9 de out. de 2008

CD: “UMA PROVA DE AMOR” (ZECA PAGODINHO) – AGORA SIM É À VERA

Até para Zeca Pagodinho, tudo tem o seu preço. Desde que virou um fenômeno nacional, o sambista teve que, de certo modo, se curvar a um estilo que, embora não pareça, ficou bem distante dos tempos que gravava álbuns como “Jeito Moleque” (1988) e “Samba Pras Moças” (1995). O motivo era óbvio: com o estouro de “Verdade”, lá no finalzinho dos anos 90, Zeca – ou melhor, sua gravadora – se deu conta de que não cantava apenas para o povão. Agora a história era outra: o motorista podia colocar tranqüilamente o CD do Zeca Pagodinho no automóvel do patrão executivo, que todo mundo ia trabalhar feliz.

Assim, especialmente a partir do lançamento do primeiro “Acústico MTV” (2003), logo após a explosão do hino “Deixa a Vida Me Levar”, Zeca Pagodinho começou a gravar discos com roupagens elitizadas, cercado por orquestras de cordas e usando até mesmo figurinos que nada tinham a ver com ele. Até no CD de estúdio “À Vera” (2005), longe do requinte brega dos acústicos da MTV, Zeca Pagodinho esqueceu de “tirar o terno” e, ainda impregnado pelo formalismo do “Acústico”, gravou um álbum burocrático, que teve reflexo em um número de vendas bem aquém do que estava acostumado. Pelo jeito, o patrão não se empolgou com as músicas novas do fenômeno Zeca, e o povão também não entendeu o novo estilo do antigo Zeca.

Enfim, nada que mais um “Acústico MTV” não resolvesse. Com uma bem-vinda idéia de gravar apenas sambas de gafieira, Zeca Pagodinho se redimiu com todos os seus fãs. Nada mais merecido, afinal de contas “Acústico MTV – Gafieira” é um dos melhores álbuns que levam o selo da emissora ‘teen’.

Em seu novo trabalho, “Uma Prova de Amor”, Zeca Pagodinho pega o que de melhor gravou na Gafieira, bem como retornou às suas origens, com sambas mais descontraídos, arranjos (na maioria das vezes) bem mais simples e ótimas letras. O resultado é animador: “Uma Prova de Amor” é um dos melhores títulos da discografia do sambista de Xerém. Esse disco sim que deveria se chamar “À Vera”...

Infelizmente a primeira faixa do CD, logo a que leva o nome do disco (e também o primeiro single), é uma verdadeira bola fora – verdade seja dita, a única do CD inteiro. Apesar da assinatura de Nelson Rufino e Toninho Geraes, o arranjo burocrático, cheio de cordas opacas (bem diferente do “Acústico MTV – Gafieira”), e a letra previsível demais, a canção dá uma idéia errada do álbum ao ouvinte.

Mas, a partir de “Não Há Mais Jeito”, as coisas se encontram e a descontração, que é o grande diferencial desse trabalho, começa a reinar. Também, com a participação da Velha Guarda da Portela e letra de Monarco e Mauro Diniz, não tinha muito como dar errado. “Se Eu Pedir Pra Você Cantar”, parceria com Arlindo Cruz, segue o mesmo estilo. Notável a alegria de Zeca Pagodinho ao cantá-la. Outra parceria dos dois, “Sempre Atrapalhado”, no entanto, não possui o mesmo brilho da anterior. A Velha Guarda volta a participar em um medley com três sambas de quadra da escola de Madureira: “Falsas Juras”, “Pecadora” e “Manhã Brasileira”. Sem dúvidas, um dos melhores momentos de “Uma Prova de Amor”, assim como “Sujeito Pacato”, não por acaso uma parceria de Serginho Meriti e Claudinho Guimarães.

Mas a melhor letra de “Uma Prova de Amor” é a de “Então Leva”, de Bira da Vila e Luiz Carlos da Vila. A letra, uma espécie de “Trocando Em Miúdos” (Chico Buarque / Francis Hime) repaginada, é uma das mais divertidas (e tristes) da nova safra: “Leva o Van Gogh e o buldogue de raça que eu criei / E a medalha que um jogo de malha nos aproximou / Leva o aparelho de jantar e a baixela de prata / E o retrato daquela mulata que o Lan desenhou”.

Nesse novo álbum, como não poderia deixar de ser, Zeca Pagodinho dá continuidade ao ótimo trabalho feito no álbum anterior. Assim, canções como “Normas da Casa” e “Que Alegria” poderiam estar, tranqüilamente, no “Acústico MTV – Gafieira”. A primeira tem uma letra hilária no estilo de “O Pai Coruja”, que, aliás, é do mesmo compositor, Zé Roberto. (“Babou! Chegaram bem na hora que eu ia almoçar / Que horror! Quando eu falei ‘servido’, um já estava em meu lugar / Sujou! Comeram e beberam quase tudo”). Já a segunda, da autoria de Roberto Lopes, Alamir e Zé Roberto tem a melodia chupada de “Exaustino”, também de Roberto Lopes, e presente no disco anterior. “Terreiro em Acari” e “Sincopado Ensaboado” também remetem ao clima de gafieira.

“Esta Melodia”, um samba clássico de Jamelão e Babu, já gravado por Marisa Monte, ganha uma versão revigorada e respeitosa (sem ser burocrática) de Zeca Pagodinho. E o sambão “Pra Ninguém Mais Chorar”, de Dudu Nobre, Almir Guineto e Fred Camacho, apesar de não ter o peso do anterior, também desce muito bem.

Em “Uma Prova de Amor”, Zeca Pagodinho recebe dois convidados especiais (além da Velha Guarda da Portela). “Ogum” conta com os vocais de Jorge Benjor. Vale pela curiosidade de ouvir os dois juntos, mas fato é que a faixa, com o seu arranjo muito sisudo, acabou quebrando um pouco o bom ritmo do álbum. Por sua vez, “Sambou... Sambou”, com participação de João Donato, mostra um casamento perfeito entre o samba e o jazz. A química entre os dois chega a impressionar, e a banda de apoio, formada por Luiz Alves, Robertinho Silva, Sidinho e “Galeto”, dá um show de musicalidade.

Mesmo show que Zeca Pagodinho apresenta nesse “Uma Prova de Amor”. Vamos esperar agora que o artista tenha a oportunidade de dar continuidade ao seu trabalho, e não seja obrigado a gravar um “Acústico MTV 3”.

Abaixo, a canção “Uma Prova de Amor”.

Cotação: ****

3 comentários:

Anônimo disse...

oi zeca tudo bem.eu te amo muito. se te vise pularia em seus braços e gritaria muito.


beijos meu amor

adoro suas musicas,
seus DVDs, tenho todos
tenho seus CDs.
te amo zequinha

Unknown disse...

O Zeca é muito muito bom!
Tenho 24 anos e escuto o Zeca desde que me conheço por gente!
Falta isso no Brasil, falta raiz!
Sou fanático mesmo!
Salve Zeca e todos os interpretes e compositores que valorizam as raízes da música brasileira!

Anônimo disse...

Acorda Brazil!!!!
Chega de copiar lixo de outros paises. Nao precisamos disso.
Tinhamos o melhor futebol, mais foram copiar o sistema Europeu, que acabou com o mata mata e tambem com a emocao das finais.
Tinhamos a melhor musica (MPB, BOSSA NOVA, CAIPIRA E O NOSSO QUERIDO SAMBA), mais tiveram que copiar lixo musical, que nao e necessario nem escrever o nome; com palavroes, odio, racismo e violencia.
Acorda brasil!!!