria banda, ele não vai além. As histórias pesadas estão todas lá. Mas são aquelas histórias que qualquer um que se informou um pouco sobre esse álbum – ou leu o ótimo “Uma temporada no inferno com os Rolling Stones”, de Robert Greenfield – já sabe. O documentário apresenta entrevistas com os integrantes da banda, além de imagens de arquivo da época da gravação (1971-72). Dirigido por Stephen Kijak, o documentário ainda traz depoimentos (em sua maioria, desnecessários) de gente como Sheryl Crow, Jack White, Martin Scorsese, o produtor Don Was, e Will.i.am (?!?). Para quem já viu “Stones in exile” na TV a cabo, o DVD traz como diferencial uma grande quantidade de extras, como entrevistas estendidas e um pequeno filme sobre a visita de Mick Jagger e Charlie Watts ao Olympic Studios. Mas o melhor mesmo é esperar até outubro, quando será lançado o DVD “Ladies and gentlemen... The Rolling Stones” (já bem conhecido no mercado pirata), que trará um show da turnê do “Exile”.
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São poucos os artistas brasileiros que descobrem uma mina de ouro no mercado internacional. E talvez por isso, Sergio Mendes insiste em gravar um terceiro álbum que soa como cópia dos anteriores. A receita é simples: misturar os ritmos brasileiros (especialmente a Bossa Nova) a batidas prontas para as pistas de dança. Qualquer norte-americano que se considere “acima da média” (ou seja, todos) vai gostar dessa mistura, que une o comercial a uma certa sofisticação. Só que o que “Timeless” (2006) tinha de original ficou cansativo em “Encanto” (2008) e principalmente nesse “Bom tempo”, que ainda chega às lojas brasileiras acompanhado por um CD de remixes (?!?). No repertório, Mendes junta Gilberto Gil, Jorge Mautner, Moacir Santos, Jorge Ben Jor, Milton Nascimento e Tom Jobim, dando uma nova cara a canções consagradas como “Emorio”, “Maracatu atômico”, “Caxangá” e “Só tinha de ser com você”. Só que, ao invés de rejuvenescê-las com as batidas mudernas, Mendes acaba criando algo chato, repetitivo e cheio de clichês – no estilo dos shows de mulatas do Plataforma, saca? De qualquer forma, “Bom tempo” deve ser uma ótima pedida para tocar nas butiques dixxxcoladas do Meatpacking District de Nova York. E também nas festas dos americanos que se acham mudernos. Aguardemos o quarto capítulo dessa história de Sérgio Mendes – que, de um tempo para cá, se escreve sem acento, aliás.
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“Stones in exile” – The Rolling Stones
Já escrevi muito sobre “Exile on main st.”, um dos principais álbuns dos Rolling Stones (e da história do rock). “Tumbling dice”, “Rocks off”, “Sweet Virginia” e “Happy” são apenas algumas das faixas desse álbum, no qual Mick Jagger, Keith Richards e companhia fizeram a fusão perfeita do rock com o blues, o country e o soul. Agora foi lançado o DVD “Stones in exile”, que conta a história conturbada da gravação do álbum, em Villefranche-sur-Mer, na França. Os próprios Stones não negam que o período foi brabeira, com muitas drogas, orgias, brigas e otras cositas mas. Mas o problema do documentário é que, produzido que foi pela própria banda, ele não vai além. As histórias pesadas estão todas lá. Mas são aquelas histórias que qualquer um que se informou um pouco sobre esse álbum – ou leu o ótimo “Uma temporada no inferno com os Rolling Stones”, de Robert Greenfield – já sabe. O documentário apresenta entrevistas com os integrantes da banda, além de imagens de arquivo da época da gravação (1971-72). Dirigido por Stephen Kijak, o documentário ainda traz depoimentos (em sua maioria, desnecessários) de gente como Sheryl Crow, Jack White, Martin Scorsese, o produtor Don Was, e Will.i.am (?!?). Para quem já viu “Stones in exile” na TV a cabo, o DVD traz como diferencial uma grande quantidade de extras, como entrevistas estendidas e um pequeno filme sobre a visita de Mick Jagger e Charlie Watts ao Olympic Studios. Mas o melhor mesmo é esperar até outubro, quando será lançado o DVD “Ladies and gentlemen... The Rolling Stones” (já bem conhecido no mercado pirata), que trará um show da turnê do “Exile”.
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“Brothers” – The Black Keys
Difícil definir “Brothers”, sexto álbum de estúdio dos Black Keys, descontados os EPs. Não que a dupla formada por Dan Auerbach e Patrick Carney tenha deixado o blues de lado. Muito pelo contrário: “Brothers está encharcado do blues da melhor qualidade, a começar pela inteligente paródia com a capa do álbum “This is Howlin’ Wolf’s new album” (de Howlin’ Wolf). O que fica difícil definir é o retorno as origens da dupla, até mesmo porque alguns fãs podem sentir falta do som psicodélico de álbuns como “Attack & release” (2008), produzido por Danger Mouse, ainda que em “Brothers” seja possível ouvir algo mais viajante como “The only one”. Mas não se engane, o que sobressai em “Brothers” são blues pesados (em alguns momentos lembrando, hum, deixa eu ver, Led Zeppelin?) como a abertura com “Everlasting night”, a suja “Black mud” e “The go getter”. Curiosamente, a faixa “Howlin’ for you” (que pode sugerir mais uma homenagem a Howlin’ Wolf), é uma das que mais destoa em “Brothers”, com alguns efeitos eletrônicos tirados dos teclados. No final das contas, a conclusão que fica é que, de repente, os Black Keys nem mudaram tanto. Ou será que mudaram?
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Em seguido, o videoclipe de “Fire with fire”, primeiro single do álbum “Night work”, dos Scissor Sisters.
Difícil definir “Brothers”, sexto álbum de estúdio dos Black Keys, descontados os EPs. Não que a dupla formada por Dan Auerbach e Patrick Carney tenha deixado o blues de lado. Muito pelo contrário: “Brothers está encharcado do blues da melhor qualidade, a começar pela inteligente paródia com a capa do álbum “This is Howlin’ Wolf’s new album” (de Howlin’ Wolf). O que fica difícil definir é o retorno as origens da dupla, até mesmo porque alguns fãs podem sentir falta do som psicodélico de álbuns como “Attack & release” (2008), produzido por Danger Mouse, ainda que em “Brothers” seja possível ouvir algo mais viajante como “The only one”. Mas não se engane, o que sobressai em “Brothers” são blues pesados (em alguns momentos lembrando, hum, deixa eu ver, Led Zeppelin?) como a abertura com “Everlasting night”, a suja “Black mud” e “The go getter”. Curiosamente, a faixa “Howlin’ for you” (que pode sugerir mais uma homenagem a Howlin’ Wolf), é uma das que mais destoa em “Brothers”, com alguns efeitos eletrônicos tirados dos teclados. No final das contas, a conclusão que fica é que, de repente, os Black Keys nem mudaram tanto. Ou será que mudaram?
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Em seguido, o videoclipe de “Fire with fire”, primeiro single do álbum “Night work”, dos Scissor Sisters.