Jornalista, autor do livro "Rock in Rio - A história do maior festival de música do mundo" (Editora Globo), ex-trainee e colaborador da Folha de S.Paulo, ex-colunista e redator da International Magazine, e colaborador do site SRZD.
"Tem gente que recebe Deus quando canta Tem gente que canta procurando Deus Eu sou assim com a minha voz desafinada Peço a Deus que me perdoe no camarim
Eu sou assim Canto pra me mostrar De besta Ah, de besta
Quando eu estiver cantando Não se aproxime Quando eu estiver cantando Fique em silêncio Quando eu estiver cantando Não cante comigo
Porque eu só canto só E o meu canto é a minha solidão É a minha salvação
Porque o meu canto redime o meu lado mau Porque o meu canto é pra quem me ama Me ama, me ama
Quando eu estiver cantando Não se aproxime Quando eu estiver cantando Fique em silêncio Quando eu estiver cantando Não cante comigo
Quando eu estiver cantando Fique em silêncio
Porque o meu canto é a minha solidão É a minha salvação Porque o meu canto é o que me mantém vivo E o que me mantém vivo" ("Quando eu estiver cantando" - João Rebouças / Cazuza)
HOJE EU NEM QUERO IMAGINAR A FESTA QUE ESTÁ LÁ NO CÉU!!
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"Na madrugada do dia 7, a mãe do cantor ligou para Ezequiel. Era o fim. Na manhã seguinte, todos aguardavam o produtor e os barões para o enterro. Ezequiel Neves passara a madrugada cheirando cocaína após perceber, na noite anterior, que Cazuza perdera a sintonia com a vida. Zeca caiu num sono profundo e não acordou para o velório no Cemitério São João Baptista, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Após insistentes ligações, Dé, o baixista e produtor Nilo Romero, o guitarrista Sérgio Serra e a compositora Dulce Quental resolveram ir ao apartamento de Zeca. Esmurraram a porta - que sempre ficava aberta - durante 10 minutos. Optaram pelo arrombamento. De pé, Zeca se vestiu rapidamente e, no jargão dos cocainômanos, bateu uma fileira enorme. Porém, quando abaixou a cabeça para cheirar o pó sobre a mesa, as duas narinas entupiram. Indignado, invadido pela ausência devastadora de Cazuza, o produtor colocou nas mãos a droga não inalada e começou a espalhá-la pelo corpo, como se pudesse, de alguma forma, absorvê-la e anestesiar aquela dor." ("Barão Vermelho - Por que a gente é assim", de Ezequiel Neves, Guto Goffi e Rodrigo Pinto, Editora Globo. pp. 166-168)
No dia em que comemora vinte anos no andar de cima, Cazuza recebeu o seu maior presente. Descanse em paz, Ezequiel Neves.
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No dia dos 20 anos da morte de Cazuza, George Israel liberou em seu site o primeiro vídeo que fará parte do DVD gravado no mês passado, no Canecão, em homenagem ao Caju. O DVD, dirigido por Pedro Paulo Carneiro, ainda não tem previsão de lançamento. E a faixa escolhida para divulgá-lo foi "Você vai me enganar sempre II". O vídeo está muito bacana.
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Depois de "Valleys of Neptune" e do relançamento de alguns CDs da obra de Jimi Hendrix, a família do guitarrista voltou a investir pesado em suas sobras. Estão disponíveis no site oficial de Hendrix onze álbuns com shows e sobras de estúdio. Os discos já haviam sido lançados em bootlegs anteriormente. No total, são sete shows (com destaque para "Live at the Oakland Coliseum" e "Live at the Isle of Fehmarn") e quatro discos de estúdio. As faixas são oferecidas em formato MP3 com resolução de 320kbps.
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A banda The Killers fez um show em Washington no dia da Independência dos Estados Unidos, e, a quem interessar, eu achei esse vídeo de "God bless America" no YouTube.
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O Smashing Pumpkins lançou mais uma música inédita pela internet. "Freak" é a quinta faixa das 44 que a banda de Billy Corgan planeja lançar, "Teargarden by kaleidyscope". A ideia é postar todas as faixas na internet, gratuitamente, e depois lançar em uma caixa para colecionadores. Das cinco faixas lançadas até agora, "Freak", sem dúvida nenhuma, é a melhor, ao misturar o rock encorpado "Mellon Collie and the infinite sadness" com as guitarras mais leves de seu antigo projeto Zwan.
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ALEGRIA QUE DURA POUCO: A esposa de Eddie Van Halen (e sua porta-voz) negou que o Van Halen vá lançar um álbum com Dave Lee Roth. No fim de semana surgiram boatos de que a banda lançaria um álbum de inéditas em 2011, e um single no final desse ano. "Tudo isso são apenas boatos. Não tenho nenhuma novidade nesse momento", disse Janie. Em 2009, Eddie já havia dito que tinha "toneladas de novas músicas compostas".
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Os álbuns que os Beatles lançaram através de seu selo Apple Records serão remasterizados e relançados no dia 25 de outubro. Além de formarem a maior banda de seu tempo, os quatro integrantes dos Beatles ainda arrumaram tempo para abrir uma empresa - a Apple - que tinha como uma de suas finalidades investir em novos talentos. James Taylor e Billy Preston, por exemplo, lançaram os seus primeiros trabalhos pelo selo do quarteto de Liverpool. Os álbuns a serem relançados são os seguintes: James Taylor – "James Taylor" (1968) Badfinger – "Magic christian music" (1970) Badfinger – "No dice" (1970) Badfinger – "Straight up" (1972) Badfinger – "Ass" (1974) Mary Hopkin – "Post card" (1969) Mary Hopkin – "Earth song, ocean song" (1971) Billy Preston – "That's the way god planned it" (1969) Billy Preston – "Encouraging words" (1970) Doris Troy – "Doris Troy" (1970) Jackie Lomax – "Is this what you want?" (1968) Modern Jazz Quartet – "Under the jasmin tree" (1968) Modern Jazz Quartet – "Space" (1969) John Tavener – "The whale" (1970) John Tavener – "Celtic requiem" (1971)
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Agora sim o vídeo do papelão de Amy Winehouse. Na boa, péssimo!
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Essa aqui eu achei curiosa: sabe quem produziria os álbuns "Neon bible" e "The suburbs", do Arcade Fire? James Murphy, líder do LCD Soundsystem. É que Murphy é muito amigo dos integrantes da banda canadense, e foi chamado para produzir os dois discos. E por que não o fez? Simplesmente porque ele estava em estúdio gravando disco com o LCD. Murphy fez a revelação à BBC: "Perdi a chance de trabalhar com o Arcade Fire, em estúdio, por duas vezes seguidas, somente porque eles estavam gravando ao mesmo tempo que eu. Isso me deixou muito chateado". Quem sabe o próximo, já que Murphy diz que não grava mais discos com o LCD?
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Ontem, Mark Ronson fez um pequeno show para convidados, em Londres, com o intuito de mostrar as músicas de seu novo álbum. Eis que, lá pelo finalzinho do show, quem aparece no palco? Sim, ela: Amy Winehouse. Como o show foi restrito, não achei vídeo no YouTube. Mas, pelo que descreve a BBC, foi mais um papelão da Ms. Rehab. Ela foi cantar "Valerie" e se esqueceu da letra.
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Agora chegou a vez de quê? De quê? Copa do Mundo, oras. Ontem, a Holanda já garantiu a sua vaga nas finais. Pra mim, foi merecido. Tanto pelo futebol apresentado (se não é muito bonito, pelo menos é inteligente) quanto pela história. E agora estou torcendo para a Alemanha, apesar de simpatizar muito mais com a Espanha. Mas torço para a Alemanha por um motivo forte: quero ver reeditada a final da Copa de 1974, quando a seleção de Beckenbauer destroçou o carrossel holandês de Cruyff. Título injusto? De jeito nenhum. Aquela selação da Alemanha era uma seleçãozaça. Saca só: Maier, Vogts, Breitner, Schwarzenbeck, Beckenbauer, Grabowski, Overath, Müller, Hoeneß, Bonhof e Hölzenbein. A virada por dois a um da Alemanha foi uma das mais incríveis da história das Copas. E aquele primeiro gol da Holanda foi impressionante. A seleção da Alemanha não conseguiu tocar na bola, até Cruyff ser derrubado na área, e Neeskens converter o pênalti.
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Pois é, hoje está cheio de data redonda para comemorar. Agora, vamos partir diretamente da música para a literatura. Sir Arthur Conan Doyle morreu no dia 07 de julho de 1930, há 80 anos, portanto. Já ligou o nome ao seu personagem principal? Certamente sim, né? Especialmente depois do filme... Conan Doyle foi o criador do detetive Sherlock Holmes. E, por isso, talvez, seja o maior nome da literatura criminal. Bom, se você já viu o filme do Guy Ritchie, apesar de alguns escorregões, deve saber um pouco do que se trata. Mas não deixe de ler ao menos um conto - ou, de preferência, o romance "O cão dos Baskervilles" - de Conan Doyle com o seu personagem mais famoso. É imperdível e talvez você fique viciado.
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"Boa noite, Rio de Janeiro. Eu quero falar algumas coisas aqui. Eu vou falar de mim. Eu tenho mais ou menos 30 anos. Eu sou do signo de Áries. Eu nasci no Rio de Janeiro. Eu gosto da Billie Holiday e dos Rolling Stones. Eu gosto de beber pra caramba de vez em quando. Também gosto de milk shake. Eu gosto de meninos, mas eu também gosto de meninas. Todo mundo diz que eu sou meio louco. Eu sou um cantor numa banda de rock n' roll. Eu sou letrista, e algumas pessoas dizem que eu sou poeta. Agora, eu vou falar de um carinha. Ele tem 30 anos. Ele é do signo de Áries. Ele nasceu no Rio de Janeiro. Ele gosta da Billie Holiday e dos Rolling Stones. Ele é meio louco. Ele gosta de beber pra caramba. Ele é cantor numa banda de rock. Ele é letrista, e eu digo: ele é poeta. Todo mundo da Legião gostaria de dedicar esse show ao CAZUZA."
Nos vinte anos da morte de Cazuza, a primeira coisa que me veio à cabeça foi esse "discurso" do Renato Russo. No dia 07 de julho de 1990, poucas horas após a morte do Cazuza, a Legião Urbana subia ao palco do Jockey Club do Rio de Janeiro para o show de lançamento do álbum "As quatro estações". A apresentação já estava marcada havia meses e Cazuza até chegou a cogitar, poucos dias antes de morrer, de ir ao show. Antes de os alto falantes explodirem com "Há tempos", Renato fez esse "discurso" em homenagem ao amigo morto. Eu nunca vi nenhum show do Cazuza. É uma falha grave no currículo. Só vi Cazuza ao vivo uma vez. Foi no São Conrado Fashion Mall, acho que um ano antes de sua morte. Ele já estava de cadeira de rodas, e cercado por amigos. Parecia feliz, dentro do possível. Queria aproveitar cada segundo da vida louca vida exagerada que lhe escorria pelas mãos.
No ano passado, fiz uma entrevista com Lucinha Araújo. E, claro, falamos muito de Cazuza. Se quiser ler...
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Hoje está cehio de datas redondas para comemorar. E o próximo é um Beatle! Isso, Ringo Starr completa hoje 70 anos de idade, e mais de 50 de ótimos serviços prestados à música. Podem falar que o cara entrou nos Beatles por sorte, que ele era simples em seu estilo, mas isso não importa. Pegue qualquer vídeo dos Beatles e confira: o cara tinha (quer dizer, tem) uma pegada absurda. Tocava bem, e o pouco que compunha era bacana. O problema é que ele fazia parte de uma banda com três dos maiores gênios da música: Paul McCartney, George Harrison e John Lennon. Aí fica difícil para qualquer um. Enfim, os Beatles foram os Beatles por causa desses três gênios e também por causa de Ringo Starr, um dos maiores baterista de todos os tempos.
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E a música brasileira também tem bons motivos para comemorar. Hoje, celebramos o centenário de Luís Barbosa, que tinha em seu chapéu de palha a sua marca registrada. Não, ele não usava o seu chapéu de palha na cabeça. Pelo menos enquanto estava trabalhando. O seu chapéu de palha era uma espécie de pandeiro. Som único. E, por isso, ele é considerado um dos fundadores (senão o fundador) do samba de breque. Em 1933, gravou o primeiro samba de Wilson Batista, "Na estrada da vida". Vale dizer que a lista de compositores interpretados por Luís Barbosa é extensa: Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine Babo, Orestes Barbosa e Nássara. E gravou ao lado de cantores como Sílvio Caldas e Carmen Miranda. Barbosa ainda participou do filme "Alô, alô, carnaval!", de Wallace Downey e Ademar Gonzaga.
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Bom, então vou falar do aniversário de 150 anos de um dos grandes compositores clássicos da história. O austríaco Gustav Mahler nasceu a 07 de julho de 1860. Apesar de ser considerado "supermoderno" pelos seus pares, Mahler era um romântico de carteirinha, como pode ser ouvido em suas sinfonias e, em especial, no "Das lied von der erde". Outro aspecto que diferencia a obra de Mahler é um quê meio sombrio, especialmente em sua sinfonia nº 6. Difícil tentar resumir a obra de Mahler em algumas poucas linhas. A única dica que dou é a seguinte: caso você seja absolutamente neófito na obra desse compositor, escute a Sinfonia nº 8, também chamada de "Sinfonia dos mil", e composta em 1906. É fantástica. Daquelas coisas que fazem valer o nosso dia.
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Ah, que delícia essa música dos Beatles, não? E sabem porque comecei o dia com ela? Porque hoje, dia 07 de julho de 2010, "All you need is love" completa 43 anos. Foi em 1967 que ela foi lançada. E continua mais linda a cada dia que passa. Um dia, vi uma entrevista com o Frejat e ele disse que quando o seu filho nasceu, essa foi a primeira música que ele ouviu. Não vou ter filhos. Prefiro seguir a máxima do Machado de Assis e não transmitir a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Mas, certamente, se o fizesse, imitaria o Frejat.